PRÓLOGO
Amanheceu triste e cinza, como se refletisse os sentimentos de Alexsandra, a chuva calma e silenciosa era apenas uma camada fina e constante, que acompanhou o dia todo. O vento era apenas uma leve brisa que soprava gelada e balançava os vários casacos pretos ao redor do caixão, ao mesmo instante em que algumas folhas se soltavam das árvores e voavam pelo cemitério, enquanto o reverendo ditava as últimas palavras do sermão para os familiares e amigos de Henrique. Depois da morte de sua mãe, ela não pensou que tão cedo estaria em um lugar como aquele novamente, a morbidez do ambiente a deixava ainda mais triste, ela não sabia como seria de agora em diante, se tivesse ao menos seu irmão, mas Tyler assim que soube sobre o falecimento do pai, simplesmente desapareceu, deixando para ela a obrigação de cuidar de tudo. Enquanto todos a sua volta se cobriam com seus guarda-chuvas pretos, ela não se importou em deixar que o chuvisco a molhasse.
Alex abraçou o próprio corpo, enquanto observou com os olhos verdes, cheios de lágrimas, o caixão fechado de seu pai. Ela sentia como se uma parte sua tivesse sido morta com ele. Henrique Lexiver havia sido encontrado morto em seu apartamento em Nova Iorque com um único tiro em seu coração. Ela não compreendia o porquê de ele ter sido assassinado, seu pai era um homem bom, que estava sempre ajudando as pessoas a sua volta. Um dia antes do ocorrido havia conversado com ele, estava animada para passarem um tempo juntos, mesmo que ele tivesse a absurda mania de querer controlar tudo ao seu redor, e agora, ele estava morto. Seu peito doía com a dura realidade que estava em sua frente, ela não mais o veria, não escutaria mais sua gargalhada, que sempre a fazia gargalhar junto e não discutiriam sobre como ela deveria viver sua vida.
O caixão desceu devagar e quando a primeira pá de terra vermelha foi jogada por cima, as lágrimas que vinha segurando por fim escorreram, aquele era o fim! Nunca mais veria seu pai. Alex fungou passando as mãos sobre as maçãs do rosto, limpando as lágrimas que escorriam sem controle por suas bochechas. As lágrimas desciam por seu rosto grossas e dolorosas, à medida que a terra vermelha e úmida cobria o caixão marrom de carvalho, onde agora seria o lugar de descanso de Henrique Lexiver.
Escorado em uma árvore velha com uma copa grande que o cobria da leve garoa, o homem de porte grande, vestido com uma calça jeans rasgada nos joelhos, camiseta branca, jaqueta preta e olhos azuis observava a figura feminina de Alex a uma distância segura. Ele não queria chamar a atenção, nem deveria estar ali, mas sua curiosidade sobre a filha do homem que assassinou a sangue-frio dias atrás acabou vencendo o seu bom senso. Os olhos azuis gélidos estavam fixos na mulher, ela era muito bonita, admitia. Os fios louros estavam presos em um rabo de cavalo na nuca, os olhos verdes estavam avermelhados por conta do choro, mas ainda assim ela continuava bonita.
Ele havia sido contratado para eliminar a família Lexiver, todos, cada um deles deveria morrer. Vinha os observando a algum tempo, seus gostos, atitudes e a forma como lidava com as coisas, e quando chegou a hora, ele sabia exatamente onde e quando agir e agora Alex estava em sua mira, ela seria a próxima ou a última dependendo do que ela poderia oferecer a ele. Há muito tempo não tinha uma boa diversão com suas vítimas, ele gostava de jogar às vezes e ela havia despertado esse desejo nele, então, iria aproveitar antes de colocar um fim à vida da bela mulher. Desencostando da árvore, deu as costas para a pequena multidão que se dissipava aos poucos e caminhou a passos rápidos até seu carro, um jaguar preto, de vidros escuros. Ligou o veículo e o colocou em movimento, saindo rapidamente do cemitério.
Alex se manteve no mesmo lugar, apenas olhando a lápide do homem que um dia se disse seu pai. Com uma última olhada e um suspiro pesaroso deu às costas, não pretendia voltar ali tão cedo.
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