OITO
O expediente na Farmadic Collor chegava ao fim, os funcionários batiam seu ponto e se punham a ir embora para suas casas, as luzes dos andares inferiores pouco a pouco iam se desligando, mas Alex ainda continuava no último andar, sentada atrás de sua mesa, buscando informações que pudessem dar a ela uma luz sobre o que estavam lhe ocultando. Sua cabeça fervilhava, ela não estava conseguindo ligar os pontos, nada do que ela lia nos relatórios que Amélia havia entregado a ela estava ligado a invasão dos laboratórios.
Desviou sua atenção dos papéis quando escutou duas leves batidas na porta, franziu o cenho ao notar a figura feminina de Amélia abrindo a grossa porta de madeira.
— O que ainda faz aqui? – questionou ela à mulher.
— A senhorita ainda não foi embora, então presumi que precisaria de mim. – explicou.
— Oh! Pode ir. – respondeu. Não queria manter a mulher mais que o necessário no trabalho.
— Posso ficar se precisar.
— Pode ir, já estou terminando aqui. – o que era uma grande mentira, mas ela não precisava contar isso a mulher. Assentindo, Amélia girou sobre os saltos baixos e puxou a porta atrás de si, deixando Alex sozinha com seus pensamentos.
Jogou a cabeça para trás e girou a cadeira, encarando as grandes janelas de vidro atrás de sua mesa, que iam do chão ao teto. Lá fora estava escuro, a cidade brilhava com as luzes, ela gostava de Chicago, adorava a cidade e tudo mais que tinha ali, apesar de não estar tendo tempo sobrando para curtir as atrações que ela oferece.
Sentia uma leve enxaqueca começar e a irritação se apoderar dela.
Todos os relatórios e documentos que Amélia havia entregado a ela estavam em ordem, nada fora do normal, mas algo estava acontecendo, ela sabia, apenas não estava conseguindo descobrir o que era. Enrolando os fios loiros em um coque no alto da cabeça, Alex se voltou para os papéis em sua mesa, mais uma passada de olho sobre eles e decidiu que estava pronta para ir embora.
Pegando sua bolsa, dependurou ela sobre o ombro, desligou o computador e pegou as pastas, levaria o trabalho para casa, quem sabe lá conseguiria enxergar o que estava deixando passar.
Desligou as luzes de sua sala e da antessala e caminhou para o elevador, ficar mesmo que minutos dentro de um cubículo de metal a deixava claustrofóbica, mas isso era melhor que descer vários lances de escada de salto. Passando pela recepção, Alex acenou para os seguranças da noite e agarrou mais em sua bolsa, caminhando apressada pela calçada, ela tinha a vantagem de morar perto do trabalho, tinha se arrependido de ter vindo a pé, o curto caminho até seu apartamento podia ser assustador quando saía tarde do escritório.
Atravessando a rua rapidamente ela podia ver o topo do prédio onde morava, isso fazia com que seu coração parasse de bater acelerado no peito. Se aproximando de onde morava, Alex franziu a testa ao notar às duas figuras femininas que se aproximavam, Camille e Anelise. Suas duas melhores amigas.
— O que fazem aqui? – questionou ao se aproximar delas.
— Seu namorado, estava muito preocupado, disse que precisava de uma distração do trabalho. – respondeu Camille.
— Eu não... – Anelise não deixou que Alex explicasse que não tinham um namorado, na cabeça das duas melhores amigas dela, Alex e Conrad estavam prestes a subir ao altar, só faltava um pedido.
— Não importa, ele estava preocupado e nós como boas amigas, viemos distrair você.
Ela não sabia como Conrad havia conseguido o número de suas amigas, mas agradecia a ele pela distração que elas lhe proporcionariam. Anelise carregava uma sacola de papel junto a sua bolsa, enquanto Camille simplesmente estava agarrada a ela o tempo todo, no elevador e durante o curto percurso no corredor do andar em que ficava seu apartamento.
Destrancando a porta, deu passagem para suas amigas entrarem, enquanto na porta mesmo se livrava do salto alto e o deixava no chão do apartamento, não se preocupou em guardar sua bolsa, deixando-a junto ao sapato enquanto fechava a porta e ia ajudar Anelise com as taças, já que a menina estava em uma pequena briga para abrir a garrafa de vinho.
Camille caminhou para o aparelho de som no rack da sala e conectou o aparelho em seu celular, percorrendo o dedo pela sua playlist deixou que a batida animada de Havana, da Camila Cabello, preenchesse o ambiente, enquanto começava a balançar o corpo no ritmo da música, jogou os braços para cima da cabeça e balançou o quadril sensualmente, rindo em seguida, Anelise e Alex riam da amiga enquanto enchiam as taças com a bebida.
— Venham! – Camille chamou elas. Dando de ombro, Anelise pegou sua taça e a de Camille e caminhou de encontro a mulher que dançava e ria animada.
Entregou a taça extra a mulher enquanto se juntava a ela, dançando a coreografia da música. Alex escorou no balcão, uma taça em sua mão enquanto assistia às duas fazerem sua sala de palco para a pequena apresentação de dança delas. Anelise fez um jeito com a mão chamando-a.
— Vem Alex! – chamou Camille rindo. Ela negou e ganhou uma careta de Anelise.
— Larga de ser chata e venha se juntar a nós. – Disse a garota, alto, para que fosse ouvida sobre a música. Balançando a cabeça, Alex se juntou a elas rindo. Ela teria que agradecer a Conrad por isso, ela estava se divertindo tendo as amigas por perto e estava feliz em não ter que pensar sobre trabalho numa sexta-feira à noite. Ela merecia uma folga.
֎֎֎
Conrad se balançava na cadeira em frente aos monitores, enquanto a imagem de Alex e suas amigas estava passando nas telas. Ele gostava de observá-la, ela o intrigava, despertava curiosidade nele, e isso o deixava ansiando por mais, deixava que ele ficasse ansioso para ver o que ela faria em seguida, e ela, sempre o surpreendia, ia sempre contra o que ele pensava que ela faria, e isso o fascinava.
O barulho da porta do quarto se abrindo atraiu a atenção dele, fazendo com que ele girasse a cadeira para observar a figura do homem barbudo e tatuado que entrava no cômodo.
— O que quer?
— Estou apenas lhe checando. – respondeu o homem se aproximando.
— Ganhei uma babá por acaso? – perguntou sarcástico.
— Não precisa entrar na defensiva. – respondeu com um sorriso divertido nos lábios.
— Então não fique me rondando, como se eu fosse um maldito novato que não sabe fazer seu trabalho.
— Não estou fazendo isso, você quer divertir-se com a vadia, beleza, só estou de olho para que não faça alguma merda. Deveria apenas fazer seu maldito serviço, foi contratado para isso.
— Está sugerindo que não estou fazendo? – o grandão deu de ombros. — Não venha me acelerar, vou fazer as coisas no meu tempo, então não se meta, se não quiser que eu lhe chute para fora do meu apartamento. – o ruivo gargalhou alto.
— Não estou fazendo isso, irmãozinho. Não precisa ficar nervosinho. – Dexter respondeu com uma pitada de sarcasmo na voz. — Café?
— Essa sua mania de mudar de assunto tão facilmente é mais irritante do que você perambulando pela casa à noite.
— Aprendi com o papai! – respondeu.
Conrad revirou os olhos e girou a cadeira, ficando novamente de frente para os monitores. Dexter se aproximou observando as garotas.
— Essa ruiva é bem gostosa, mas a morena, senhor é um avião! – disse e em seguida assobiou apreciando a mulher que bebia e dançava em cima do sofá.
— Não se meta com elas. – Conrad ordenou.
— Eu não me meto no seu trabalho e você não se mete com as minhas diversões.
O moreno negou com a cabeça, o ruivo se afastou, ele ouviu os passos pesados do irmão pelo quarto, e em seguida a porta se fechar, e agradeceu por estar sozinho novamente, ele não queria que o irmão visse como ele estava interessado na loura, e pensasse que estava perdendo o foco de sua missão.
Seu celular vibrou no bolso da calça, ele o capturou e bufou frustrado ao ver o nome de seu pai no identificador de chamadas. Levou o aparelho à orelha após atender.
— Alô! – após alguns breves minutos na ligação com seu pai, ele bufou, pegou a chave do carro e saiu do apartamento batendo a porta.
Tudo que ele não queria naquela sexta-feira à noite, era estar no clube escutando um sermão de seu pai sobre como fazer seu trabalho. Seus jogos nunca atrapalharam o cumprimento do serviço, e ele estava ficando frustrado com todos se metendo numa missão que era dele. Os Lexiver seriam apagados do mapa, ele sabia disso e não gostava que questionassem o modo como fazia as coisas.
— Não sei porque estão todos preocupados com esse serviço.
— O cliente quer resultados. E Alex e Tyler ainda estão vivos. – disse seu pai e Conrad revirou os olhos.
— Porque todos estão querendo estragar minha diversão?
— Você está perdendo o foco. – ele gargalhou alto, não acreditava que estava realmente ouvindo seu pai, Alessandro Rizzo, dizer uma coisa tão absurda como aquela.
Ele o treinou, ensinou tudo o que ele sabia e estava mesmo pensando que seu filho, o melhor assassino que o clube tem, estava perdendo o foco, era algo que ele achava hilário.
— Eu não tenho que ouvir isso, é um absurdo. – ele se levantou da cadeira bruscamente. — Sei como fazer o meu trabalho, não preciso que fiquem se metendo na minha missão.
— Filho... – ao ver a mágoa nos olhos de Conrad, Alessandro se arrependeu do que disse, ele odiava ter que fazer o papel de chefe quando quem estava na sua frente era Conrad ou Dexter.
— Sou melhor assassino que o senhor tem, o melhor, nem Dexter ou Amirah chegam ao meu nível, não acredito que esteja mesmo duvidando da minha capacidade de concluir um serviço, só por que estou me divertindo com a vítima.
Ele estava frustrado. Furioso, seria a palavra mais exata. Dando as costas para Alessandro, caminhou para fora do escritório, passou pelo salão rapidamente e subiu as escadas do porão, indo para onde a boate funcionava, a música alta tomou conta de seus sentindo quando caminhou para o bar e pediu uma cerveja.
Pegou o celular no bolso e buscou a localização de Tyler Lexiver. O rapaz ainda se mantinha no sul da Ásia em alguma missão humanitária, ele não se importava com o que o garoto de vinte e quatro anos fazia, apenas mantinha sempre um olho nele até ser a hora de se livrar dele e essa hora havia chegado. Guardando o celular no bolso do casaco, Conrad deu um gole na cerveja que o barman havia posto no balcão a sua frente. O líquido desceu amargo e refrescante por sua garganta aliviando um pouco a frustração que sentia.
Uma mão pousou em seu ombro atraindo a atenção dele, que olhou sobre o ombro, um fraco sorriso surgiu nos lábios dele ao ver a mulher negra, sua pele era estonteante e as curvas conseguiam destacá-la ainda mais da multidão, afinal, o vestido que usava alinhava-se perfeitamente ao seu corpo. Mas nada poderia chamar mais atenção do que o olhar penetrante dela, adornado pela maquiagem que destacava o rosto afilado, ela poderia seduzir qualquer um se quisesse, mas estava focada em apenas um.
— Oi! – ela sorriu para ele, antes de ocupar a banqueta vazia ao seu lado.
— Não esperava te ver aqui hoje. – respondeu ele.
— Imaginei que precisaria de mim. – ela pediu uma bebida ao barman que se afastou indo preparar o drink.
— Não preciso. – Conrad bebericou sua cerveja novamente.
— Alessandro é um babaca às vezes. – disse ela. Ele a olhou arqueando a sobrancelha, fazendo com que ela lhe sorrisse.
— Me conte algo que eu já não saiba. – a música alta dificultava a conversa entre eles, mas Amirah não precisava dizer nada, ela o compreendia melhor que ninguém e ele a ela. Eles tinham uma ligação que poucos entendiam.
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