O pequeno relógio em cima do balcão do apartamento de Alex marcava dez da noite, Conrad havia deixando-a em casa a duas horas atrás e ela estava nas nuvens pelo passeio romântico que teve com o homem.

Camille e Anelise chegaram as 21h30min, cheias de bolsas, elas iriam se arrumar ali, na casa de Alex. Apesar de terem trazido roupas para a noite elas foram totalmente descartadas quando Alex abriu o seu armário. Ela podia ver os olhos de Anelise brilhando.

— Você não vai usar esse vai? – perguntou ela após invadir o armário de Alex, ela estendeu o cabide para a loura, mostrando a ela o vestido curto vermelho vinho de mangas que ficava extremamente colado ao corpo.

— Não, pode usar! – respondeu Alex, antes de caminhar para o banheiro, um banho quente era tudo o que ela precisava para se livrar do cansaço do dia e do álcool que começava a fazer efeito em seu sistema. Era bobeira pensar que não sairia de casa já meio embriagada.

Anelise e Camille se divertiam com o armário de Alex, olhando as roupas, montando looks e não conseguindo se decidir entre eles. Camille já sabia o que iria usar, mas Anelise ainda estava em dúvida entre o vestido vermelho vinho e um conjunto de saia de couro com uma blusinha de alças finas com um decote em v coberto de renda. Assim que Alex saiu do banheiro, enrolada numa toalha rosa e com o cabelo preso em um coque no alto da cabeça, foi a vez de Camille partir para o banho e deixar as amigas decidindo que roupa usar para a noite de sexta.

— Qual dos dois? – questionou Anelise. Alex observou os looks escolhidos pela amiga, antes de opinar.

— A saia. – respondeu ela indo em direção ao armário, buscou um conjuntinho de lingerie preto de renda e o vestiu antes de se livrar da toalha.

— O que vai vestir? – a morena questionou.

— Ainda não sei. – respondeu vasculhando as roupas atrás de algo que a agradasse.

— Você não se importa mesmo de usarmos roupas suas?

— Vocês são minhas melhores amigas, e não é como se a gente nunca tivesse feito isso. – ela disparou, fazendo Anelise caminhar até ela e a abraçar.

— É bom ter você aqui. – declarou. Alex sorriu para a amiga antes de voltar a atenção para o armário de roupas, enfim encontrando algo que lhe agradasse. — Você sabe que esse apartamento é bem pequeno né! – disse Anelise caminhando pelo quarto de Alex, em busca de sandálias para combinar com a roupa.

— Gosto assim, eu mal fico em casa, então um lugar grande seria apenas desperdício de dinheiro. – respondeu vestindo uma camiseta preta com um desenho de uma coruja verde com o nome da Vogue por cima, combinou a blusa com um short de cintura alta curtinho, que alongava suas penas e marca a silhueta deixando ela apresentando ser mais alta do que realmente era, finalizou o look com uma sobreposição de um kimono estilo colete longo e uma ankle boot preta de salto fino.

Anelise ocupou o lugar de Camille no banho e assim que saiu do banheiro, Camille ajudou ela com a maquiagem.

Uma música tocava animada na sala enquanto as garotas terminavam de se arrumar. Estavam animadas por ser a primeira noite que saiam às três juntas desde que Alex voltou de vez para a cidade.

Bebendo o resto do vinho de sua taça, Camille desligou a música enquanto Alex pegava sua bolsa e acompanhava elas para fora do apartamento. Alex estava animada para conhecer lugares novos e Anelise era a rainha da noite, a morena sempre sabia dos lugares quentes para se frequentar. Após meia hora dentro de um carro, música ruim e um motorista que estava muito interessado em puxar conversa com elas, o táxi parou em frente a uma movimentada rua, carros chegando e saindo, pessoas rindo enquanto se dirigiam à entrada do clube.

D'Short brilhava em vermelho neon, chamando a atenção das pessoas, ela nunca tinha ouvido falar da boate e estava animada para conhecer o lugar que exalava luxo desde o lado de fora. Passando o braço pelo de Anelise e Camille, seguiu as amigas para a portaria.

— Anelise Castellano e acompanhantes. – ela informou ao segurança que logo deu passagem para as garotas entrarem no requintado lugar, após checar o nome no tablet.

A música alta chegou aos ouvidos das meninas assim que entraram no ambiente pouco iluminado. As luzes coloridas eram a única iluminação que tinham e a mudança de cores começava a deixar Alex zonza, ela não frequentava aquele tipo de lugar a muitos meses e estava desacostumada com a sensação. Camille puxou elas para a pista de dança antes de qualquer coisa, ela estava animada e queria se divertir um pouco antes de começar a se embriagar com bebidas caras e de gosto ruim.

Conrad estava escorado no balcão quando Amirah cutucou seu braço, mostrando a ele a entrada da boate, ele girou a cabeça na direção indicada e um brilho passou por seu olhar ao notar as três mulheres que acabavam de entrar. Ele havia deixado Alex em casa, horas atrás e tinha ido direto para o clube, após receber uma mensagem de Amirah.

— O que ela faz aqui? – quis saber.

— Isso é uma boate. – respondeu Amirah, fazendo ele revirar os olhos. Ele não foi atrás dela, continuou onde estava observando – as. — Agora entendo o porquê de não querer se livrar dela. Ela é muito bonita!

— Vou me livrar dela. – respondeu ele. — Só não obtive o que quero ainda. – completou. Ela não o questionou mais sobre Alex, apenas fez companhia ao amigo até que fosse convocada por Alessandro. Ela estava sendo requisitada para um novo trabalho.

Conrad se voltou para o barman pedindo outra cerveja, após ser servido, apoiou os cotovelos sobre o balcão de madeira, em uma mão a cerveja que bebia calmamente enquanto observava o movimento da pista de dança, seus olhos sempre presos em Alex. Ele estava gostando de ver outro lado dela. E a visão dela, naquele microshort de tecido fino o deixava com água na boca.

A batida eletrônica foi substituída por uma sensual e a imagem de Alex mexendo o corpo no ritmo da música o fazia ter fantasias com ela. Camille e Anelise dançavam junto a ela, mas ele não tinha olhos para nenhuma outra pessoa que não fosse a loira, no lugar que ele estava, tinha uma visão perfeita dela, ele umedeceu os lábios quando a viu rebolar até o chão sensualmente apoiando-se em Anelise.

A morena tinha um sorriso largo nos lábios, os olhos brilhando em êxtase ao notar como Alex estava se soltando, ela tinha que lembrar de agradecer a Conrad pela informação sobre como a amiga estar se enterrando em trabalho e esquecendo de viver um pouco.

Agarrando as amigas pelos braços, Alex puxou elas para o bar, sua garganta estava seca e ela começava a sentir os pés doendo por causa dos saltos. Ela não tinha problema em ficar sobre eles o dia todo, contanto que ficasse quieta e não precisasse se mover por muito tempo.

Conrad se afastou do balcão quando viu as garotas caminhando em sua direção, elas não tinham visto ele, mas ele tinha um olho sobre elas desde que pisaram na boate.

— Uma água. – Alex pediu

— E, duas cervejas. – Anelise pediu sem consultar a amiga. O homem atrás do balcão tratou logo de servi-las e assim que fizeram o pagamento de suas bebidas, voltaram para a pista fazendo com que Conrad ocupasse o lugar que estava antes.

O barman balbuciava coisas sobre as moças e um comentário sobre o quão gostosa Alex era fez com que ele puxasse o cara pelo colarinho. O corpo grande dele ficou sobre o balcão de madeira, enquanto o rosto estava muito próximo ao de Conrad.

— Mais um comentário, sobre como ela é gostosa e você perde a língua. – disse ele entre os dentes, ele sentia seu sangue ferver e a irritação tomar conta dele, não sabia o que estava acontecendo com ele, mas algo dentro dele se incomodou com a maneira que o homem se referiu a Alex, como se ela fosse um pedaço saboroso de carne. Dexter se aproximou empurrando algumas pessoas até alcançar o irmão. Tirou as mãos de Conrad do homem e o mandou de volta ao trabalho, como se nada tivesse acontecido.

— O que o coitado fez, para que quisesse arrancar a cabeça dele?

— Falou mais do que deveria. – respondeu ele irritado. Dexter gargalhou alto, antes de acompanhar o olhar furioso do irmão. Ele notou a figura loira de Alex entre a multidão, ela era realmente algo bonito de se olhar, mas a sua atenção ficou toda presa na morena ao lado dela.

Anelise!

Ele não conseguia parar de pensar na mulher desde que a viu pelas câmeras de vigilância do apartamento de Alex.

Dexter abriu a boca para fazer qualquer comentário sobre as garotas, mas repensou ao notar a carranca no rosto do irmão. Ele estava realmente furioso e não conseguia compreender o porquê de um mísero comentário o ter deixado assim. Ela não era nada para ele, além de algo que ele tinha que se livrar.

— Vou à caça. – disse Dexter antes de caminhar para a pista de dança, o corpo grande balançando no ritmo da música enquanto ele se aproximava do alvo. Conrad negou com a cabeça e seguiu o irmão, ele não deixaria o ruivo perto de Alex, mesmo sabendo que ela não era o alvo dele.

Passando entre as pessoas, ele as alcançou não se apresentou, apenas a puxou pela cintura, prendendo o corpo feminino de encosto ao seu. Alex ofegou com o susto de ter braços musculosos ao redor de sua cintura, tentou se afastar, mas não obteve resultado, girou a cabeça sobre o ombro e relaxou ao notar que era ele.

O homem que vinha ocupando sua cabeça nas últimas semanas, e fazendo o seu coração bater mais rápido sempre que se aproximava dela.

— Você não deveria chegar assim. – ela disse fazendo com que ele risse.

— Me desculpe. – sussurrou ele em seu ouvido. A voz rouca arrepiando os cabelos de sua nuca.

— Elas avisaram que estaríamos aqui?

— Não. Pura coincidência. – respondeu ele girando Alex em seus braços e tomando posse dos lábios delicados dela. Ela passou os braços sobre o pescoço dele e colou mais seus corpos, sentindo cada músculo dele de encontro a ela.

— Okay amores, sei que vocês estão loucos para se pegarem, mas por favor, que não seja em um lugar lotado de gente. – Camille entrou entre eles, separando-os.

A loira revirou os olhos para a amiga e Conrad forjou um sorriso amigável para ela, puxando Alex novamente para ele. Deixando as costas dela de encontro a seu peitoral.

Dexter arqueou uma sobrancelha ao ver o irmão com Alex nos braços. Conrad fechou a cara para ele e o ignorou, não queria falar sobre o que estava fazendo, ainda mais agora com as garotas por perto, mas dividiu sua atenção entre Alex e o ruivo que estava muito empolgado conversando com Anelise.

Ele sabia que o irmão faria merda, era a cara dele fazer esse tipo de coisa, mas não o questionaria, se ele tivesse um pouco de diversão talvez o deixasse em paz e parasse de meter o nariz em um trabalho que não era dele.

Entrelaçando os dedos grandes aos de Alex, puxou a loira para fora da pista, levando-a para o segundo andar, um camarote reservado onde poderiam conversar e desfrutar da companhia um do outro sem que o barulho da música alta ou os corpos suados de outras pessoas os incomodassem.

Ela se soltou dele caminhando pelo ambiente chique, a música ali não era alta e ela agradeceu por isso, tinha a sensação de estar começando a ficar surda.

— Vidros à prova de som. – ele contou. Ela cruzou os braços sobre o peito observando a multidão abaixo deles. Ela estava curiosa sobre o lugar, prendeu o lábio rosado entre os dentes antes de se voltar para ele.

— Você é o dono?

— Não. A boate é do meu irmão. – ele contou. — O lugar está na família a alguns anos, papai gerenciava, mas Dexter tomou a frente, apesar de não ficar muito em Chicago.

Ela assentiu aceitando o que ele lhe contou. Tomando coragem, caminhou para ele, passando os braços sobre o pescoço dele assim que parou em sua frente. As mãos masculinas foram de encontro a sua cintura, apertando-a. Ela ofegou. Gostava da sensação que ele causava em seu corpo.

— Você não fala muito sobre sua família. – comentou, seus lábios próximos aos dele.

— Outro dia lhe conto o que quiser. – respondeu ele, puxando-a para mais perto, deixando seus corpos colados. — No momento, só quero te beijar e compensar o tempo em que passei tentando não ultrapassar o sinal.

Alex prendeu a respiração ao ouvir tais palavras saindo da boca dele. Seu coração batia rápido no peito, a ansiedade fazendo com que borboletas voassem em seu estômago, ela ansiava pelo beijo dele, pelo toque e por ele.

Ele ergueu uma mão pousando-a na bochecha dela que fechou os olhos aceitando seu toque, Conrad acariciou com a ponta dos dedos, os arrastou pelo maxilar e contornou o lábio inferior dela, antes de se curvar e os tomar em um beijo calmo, saboreando-a, sentindo a maciez dos lábios dela contra os seus, beijando-a de leve e se afastando.

— Estivemos juntos a poucas horas e sinto uma saudade enorme de você. – sussurrou antes de beijá-la novamente. Agora com mais pressa, necessidade e paixão.

Ele estava confuso, sentia-se estranho e não estava gostando nenhum pouco dessa sensação. Era como se o mundo ao seu redor estivesse sumido e houvesse apenas os dois ali. Isso poderia ser efeito das várias cervejas que bebeu desde que seu pai começou a falar em seu ouvido, cobrando uma atitude dele. Todos estavam encima; Dexter, Amirah e agora Alessandro, eles pareciam cães farejadores, esperando que ele se descuidasse, estavam prevendo a sua perda de foco, mas ele provaria a todos que estavam enganados, nada tirava o seu foco nem mesmo a mulher em seus braços.

Alex apesar de linda e atraente, ainda continuava sendo o seu trabalho, e ele não deixava nunca algo em aberto. Sempre teve êxito em todos os trabalhos anteriores e não seria uma baixinha loira que faria com que isso mudasse.