Capítulo dezenove
Sakura
Naquela manhã eu acordei péssima, com um mau humor terrível e uma dor de cabeça insuportável. Não havia dormido bem noite anterior e isso graças ao maldito Sasori que de alguma forma conseguiu meu número novo e teve a ousadia de me ligar justo no meu aniversário.
O que ele queria? Me fazer sentir mal em um dia especial para mim?
Fechei meus olhos e me debrucei sobre a minha mesa me lembrando daquela droga de ligação.
~♡~
- Alô?
- Como vai... Sakura-chan?
A voz inconfundível tomou meus pensamentos e uma onda de surpresa e incredulidade se fizeram presente. Senti meu estômago revirar e o âmago subir.
- S-Sasori?
Mordi meu lábio inferior com força por ter gaguejado. O ouvi rir baixo e senti um aperto no meu peito outra vez.
- Você sempre ficou surpresa quando eu ligava não é? Que bom que isso não mudou.
Meu corpo tremeu, mas não por conta do clima que estava esfriando. Abracei meu corpo como uma forma de defesa vamos assim dizer. Reuni coragem para responde-lo e esperava não gaguejar dessa vez.
- Como conseguiu meu número?
- Bobinha, eu tenho meus métodos de conseguir o que quero esqueceu? Mas isso não vem ao caso, quero te desejar parabéns, eu não me esqueceria do seu dia minha rosinha.
Engoli seco por ouvi-lo me chamar daquela forma, um apelido que ele sempre me chamava. Rangi os dentes de raiva.
- Mas não era só isso que queria dizer - ele fez uma pausa. - Eu estou profundamente arrependido Sakura e te liguei nesse dia para dizer isso como um presente, eu não agi certo com você e queria tentar outra vez o que acha? Sei que você ainda me ama como eu te amo.
Eu senti uma grande vontade de chorar, aquela maldita dor que eu já tinha esquecido, que eu pensei já estar cicatrizada voltou a doer com mais intensidade e logo senti uma falta de ar. Mas não fraquejaria, não depois de ter tomado uma decisão.
- Escute, não volte a me ligar entendeu? Não quero saber das suas desculpas idiotas!
Desliguei o telefone sem lhe dar a chance de dizer algo mais. Pensei até em jogar meu celular no chão mas não iria conseguir outro tão cedo.
~♡~
E para piorar minha noite, aquele cara me atacou e se não fosse pelo Sasuke não sei nem o que poderia ter acontecido.
Não contei nada para as meninas se não elas iriam ficar extremamente preocupadas.
Ouço batidas na porta e vejo que se tratava de Tenten. A morena me dá um sorriso gentil e entra na sala segurando um copo.
- Imaginei que iria querer um chá, você não parece nada bem Saky tem certeza que não aconteceu nada?
- Não se preocupe Tenten, estou bem só com uma dor de cabeça chata. - digo lhe retribuindo o sorriso e tomando do chá.
- Deveria ir para casa, eu posso dar conta da loja com a Sara.
Eu até concordaria com a ideia dela mas só iria preocupar as outras duas e eu não gosto que se preocupem tanto comigo.
- Eu ficarei bem, o chá vai me ajudar. - sorrio e ela suspira derrotada.
- Bom, qualquer coisa só me chamar e não exagere com as roupas. - assinto e a morena se retira.
Me recosto na cadeira e fecho os olhos.
A imagem do Uchiha mais novo cantando no palco inunda meus pensamentos. O olhar dele fixo ao meu naquele momento me causaram algo estranho, poderia dizer até que meu coração se aqueceu.
Abri meus olhos rapidamente e balancei a cabeça sem me importar com a dor somente para afastar os pensamentos.
- Não viaja Haruno. - tomei um gole do chá outra vez e foquei em terminar a peça que havia começado.
☆
- Estava pensando, que tal chamarmos as meninas para ir ao cinema mais tarde? - digo para a morena que está ao meu lado mexendo no computador.
- Acho uma ótima ideia, você precisa relaxar. - sorrio.
- Só dei uma sugestão.
- Saky, por favor né? Sei que algo aconteceu ontem com você e com Sasuke, ele também sumiu do bar.
- Por que acha que estávamos juntos? - ela me olhou com aquela cara de quem diz: está bem óbvio.
Reviro meus olhos e rio de sua suspeita.
- Sim estávamos juntos, mas antes que você pense algo, não aconteceu nada ok?
- Se você diz. Ele é um cara legal e acho que quer ser seu amigo.
- Hm... você acha é?
- Sim, vai, você precisa se dar uma chance de recomeçar. Um dos primeiros passos para perder seu trauma é encarando seu medo de frente.
Eu suspiro pensativa e fico um tempo em silêncio, somente ouvindo o tec tec do aparelho ao lado.
- Talvez, eu ainda não sei se devo confiar.
- Vai no seu tempo, o Uchiha não é má pessoa.
Antes dela terminar de falar, ouço o sino da porta tilintar e vejo a figura loira de Ino se aproximar com um sorriso amigável.
- Olá meninas.
- Oi Ino. - falamos em uníssono.
- Ouvi que falavam do Uchiha sem querer. - ela riu sem graça.
Para mim esta mais que claro que a garota a nossa frente gosta de Sasuke mas tenho minhas dúvidas de que seja recíproco, mas enfim, não é da minha conta certo?
- Ah... - Tenten riu sem graça. - Falávamos do Sasuke, ele é bem habilidoso com a guitarra, não é Saky?
- Não vi grande coisa - digo simplista e a loira ri baixo. - Bom, a que devo a honra de sua visita Ino?
- Uh? Ah eu vim dar uma olhada nas roupas, e estou impressionada. - ela diz com um sorriso animado enquanto caminha em direção às blusas.
- São todas originais feitas pela nossa maravilhosa Sakura Haruno.
- Uau, estou surpresa. Uma mais linda que a outra.
- Não exagere Ten.
- Fique a vontade Ino e se precisar de ajuda é só me chamar. - a morena volta para trás do balcão e se põe ao meu lado.
Ino escolhia várias peças para experimentar e depois de tanto escolher acabou levando umas quatro blusas e dois shorts.
- Obrigada e volte sempre.
- Pode ter certa que vou. - ela sorri e sai da loja.
- Parece que você tem concorrente.
- Que? Não diga bobagens Tenten. - saio de perto dela e vou arrumar as fileiras de roupas enquanto ela ri.
☆
T
ínhamos acabado de voltar do cinema, eu já havia tomado banho e as outras se preparavam para dormir, a tarde foi divertida mas cansativa, porém eu não estava com sono então resolvi ir para o terraço.
Sai de casa e subi as escadas, ao chegar na porta verifiquei se não tinha ninguém por perto então sai. Me espreguicei sentindo o vento fresco da noite e sorri, meus olhos percorreram as luzes da cidade e aquilo sempre me atraia, o único defeito é que elas ofuscam o brilho natural das estrelas deixando o céu quase limpo dos pontos brilhantes.
Me aproximo do parapeito e noto que há um violão no banco.
De quem será? - me perguntei mentalmente.
Me sentei no banco e peguei o objeto. Comecei a tocar alguns acordes até o som da música se formar, comecei a cantar someone you loved baixinho.
Não é verdade quando digo que não gosto dessas músicas e prefiro as clássicas, eu fiquei tão acostumada com o Sasori e os gostos dele que acabei criando uma Sakura que não é ela mesma. Gosto dessas músicas mas também gosto de um bom clássico, mas estou aprendendo a ser eu mesma aos poucos.
"Esse jeito tudo ou nada de amar me faz dormir sem você
Agora preciso de alguém para conhecer, alguém para curar
Alguém para ter, só para saber qual é a sensação
É fácil dizer, mas nunca é o mesmo"
Fechei meus olhos sentindo a boa sensação, estava tão envolvida que não notei a chegada de alguém só quando terminei de cantar e ouvi palmas.
Olhei na direção do som e vi o Uchiha mais novo com um sorriso ladino. Revirei meus olhos e ele se aproximou.
- Algo a declarar Haruno?
- Não. - me levantei e lhe dei as costas para ir embora mas ele segurou meu pulso de leve.
- Espera aí, fica, prometo não te zoar. - respirei fundo e me sentei outra vez.
- O que quer?
- Só estou impressionado que tenha uma voz tão bonita e não faça proveito dela.
- Não é nada demais.
- É sim.
- Eu não sabia que era seu. - me referi ao instrumento.
- Deixei aqui pra ir buscar um café, gostou? - ele sorriu.
- Talvez. - ele começou a tocar alguns acordes mas parou.
- Quer cantar comigo?
- Como?
- É, canta comigo agora. - ele sorria sincero.
- Não vou cantar com você Sasuke.
- Vamos, prometo te dar qualquer doce da loja de presente toda a semana. - olhei para ele incrédula, mas se bem que as meninas iriam gostar também.
- Só uma música. - ele ficou animado e pareceu pensar qual música escolher.
- Que tal Heave? - penso um pouco e assinto.
Ele começa a tocar e cantar primeiro, ele parecia realmente gostar disso, é só observar a forma que ele fica envolvido quando toca.
Num dos trechos da música ele me olhou intensamente e me senti sem jeito, mas tratei de me recompor.
"Meu bem, você é tudo o que eu quero
Quando você está aqui deitada em meus braços
Eu acho isso difícil de acreditar
Estamos no paraíso
E o amor é tudo o que eu preciso
E eu achei isso em seu coração
Não é tão difícil de enxergar
Estamos no paraíso"
Nossas vozes estavam em sincronia perfeita. Senti um frio na barriga e pus a mão em meu coração o sentindo acelerar.
- Você está bem? - ele para de tocar e põe sua mão em cima da minha livre.
- E-estou. - muito próximo, ele estava muito próximo.
Me perdi naquele negrume de suas orbes, eram intensas. Senti seu polegar acariciar minha mão e engoli seco.
- Eu... eu preciso ir. - me levantei rapidamente, quase corri mas não queria mostrar que havia ficado nervosa com sua aproximação.
Ao descer as escadas me encostei na parede e respirei ofegante. Pus a mão em meu peito e fechei os olhos.
- Não, isso não. - esperei minha respiração tranquilizar e voltei para casa mas não contei nada para as meninas e espero que elas não tenham notado nada.
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