SEGUNDA FEIRA, 4 de maio de 2020.

Eu estava atrasada. Perdidamente atrasada. Inconfundivelmente atrasada.

Eu culpava o tempo de LA. Com o frio, mais pessoas decidiram usar seus automóveis, e menos pessoas decidiram andar. Por falar nisso, eu era uma das pessoas que decidiram utilizar a calçada, para correr menos riscos.

A vantagem? Não havia ninguém para esbarrar com aquele tempo.

A desvantagem? Eu estava correndo e meu casaco grosso estava molhado, porque eu havia simplesmente decidido que lavá-lo a noite seria uma boa opção, e que de manhã cedo ele estaria seco.

Definitivamente eu deveria rever meus conceitos sobre o que eu acho sobre boas opções.

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Eu estava tremendo quando cheguei à faculdade. Apesar de correr ter aquecido meu corpo internamente, o clima estava tão extremo que eu sentia meu corpo pesado.

Cumprimentei Jackson e Miriam, sentando-me entre os dois e dando graças a Deus ao fato de o professor não haver chegado ainda.

Eu era uma segundanista no curso de Ciências da computação, o que significava que eu estava quase livre do bullying que esse ano sofria! Havia conhecido Jackson no início da faculdade, no meio do campus, correndo e parecendo perdido, igual a mim naquele momento. Miriam, por outro lado, era a amiga "Nerd Gata", que eu havia feito enquanto estava no ensino médio. Os dois sempre me apoiaram, até mesmo quando eu decidira que iria tentar criar um aplicativo.

Essa ideia havia sido jogada para o buraco. Afinal, qual calouro da faculdade decide fazer um aplicativo com conhecimento 0 da área?

Apesar de ser uma típica nerd, um pouco mais inteligente do que o normal, meu conhecimento foi o necessário somente para entrar na UCLA. Durante os dois anos em que estive aqui, minha vida foi um completo caos que envolvera bibliotecas e salas de estudo e mais bibliotecas.

Se antes, meu irmão Ian, não deixava rastros em casa, atualmente eu era a responsável pelo papel.

Como a casa de Miriam era mais perto da faculdade, nos dias em que eu ficava até tarde sob a supervisão da bibliotecária – que estranhamente gostava de mim –, a opção mais segura era sair de lá e ir direto para onde minha melhor amiga morava.

Eu aprendera isso sendo assaltada por um cara, que inclusive, tinha uma faca; semestre passado.

– Bom dia crianças. – O professor Hawper entrou na sala com o comum bom-humor matinal que contagiava todos nós. Segunda-feira, apesar do que todos diziam, era o dia predileto das "crianças" da computação.

Na UCLA, precisamente no curso de computação, o professor Hawper nos classificava de acordo com o nosso tempo aqui. Então, se éramos calouros, éramos bebês, se éramos segundanistas, crianças, terceiranistas, pré-adolescentes, e por aí ia.

Todos adorávemos Hawper, exceto por Scarlett, a "popular" da turma, que por ser um tiquinho mais rica que a maioria das pessoas na sala, adorava esnobar seu dinheiro.

A real pergunta era por que ela estava fazendo Computação.

Meu motivo era simples: Meu irmão, juntamente com seu sócio, Victor, administravam uma empresa de TI que tinha influência até mesmo nos condados que faziam limite com a Califórnia. A CAHAK era uma empresa fundada pelos dois que cresceu monstruosamente em cinco anos. E eu esperava fazer algo grandioso lá dentro.

Assim como todos os outros dias, a aula foi lenta, mas produtiva, e novamente, eu me via encarando as portas da biblioteca, encarando mais uma tarde de estudos.

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Estava totalmente entretida em um exemplar novo, quando meu celular apitou, avisando de uma nova mensagem.

Ian: Baixinha, vai rolar um jantar da empresa hoje, se você quiser, pode pedir uma pizza.

Respondi meu irmão, dizendo que apenas dormiria na casa de uma colega, e ele mandou um emoji sinalizando "OK!".

Miriam adorava quando eu dormia em sua casa. Ela comumente exaltava e enaltecia o deus da beleza e gênio de TI que Victor era. Mas, apesar de demonstrar sua total idolatria pelo CEO, eu sabia que ela, na realidade, tinha uma profunda queda por meu irmão.

Aquilo era um fato.

Citava-se Ian em um ambiente, e seus olhos ficavam visivelmente mais brilhantes.

Eu não tinha uma opinião formada sobre isso. Da mesma maneira que desejava a felicidade de Ian, desejava a de Miriam, então, se os dois estivessem felizes, eu estaria também.

Sobre a minha vida amorosa? Eu já havia desistido. Apesar de estar "encalhada", eu me recusava completamente a baixar qualquer tipo de aplicativo de namoro ou qualquer coisa similar, enquanto que Jackson era um nato fã dos mesmos.

Jackson saíra com tantas garotas, e até mesmo alguns garotos, que eu me sentia cada vez mais solteira. Apesar de ser bissexual, ele tinha uma leve tendência a gostar um pouco mais de garotas, e por mais estranho que aquilo fosse, nós o apoiávamos da maneira que ele quisesse ser.

Inclusive, Jackson era considerado praticamente como um irmão, e era ele que nos ajudava a comprar roupas.

Nós, virgula, Miriam.

Eu não era uma fã de gastar dinheiro absurdamente, assim como Scarlett, então apenas acompanhava Miriam e Jackson em suas compras, por mais exaustivo que aqueles finais de semana fossem.

– Festa na sexta, na casa da Amber, rola? – Mir perguntou. Eu me sentia desconfortável, quase me classificando como uma anti-social, mas aparecia em algumas para ficar do lado de Miriam, principalmente quando Jacks não ia, pois apesar de Jackson ser totalmente responsável e controlado quando o assunto eram bebidas, Miriam era o completo oposto.

Então ela precisava de alguém que a ajudasse.

– Jackson vai? – Ela negou, veemente. – Ok.

Miriam comemorou, com algo que pareceu um "Isso!", e disse que precisávamos estar lindas pra me tirar da seca.

Eu ri, porque querendo ou não, Mir não tinha jeito.

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