Meu primeiro dia com a família Gusman
Capítulo com 2547 palavras
México, cidade Nuevo León, Capital Monterrey:
☆Mia García☆
Após ter jogado um pouco de vídeo game com o Samuca e lido uma história pra Sofia, eles finalmente me liberaram e assim que saí do quarto dei de cara o senhor rabugento, dei um salto quando o vi
— O que vo... O que o senhor está fazendo aqui?
— Todos foram dormir, então minha vó pediu pra te levar no quarto de hóspedes — ele respondeu com tédio — vem comigo — disse e saiu andando, eu simplesmente o segui.
Ele abriu a porta e deu passagem pra mim entrar, assim que entrei fiquei maravilhada, o quarto dava dois do meu, acho que tem até o tamanho do apartamento que divido com a Lupe, tinha uma decoração elegante, em um estilo clássico e as cores claras transmitiam tranquilidade, eu devo tá fazendo uma cara de boba alegre porque notei o sr rabugento me encarando com risadinhas
— Obrigado — agradeci me recompondo rapidamente
— Fique a vontade, mas nem tão a vontade, esteja de pé as 06:00 pra preparar as crianças pro colégio — disse o jovem idoso todo autoritário
— Então foi por isso que ordenou que eu ficasse, pra começar o trabalho mais cedo?
— Exatamente, boa noite e — ele fez uma longa pausa o que achei bem estranho em seguida limpou a garganta — Obrigado por hoje — isso é sério? O grande senhor Gusman me agradecendo, tá aí algo que eu não esperava
— Como? — questionei na tentativa de ouvir ele pisando em seu orgulho e agradecendo novamente
— Bela tentativa, até parece que vou repetir — ele retrucou e saiu do quarto tão rápido quanto eu, quando fujo das perguntas constrangedoras do Gael e deixou a porta as suas costas, um sorriso involuntário surgiu em meus lábios, não demorou muito pra mim cair na cama e que cama maravilhosa, acho que nunca estive em um colchão tão confortável
Estava deitada no quarto de hóspedes, olhando para o teto. A noite de jogos com a família de Renato havia sido exaustiva, mas também surpreendentemente divertida. Nunca imaginei que acabaria em uma situação como aquela, especialmente depois do desastroso encontro inicial com o Renato e o Richard. Mas lá estava eu, aceitando o desafio e conquistando o emprego, agora estou a poucos passos para da a largada em busca do meu sonho, ser uma grande designer de moda
A noite em Monterrey sempre foi silenciosa, exceto pelo ocasional som de carros passando ao longe. Fechei os olhos, tentando acalmar a mente, não demorou muito pra mim cair no sono, estava dormindo tranquilamente quando fui despertada por um som estranho vindo do corredor. Levantei-me cautelosamente e abri a porta do quarto.
No corredor, vi o Richard tropeçando em seus passos, enquanto tentava se esforçar ao máximo para não ser pego
— Richard? O que está fazendo? — Richard parou, surpreso, mas tentou manter a compostura.
— Eu... precisava de ar fresco — Arqueei uma sobrancelha, incrédula.
— Às três da manhã?
— Sim, como dizem a noite é uma criança — ele balbuciou e pode sentir o forte cheiro de álcool, lembrei o que a Lupe disse sobre ele viver em festas e baladas, mas até mesmo no meio da semana?
— Está bêbado?
— Isso não é da sua conta babá enxerida — ele balbuciou avançando contra mim e o bafo de cachaça tava tão forte que quase fiquei bêbada também — Você está aqui pra cuidar das crianças, não tem nada a ver comigo — ele cuspiu isso e saiu tropeçando, até que caiu no chão
— Ai caramba — corri até ele pra verificar se ele estava bem — talvez as crianças não sejam as únicas que precisam de cuidado
— Você é muito bonita sabia ? — ele começou a tagarelar, deve estar bem
— Obrigado — agradeci
— Eu só ia pra aquela cafeteria pra ver você — esta bem, eu não esperava por isso, então ele me acha bonita? Por isso fez eu perder o emprego? É nada mais me impressiona na família Gusman
—Tá legal don Juan, que tal eu te ajudar a chegar no seu quarto? — ele assentiu depois de muito esforço e tropeços chegamos ao quarto dele, não me surpreendi ao ver muita bagunça espalhada e cheiro de mofo misturado com álcool, quando fui o colocar na cama acabei caindo junto com ele e ele começou a da risada e repentinamente ficou em silêncio, será que é contagioso
— Mia, você não está aqui por causa do meu irmão né? — ele perguntou do nada
— O que? Não, por que está me perguntando isso?
— Porque elas sempre querem ele, todas só tem olhos pra ele — quando ele disse isso, senti uma leve pontada de amargura em sua voz, ao que parece há muito mais por trás da rivalidade entre os irmãos do que se encontra na Internet
— Se quer saber, eu nem acho ele grande coisa — comentei
— Além de linda, é inteligente — ele sorriu e virando pro lado dormiu, suspirei e voltei para meu quarto, fiquei com uma estranha sensação de que lidar com a família Gusman será um desafio maior do que eu imaginava.
Não demorou muito pra mim dormir também, mas levantei me cedo como o sr rabugento havia ordenado, após fazer minhas higienes pessoais, desci para a cozinha e encontrei a dona Agatha, ajudando Ofélia a preparar o café da manhã.
— Bom dia Ofélia, Bom dia Agatha
-— Bom dia senhorita — respondeu Ofélia, uma senhora acredito que na casa dos 50 anos, segundo eu soube a mais antiga funcionária dos Gusmans
— Bom dia, querida. Espero que tenha dormido bem — disse Agatha com um sorriso caloroso.
— Dormi bem, obrigada. Onde estão as crianças? — perguntei, olhando ao redor.
— Os gêmeos estão se arrumando para a escola e Richard ainda está dormindo. — também depois da noitada, certeza que ele não vai acordar nem tão cedo — Renato já saiu para o trabalho, mas deixou instruções para você cuidar das crianças hoje — explicou Agatha, sério? Ele já tinha me dito isso ontem, por acaso achou que eu ia esquecer, ou só queria ter alguém pegando no meu pé no lugar dele, enquanto estivesse fora?
Pra evitar confusão logo no meu primeiro dia, apenas assenti, e resolvi ajudar a Agatha e a Ofélia a terminar de preparar o desjejum, depois subi para verificar os gêmeos. Assim que cheguei vi o Samuca e a Sofia discutindo sobre quem usaria o banheiro primeiro.
— Sai pra lá Sofia, você fica duas horas no banheiro — exasperou Samuca
— E você não fica nem cinco minutos, acho que nem toma banho — retrucou ela
— Eu tomo banho todo sábado
— Hoje é quinta feira seu bobão
— idai? Eu quero tomar banho hoje também
— Ei, parem com isso, vocês dois
— Ele que começou
— Ela que começou — os dois se acusaram ao mesmo tempo
— E eu vou terminar — disse, colocando as mãos nos quadris. — Vamos nos organizar, um de cada vez. Sofia, você vai primeiro
— Meleca — Resmungou Samuca, Sofia mostrou a língua
— E não provoque seu irmão — corrigi a Sofia, eles pararam de discutir e obedeceram, embora com resmungos. Sabia que precisava ganhar a confiança deles se quisesse ter algum controle sobre a situação.
Mais tarde, enquanto terminávamos o café, surpreendentemente Richard deu o ar da graça na cozinha, desleixado e aparentemente com muita resseca, ele nem ao menos deu bom dia, simplesmente se jogou na cadeira
— Meninos vão pegar sua coisas pra irem pro colégio — pedi pro gêmeos, eles assentiram e saíram, enchi uma xicara de café e arrastei pro lado do Richard
— O que é isso? — ele questionou de mal humor
— Café, ou prefere chá gelado? — brinquei
— Engraçadinha — ele retrucou e deu um gole generoso no café — eca que negócio horrível
— Sim, mas é bom pra curar a ressaca — ele revirou os olhos e tomou mais um pouco de café
— O que aconteceu de madrugada em? — ele perguntou um pouco apreensivo
— Como assim? — perguntei na intensão de saber do que ele se lembrava
— Eu me lembro de ter me encontrado com você no corredor e de você deitada na cama comigo
— Ah sim, você disse que me amava e me pediu em casamento — quando disse isso, ele cuspiu o café pra fora, não pode evitar o riso
— O que? — ele pareceu preocupado
— Calma, tô brincando — quando eu disse isso, ele pareceu aliviado — Não aconteceu nada demais, basicamente você tropeçou no corredor deu de cara com o chão, te ajudei a chegar no seu quarto, você tagarelou coisa com coisa e dormiu
— Ah sim, foi só isso? — ele questionou em um misto de preocupação e alívio
— Sim, mas é bom você começar a pegar leve no álcool, don Juan — declarei dando um tapinha no ombro dele — Bom Dia — conclui e sai, quando estava saindo o ouvir murmurar algo como babá intrometida, é esses irmãos são mesmo osso duro de roer
Levei os gêmeos pro colégio e o período em que estavam todos na escola ou trabalho, foi bem tranquilo, aproveitei o tempo livre pra conhecer a casa, os funcionários e normas
Na hora do almoço, recebi a visita de Gael que veio me trazer algumas coisas que pedi, foi muito bom ver um rosto amigo depois de tanta pressão, ele me deu um abraço apertado e foi como se toda a tensão que eu estava sentindo se dissipasse, ficamos conversando por um tempo até que se despedimos e voltei pra dentro da casa
Quando voltei me surpreendi ao ver o sr rabugento encostado no balcão da cozinha, me encarando com ar de poucos amigos, lá vem
— Escuta senhorita Garcia, sei que ainda não deve estar a par das normas da casa, mas não é permitido visitas íntimas no horário de trabalho, se você quer se encontrar com seu namoradinho, marque fora do horário de trabalho — ele declarou mal humorado como de costume, dei uma boa revirada nos olhos e respirei fundo pra não surtar
— Escuta senhor Gusman, estou sim a par das normas e regras da casa, mas pra sua informação, o Gael não é meu namorado, é meu amigo e ele só veio trazer algumas coisas que eu precisava, já que você me obrigou a adiantar o contrato de trabalho — quando eu disse isso, ele pareceu relaxar os ombros e se demonstrou levemente desconcertado e talvez aliviado, mas logo enrijeceu-se reassumindo sua pose de ranzinza
— Espero que esteja realmente ciente das regras
— Senhor Gusman, não avisou que viria almoçar — disse Adelina adentrando na cozinha
— Preciso avisar que vou vim almoçar na minha casa?
— Não senhor — retorquiu Adelina rapidamente
— Nossa que ogro — soltei
— Disse alguma coisa? — ele perguntou com seu tom autoritário
— Não senhor — respondi desconversando
— Levo o seu almoço para o escritório senhor? — Adelina perguntou
— Não, vou comer aqui mesmo — ele declarou pegando nós duas de surpresa
— Na área dos empregados? — perguntei
— Algum problema? — ele questionou gentilmente, sintam a ironia
— Problema nenhum — respondi, então o senhor ranzinza se sentou na pequena mesa para comer com os empregados, e até o almoço ele conseguia deixar tão legal quanto ele, enquanto comíamos, vez ou outra ele passava orientações para os empregados, aos poucos os outros foram terminando e saindo, acabei ficando sozinha com o sr rabugento, ele claro também tinha que passar orientações a mim
— Desculpa, mas o senhor só sabe falar de trabalho o tempo todo?
— Sou um homem de negócios, queria que eu falasse sobre o que? — ele questionou parecendo óbvio, esse cara não existe fala sério
— Que tal falarmos da sua família? Sabia que Richard chegou hoje às três da manhã, completamente bêbado?
— Isso não é novidade — ele respondeu com naturalidade e a essa declaração não consegui me segurar
— Mas deveria ser — disparei — ele tem disseste anos, devia estar sofrendo com garotas, crises existenciais e tentando descobrir qual curso cursar na faculdade, mas por que você acha que a vida dele está se resumindo em festas, baladas e álcool?
— Porque ele é irresponsável — ele retrucou
— Tá, e os gêmeos? Por que você acha que eles vivem aprontando?
— Porque são uns pestinhas — sempre com uma resposta na ponta da língua, ou ele é completamente cego ou totalmente sem noção
— Eles fazem isso pra chamar sua atenção, mas você é tão obcecado com seu trabalho que não percebe que eles sentem sua falta — quando terminei de falar, ele me encarou com uma expressão indecifrável, não sei dizer se ele estava triste, zangado, concordando com a minha colocação ou preparando mentalmente minha Demissão, depois de uns instantes de silêncio que pareceram uma eternidade, ele voltou a se manifestar
— Se coloque no seu lugar senhorita Garcia, você está aqui pra ser baba, não psicóloga — ele retrucou mais azedo do que de costume, respirei fundo
— Não tá mais aqui quem falou — respondi e me levantei da mesa, quando estava passando pelo azedume escorreguei em um líquido que estava caído no chão, não entendi como aconteceu, eu esperava cair com a bunda no chão, mas estava nos braços do sr rabugento
Ele não me manteve suspensa como aquelas tradicionais cenas de filme, ele me colocou de pé, mas continuou me segurando, eu ainda estava olhando pro chão quando senti seus olhos sobre mim, Levantei a cabeça e meus olhos se encontrou com os dele, não sei descrever o que estou sentindo agora, mas não consigo parar de admirar seus olhos lindos e lábios perfeitos, ele está me encarando de forma inquisitiva, limpei a garganta e ambos saímos do transe, ele me soltou, mas mantinha seus olhos em mim
— Obrigado — agradeci e sai correndo dali com o coração disparando, o que foi isso que acabou de acontecer?
Após a cena embaraçosa com o sr Renato, o restante do dia foi bem tranquilo, os gêmeos chegaram em casa bem agitados, tocando o terror, mas me uni a Ofélia e estabelecemos a paz com bolo e biscoitos, ao final da tarde quando Renato voltou pra casa, encontrou uma cena inusitada: eu sentada no chão da sala, cercada pelos gêmeos e até o Richard, rindo e jogando um jogo de tabuleiro.
Renato ficou parado na porta por um momento, observando a cena com um leve sorriso nos lábios. Ele se aproximou, um pouco mais tranquilo do que estava mais cedo, se manifestou
— Vejo que você conseguiu sobreviver ao primeiro dia — ele comentou com seu tradicional tom de sacarsmo, Olhei para ele e sorri.
— Foi bem desafiador, mas o que é a vida sem desafios? — questionei, ele balançou a cabeça, aparentemente incrédulo com a facilidade com que me adaptei à sua caótica família.
— Bem, vamos ver quanto tempo isso dura — murmurou ele antes de se retirar provavelmente para o escritório, mas o impedi de prosseguir
—Espera — fui até ele — Escuta, sobre o que eu disse mais cedo — comecei, mas ele me interrompeu
— Esquece — ele disse e saiu sem me dá chance de retrucar, voltei então para o jogo e permanecemos assim por um tempo, até a hora da janta, que surpreendentemente reuniu toda a família Gusman na mesa — Enquanto os observava jantar de longe, não pude deixar de pensar que, apesar das dificuldades, talvez, a família Gusman não seja tão ruim assim
Conheçam outras histórias de minha autoria
Se você é o tipo que gosta de se aventurar em um mundo mágico, conheça Lucky Buckland e o cristal supremo
https://www.wattpad.com/story/255248144?utm_source=android&utm_medium=link&utm_content=story_info&wp_page=story_details_button&wp_uname=MaiaraRSilva
Se você gosta de histórias de superação, conheça Recomeçar é Possível
https://www.wattpad.com/story/363278346?utm_source=android&utm_medium=link&utm_content=share_writing&wp_page=create&wp_uname=MaiaraRSilva
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top