Chapter Three - D e s m o r o n a n d o


                    ⚠️ AVISO ⚠️

O capítulo a seguir pode ter cenas fortes para algumas pessoas. Tentei ser menos intensa com o assunto, porque tenho conhecimento de que muitas pessoas sofrem/sofreram com isso.
Lembre-se, você não está sozinha, estou aqui se precisarem.

Boa leitura! :)

Estava pensando...
Eu senti que o conheço
E eu conheço o seu coração, e sei de tudo
O que ele jamais faria para me machucar
Mas eu não percebia que me sentia tão confiante
E me sentir tão bem sobre mim mesma
Ter isso completamente destruído
Por uma coisa.
Algo tão estúpido
Mas aí, ele me faz ficar tão louca
Faz parecer como se fosse minha culpa
Eu estava machucada

~  The Heart Wants What It Wants ~

Eu me afastei de Henrique.

Pode me julgar se quiser, mas agora eu vejo o quão idiota eu fui em o fazer.
Na verdade não, não atire pedras em mim, não me julgue. Eu estava completamente cega.

— VOCÊ QUER QUE EU SEJA ZOADO? TAXADO DE CORNO MANSO? DE OTARIO? É ISSO QUE VOCÊ QUER CALLIE? — James gritava em uma de nossas discussões.

— Não amor, eu só... eu não quero, claro... claro que não. — Eu disse enquanto chorava e soluçava.

— Não chore, meu amor. Eu não quero te ver triste. Mas você me entende, não é? Eu sei que ele é seu amigo de longa data, mas eu sou seu amigo agora, eu te amo e é necessário. Pense bem, ele te amava mesmo? Quando você estava mal ele largava tudo e ia te ver como eu faço, Callie? — Ele pergunta e eu nego. — Então Calli, meu amor basta, né? Eu te amo. — Ele me beija.

— Eu te amo, vou falar com o Henrique, prometo.

Aos poucos ele foi me convencendo de que ele era o único que me amava, além de meus pais. Ele me deu motivos pra duvidar do amor dos meus amigos por mim: "ah, mas ela saía no meio da madrugada pra te ver?" "eles perdiam uma noite de sono pra conversar com você, até você dormir porque estava ansiosa com alguma coisa que fosse fazer?" "ele te disse o quanto se importa com sua amizade?" "eles faz isso por você? Fazem aquilo por você?". E infelizmente, aos poucos, eu fui acreditando que ele estava "certo".

Lembro-me de ligar para o Henrique no mesmo dia e a conversa que tivemos me deixou muito triste, nos xingamos, brigamos, ele disse algumas coisas na minha cara e eu, que estava cega de "amor", não acreditei.

— Oi Callie, minha gatinha, como você está? — Henri perguntou assim que atendeu e eu solucei. — Calli? Está tudo bem? O que aconteceu? Por que está chorando?

— Henrique, temos que nos afastar.

Hahaha, ok Callie, agora fala sério. — Ele gargalhou e eu solucei novamente.

— Estou falando sério, Henrique. Você sabe que eu estou namorando agora e o mínimo que eu devo ao James é respeito. Você é homem, não podemos ser amigos, ele disse que não quer ser taxado de corno. — Eu disse calmamente, esperando que ele entenda.

Callie Cox, está me zoando? Se ele realmente te amasse, não nos separaria, SOMOS MELHORES AMIGOS, — gritou a última parte —  ele está sendo um hipócrita, Cox. Ele está sendo abusivo com você, está afastando você de mim, te conheço há dez anos. Gatinha, não aceite migalhas como amor, por favor. Eu te amo, a Isa te ama, seus pais te amam, ele não, Callie.

— Não diga o que não sabe, Henrique, ele me ama sim! Ele não esta me dando migalhas.

Esta sim, Callie. Deixe de ser burra, você é tão inteligente, tão dona de si, protege todas as mulheres que já passaram por isso e agora vai se submeter à isso? Qual é , Callie, estou aqui pra te ajudar e ser seu amigo. Por favor... — Ele quase implora, mas não dou ouvidos. James disse que ele iria se vitimizar e fingir que se importa, mas eu não vou cair nessa.

— É isso, Henrique. Até qualquer dia desses. — Desliguei e continuei chorando.

                *•*•*•*•*•*•*•*

Já se passaram mais cinco meses. Desde que conheci James, fazem um ano. O tempo passou muito rápido.
Estou pensando em ir morar com ele, assim estaríamos mais próximos. Estou arrumando minhas coisas, até que vejo mamãe encostada no batente da porta.

— Tem certeza, querida? Vocês se conhecem há tão pouco tempo e... — A cortei.

— Mãe, eu já disse que tenho certeza. Eu sou maior de idade, esqueceu? Posso fazer o que eu quiser.

— Tudo bem minha filha, — ela diz, vem pra perto de mim e pega minhas mãos nas dela — mas saiba que eu e seu pai te amamos e estamos aqui sempre que precisar, ta? — Assenti e fechei minha mala. Peguei tudo que tinha que pegar, inclusive a chave do carro.

Desci, me despedi do meu pai e segui para meu carro, o ligando e dando partida, depois de organizar a última mala no porta-malas.
Eu estava até que feliz com a ideia, gostaria de morar com James.
Quando cheguei, ele me ajudou a levar as malas para a sala.

— Estou feliz que esteja comigo, amor. — ele diz, me beijando.

— Eu também, James. — dei um sorriso forçado.

— Preciso falar com você, vem sentar. — ele me puxa delicadamente até o sofá com ele. — Mês que vem suas aulas da faculdade começam, certo? — assenti. — Pensei que você poderia deixar a faculdade de lado. — Me afastei bruscamente dele.

— Oi? Óbvio que não, James. É o meu sonho.

— Eu sei, amor. Mas eu pensei que você gostaria de realizar meu sonho de ser pai. Você adia sua faculdade, temos um filho e depois você passa num concurso de cabeleireira, manicure, sei lá, algo pra mulher. — O olhei espantada e soltei uma gargalhada seca.

— Tá maluco, James. Eu sempre te disse que meu sonho é ser engenheira, eu sempre quis continuar com os negócios da família, é o meu sonho. Eu não vou ter um filho com você agora, James, não vou mesmo. — Disse seca e os olhos dele se encheram de água.

— Mas princesa, você sabe que é meu sonho. O que te custa? Nada, Callie. Não te custa nada.

— James, eu fiz 19 há uns meses, tá louco? Mamãe me mata se eu ter um filho agora. Eu não quero ter filhos agora.

— Ta bom, Callie. Você está sendo egoísta e está pensando apenas em você, apenas nos seus sonhos! — Exclamou, chorando. Eu estava com dó, queria ceder, mas esse não é o meu sonho.

— Eu preciso pensar, ok? Eu vou dar uma volta e pensar nisso. — peguei as chaves do carro e saí dirigindo sem rumo.

Meu deus, o que eu faço? Eu não sei o que fazer.

Um filho.

Eu precisava de um colo agora, de alguém que me acolhesse, eu precisava de Henrique, ele é meu melhor amigo bom... era meu melhor amigo, eu vou atrás dele, não conversamos há quatro meses, preciso dos conselhos dele e sei que ele me dará, apesar de tudo.

Dirijo enquanto a música Why Try - Ariana Grande toca, aumento o volume e vou cantarolando baixinho até a casa do Henri.
Toco a campainha assim que desço do carro e espero ele atender. Assim que que ele me vê, muda a expressão, pra assustado. Talvez seja pelo fato dos olhos e rosto inchados de chorar o caminho todo até aqui.
Ele abre o portão e me abraça.

— Céus, Callie. Por que está chorando? — Ele pergunta preocupado.

— Ele quer que eu desista da faculdade pra termos um filho. Eu não quero isso, não quero mesmo, Henri. Eu quero ser engenheira, cuidar de tudo que minha família construiu. Ele quer que eu seja cabeleireira ou qualquer outra coisa pra mulheres! Henrique, ele foi extremamente machista! — Exclamo e o garoto retorce a cara em reprovação.

— Você sabe o que eu acho do seu relacionamento, mas não vou te julgar. — Ele faz um pausa pra pensar. — Hm... você deve conversar com ele e explicar o que quer, gatinha. Diga a ele que não quer ter filhos agora, se ele te ama, vai entender. — Assenti e o abracei forte. — Eu senti sua falta, pequena. Eu te amo, sabe disso, né?

— Eu sei, eu também te amo. Me desculpe, desculpe mesmo. — O abracei mais forte e chorei mais ainda. Uns minutos depois eu disse que precisava ir, mas voltaria para conversamos e nos atualizar do que aconteceu nesses quatro meses.

Fui dirigindo me sentindo mais leve, eu estava feliz. Me resolver com meu melhor amigo foi como tirar um peso das costas, ele me aconselhou e estamos bem.
Eu sei que James aceitará minha opinião, ele me ama e quer o melhor pra mim, é o que o mesmo sempre diz.
Quando chego em casa, vejo tudo apagado e estranho. Destranco a porta e entro. James estava deitado no sofá, com o celular na mão.

— Oi amor, preciso falar com voc... — Comecei falar fechando a porta, mas o escutei gritar.

— QUE PORRA É ESSA CALLIE? — Ele joga o celular dele em mim e eu me assusto, mas olho para a tela. Era uma foto minha abraçada à Henrique mais cedo, não acredito nisso! — EU VIRO AS COSTAS E VOCÊ VAI SE ENGRAÇAR PRA ESSE MERDA? QUAL É A PORRA DO SEU PROBLEMA, SUA IDIOTA? — Ele liga a luz e me joga sentada no sofá. — SABE A MINHA FAMA AGORA? DE CORNO! ISSO MESMO CALLIE, DE CORNO! POR SUA CULPA. — ele abaixa o tom de voz nas próximas palavras. — Você é uma otária, garota. Provavelmente sente algo por ele. Típico! Ele não gosta de você, Callie! Até porque, só eu mesmo pra aguentar. Você é horrorosa, seu cabelo é horrível, deveria alisar essa merda. Você é cheia de estrias e tem mais buracos nessas pernas que a merda do asfalto que o governador não arruma. Olha essa barriga! Pelo amor de Deus, você vai fazer academia, vai emagrecer.
Eu sou a única pessoa que ainda te ama e te atura, mas se você continuar assim, você vai ser sozinha no mundo! SOZINHA! — Ele levantou a mão e quando estava prestes a me dar um tapa, eu gritei. Eu estava assustada, ele nunca agiu assim.

Será que Henri está certo? Ele era abusivo? Não! Claro que não. Ou será?

Eu choro descontroladamente, estou muito assustada. James passa a mão no cabelo e os puxa.

— Meu deus! Me desculpa, amor. Eu me descontrolei, tive uma crise de ciúmes. Por favor me desculpe. Eu não queria agir assim, eu te amo, princesa. — Ele me abraça e eu choro muito, muito mesmo.

— Promete não fazer mais? — Ele assentiu. — Tudo bem, eu te desculpo. Eu te amo.

Yeah, eu o desculpei. Mas como eu disse, eu o amava. Ele foi o meu primeiro namorado de verdade, o primeiro cara que eu fiz amor, entendem? Foi com ele que eu tive "amor", mesmo que falso. Eu não sei explicar, mas eu tinha medo de ficar sozinha. Eu tinha muito medo, ele disse que estaria ali por mim, só ele estaria.
Eu estava tão envolvida que não percebi que estava completamente errada. Não tínhamos amor. Não tínhamos respeito. Não tínhamos compreensão. Vivemos de migalhas.

Depois que eu desculpei, eu tomei um banho e acabamos fazendo amor no sofá.

               *•*•*•*•*•*•*•*

Mais duas semanas se passou.

James demonstrava menos, dizia menos, sentia menos.

Depois do surto que ele teve, ele passou a ficar mais agressivo, grosso e frio comigo. Quase me bateu mais duas vezes e eu estava muito triste e decepcionada.
Ele disse ser estresse do trabalho e eu o desculpei, eu entendia. Depois fazíamos amor e tudo se resolvia.
E assim se passou essa semana.

Henrique estava em casa e eu estava com medo. Em uns minutos James chegaria e eu tentei expulsar Henri, mas ele não ia embora.

— Henri, eu já disse que depois nós conversamos. Estou ocupada, pode ir embora, por favor? — Pedi educadamente.

— Não precisa expulsar estressadinha, estou indo embora. Me da um abraço. — Sorri pelo apelido e o abracei. — Eu te amo, gatinha.

— Eu também te amo, leite azedo. — Logo o senti ser puxado de perto de mim. James o puxou e o jogou no chão, lhe dando três socos.

— SUA VADIA DO CARALHO, EU SAÍ PRA TRABALHAR E VOCÊ CHAMOU ESSE CARA PRA DAR PRA ELE? VOCÊ É UMA PUTA, CALLIE. — Ele gritou e levantou a mão pra me bater, mas Henrique segurou o pulso dele e o prensou na parede, o acertando vários socos.

E foi ali que eu percebi que Henri estava certo. Eu vivi por um ano em um relacionamento abusivo. Por sorte ele não me bateu, mas os insultos foram tantos nessa semana. Tantos...
O tempo que ele ergueu minha autoestima, não foi nem um terço do que ele precisou pra acabar com ela. Duas semanas foi o suficiente.

Eu estava estática. Não consigo acreditar que aquilo ocorreu comigo.
Henrique me pega no colo, como se eu fosse um bebê, me tranca no carro e só me diz "espere aqui. Não saía desse carro, Callie".
O vejo entrar na minha, agora ex-casa. O garoto leva pelo menos trinta e cinco minutos lá, não tenho certeza. Logo o vejo sair com duas malas grandes e colocá-las no banco de trás do carro.

— Porra, gatinha... — Ele sussurra e me olha. — Ele já te bateu? — Nego com a cabeça e ele suspira. — Já te tratou daquele jeito? — Ele pergunta novamente, engulo em seco e assinto. Ele solta um palavrão e eu me encolho no meu lugar. Henri dá partida e dirige depressa até a casa dele.

                 *•*•*•*•*•*•*•*

— Por isso não queria me deixar ficar? — Ele pergunta.

Estávamos no quarto dele. Já era por volta das oito e trinta e três da noite. Quando chegamos ele me mandou tomar banho e descansar e foi o que eu fiz. Uma hora mais tarde eu acordei, Isabela está aqui também, eu contei tudo o que aconteceu desde que eu parei de falar com Henrique, há quatro meses.

Contei que me afastei da Isa também, e um pouco dos meus pais.
Disse que ele demonstrava que sentia menos, era grosso demais às vezes, que me xingava e que brigávamos muito.
Até que ele me pediu para ir morar com ele e que no mesmo dia disse para eu desistir da faculdade para ter filhos com ele. Disse que depois que voltei da casa dele, James teve uma crise de ciúmes e quase me bateu. E que isso tornou-se frequente nas duas últimas semanas. Disse que ele me fez excluir as fotos do facebook e arquivar as do Instagram por ter muitos homens dando em cima de mim e me elogiando. Eu deixei de vestir minhas roupas curtas que eu amava e passei a vestir vestidos longos e shorts que eram como bermudas femininas e calças mais largas. Nada de blusa decotada e maquiagem. Tudo isso em duas semanas. Contei absolutamente tudo. Óbvio que choramos muito juntos. Eu e Isa choramos abraçadas e Henrique nos confortou.

— Sim, foi por isso que pedi para você ir embora. Estava com medo da reação dele, e foi exatamente a que eu esperava. — Respondi o que Henri me perguntou.

— Ai amiga, eu sinto muito por você. Mas olha, estamos aqui pra você, ta? Eu te amo muito. — Isa me abraçou e soluçamos.

— Desculpa Henri, eu fui uma péssima amiga. Desculpa mesmo. — Abracei meu amigo e chorei.

— Está tudo bem, gatinha. Não precisa se desculpar. — Meu melhor amigo disse secando minhas lágrimas. — Hoje você fica aqui e amanhã vamos falar com os seus pais, ta? É melhor você descansar hoje. — Assenti.

— Ih gente, mamãe está ligando, vou atender, esperem aí. — Isa saiu do quarto e foi atender a mãe dela.

— Eu te amo, leite azedo. — Disse abraçando Henrique.

— Eu também te amo, gatinha.

Eu me sentia em casa, me sentia segura novamente. Estava com medo de contar para meus pais, mas sei que eles não vão me julgar, muito pelo contrário.

— Migos, vou ir ajudar minha mãe a fazer uma surpresa de casamento para o papai, tenho que ir. — Ela nos abraça e pega a bolsa dela. — Nega, qualquer coisa me liga, ta? Amo vocês, se cuidem. — Manda beijos no ar e saí. Essa aí é doida, puxou a mãe. Certeza que ela lembrou que é aniversário de casamento de última hora e está desesperada atrás da ajuda das duas filhas.

— A tia é doidinha, né? Isabela teve a quem puxar. — Disse Henrique e eu concordei, rindo. — Noite das garotas? — Ele perguntou e eu gargalhei, concordando.

— Vai pedir pizza que eu escolho o filme, já até sei, vai ser Para Sempre, melhor romance ever.

— Nunca, querida. O melhor é com certeza Como eu era antes de você. — Bufei e começamos uma discussão de qual era o melhor filme.

  *•*•*•*•*•*•*

Eu e Henrique viemos até a casa de meus pais. Eu já tinha contado tudo que aconteceu e nós quatro chorávamos.

— Oh minha querida, o papai está aqui pra você. Não chore, eu vou te proteger de tudo, prometo. — Meu pai me puxa pra sentar no colo dele e me segura como um bebê.

— Eu te amo, pai. Obrigada por tudo.

— Agora você tem que se preocupar com seu sonho, filha. Em duas semanas sua faculdade começa. Temos que correr atrás dos seus sonhos agora. — Mamãe disse e papai concordou. Eu estava afetada com tudo ainda, mas de jeito nenhum eu vou desistir do meu sonho.

Por enquanto tenho duas semanas para sofrer o fim do relacionamento e correr atrás de tudo pra faculdade. Eu não estou sozinha. Tenho meus pais, amigos e familiares que se importam comigo.

N.A.// oioi gentee! o que estão achando?

Juro que tentei tornar o capítulo o mais leve possível, por isso teve bastante quebra de tempo e não fui tão complexa quanto queria.
Espero de coração não ter passado impressão errada e aceito críticas – desde que construtivas.

Bom fim se semana a todos, até terça-feira. ❤️

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