Capítulo 5 Arrependimento
Bianca
Depois de anos me sentido a pior dos seres humanos... Sinto uma pequena alegria assim que chego ao terraço da minha vizinha.
Meus olhos vão direto ao encontro dos de Luke Rock. Os desvio rapidamente, sem conseguir entender o porque desse sentimento. Sentimento esse que eu não mereço, sim, eu não mereço. Não depois de tudo que eu deixei pra trás.
Isabela me apresenta a todos, mas quando fui apresentada ao tal Luke, senti algo que já não me lembrava mais ser capaz de existir. Sinto paz e isso me incomoda muito.
O clima aqui é de amizade, mas eu não me sinto nem um pouco à vontade.
Me afasto para sair e Isabella me chama para uma foto, ela e dona Solange são o mais próximo que tenho de uma "amizade" depois de tantos anos. O sorriso de Isabella, me lembra a pessoa que eu já fui um dia e essa lembrança me faz sorrir. Porém ao me lembrar no que me tornei, meu sorriso se apaga e antes de deixar aquele ambiente, meus olhos novamente procuram pelos dele. Ele não me notou.
Mesmo eu querendo me despedir das pessoas, para evitar perguntas e pedidos para eu fique, saio de mansinho. Até porque ainda tenho que trabalhar.
Quando chego no meu apartamento olho em volta, não tenho quase nada, mas sempre mantenho uma mala pronta para partir quando for preciso.
Tomo um banho e me arrumo, não tenho espelhos em casa. Anos de prática me permitem passar um baton sem precisar me olhar.
Assim que consigo me sentar em um lugar disputado do metro na estação de Vicente Carvalho, pego meu celular e olho a foto que tanto me faz chorar todos esses anos, e uma dor tão grande que muitas vezes me fez querer morrer, mas não sei como em mim, ainda existe uma pequena pontinha de esperança. Quem sabe um dia poderemos ficar juntos novamente.
*
Meses depois, ainda me lembro daquele olhar que em minha mente, em algum lugar vagamente, me pareceu familiar. Mas famíliar porque? Antes daquele dia eu apenas o tinha visto televisão. Isso me deixa pensativa. Os olhos dele são desconfiados e ouso dizer que até um pouco triste. Sorrio com meu pensamento. Aonde um homem daquele teria motivos para ser triste.
Isabela me contou que ele perguntou sobre mim naquele dia no terraço, na hora me alegrou um pouquinho, mas logo depois me coloquei em meu lugar e esqueci. Não tenho tempo para sonhar acordada, somente preciso ganhar meu dinheiro e seguir com meu plano.
*
Amanhã e o casamento da Isabella. Estou muito feliz por ela; é bom você ver pessoas que se amam se unindo em matrimônio. Eu não queria ir, mas dona Solange insistiu e disse que se eu não fosse, Bella ficaria triste e eu não quero nunca mais deixar alguém que se aproxima de mim com amizade, triste.
Mais uma noite chego no trabalho e meu gerente tarado está me esperando de cara amarrada.
-Adriana, sinto muito mas vou ser obrigado a te demitir. -Suas palavras me fazem levemente estremecer.
-Senhor Alberto, por favor. Eu preciso desse emprego.
-Sinto muito, mas os clientes estão reclamando do seu mal humor e você também não colabora -ele se aproxima, eu sou um passo pra trás
-está vendo docinho, você não sabe aproveitar quando a sorte chega, todas as meninas aqui queriam ter à atenção que dou para você.
-Eu não preciso de sua atenção, apenas preciso do meu emprego.
-São ordens do dono, não posso fazer nada. Você tem mais uma semana, quem sabe até lá você não convence o chefe a te dar uma segunda chance. -Não esconde seu sorrisinho nojento e malicioso.
-Quando o chefe chegar, vou falar com diretamente com ele.
-Não custa nada você tentar docinho. -passa a não em meu rosto Me causando ânsia de vomito.
À noite hoje foi longa e o chefe não apareceu. Chego em casa cansada e com sono, tomo um banho pra despertar, arrumo minha pequena mala e entro na van rumo a ao porto de angra. Vou ter dois dias de folga e dona Solange insistiu para que eu fique na ilha e volte com ela na segunda de manhã.
Chego na ilha e está tudo perfeito. Dona Solange queria que eu ficasse na casa, mas sei que essa já esta lotada, então fico com os parentes dela no iate em que viemos. Por ela saber que trabalhei à noite toda, me manda dormir. Ordem que aceito imediatamente.
Assim que Isabella chega, ela me acorda. Me arrumo e vou ao encontro delas. Somente em saber que ele está aqui em algum lugar, nasce em mim um sensação de paz.
Quando vi aquele homão entrando com as alianças, meu coração a muito adormecido, bateu bem mais forte. Procurei seus olhos, mas esse quando me viu, desviou. Sem motivos, isso me causou dor. Mas quem eu estou pensando ser, para me achar no direito de sentir algo além de dor?
A festa está linda, mas não posso relaxar. Tem fotógrafos e repórteres demais aqui, mesmo sem eu querer meus olhos o acha em um canto abraçado a Isabella e derrepente sinto uma falta enorme de Lucas. Controlo minhas lágrimas e assim que os noivos se despedem, me retiro.
Não consigo dormir, estou acostumada a passar noites em claro e durante o dia durmo pouco e em alerta. Troco de roupa pondo um vestido leve e me sento na proa olhando para a festa. Ele se despede dos amigos e entrar na casa. Quando o vi à pouco com Bella percebi porque seus olhos me eram familiares, eles se parecem com o do Lucas.
Meu eterno Lucas. Anos atrás, mesmo sem vê-lo, eu senti a presença dele naquele maldito shopping e falei o que falei justamente para que ele ouvisse e assim se mantivesse longe de mim, eu só não imaginava que no mesmo dia ele morreria em um maldito acidente de avião voltando para Curitiba. Quando ouvi a confirmação da notícia do acidente na TV, corri para ligar para meu pai. Eu ainda tinha esperança de que ele não estava naquele maldito voo e que tudo fosse uma mentira contada por Flávio. Por eu não ser parente, não tive acesso as informações, e foi meu pai, junto com Flávio que as conseguiu, e quando eles confirmaram, que meu Lucas, realmente estava naquele vôo, minhas forças faltaram e me lembro bem que nem por minha mãe eu chorei tanto, a dor me consumia e minha vontade era morrer com ele.
Por não ter parentes próximos, eu fui com meu pai até Curitiba, mas sem endereço, não encontramos seu tio. Meu pai providenciou documentos, que nos liberou para fazer o seu enterro, enterro esse que teve que ser com o caixão fechado; meu amor, meu amigo morreu me odiando. Então tudo que passei antes e depois disso foi pouco. Meu único pedido ao meu pai depois de tudo que fiz por ele, foi permitir que os restos mortais de Lucas descansacem em um lugar descente, meu pai cedeu e comprou um jazigo no cemitério de São Paulo. Eu não podia permitir que Lucas fosse enterrado em Leopoldina, não na cidade tanto o maltratou. Essas lembranças ainda doem tanto.
Depois de me acalmar, vou ao pequeno banheiro, lavo meu rosto e sem sono, decido caminhar pela ilha. Dando graças a Deus que o som foi desligado.
Depois de caminhar por uma pequena trilha iluminada pela lua, me sento numa pedra. Sinto-me estranhamente em paz e me odeio por isso. Olhando para o mar escuro pergunto a Deus se um dia serei perdoada. O sol começa a nascer e isso sempre me faz lembrar dele. Esse sempre é o único momento em que eu consigo sorrir. Lucas dizia que eu era o seu sol, mas eu perdi a oportunidade de lhe confessar, que era ele quem me transformava nesse sol.
Escuto um barulho de folha secas, me assusto, e ao virar meu rosto, todo meu corpo treme. Por um segundo achei estar vendo Lucas.
Mais infelizmente não é Lucas, e sim luke. Mesmo assim, abro um pequeno sorriso, sem nem ao menos eu entender o porquê.
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💋beijo da Aline💋💋.
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