Onde quer que eu vá, eu levarei você
Sempre que eu ligo, você é a minha salvação
Eu nunca desligo, eu dependo de você
Você viaja comigo

Eu apenas digo isso porque eu realmente quero
Eu não tenho medo de como você me faz sentir
O céu era tão límpido quando você era a vista
Em qualquer lugar que eu vá, eu levarei você

O céu era tão límpido quando você era a vista
Eu apenas digo isso porque eu realmente quero
Eu não tenho medo de como você me faz sentir
— Taking You - Why Don't We

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E se eu não tivesse ido ao bar naquele dia?

Foi a pergunta que fiz depois que vi aquela foto. Mas era tarde demais, eu já estava envolvida nele.

— Every, eu te avisei. — Alex anunciou, dando mais uma colherada no sorvete.

— Cala a boca. — Reclamei. Respirei fundo, evitando o choro e tomando mais sorvete.

— Se está sofrendo, lembre sempre que existe alguém pior. — Meu amigo continua dizendo, com os olhos focados na televisão, assistindo Cartas Para Julieta.

— Por favor, hoje eu preciso do Alex fofo e não do sincero. — Pedi, falando com a boca cheia de sorvete.

— Mais fofo do que agora? Deixei que dormisse na minha cama enquanto dormi no chão, estou assistindo um filme de drama romântico e tomando sorvete de morango. Sou o melhor amigo do mundo. — Ele se vangloriou, me olhando irritado.

— Alex... — Repreendi. Meu amigo suspirou, se recompondo.

— Certo, entendi. Antes de entrar no modo fofo, preciso dizer uma coisa. — Disse, deixando o pote de lado. — Em algum momento, você vai ter falar com o Matthew. Não pode fica aqui em casa pra sempre. — Ele falou, depois me puxou pelos ombros e ficamos abraçados.

Alex tinha razão, é claro. Eu precisaria enfrentar Matthew e aceitar meu coração partido. Se ele me trocou tão facilmente, talvez eu conseguisse encontrar alguém também, mas antes precisava de explicação.

É que doeu ver aquela foto. Os cruéis comentários falando o quanto essa garota de agora é mais bonita do que eu. Isso mexe com a minha insegurança da pior forma. Odeio a internet às vezes.

Meu celular começa a tocar e vejo o nome de Stacey. Resolvo levantar do sofá e ir pra o quarto de Alex atender.

— Oi, S. — Disse assim que atendi.

— Como é que somos melhores amigos e eu não sei seu número? — Ouvi a voz de Connor, olhei o nome de novo na tela e ainda era o de Stacey.

— É uma boa pergunta. — Falei.

— Onde você está agora? Eu e a Stacey estamos com saudades e queremos te ver. — Meu amigo diz, delicado. Consigo escutar Stacey falando no fundo. — E estamos levando o Dominik junto com a pizza. Passe seu endereço. — Connor era realmente um incrível amigo.

Eu desliguei e mandei o endereço de Alex por mensagem. Voltei pra sala a tempo de avisá-lo que recebíamos visita.

— Eu te deixo dormir na minha casa por um dia e você convida seus outros amigos pra vim aqui?! Estou pensando seriamente em te expulsar. — Ignorei suas reclamações.

— Por favor, Alex. Esqueceu o que aconteceu comigo? O cara que estou apaixonada beijou outra garota e isso vazou por toda internet. É na dificuldade que surge um verdadeiro amigo. — Fiz meu discurso. Ele riu e tomou mais sorvete. — O pessoal da banda vai trazer pizza. — Informei.

— Oh idiota, porque não disse antes?! — Ele se levantou e deu um tapinha na barriga cheia. — Vou tomar um banho pra parecer apresentável. — Saiu da sala.

Arrumei a sala rapidamente e fiz um rabo de cavalo no meu cabelo. Estava usando um conjunto da Mulher Maravilha e não deu vontade de trocar.

A campainha tocou e fui atender a porta.

— Princesa Every! — Connor me agarrou em um abraço forte.

— Oi, Con. Oi, pessoal. — Abri mais a porta e eles entraram. Stacey estava milagrosamente usando tênis brancos ao invés de salto alto.

Afinal, eram seis da noite.

— Esse é o seu apartamento? — O guitarrista perguntou, já se sentando no sofá e abrindo a caixa de pizza.

— Não, é do meu amigo. Passei a noite aqui. — Expliquei. Confiava neles o suficiente pra saber que não iam contar nada ao Matthew por enquanto.

— "Se ele não te quer, supera..." — Stacey cantou e todos olhamos confusos. — Ouvi o Benjamin cantando essa música ontem, fez sentido pra mim. — A loira disse, sorrindo de canto.

— Ciao, bella cosa. Mi piace il tuo pigiama. — Dominik veio me abraçar também, pela primeira vez. Seu rosto estava vermelho de vergonha. Achei muito fofo.

— Grazie. — Respondi, orgulhosa em ter aprendido alguma  palavra em italiano. O baixista sorriu animado.

— Eu disse que gostei do seu pijama, sabe disso não é? — Questionou, ajeitando o óculos rapidinho.

— Não, não sabia. Apenas disse obrigada e pronto. — Fui sincera e todos eles deram risadas.

— Pensei que tivesse aqui pra comer, sofrer e te consolar. Vejo que está bem. — Stacey falou, sentando no sofá ao lado de Connor e colocando ketchup na pizza. — Não deixe que o inimigo veja sua fragilidade. Seja forte, garota! — Sorriu de forma ameaçadora.

— Não é como se fossemos namorados. Claro que estou decepcionada, triste e bem frustada, mas algumas coisas não são pra acontecer. — Respondi a ela. Peguei uma o cortador e entreguei a Connor.

— Matthew está evitando todos nós, ele não se afasta do caderno e do violão por nada. Espero que se entendam de novo. — Falou Connor, dando um sorriso de canto.

Ele começou a cortar fatias de pizza, foi nesse momento que Alex saiu do quarto como uma nova pessoa.

— Minha amiga não é super madura? Fui eu que ensinei. — Se gabou, sempre assim. Os três olharam pra Alex, curiosos. Principalmente Stacey.

Aquele choque de gerações. Alex, um alienado por música dos anos 80 e três membros de uma banda de pop rock bem moderna. Fiquei observando.

— Every, você tem outro melhor amigo e não me contou? — Connor colocou a mão no peito, fingindo ofendido.

— Apenas eu sou o melhor amigo dela. Não existe outro. — Alex rebateu, franzindo o rosto.

— Então, lamento informar. Ela te trocou por mim, e arrisco dizer que sou bem mais simpático e bonito. — Con não perdeu a chance de provocar. Eu segurei a risada da cara de Alex.

— Se não soubesse que era músico de uma banda de pop, eu saberia agora. Convencido, irritante e idiota. — Meu amigo falou pra o meu outro amigo.

— Fale com a minha mão. — Connor colocou a mão em frente ao rosto e virou a cara, ignorando Alex.

— Vou expulsar ele da minha casa. — Me avisou, irritado.

— Não vou dar minha pizza pra ele. — O coreano retrucou, fazendo um bico.

— Credo, parem com isso. É ridículo. Estou com fome e quero pizza, vamos comer. — A loira parou a briga, dando uma mordida em sua fatia.

— E quem te chamou na conversa? — Alex rebateu, enfrentando Stacey. 

Eu e os meninos trocamos olhares assustados, pois era a primeira vez que alguém falava com ela daquele jeito sem medo nenhum. Esperamos pra ver o que ia acontecer.

— Ninguém precisa me chamar, eu mesma me intrometo. — Respondeu a ele. Ah, caramba.

— Então você mesma sabe que é uma intrometida? Uau, que bom. — Alex diz, irônico.

— Sinto que estou conversando com uma criança. — A assessora resmungou, revirando os olhos azuis. 

Ela e Alex se encararam por longos segundos, em uma batalha.

— Então sentimos o mesmo, loira intrometida. — Ele falou, dando uma piscada. 

Alex deu uma piscada?! Pra Stacey? 

— Que tal assistir A Cinco Passos de Você? — Perguntei, chocada ainda. Mudando o assunto.

Nós avançamos pra comer. Alex iniciou filme. Sentei no meio, entre ele e Connor, pra impedir qualquer ciúme. Stacey e Dominik ficaram sentados no tapete, concentrados no filme.

Era meia noite quando eles foram embora depois de uma maratona de filmes, pizza e sorvete. Eu teria que voltar a fazer exercícios se não quisesse ter calorias e açúcares demasiados no corpo.

— Tchau, Lex. — Connor deu um abraço em Alex. Só pra deixar claro, os dois se abraçaram e choraram enquanto assistíamos A Cinco Passos de Você. E já escolheram apelidos.

— Tchau, Nor. — Alex respondeu, bem tranquilo comparado ao início.

— Tchau, Every. Amanhã vamos sair pra comprar maquiagens e esmaltes cor de rosa. Estarei aqui nove da manhã. — Stacey me alertou, deixando um beijo em meu rosto.

— Viu só? Intrometida. — Alex não deixou de falar. A loira estralou a língua e foi pra longe dele.

Confirmei e acenei em despedida. Dominik me abraçou também e me deu um beijo na testa, tão fofo que me deixava constrangida.

— Buonanotte, Every. — Ele disse meu nome em italiano.

— Arrivederci, Dominik. — As únicas palavras que eu sabia falar eram obrigada e tchau. Meu novo amigo deu risada, e se aproximou mais. 

— Por trás das câmeras, já vi pessoas se perdendo. Escolhi viver minha melhor versão. Escolha viver a sua também. — Ele declarou e foi embora. Eu nunca poderia esquecer desse conselho.

Voltei pra o quarto de Alex enquanto ele estava na sala arrumando a bagunça. Tomei um banho e vesti outro pijama. 

Peguei meu celular e vi que tinham mais mensagens não lidas de Matthew.Meu dedo coçou e entrei na conversa, lendo tudo que ele tinha me mandando. Sei que não deveria, mas ignorar ele por um dia inteiro foi difícil o suficiente.

Comecei a ler.

Pensei que estivesse apaixonado
Contei a todos como te queria
Deitado nessa cama fria
Lembrando de tudo
Eu acho que te amo

Foi tão rápido, e nem notei
Apenas me deixe te falar
Eu penso em você quando acordo
E penso em você ao dormir

Quero saber dos seus sonhos
E ver o seu sorriso
Eu acho que te amo
Fui abatido

Senti meus olhos marejarem, e antes que pudesse evitar, desliguei o celular e enfiei minha cara no travesseiro, abafando o choro. É possível amar alguém tão rápido? 

Como eu posso saber se isso é realmente amor e não apenas uma paixão? Estou mesmo pronta pra enfrentar tudo por ele? E quem garante que isso é amor verdadeiro?

Fui dormir ainda mais cheia dessas perguntas confusas.

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