18

Eles não conseguem saber
sua localização atual
Porque hoje a noite, nós ficamos privados
e ninguém mais é permitido

Mantenha seus olhos em mim
Não preciso de outra verificação
Porque amor, você é minha inspiração

Chegamos a uma ilha solitária
colocamos essa campainha no silêncio
Se sair, não tente, garota
eu preciso de você sem dividir
Paraíso, você define isso
parece de diamante
garota, você está me deixando tão cego
Turn It Off - Why Don't We

x

Agora que estou sem nenhum emprego, não preciso acordar cedo. Exceto quando a MBCD tiver algum show ou evento importante pra ir, o que ainda não aconteceu.

Sem lugar nenhum pra marcar presença, Matthew veio aqui em casa. Faço um bolo de laranja e ficamos conversando sobre filmes e música.

Logo o assunto muda, chegando no motivo dele ter desaparecido ontem a tarde no meio da nossa troca de mensagens.

— Tia Lee foi pra hospital, ela teve um desmaio por conta da anemia. Você nem imagina o quanto aquela mulher é teimosa pra tomar as vitaminas. Ela dormiu essa noite com a gente, mas disse é só por dois dias. — Matt me conta. Fico surpresa por ter escondido isso e ninguém saber de nada.

— Como conseguiram entrar no hospital sem que ninguém visse ou desconfiasse? — Perguntei, curiosa. Enfiei uma fatia de bolo na boca.

— Fomos pelos fundos, na ala de emergência. Quando não é nada tão sério, ligamos pra enfermeira da banda, mas nesse caso ela já estava lá então tivemos que ir com pressa. — Explicou, matando minha curiosidade.

— É legal vocês protegem tanto a identidade da tia Lee, ela não precisa ficar sendo seguida e nem perder a privacidade. Seria um desastre. — Eu digo. Observo Matthew beber o suco e afirmar depois.

— Nós tentamos, é o mínimo depois de tudo que ela fez por nós. — O vocalista diz, e espero que continue a contar a história dele, mas fica calado.

— São quantos anos de banda antes dela ser reconhecida? — Decidi mudar o assunto.

— Uns cinco ou seis no total, mas de reconhecimento é apenas dois. — Responde, animado pela mudança. — Por falar nisso, eu conversei com a maquiadora chefe e ela disse que quer te conhecer.

Ele solta essa bomba, me deixando sem fôlego.

— O nome dela é Steph. Ela descobriu que está grávida e quando falei de você, disse que não vê a hora de te conhecer. Se Steph gostar, Every Arrow vai ser a nossa maquiadora substituta, e quando ela voltar, você pode ser assistente dela. Não é incrível?! — Matthew continua, me dando a melhor oportunidade.

— Matt... — Tento falar alguma coisa.

— Eu sei que queria conseguir tudo sozinha, mas uma vaga como essa é bem difícil então dei meu empurrãozinho. Agora depende de você. — Ele se aproxima e beija o dorso da minha mão, me tratando como princesa.

Não consigo mais esconder o sorriso, quero pular e gritar. As minhas três coisas preferidas juntas: maquiagem, música e viagens. Posso ficar perto de Matthew e dos meninos, apesar de ainda está me acostumando com as brincadeiras malucas deles. Eu acho que não tem nada melhor.

— Então... o que me diz? — Ele insiste. Ansioso pela resposta.

Salto do meu lugar e o abraço, nós dois caindo no sofá.

— Obrigada, obrigada, obrigada! Eu amei, Matthew. É a melhor oportunidade que já recebi, muito obrigada mesmo. — Dou vários beijos na sua bochecha.

Matt está rindo, apertando os braços em volta da minha cintura. Estou em cima dele, segurando seu rosto e enchendo de beijinhos. Ele é incrível. Borboletas voando na barriga.

— Eu acho que estou apaix... — Matthew tenta falar. 

Nesse mesmo instante alguém começa a bater escandalosamente na porta. Ela está quase sendo quebrada, então me levanto e caminho pra abrir.

Olho rápido pelo olho mágico e vejo Alex. Finalmente apareceu.

— Every! Abre a porta, sua imbecil. — Meu amigo berrou.

Pego a chave e destranco a porta, abrindo pra ele entrar. Alex passa feito um furação e para com as mãos na cintura, provavelmente não vendo Matthew no sofá olhando confuso pra cena que acontece.

— Eu acho que estou vendo coisas e ficando doido. — É a primeira coisa que diz, depois dos segundos em silêncio.

— Era pra ser uma novidade? — Perguntei, provocando-o.

— É sério, Evy. Sem brincadeiras. Eu acho que vi seu pai a algumas quadras daqui, ele estava na porta da casa de alguém conversando.

Alex falou, fazendo todo meu sorriso desaparecer do rosto.

Meu pai, o homem que me deu falsas esperanças. Juntou os pedaços partidos do meu coração e foi embora sem olhar pra trás. Me deixou com minha mãe, a pessoa que mais me machuca e nunca mais voltou.

— Tem certeza? — Murmurei, sentindo minhas mãos começarem a tremer.

— Certeza eu não tenho, mas é exatamente igual a ele. Quais as chances do seu pai voltar pra Los Angeles e nem se quer ligar pra você avisando? — Ele pergunta, segurando minhas mãos e me obrigando a encará-lo.

Consigo me lembrar de quando tinha dezesseis anos e entrei naquele bar, tão destruída por meus pais terem se separado. Sentei no balcão e bastou apenas um olhar pra que eu e Alex virássemos amigos. Mais algumas pra que ele fosse meu confidente e estivesse aqui agora sabendo da minha vida.

— Every... fala alguma coisa. — Pediu, preocupado.

Desviei o olhar dele e procurei Matthew na sala. Ele ficou de pé, fazendo um som com a garganta e chamando atenção de Alex.

— Viu só, estou alucinando. Acabei de achar que vi aquele vocalista idiota em pé na sua sala. Deve ser impressão minha, claro. — Meu amigo resmungou.

— Olá, Alex. — Matt diz, sorrindo de canto. Se não estivesse tão atordoada, eu apreciaria seu rosto tão bonito.

A situação começa a fazer sentido na minha cabeça, não apenas palavras aleatórias juntas. Meu pai está aqui em Los Angeles, tudo isso depois de me abandonar e sumir em explicações.

Eu preciso encontrá-lo. Quero respostas.

— Me leve até a casa onde ele estava, quero vê-lo. — Acabo omitindo a parte que quero gritar com meu próprio pai e implorar que me explique tudo.

Alex me olha surpreso, mas não resiste.

— Tem certeza que quer isso, Eve? — Matthew pergunta, se aproximando.

Ignoro o aperto na garganta ao lembrar da garota de dezesseis anos que ele deixou pra trás, esperando que voltasse da rua e a levasse pra escola. Jacob Arrow prometeu que voltaria, e voltou tarde demais pelo visto.

— Sim, quero ao menos olhar na cara dele. — Digo, mantendo a calma.

— Foi a três quadras daqui, acho que fomos rápidos podemos encontrá-lo. — Alex diz, saindo do meu apartamento.

Vejo Matthew pegando minha bolsa e o meu celular, ele vai atrás de mim, segurando minha cintura como se estivesse me dando apoio. É o que preciso nesse momento, apenas alguém que fique aqui me apoiando enquanto tudo está virando de cabeça para baixo.

Alex veio correndo até aqui, então ele suspira aliviado quando Matthew abre a porta do carro. Nós dois entramos e meu vocalista vai dirigindo, seguindo as instruções. Em menos de dois minutos, já estamos na casa.

Fico ali parada, vendo o que menos esperei.

Meu pai está saindo de uma casa branca, ele sorri e acena em despedida. Não conheço as pessoas com quem fala, mas parecem próximos. Então, é isso. Meu pai está sorrindo, vivendo a vida dele como se não tivesse abandonado uma filha que tanto disse que ama pra trás.

Abro a porta do carro sem saber direito o que estou fazendo.

Escuto Matthew e Alex me chamando, lembrando que eu apenas queria olhar pra cara dele. Mas isso dói demais pra aguentar. Eu não conseguiria dormir por saber que tive a chance e perdi.

Com raiva fervilhando no meu corpo, dou mais quatro passos na direção dele.

Jacob percebe a aproximação e se vira na minha direção.

Ficamos assim, olhando um pra o outro por longos segundos.

— Filha? — Pergunta, como se tivesse esse direito.

Quero gritar, xingar e mostrar a ele que não senti sua falta. É mentira, mas quero isso, me sinto má por pensar dessa forma.

Minhas lágrimas me traem e sinto o gosto amargo na boca.

Estou chorando na frente do meu pai, pois a vida é mesmo uma merda

x

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top