17
As coisas começaram a desmoronar
Eu olho para você e você olha pra mim
Como se não passássemos
de estranhos agora
E você disse: Eu nunca me
arrependi do dia
em que te chamei de meu
— Call You Mine - The Chainsmokers
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Every tinha passado a noite no quarto de hospedes e ido embora logo pela manhã cedo. Segundo ela, queria ficar um tempo sozinha.
Fiz o que queria, a levei pra casa, mas quando voltei, a manhã não parecia que ia ficar comum.
Eu percebi que tudo estava indo bem demais.
— Quem fala? — Connor perguntou, franzindo a testa enquanto atendia o celular.
Meu amigo arregalou os olhos e se levantou do sofá em um pulo. Todos ficamos alertas com a notícia, seja lá qual fosse.
— Estou chegando o mais rápido possível. — Ele declarou, desligando em seguida. O guitarrista passa a mão pelo cabelo, pegando fôlego. — Minha mãe desmaiou na rua, levaram ela pra o hospital. Temos que ir agora.
Aquilo foi necessário. Eu e os meninos levantamos agitados e pegando o carro, seguimos pra o hospital. Connor estava estranhamente calmo, como sempre ficava quando algum problema acontecia. Nunca explodia, só guardava tudo pra si, mas não podia julgá-lo, eu era assim também.
Entramos pelos fundos do hospital e seguimos pra ala de emergência. O jovem da recepção não nos reconheceu ou fingiu que não, apenas deu o número do quarto que ela estava e Connor seguiu. Esperamos pacientemente.
— Ela deve ter esquecido de tomar as vitaminas de novo. — Benjamin diz, resmungando irritado. Diferente de Connor, ele já está soltando fumaça.
— Todos nós sabemos que ela odeia tomar remédio. Infelizmente, isso iria acabar acontecendo uma hora ou outra. — Dominik disse. Eu concordei, mesmo que também odiasse saber. Ela precisa tomar as vitaminas.
— Essa é a última vez. Vamos colocar um guarda costa pra ficar com ela e a partir de hoje vai morar com a gente. Está decidido. — Ben começa a falar.
— Decido por quem? Você? — Dominik provoca. Ele tira os óculos e limpa na barra da blusa. — Se você falar isso com a tia Lee, ela vai chutar sua bunda. — Mais uma vez, eu concordo. A mulher é dura na queda.
— Está passando dos limites, Gomez! — Benjamin retruca, cruzando os braços. Saímos tão apressados que ele ainda está usando uma regata e short de academia.
— Benjamin, cala a boca. — Dominik perde a calma.
— Não vou mais calar a boca, sabe lá o que poderia ter acontecido. Ela desmaiou na rua! A tia Lee caiu na rua e um monte de desconhecidos ajudaram ela, se o hospital não ligasse, jamais saberíamos disso. — Meu amigo começa a falar mais alto. Sinto minha cabeça doer de nervoso.
— Eu sei, Benjamin! Ficar falando disso o tempo todo não vai ajudar a resolver nada, temos que esperar Connor vim com notícias. Apenas cale a merda da boca e espere. — Dom encerra a discussão. Ele está quase vermelho.
Em situações como essa, Benjamin e Dominik sempre brigam. Mesmo sendo diferentes em todos os sentidos, ambos são explosivos quando algo sério acontece. Eles gritam, reclamam e ficam irritados.
Me levanto da cadeira de espera e resolvo ir comprar uma bebida gelada. Até mesmo um chá vai ser útil. Será que eles permitem venda de calmantes com sabor de refrigerante? Ajudaria muito nesse instante.
Tenho que andar apressado, antes que eu volte e encontre-os se embolando pelo chão distribuindo socos. Acelero meu passo, chegando na máquina de bebida, tiro algumas moedas da carteira e consigo comprar duas latas de chá gelado, mais uma de suco de uva. Depois que tudo passar, vou cobrar.
Olho pra o lado e vejo uma garota me observando.
Discretamente, abaixo o boné um pouco mais e sigo em direção aos meus amigos. Não quero que ninguém da mídia acabe sabendo da tia Lee e ainda tentem invadir o hospital pra ganhar dinheiro.
— Hey! — Escuto uma voz. Me viro rapidamente.
A mesma garota ainda me observa, sorrindo pra mim. Ela é familiar, mas com toda agonia em minha cabeça nesse momento eu apenas aceno e volto a caminhar. Seus cabelos são pretos, olhos azuis... muito bem familiar.
Encontro meus amigos discutindo outra vez, reclamando do ar-condicionado muito frio. Qualquer coisa vai irritá-los, então nem me estresso.
— Reclamem mais uma vez e vou dar um soco em vocês dois. — Tive que dizer, cinco minutos depois, quando eles começaram a reclamar que estava silêncio demais. Tão insuportáveis.
Entreguei as bebidas, torcendo pra que se acalmassem. Senti que estava lidando com crianças em uma escola. Tirei o celular do bolso e comecei a verificar se já haviam vazado a nossa notícia aqui, suspirei aliviado quando não encontrei nada.
Mandei uma mensagem pra Stacey, pedindo pra comprar qualquer informação sobre isso e colocar na minha conta.
Foi quando vi uma foto minha com Every na praça ontem. Como não fiquei sabendo disso?! Li a matéria, sempre o título enorme dizendo "nova namorada de Matthew McDavis?".
Digitei mais notícias assim e encontrei várias, a que mais chamou atenção foi uma foto minha com ela dançando na festa da Harrison. Mandei tudo pra Stacey e pedi que comprasse.
"Quero as fotos também, ficaram bonitas. Peça pra colocar em um porta retrato vermelho." Enviei pra minha única assessora favorita.
"Eca, idiota apaixonado." A loira mandou. "Ela já sabe que você está babando assim?" Me provocou. Estralei a língua, distraído.
"Me mande a foto do quadro depois, tchau." Desliguei o celular.
Sabia que ela deveria está me xingando agora. Dei um gole no suco de uva e olhei ao redor, todo essa clima frio e tenso, sem notícias nenhuma.
Passamos cerca de uns trinta minutos ali, mas poderia facilmente ser uma hora. Dominik e Benjamin dormiram encostados um no outro, então tudo ficou tão silencioso que quase adormeci também.
Dei uma cotovelada em Dominik, indicando que tia Lee e Connor estavam chegando. A mulher sorria, nem parecendo que tinha feito algo errado. Kang estava vermelho de raiva, mas tentou manter a expressão tranquila.
— Vamos pra casa. — Ele diz. Pega a sacola com remédios e caminha até a saída dos fundos do hospital, onde nosso carro está.
Com seu filho lá na frente, tia Lee grudou seu braço no meu e suspirou.
— Até parece que eu vou ficar ouvindo sermão de um garoto com a idade que tenho. Connor pode até cuidar de mim, mas ainda sou a mãe dele. — Tia Lee disse, aos sussurros. Benjamin e Dominik se juntaram também.
— Tia Lee, meu amorzinho, não faça mais isso com meu coração. — Dominik brincou, fazendo-a rir.
— Espero que estejam se alimentando bem, pois ter anemia é uma porcaria. Na minha época não existia nada disso, todo mundo era saudável até comendo pedra. — Ela não poderia perder a chance de falar.
Acaba que todos nós estamos rindo. É isso que essa mulher faz a gente, coloca um sorriso no rosto, animando nosso dia até na pior situação.
— Tia Lee, acho que deveria andar com um segurança, só por precaução. — Benjamin tenta, mas recebe um olhar de repreensão.
— Repita isso de novo e vou furar seu olho com minha unha. — Ela mostra as unhas pintadas de rosa, grandes os suficiente pra realmente furar o olho de alguém. Tento muito não rir e nem imaginar a cena.
Agora podemos descansar. O pior já passou.
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