16'
Eles nos seguem
Sim, nós fazemos a maior ficção
Eles acreditam, então eu acho que deve ser real
O que eles sabem sobre nós
Não faz diferença
Querida, nós temos nós
Nós estamos em algo diferente
Com pressa
Mesmo que jovens, somos flexíveis
Nos apaixonamos
Cerca de cem vezes por dia
— Something Different - Why Don't We
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Quando passamos da porta, vemos a sala vazia. Não mudou nada, continua igual.
Vejo Connor vindo na minha direção. Ele está na pontinha dos pés, colocando o dedo na boca pedindo silêncio. Franzi meu rosto em confusão.
— O que você... — Matthew tenta falar, mas o cara tampa a boca dele, fazendo uma expressão amarga.
— Vem, vamos nos esconder. — Connor pega na minha mão e sai me puxando pela casa. Tenho tempo de olhar para trás e ver Matt resmungando antes de nos seguir em silêncio.
— Porque estamos nos escondendo? — Perguntei, o mais baixo que consegui.
— Estamos brincando de esconde-esconde. — Ele diz, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Connor me leva pra seu esconderijo, deixando Matthew acabar perdido. Eu nem sei mais onde ele foi parar. Fico com o coreano agora, dentro do armário de roupas da entrada. Tento controlar a risada de como isso é loucura.
— Vocês fazem isso com frequência? — Tive que perguntar. Connor afirmou, soltando meu braço e prendendo a respiração.
Fiquei observando ele, tentando controlar a risada. Seus olhos puxados se esticam ainda mais, sorrindo pra mim.
— Dominik está procurando. Quando fui conferir, ele estava no último andar. Estamos seguros por enquanto. — Me explicou em sussurros.
— Sei que estamos no meio da brincadeira, mas você veio da Coreia mesmo? — Perguntei-lhe. Connor tentou controlar sua gargalhada.
— Claro que não, princesa. Nasci aqui nos Estados Unidos, meus parentes que vieram de lá, mas meus pais me tiveram aqui. Você conheceu minha mãe, não é? — Me explica. Balanço a cabeça em confirmação. — Lee So é minha mãe, ela nasceu na Coreia do Sul, mas conseguiu se mudar pra cá, conheceu meu pai e fez surgir esse pedaço de céu que você conhece.
Convencido, penso em dizer.
— O que houve com seu pai? — Insisti na conversa. Connor era muito engraçado, disso eu já sabia, mas não pensei que fosse ser tão interessante também.
— Meu velho morreu quando eu era jovem, não me lembro dele. Mas sei que era um homem incrível. Afinal, tem que ser incrível pra criar essa obra de arte. — Ele passa a mão pelos fios pretos lisos.
— Sua humildade me comove. — Reviro os olhos, rindo dele.
— Gosto de fazer as pessoas rirem. Um sorriso já me tirou da escuridão, só estou fazendo o mesmo. Mas e você, princesa? — Me pergunta, apertando os olhos ainda mais. — Pra ser tão gata, deve ter dado trabalho.
— Na verdade, eu era ainda mais tímida quando criança. Meu pai tentava me fazer ter amigos, mas sempre fui reservada. — Conto a ele, e Connor continua me olhando, esperando por mais. — Foi meu pai que comprou o meu primeiro batom vermelho. — Expliquei. — Não é o batom que vocês viram, claro. O primeiro batom que ele comprou pra mim eu usei até acabar, mas o que eu tenho agora é da mesma marca e da mesma cor. Eu comprei vários, pra não faltar.
Connor está sorrindo ainda mais, parecendo muito feliz por saber de mim.
— O Matthew sabe disso? — Questionou, e só fiz negar. Não tinha contado essa história pra o Matt ainda. — Então, somos amigos. Melhores amigos. — Ele cruza os braços, parecendo ainda mais convencido do que antes.
— Está dizendo que sou sua melhor amiga só porque contei isso pra você e não pra o Matt? — Ergui a sobrancelha.
— Exatamente, princesa. Você terá a honra de ser minha melhor amiga. São poucos os que tem essa chance, pode apreciar. — Sorriu de canto, mexendo no cabelo de novo. Ele era realmente muito convencido.
Percebi que já fazia muito tempo que estamos aqui conversando. Me inclinei na porta do armário, desviando das jaquetas.
— Acho que perdemos o jogo, Con. — Informei. Mordi o lábio pra não rir.
— Con? Aí, que lindo. Você me deu um apelido! — Falou, mas ignorei.
Abri a porta do armário, mostrando a ele. Dominik, Benjamin e Matthew estavam em pé, de braços cruzados e olhando pra nós. Acho que estão aqui a bastante tempo, esperando que a minha conversa com Connor terminasse.
— Melhores amigos, é sério? — Matthew diz, me olhando sem emoção. Ele está com ciúmes?
— Ele está com ciúmes de mim, princesa. Não deve ser fácil perder seu melhor amigo assim tão rápido. — Connor estende a mão e saimos, voltando pra sala.
— Ah, claro. Acredite nisso. — Provoquei.
Me sentei no sofá e comecei a rir da situação. Não imaginei que Matthew pudesse ser ciumento. E nem que Connor fosse tão legal.
— Quem foi o primeiro que você encontrou? — Perguntei a Dominik.
— Foi a Stacey, mas ela não aceita perder e saiu da brincadeira. — Ele diz, fazendo todo mundo dar risadas. — Depois dela, foi o Ben. — Declarou, orgulhoso.
Os meninos falaram pra mim que essa é uma brincadeira bastante comum no Brasil, e foi Benjamin que ensinou. Isso explica o motivo de Dominik está tão feliz de ter encontrado o amigo.
— Agora que Benjamin perdeu, ele é quem vai lavar a louça. — Connor falou.
Uma discussão começou.
— Não acredito nisso. — Matthew me diz, franzindo o rosto.
— Qual o problema? — Sorrio pra ele.
Terminei de colocar a massa na forma. Matt abre o forno aquecido e deixo o bolo lá dentro, fechando em seguida. Vou até a batedeira e passo o dedo, provando o sabor de chocolate.
— Vocês ficaram quase cinco minutos dentro daquele armário e saem de lá dizendo que são melhores amigos? É ridículo. Conheço você a mais tempo que ele e não fiz nada disso. — Dou risada de sua reclamação.
— Vou fingir que não ouvi nada disso. — Coloco tudo na pia e vou saindo da cozinha.
Mas Matthew me impede, segurando minha cintura ele me coloca contra a bancada e fica na minha frente. Perco todo meu fôlego.
— Quero ser seu melhor amigo também, mas um melhor amigo que pode te beijar e tocar em você. — O vocalista me falou, segurando meu queixo e deixando um beijo ali de leve.
Senti um arrepio percorrer meu corpo, algo bem próximo da alegria. Decidi não me controlar mais, apenas passei meus braços em volta do pescoço dele e o beijei.
Matt aperta minha cintura, aprofundando o beijo ainda mais. As batidas do meu coração estão aceleradas e consigo ouvir. Depois dessa manhã horrível, é isso que esse cara faz comigo. Me faz querer viver. Apenas viver.
— Você não tem noção do que faz comigo, Every. — Sussurrou lindamente.
— Então me mostra. — Desafiei.
E ele me beijou com força, mostrando todos aqueles sentimentos não ditos em voz alta, mas que estavam presentes.
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