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Lá vou eu de novo

Estou imaginando um mundo lá fora
diferente daquele em que estou
Sonhando acordada de novo
Sobre quando terei uma chance

Há um mundo que compreende
Onde você não ouve os sussurros
no lugar que você chega
Sonhando acordada de novo
Tudo o que preciso é de uma chance

Quando sinto meus medos me encarando
Eu digo: Apenas espere e verá
Sei quem eu vou ser, sei quem eu vou ser
O mundo está meio adormecido
mas vai acordar e ver

Se é uma chance em um milhão
Eu vou ser aquela e
Se é um tiro no escuro
Eu vou ser o Sol

Million To One - Camila Cabello

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Entro na sala do meu pai, no dia seguinte aquela confusão que passei no trânsito e o encontro reclamando com alguém no celular. 

Eu sei que ele está nervoso por causa do mais novo contrato de patrocinador que assinou.

Depois que minha mãe faleceu, eu prometi a mim mesma que ajudaria meu pai com a galeria. Nem fazia tanto sucesso assim na época, mas aos poucos fomos conseguindo.

Me apaixonei ainda mais por arte, consegui me formar na faculdade e agora trabalho aqui. Acredito que em breve vou herdar tudo isso e ainda passar todos os meus ensinamento pra minha filha.

— Oi, pai. — Acenei pra ele, me sentando na cadeira de frente pra sua mesa.

Sol estava na escola essa manhã. Quando cheguei tarde ontem, não tive tempo de conversar com ele, já que eu precisava acordar cedo para leva-la a escola sem atrasos. 

— Oi, querida. — Me responde, dando um pequeno sorriso que some logo em seguida. — Claro que não estou falando com você. Apenas faça o que te pedi e me retorne depois com boas notícias, por favor. Tchau. — Givin declarou, desligando a chamada. 

Dei risada. Seus próprios funcionários sabiam como ele era. Todos que trabalhavam ali gostavam de provocar o chefe, já que tinham intimidade suficiente. Eu era a principal.

— Desculpe por isso, esse cara parece que gosta de me ver irritado. — Resmungou, voltando a se sentar na cadeira macia e bebendo o copo de água que estava na mesa.

— É por isso que estou aqui. Pra aliviar a carga do meu velhote. — Sorri pra ele. 

— O que quer agora, Kali Askav? — Cerrou os olhos, ignorando a brincadeira como sempre. Eu me ajeito na poltrona e cruzo as pernas, fingindo uma postura séria. — Antes de me dizer, sabia que Sol fez amizade com o músico da banda que estou patrocinando? Ele esteve aqui esses dias e minha netinha logo o conquistou, como sempre faz. — Me contou, orgulhoso.

— Isso é perfeito, ainda bem que tocou no assunto primeiro. Quero que me coloque pra trabalhar com o álbum dessa banda. Me deixe ajudar a equipe, sabe que sou boa nisso melhor do que qualquer pessoa. — Pedi. Mesmo que fosse sua filha e futura dona desse lugar, ele continuava sendo meu superior. 

Aqui não tinha nepotismo. Eu tinha que merecer o cargo. Meu pai respirou fundo, negando.

— Querida, eles vão fazer uma turnê pelos estados. Não é algo tão simples. Minha equipe precisa ficar seguindo-os por todo lugar, para captar a essência e fazer vários quadros. Eu preciso de você aqui, cuidando da galeria pessoalmente. — Tentou me explicar. Continuei firme, pois vim aqui pronta pra vencer.

— E eu tenho uma assistente. Ela vai ajudar com as coisas aqui enquanto eu trabalho com a sua equipe. Sou rápida em entender as coisas, se eu participar em dois shows deles tenho certeza que consigo captar tudo e passar pra o quadro. — Afirmei confiante.

Ao descobrir que seria mãe tão jovem, com apenas dezessete anos, muitos diziam que eu ia ter que parar de fazer o que eu amava.

Sei que tive sorte ao minha família me apoiar e ficar do meu lado, já que ainda não tinha um emprego e o pai da minha filha foi embora.

Mesmo com Sol, continuei indo para faculdade com meu pai sempre me ajudando e minha mãe dando seu melhor mesmo doente. Por fim, me formei e agora posso sustentar minha filha. 

Agradeço aos meus pais até hoje, por todo apoio e amor que ofereceram. Sol jamais se sentiu sozinha ou rejeitada, pois sempre tinha alguém com ela o tempo inteiro.

Foi difícil, mas em um momento como esse meu coração ainda se aperta quando penso em passar alguns dias fora, viajando a trabalho enquanto meu pai e Shawn cuidam dela.

Minha melhor amiga é outra parte que entrou na minha vida quando estávamos na faculdade. Ela estudava culinária e eu história da arte.

Totalmente opostas, não nos separamos até hoje. Shawn enche Sol dos doces que faz e nunca negou me ajudar quando precisei. 

Minha família é diferente da maioria. Um pai, uma filha, uma melhor amiga. 

— Não é apenas os quadros, filha. Minha equipe vai fazer a capa do próximo álbum deles e vai ajudar na produção dos clipes musicais. Eles querem tintas por todo lado e muitas pinturas nas paredes. É algo grande, precisa ser rápido e bem feito, já que o mundo inteiro vai assistir. — Eu não sei o que ele estava fazendo, mas aquilo me animou ainda mais.

— Givin Askav, isso me deixou ainda mais ansiosa pra fazer. — Anunciei. Ele começou a morder a tampa da caneta. Sabia que estava preocupado de estar me dando trabalho demais.

— Kali Askav, é algo muito sério. Não podemos arriscar e nem tomar atitudes precipitadas. — Me informou. Eu abri meu sorriso, sabendo que havia conseguido.

— O senhor bem sabe que se não fosse minhas atitudes precipitadas, eu não teria minha própria coleção e nem uma filha. — Ainda tive coragem de provocá-lo. Meu pai cruzou os braços.

— Não me faça explicar o que eu quis dizer. — Ameaçou. Credo, quanta falta de humor.

— Eu prometo que não vou colocar nada em risco e nem mudar os planos de última hora. — Coloquei a mão no coração, fazendo minha promessa. 

Ele acenou, ainda me olhando desconfiado. Levantei da cadeira, indo sair da sala.

— Quer dizer, se eu não gostar, claro que vou mudar todos os seus planos. — Continuei a falar.

— Kali... 

— Mas seus planos sempre são os melhores. — Segui até a porta, abrindo-a.

— Ótimo. Isso mesmo. — Achou que eu tinha acabado.

— E tenho uma intuição que esse não será tão bom. Ainda bem que tem a mim pra mudar tudo e mandar sua equipe fazer do meu jeito, que sempre é perfeito. — Eu falei com um sorriso.

— Kali! — Escutei seu grito de reclamação. Bati a porta e fui pra minha sala correndo.

No meio do caminho, parei pra respirar e rir do que tinha feito. Peguei o celular e mandei uma mensagem pra minha assistente pedindo que liberasse a agenda da equipe Givin pra mim.

Não demorou nada pra que o acesso fosse liberado. Vi que teria uma última reunião em alguns dias em diante, pra o começo da turnê e resolver tudo sobre as viagens.

Como meu pai tinha acabado de me colocar a frente, eu ia ter que participar.

E fiquei pensando. Quem era esse músico que minha filha tinha virado amiga? 

Não... não deve ser ele. Tenho apenas que esquecê-lo e focar no trabalho.

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