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Eu não poderia tá feliz assim
Só com esse pouquinho de você pra mim
Mas olha essa vibe, esse fim de tarde
Toda essa vontade de você em mim

Esse sorrisinho na tua cara, eu sei
Nada é mais gostoso
que encontrar alguém
Que te deixa à vontade, dá prioridade
Toma conta e invade, deixa tudo bem

A gente foi feliz tentando acertar
A gente não vai errar, não
E se a gente errar
A gente foi feliz tentando acertar
Deixa tudo como tá

Thiaguinho - Deixa Tudo Como Tá

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— Como vai a organização da festa? — Eu questionei, deixando meu celular num canto.

— Stacey está cuidando de tudo. Com a ajuda de Jaaziel, conseguimos alugar todo o parque de diversões, vai ser um sucesso. — Every falou. Ela fechou o forno com o bolo de limão dentro.

— Ainda faltam dois meses pra abril chegar, não vai me dizer que já pensou na fantasia. — Cerrei os olhos pra Connor, que sorria animado batucando na mesa de madeira.

— Claro que já. Eu vou ser o lobo mau, e Eve vai ser a chapeuzinho vermelho. — Ele respondeu, e os dois trocaram soquinhos. Comecei a rir.

— E Matt? Vai ser a vovózinha? — Provoquei, encarando meu amigo. 

Matthew resmungou alguma coisa e continuou bebendo o suco. Ele com ciúmes era uma graça, ainda mais de Connor, que não tinha coragem de matar uma maldita barata.

— E você, Dom? Vai fantasiado de quê? — Dei uma cotovelada nele, que estava escrevendo algo no caderno, provavelmente a letra de alguma música.

— Qual personagem usa óculos? — Dominik questionou. Fiquei pensando.

— O Super Man? — Matt deu de ombros, tentando lembrar.

— Tem o Simon, de Alvin e os esquilos. Você se parece com ele. — Every declarou e ficamos em silêncio pelo pensamento perfeito que ela teve.

— Every Arrow, você é uma gênia. — Connor fala, juntando as mãos e fingindo adorar.

— Ah, obrigada. Acabei de pesquisar aqui no Google. — Ela vira a tela do celular, mostrando sua pesquisa. Não existe outra reação que não seja dar risada.

— Minha namorada é incrível, fala sério. Ninguém pensou nisso mais rápido do que ela. — Matthew se orgulhou, levantando da cadeira e indo abraça-la. 

Fizemos um coro de "onw" sicronizado e ficamos rindo da cena fofa.

— Agora nos diga, Benjamin. Do que você e a Roxy vão se fantasiar? — É claro que Connor teria que perguntar, com aquele sorriso de canto cheio de más intenções.

— Digam as melhores fantasias de casal. Vamos fazer uma votação. — Eu pedi, puxando o caderno da mão de Dominik junto com a caneta e mudando de folha.

Passamos quase meia hora inteira discutindo e não chegamos a nenhuma decisão. 

Apenas quando a reunião de Roxy acabou e ela entrou na cozinha, que tudo simplesmente se resolveu. Contei a ela o que estávamos fazendo e logo minha esposa decidiu.

— Power Rangers. Eu vou ser a rosa e você o amarelo. Perfeito. — Contou. 

— Minha esposa é incrível, fala sério. Ninguém pensou nisso mais rápido do que ela. — Repeti a frase do Matthew e fui abraçar ela também. Meus amigos ficaram rindo de mim, claro.

— Obrigada, Benji. Até mais, pessoal! Nos vemos amanhã. — Roxy acenou pra nossos amigos e saímos da mansão. 

Já no carro indo pra casa, mandei sinal pra Tobias, que desviou o caminho.

— O caminho não é esse, pra aonde estamos indo? — Ela perguntou, olhando pela janela.

— Vamos comemorar nosso primeiro mês juntos de casados. — Lembrei-a.

Já tinha se passado um mês desde o dia do nosso casamento e eu não pude esquecer. Era impossível.

Observei sua reação. Ela suspirou surpresa e depois sorriu, realmente feliz. Nem poderia mais controlar meu corpo, minha vontade de beijá-la e como meu coração acelerava como um louco.

— Precisamos postar uma foto ou coisa assim? — Cruzou nossos dedos, firme.

— Algo parecido com isso. — Resolvi não dar nenhuma dica.

Ficamos pouco tempo conversando até chegar no ponto principal. Quando saímos do carro, esperei pra ver o que aconteceria. 

— Isso é... não acredito. Meu Deus. — Roxy tampou a boca com a mão e ficou ali parada.

— Vem, vamos ver de perto. — Falei, segurando sua outra mão e a guiando.

Calçada da Fama. Um local turístico popular, mas eu sabia a importância disso pra ela.

Nos aproximamos da parte das estrelas da música pop e rock. Eram tantos artistas que perderia a conta e muitos outros que ainda não estavam ali, mas também mereciam.

— Eu, infelizmente, não posso te dar uma estrela na calçada da fama, mas posso oferecer um presente que vai representar isso não importa quantos anos passem. — Falei, tirando uma caixinha do bolso e entregando a ela. Um presente realmente simples.

Roxy abriu a caixinha e viu um colar de estrela dourado, feito de ouro. Sim, eu sei, não é são simples assim, mas é bastante delicado e singelo.

— Ah, Benjamin. Isso é tão lindo. Muito obrigada, de verdade. Eu amei. — Ela tocou na estrela do colar.

— Vou colocar em você. — Declarei. Tirei o colar na caixa e fiquei atrás dela, ajeitando o cabelo dela.

Parei em sua frente, observando como tinha combinado perfeitamente.

— Você deve ter achado que eu esqueci, mas seu presente de casamento está em casa, lá na sala. — Minha garota amora disse. Eu já falei o quanto adoro o cabelo roxo dela?

Controlando a minha curiosidade, eu tirei várias fotos dela e nossas também. Postamos juntos e com certeza desativamos os comentários.

Ainda tinham pessoas sem noção que queriam atrapalhar nossa paz.

Ao chegar em casa, eu entrei feito um raio ansioso pra saber o que era. Quase tropecei no tapete e cai de cara no chão quando percebi o presente.

Não acredito.

— Então? Gostou? — Ela ainda foi capaz de perguntar.

— Eu... Meu Deus. — Ainda continuei sem reação.

— Eu encontrei um fornecedor que traz tudo do Brasil pra cá. Ele ainda deixou os complementos para você adicionar como quiser. — Roxy não conseguiu parar de falar.

— Amora, eu amei. É o melhor presente de todos. — Interrompi, ainda sem conseguir desviar os olhos do que estava na minha frente.

Uma bandeja com um pote de açaí só pra mim. Tinha tido que eu amava. Paçoca, jujuba, Nutella, Oreo, morangos...

E do lado da mesa onde estava isso, tinha mais uma caixa enorme com mais potes de açaí por ano todo.

— Você vai dividir o pote comigo, certo? — Ela perguntou, sorrindo tímida.

Olhei pra minha esposa. Decidindo entre comer um pote inteiro de açaí feito no Brasil com tudo que eu mais gostava, ou dividir com ela e não deixá-la chateada.

— Hum, pode sim. Só não coloque coisa demais, eu ainda quero. — Acabei cedendo. Esposa feliz, vida feliz.

Ela me puxou e sentamos no tapete da sala, com duas colheres na mão que pegou na cozinha.

Roxy ligou no programa de construção que ela tanto gostava e ficamos assistindo juntos. Que tarde mais perfeita. Não apenas pelas toneladas de açaí, mas pela companhia dela.

Um tempo depois, meu celular tocou e me afastei dela pra atender rapidamente.

Era um número desconhecido, mas parecia ser do nosso estado. E ninguém tinha meu número pessoal assim tão fácil.

— Olá? — Atendi a chamada.

— Boa tarde, senhor Magalhães. Aqui quem fala é o entrevistador responsável pelo seu visto. — Eu estremeci, ficando nervoso.

— Ah sim, boa tarde.

— O senhor se importa de receber a informação do seu visto por telefonema ou teria que ser pessoalmente? Junto com a sua esposa? — Ele pergunta. Acho que minhas mãos estão tremendo.

— É que estamos comemorando um mês do nosso aniversário da casamento. Acabamos de chegar da rua. Pode falar por aqui mesmo. — Acabei contando. Vai que ele ainda tinha dúvidas.

— Ah sim, meus parabéns.

— Obrigado. — Fala logo, moço.

Escutei-o remexendo alguns papéis no fundo. Me virei pra observar Roxy, seja lá qual fosse a notícia. Boa ou ruim.

Ela estava concentrada assistindo, devorando meu pote de açaí.

— Certo, encontrei tudo. — Avisou. Prendi a respiração. — Seus dois vistos foram concedidos, senhor. Meus parabéns novamente. — Declarou.

Fiz meu esforço pra não soltar o ar tão alto. Tínhamos conseguido, céus.

— Ah, isso é ótimo. Estou muito feliz. Agradeço pela atenção. — Fui sincero.

— De nada, aproveite seu primeiro mês de muitos anos pela frente. Pude ver o amor de vocês claramente. — Contou. Eu soltei uma risada nervosa.

— Vou contar agora para Roxy. Deixou nosso dia ainda melhor. — Falei.

Mas então... percebi uma coisa.

— Com licença, disse que meus dois vistos foram concedidos? Achei que era apenas um. Qual é outro? — Eu perguntei, confuso.

— O senhor não sabia? Foi feito um pedido para a renovação do seu visto H-1B. A assistente social fez isso. — Ele falava. Meu cérebro se revirou.

A primeira coisa que pensei foi como um choque por todo meu corpo. Não consegui afastar meus olhos de Roxy.

Eu não precisava ter me casado.

Meu visto já tinha sido renovado. Aquela assistente social fez o pedido e concederam. Era só esperar a ligação.

Eu não precisava ter feito nada do que fiz.

— Claro. Eu me lembro. Muito obrigado, tenha uma ótima tarde. — Me despedi do entrevistador. Desliguei o celular.

Os olhos de Roxy me encontraram.

— Você está pálido. O que aconteceu? — Ela perguntou preocupada e abaixando o volume da televisão.

Eu não precisava me casar com você. Mas agora que descobri isso, percebi que não quero me separar tão cedo. Quero continuar do seu lado todos os dias.

— Benjamin?

A conversa no elevador volta na minha mente. Ela falando que o "eu te amo" era por causa das perguntas. Era mentira. Eu sei quando ela está mentindo.

Roxy me ama. E talvez...

Apenas talvez, eu a ame também.

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