14'
Nós corremos tão rápido até o topo da montanha
Conforme o Sol descia
Nós escalamos tão alto para perseguir
A luz que vinha do brilho do pôr-do-Sol
Porque o tempo não vai esperar por nós
Ele desaparece tão rápido
E em breve esses dias passarão
Então faça esses momentos durarem
Nós permanecemos ali e olhamos
Conforme as cores no céu corriam livres
E, naquele momento, eu senti como se estivesse vendo
Através dos olhos de uma criança
Moments - Hollow Coves
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— Tenho certeza que churrasco é a melhor opção. — Benjamin rebateu, me olhando firme.
— É um casamento! Tem que ser uma comida leve e que não espalhe fumaça por todo lado. — Eu tentei dizer, cruzando meus braços.
— Se for fazer na praia, como estamos pensando, não tem problema ter fumaça. — Ele insiste, como o teimoso que é.
Eu me sento de volta na cadeira e decido dar a cartada final.
— Eu tenho problema respiratório, não posso ficar perto de fumaça. Que tipo de noivo vão pensar que você é se tiver churrasco no casamento? — Sorri por dentro quando vi a cara dele.
Benjamin me fitou por tempo suficiente pra me matar carbonizada.
— Meu sonho é ter churrasco no meu casamento. — Ele revela.
— Meu sonho é não morrer sem ar. Então, por favor, comida japonesa. — Olhei pra Stacey, já me decidindo.
— Eu vou ser expulso da minha família se tiver comida japonesa no casamento! — Ben começou seu drama, andando de um lado pra outro.
— Benjamin, você mal vai comer. O importante aqui é os convidados. — Eu deixei claro, esperando que ele entendesse alguma coisa além de "churrasco".
— Vou comer sim! Claro que vou. Que história é essa? Não tô nem ai pra essas fotos, o importante da festa é comer e se divertir. — Ele rebateu, se sentindo ofendido.
Stacey suspirou, passando a mão pelo cabelo loiro e quase arrancando.
— Mas é a festa do nosso casamento. Precisa pelo menos de um albúm decente com fotos legais. No futuro, quero olhar e dar risada da maior loucura que já fiz na minha vida. — Contei, aliviando o clima tenso. Benjamin pareceu relaxar também, pois sorriu.
— Ok, entendi. Chama o Dominik pra ajudar na comida, ele tem bom gosto. — Meu falso noivo cedeu, parecendo mais tranquilo. — Contanto que tenha algo com carne pra mastigar, eu concordo com o resto. E não esqueçam que o Jaaziel é vegano, ele disse que se não tiver comida vegana, não vai entrar no casamento. — Pediu pra Stacey anotar.
Ela ficou chocada de como fiz Benjamin ceder rápido. Dei de ombros.
— Então é isso? Vamos chamar o Dominik e escolher a comida? — Insistiu, só pra confirmar.
— Sim, sim. Não esqueçam que tem que ter carne, apenas. — Ele concordou. Fiquei super aliviada, pois estava difícil fluir algum coisa.
— E o bolo de casamento? — Ela tocou no outro ponto fraco dele.
— Chocolate e qualquer outra coisa que combine com chocolate. — Ben fala, acabo dando risada.
— Escolhemos isso quando fomos ver os modelos. — Decidi. — Sobre as comidas do casamento, amanhã vamos visitar o espaço da festa e eles tem tudo isso incluído, não é? Pedimos pra o Dominik ir com a gente e acertamos tudo da degustação. — Eu terminei. Stacey anotou.
— Perfeito! Finalmente uma decisão depois de uma hora discutindo. — A loira falou. Ela se levantou pra esticar as pernas pela sala de música espaçosa do última andar. Era aonde estavam sendo as reuniões ultimamente.
Eu tinha saíndo cedo de casa pra fazer compras e na volta recebi uma ligação de Stacey. Mesmo com a ajuda dela e toda uma equipe, era cansativo ter que ficar decidindo tudo.
Conversei com Cassie sobre precisar dela pra ser madrinha, já que era minha única amiga no meio do grupo de amigos do Benjamin.
Ela me conhecia a muito tempo e mesmo que seja falso, era algo especial e a queria do meu lado além de tirar fotos. Ela acabou concordando.
Depois de vários meses sem conversamos, minha tia mandou mensagem perguntando se estava tudo bem.
Claro que não contei nada sobre o casamento falso e nem do Benjamin, só disse que sim e que estava muito ocupada. Ela só vai saber quando receber o convite. Mesmo que nem apareça.
Falta duas semanas e alguns dias pra o casamento, e resolver tudo nesse tempo antes do Benjamin ser deportado é um risco enorme.
Espero que dê certo e eu não acabe sendo presa. Ai sim vai ser a maior loucura de toda minha vida.
— Agora que tudo está decidido, vou começar a mandar os convites que decidimos para os convidados. Benjamin, tem certeza que não quer convidar seus outros parentes? — Stacey deu o último detalhe. Olhei pra meu futuro falso marido.
— Apenas minha mãe vai vim. Os outros podem assistir pela live. — Ele fez um gesto de mão desleixado, como se realmente não se importasse.
— Certo, agora vamos. Tenho um encontro falso pra ir. — Dei um pulo da cadeira e peguei minha bolsa. Ben sorriu de canto, se animando.
Agradeci a Stacey e fui saltitando até o baterista, ansiosa pra saber o que ele estava aprontando.
— Não vai me dizer? — Perguntei, entrando no carro que estava estacionado.
— Não. Boa sorte pra descobrir. — Retrucou, me deixando ainda mais curiosa.
Fui durante os trinta minutos inteiros tentando descobrir pra onde estávamos indo. Assim que ele parou o carro e olhei para placa próxima, vi o que ele havia feito.
— Você me trouxe pra o local do casamento? — Perguntei saindo do carro e sentindo a brisa do mar. O cheiro salgado e fresco me contagiando, era perfeito.
— O espaço que Stacey entrou em contato fica perto dessa praia, e como eu só via poucas fotos, fiquei curioso pra descobrir. Nada mais justo do que te trazer junto. — Ele explicou, coçando a nuca e parecendo tímido pela primeira vez.
— E nós dois estamos enlouquecendo com toda essa organização. Foi uma ótima ideia. — Segurei no braço dele e seguimos em direção para as rochas.
— Roxy... — Benjamin começou. — Eu acabei ouvindo você conversando com a Every no dia da festa de noivado. Foi sem querer, eu ia passar pra saber se você estava pronta e a porta estava encostada, então acabei escutando tudo. — Confessou, ficando preocupado.
— Eu já estou bem. Acho que você consegue controlar as emoções melhor do que eu, já que não o vi surtar nenhuma única vez. Não sou boa nisso, quando sinto algo, quero logo colocar pra fora. — Decidi ser sincera com ele, já que estamos no mesmo barco.
— Eu surto todos os dias. Assim que alguém da organização me manda uma mensagem perguntando sobre algo, eu penso em simplesmente desistir e voltar pra meu país. Todos os dias penso nisso. — Eu gostei que ele parecia realmente vulnerável.
— E porque não faz isso? Você pode simplesmente cancelar o contrato, me mandar pra o mais longe possível e seguir com a ordem do visto. É bem menos arriscado. — Concordei.
— É menos arriscado, mas nas duas opções a banda corre o risco de perder audiência. Estamos na nossa melhor época, se continuarmos assim, vão se lembrar de nós no futuro. — Ele continua a falar sem parar. — Se eu desistir, teremos que cancelar a turnê, se eu me casar, corro o risco de ser preso e a turnê vai ser cancelada mesmo assim. Então, porque não tentar? — Falou.
A partir daquele momento, admirei Benjamin por ser mais do que apenas um baterista idiota do qual todos diziam.
Ele era insistente e se entregava pelos seus amigos. Aprendi que as pessoas são muito mais do que pensamos ou vemos.
— E muito obrigado. De novo. — Ben me agradece.
— Por qual motivo é esse agradecimento? São tantas coisas que já fiz. — Lhe dei uma cotovelada discreta.
— Se você desistir, não perde nada. Sua voz é incrível, em algum momento um produtor iria notá-la. Mas você está aqui, arriscando ser presa e se casando com um babaca por dois anos. — Contou. Percebi mais uma coisa.
Quando as pessoas o chamavam de idiota, ou babaca e até mesmo de insensível, pode até ser que ele ignore, mas acaba levando pra o coração.
— Você não é babaca, Benjamin. E eu sinto que vamos nos divertir durante esses dois anos. Podemos fazer uma lista de lugares pra irmos juntos e comidas novas pra experimentar. — Eu comecei, mudando de assunto.
— Não fale sobre comida, assim vou acabar me apaixonando. — Comentou, me dando cócegas. Eu comecei uma crise de risos.
Comecei a correr atrás dele, que fugia de mim, para lhe fazer cócegas também.
— Não pode me alcançar, fui campeão de pega-pega no meu bairro quando era criança. — Ele grita pra mim, correndo bem longe.
Por fim, acabo desistindo e me sento na areia. Ele vem logo depois, acabando sentando ao meu lado e colocando o braço pelos meus ombros.
— Sabe, é muito bom ter alguém que concorde com as maiorias das minhas loucuras. — Benjamin confessa pra mim.
— E quando suas loucuras são loucas demais, eu estou aqui pra colocar um freio nelas. — Provoquei, fazendo-o rir.
Ficamos ali, olhando para as ondas batendo. Nosso futuro em breve mudaria drasticamente e eu me sentia renovada.
Mas havia uma sensação ruim no ar, e eu não sabia o motivo.
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