Capítulo 10
O vento balançava algumas extremidades da jaqueta, uma vez que era maior que eu.
Miguel dirigiu-me até a porta de entrada do banheiro feminino para que assim eu pudesse tentar lavar a minha blusa e amenizar o estrago que Sol havia feito minutos antes.
Estava feliz por ter me ajudado mesmo não ganhando absolutamente nada com isso, ele fez a coisa certa.
— Tente se limpar, mas pode ficar com a minha jaqueta. Não há problema nisso. — dá leves batidas em meus ombros.
Quando ele estava prestes a sair e se distanciar chamo pelo seu nome.
— Miguel! — grito e o mesmo olha em minha direção.
— Obrigada! — ele sorri e continua o seu caminho.
Vou em direção ao banheiro e encaro o meu reflexo no espelho.
A mancha estava estendida do meu tórax até a região da barriga.
Tiro-a e começo a esfregá-la a medida que adicionava água, mas ao invés de melhorar estava a piorar.
— Que desastre! — murmuro.
Agora ainda estava manchada, porém ao invés de uma cor amarromzada estava um caramelo claro.
—Desisto! — esbravejo.
Revoltada coloco a jaqueta que Miguel havia deixado comigo e em minha outra mão estava o que restara da blusa.
Caminho em passos largos até o elevador, mas paro quando escuto alguém me seguindo.
— Ainda bem que Miguel lhe ajudou, não é mesmo? — diz e gargalha.
Era notória o desprezo em sua voz que eu logo reconhecera de quem era... Era de Sol.
Virei-me e a observo escorada em uma pilastra.
Sol se aproxima de mim e começa a debochar.
Pude perceber que ela não desistiria tão facilmente.
— O que eu lhe fiz?
— Você é um incômodo por completa. Não entendo o porquê Miguel quis lhe ajudar! — pausa. — Você está usando a jaqueta dele ainda? — enfurece quando os seus olhos vão de encontro a jaqueta.
— Algum problema? — digo sem entender.
— Claro que há algum problema. — grita. — Eu estou... — ela começa a dizer algo, mas para.
Eu queria questioná-la novamente e entender o porquê de suas atitudes, mas não havia porquê.
— Está com ciúmes? — pergunto tentando segurar a risada e isso a enfureceu ainda mais.
— Como ousa? — avança sobre mim.
No momento Sol segura com firmeza o meu cabelo e ameaça me bater. Consigo ver a sua mão ser erguida para atingir a minha face.
Tento me soltar, mas ela me encurralou na parede; não havia para onde ir.
Quando pensei que a sua mão atingiria o meu rosto fechei os olhos.
— Se quer me bater, então bata! — desafio-a. — Não tenho medo.
E então antes que ela pudesse fazer o que queria, uma mão segura o seu braço e a empurra para trás.
Ainda não olhei para seu rosto, apenas soube quem havia interrompido esta pequena discussão quando ouvi a voz trêmula de Sol.
— Desculpe-me, senhor Carter! — ela diz envergonhada.
Lentamente os meus olhos vão de encontro aos seus olhos verdes. Sem dizer nada por um momento ele encara nós duas.
Erik parece tentar entender toda a situação antes de enfim se pronunciar.
— Quero que vocês duas me sigam. — diz friamente e começa andar em direção a sua sala.
Arrumo as minhas roupas que estavam amaçadas por culpa de Sol e também o sigo. Seus passos são firmes e decisivos até chegar em sua sala.
Erik sentou-se em sua cadeira e observou nossas expressões preocupadas e aflitas.
— Bom... Quem gostaria de me explicar o que está acontecendo? — diz seriamente.
Sol não hesitou em me acusar alegando que eu havia a ofendido e tentado lhe agredir primeiro; sendo assim ela apenas tentou se defender.
Eu escutava cada palavra que saía de sua boa incrédula com tamanha mentira.
— Isso é verdade? — direciona o seu olhar para mim.
— Não! É absolutamente tudo mentira. — altero a voz.
Acredito que Sol não imaginara que eu ainda estaria com aquela blusa manchada; então começo a contar o que realmente aconteceu e o quanto fui humilhada; em seguida mostro a roupa para confirmar meu relato. Posso sentir seus olhos perfurando-me à cada palavra que mencionava.
Erik escutou atentamente e depois levantou-se.
— A senhorita que trabalha há tanto tempo conosco não sabe que é inadimissível quaisquer confusões dentro da empresa? — diz em deboche cruzando os braços referindo-se a Sol.
Seus gestos que eram tensos e seus olhos fulminantes cessam-se.
— Eu apenas não a demitirei por consideração a sua mãe. — ele diz.
Sol começa a ficar com a voz trêmula e lágrimas podem ser vistas.
De certa forma aquela cena deixou-me chateada.
Como de uma aparência valente e mandona passou-se para uma desamparada e frágil?
Aquela não era ela. O que houve com a sua mãe?
— Isso não vai mais se repetir, senhor Carter. — abaixa a cabeça. — Posso me retirar? — ela pergunta e o mesmo confirma.
Sol logo sai restando na sala apenas Erik e eu.
Em um momento ele estava totalmente sério, mas em outro estava rindo.
Eu não entendia o porquê.
— Do que o senhor está rindo? — pergunto sem entender.
Em um gesto sútil ele aponta para a minha blusa branca totalmente manchada em minhas mãos.
— Você tem um estilo peculiar, senhorita. — brinca.
Em seguida também comecei a rir.
— Realmente preciso concordar com isso.
E esta fora a primeira vez que vi Erik Carter rindo e não sendo arrogante, estava tudo tão perfeitamente imperfeito.
Já chegara a hora de sair da empresa, tudo estava um pouco escuro e notei apenas uma figura masculina parada na saída.
Desvio o olhar e começo a andar na direção oposta, mas este alguém me segue.
— Back? — paro ao reconhecer a voz.
— Jackson? Não me assuste assim. — sorrio aliviada.
— Fico muito feliz que tenha saído da prisão. Podemos conversar por um momento? — ele pergunta e eu confirmo.
Sentamos em uma praça e começo a ficar curiosa sobre o que ele gostaria de falar.
Jackson respira e começa a dar insinuações do passado.
— Back, o que você sentiria ao reencontrar o seu pai?
— Eu não tenho certeza, ele me abandonou e nem procurou por mim depois da morte da minha mãe. Eu nunca mais quero vê-lo. — Permito que saía apenas uma única lágrima solitária de meus olhos.
— Mas e se ele tivesse feito isso para tentar lhe proteger? — respira. — Ainda o odiaria?
— Eu não sei, mas por que tudo isso agora? — grito.
— Acalme-se! Não é nada. — sorri.
— Está ficando tarde, preciso ir.
— Eu te levo! — levantou-se.
— Não será preciso! Gostaria de andar um pouco sozinha, mas agradeço.
Eu irei fazer uma festa surpresa para uma amiga e você está convidado se quiser vir. Eu vou lhe mandar o endereço depois. — digo e me despeço.
Toda aquela conversa me incomodou e me deixou confusa.
Meu pai nunca quis saber de mim e abandonou a mim e a minha mãe quando mais precisamos dele.
Perco-me em meus devaneios quando noto dois caras parados perto de um poste de luz.
Suas expressões maliciosos me assustavam.
Desvio o meu olhar e encaro o chão tentando não chamar a atenção deles, mas tudo foi em vão.
Um deles segura o meu punho apertando-o de tal modo que pensei que o esmagaria.
— Me solta! — digo furiosamente.
— Que linda moça... Gostaria de se divertir um pouco conosco? — um deles diz sorrindo.
— Não!
— Que pena! Mas vamos levá-la do mesmo jeito. — o outro diz fazendo uma expressão nojenta.
Em um gesto impulsivo chuto o homem que me segurava desvencilhando-se de seu braço.
Começo a correr apressadamente pelas ruas, mas erro o caminho e acabo em um beco sem saída.
— Aí está você, gracinha. — eles dizem quando me encontraram.
— Não se aproximem de mim! — grito e jogo a minha bolsa do trabalho neles que se esquivam.
Eles se aproximavam ainda mais e eu temia que algo muito ruim pudesse estar prestes a acontecer.
— Se afastem dela! — uma voz masculina diz em meio ao escuro.
— Quem você pensa que é? — retruca.
E então aquele que veio me ajudar esmurrou ambos os homens, apenas pude escutar os seus gemidos de dor, pois havia fechado os meus olhos para evitar toda aquela situação.
— Você está bem?
— Essa voz não é estranha. — penso.
Lentamente abro os meus olhos e refletido sob um poste de luz estava ele.
— Senhor Carter? O que faz aqui? Como me encontrou? — arregalo os olhos.
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