Capítulo 08

Meu coração se acelerava à medida que o meu corpo tremia por inteiro. Desde criança possuo trauma de animais considerados por muitos como pragas, insetos.
Lembro-me apenas de estar sentada no chão e chorando quase clamando por ajuda, para que alguém me tirasse daquela situação.
Vejo o meu mundo desacelerar quando sinto o toque sútil de alguém. Assusto-me, mas o homem o qual meus olhos avistara apenas quisera me ajudar tirando-me daquela situação.
De início não o reconheço, pois o mesmo estava olhando em linha reta enquanto me segurava, apenas sinto ter visto estes olhos verdes anteriormente.
Sou levada para uma sala de interrogatório a qual  é deveras reconfortante comparada com o lugar que estava.
Sento-me em uma cadeira e ele em outra em minha frente, estávamos separados apenas pela mesa.
Então ele finalmente direciona o seu olhar para mim; eu não pudera acreditar em quem estava em minha frente.

— Senhor Carter? — abro minha boca em espanto.

Ele permanece em silêncio por um determinado período apenas olhando-me e talvez analisando-me. De qualquer maneira estava feliz pelo fato de estar recuperado.

— Senhorita Back, certo? — pergunta de maneira irônica.

E eu confirmo.

— Pois bem senhorita, por que tentou me matar? — olha-me de uma maneira desafiadora e pergunta diretamente.

Desacreditada com sua suposta acusação levanto-me e devolvo o olhar desafiador. Eu não gostara da maneira que ele se comporta outroras vezes, porém não ao ponto de tentar eliminá-lo.
Não teria o porquê.

— Eu não tentei lhe matar! Eu estou falando sério e sendo sincera. Por favor, acredite em mim. — insisto na minha inocência.

Algo em mim dizia que o mesmo não acreditara em quaisquer palavras que eu havia dito.
Pensativo levanta-se e novamente me olha.

— Quem lhe mandou fazer isso? Quanto ele lhe pagou? Não importa a quantidade, eu dobro o valor. — diz pegando sua carteira e colocando em minha frente uma quantia bem alta em dólares. — Isso deve bastar.

Neste instante sinto-me ofendida e me pergunto o porquê resolvi me mudar para este lugar terrível; talvez eu devesse ter ficado em meu pobre bairro mesmo se estivesse nas piores condições, ao menos o meu coração estaria feliz.

— Eu não quero o seu dinheiro! — permaneço firme.

— Vamos, diga de uma vez! Saiba que eu apenas lhe ajudei para lhe dar a oportunidade de dizer a verdade. — refere-se daquele momento na cela imunda. — Pegue o dinheiro e diga... Quem mandou você fazer aquilo? — insiste e aproxima o dinheiro de mim.

—Eu não quero nada que venha de você. — grito o encarando.

Em revolta pego o dinheiro e jogo em sua face.

— Ninguém pode me comprar! Eu sou inocente! — grito.

Erik logo se afasta, nunca pensou que alguém pudera se comportar assim com ele antes, e posso observar um brilho diferente em seus olhos. Ele se senta em sua cadeira, e pensativo fica por um tempo.

— Você parece uma garota peculiar, mas realmente não tem aparência de ser assassina. — diz em um tom tranquilo. — Mas por que minha mãe havia me dito que você me envenenou? — murmura.

Então eu lhe contara como tudo realmente havia acontecido naquela noite; desde ao que estava fazendo até encontrá-lo caído no chão. Disse-lhe que apenas quis ajudá-lo e como a mãe dele havia me tratado.
O mesmo me escutou atentamente.

— Eu não entendo... Por que iriam querer tentar contra minha vida? — abaixa sua cabeça e olha para suas mãos, em seu braço, um relógio.

— Eu não sei, mas realmente não foi eu quem o fez. — digo e sorri.

Apesar de semanas em tormenta, finalmente pude ver novamente o raiar do dia. Erik acreditara em mim e retirou a acusação; enfim estava livre.
Com emoção olho para o céu.

— Sei que você cuidou de mim, minha mãe. — sorrio.

— Está falando com quem? — Erik pergunta após sair da delegacia.

— Absolutamente ninguém! Obrigada por me tirar dessa situação.

— Não precisa agradecer! Minha mãe havia feito a minha cabeça e eu não estava vendo as coisas com clareza. — coloca um óculos de sol. — Bom, tome cuidado na volta. — diz entrando em seu carro e partindo em seguida.

Eu não conseguia acreditar que poderia voltar para casa. A emoção invade-me  e permito que uma única lágrima solitária desça sobre minha face.
Enfim retornaria.
Chegando em casa, Anna recebeu-me com tamanha alegria e contei-lhe sobre tudo que havia acontecido.
Após algumas horas de conversa apresso-me para pegar uma caneta e papel.

Obrigada por estar me ajudando, mãe. Sei que mesmo depois que você se foi; sempre cuidou de mim.

Com amor, Back.

Entusiasmada, faço um avião de papel com essa folha que eu acabara de escrever e lanço-a pela janela em direção a um jardim perto de meu apartamento.

— Receba essa carta, mãe. — sorrio enquanto aprecio a imensidão do céu azul.

Jackson On

O chefe almejava conversar comigo e com o grilo, então assim logo o fizemos.
Pensamentos inquietos nos perseguiam a medida que nos aproximávamos  para bater em sua porta.

— O que gostaria de falar conosco? — perguntamos.

— Como está a menina? Ela está bem?

— Dadas as circunstâncias, está.

— Fiquem de olho nela; a facção rival sabe o que ela é para mim e não quero que nada aconteça com ela. — pausa. — Até que eu possa falar com ela.

Olha pela janela e aprecia a visão do centro de Londres.

— Faremos o que manda, chefe.

Quando Emma era mais jovem, sempre a observava a pedido do chefe, para sua própria segurança. Perguntava-me o que ela diria se soubesse quem ele realmente é.

Erik On

Meus pensamentos estão confusos; não tenho total certeza de sua inocência apesar de não parecer assassina; não se pode confiar por completo em alguém.
Temia me arrepender de tê-la liberto da prisão, porém já o tinha feito. Não havia como voltar em minha decisão.
Em casa todos estavam reunidos diante da mesa para almoçar. Logo os olhares são direcionados a mim quando me aproximo.

— Onde esteve filho? — abraça-me.

Não a respondo de imediato.

— Vamos, querido irmão. Responda a mãe. — Thomas diz enquanto pega um pouco de sopa.

— Estava na delegacia.

Minha mãe, que estava comendo engasga por um instante quando estas palavras saem de minha boca.

— O que foi fazer naquele lugar? — bebe um pouco de água para de recompor. — Aquilo não é lugar para você.

— Fui ao encontro da senhorita Back; queria ter a certeza... — minha mãe interrompe.

— Certeza que foi ela que tentou lhe matar, estou certa?

— Não! Queria ter a certeza que não havia sido ela. — enfrento-a.

A senhora Helena, minha mãe, queria que todas as coisas fossem como ela quer; não a culpo. Foi muito doloroso a perda de Julian, meu pai.
Às vezes tenho alguns lapsos de memória daquela noite, mas nada muito claro.

— Mas ela é culpada! Não me diga que você a tirou da cadeia; ela vai querer se vingar de nós. — se desespera.

Seguro suas mãos tentando acalmá-la.

— Sei que a senhora quer nos proteger, mas eu sei o que estou fazendo; apenas confie.

E pela primeira vez consegui evitar uma discussão.
Após o almoço estou na varanda olhando o nosso cachorro correr pela grama. Ele era tão filhote quando isso aconteceu, admiro o fato dele não ter preocupações.

— Está pensando na sua protegida, a senhorita Back? — Thomas diz se aproximando.

— Não seja tolo! Eu apenas não quis cometer uma injustiça como houve naquela época que pensaram terem pego o assassino de nosso pai; infelizmente era um inocente e mesmo assim pagou por um crime que não cometeu.

— Não seja tolo você! — gargalha.

Não consigo tolerar as infantilidades de Thomas; então o deixo falar sozinho.
Preciso pensar um pouco e lembro-me de um lugar que eu havia ido quando criança.
Estou perto de um apartamento sentado no banco de um lindo jardim quando observo um avião de papel pousado em uma pequena planta cercada por rosas.
Então isto me chama a atenção.
Abro o pequeno avião e em seu final estava escrito:

— Com amor, Back. — penso.

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Espero que tenha gostado.
O que está achando da estória?

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