Capítulo 06

Meu coração palpitante e meus pensamentos hesitantes. Eu não havia feito nada que pudesse levar-me presa, sou inocente. Tento por vezes manter esta ideia em minha mente, mas o que pudera eu fazer? A senhora Helena é rica e eu pobre, seria a minha palavra contra a dela e eu não sabia o que fazer.
Levanto-me após de mergulhar-me novamente na realidade; olho no espelho e encaro-me.

— O que vejo? — pergunto a mim mesma.

— Aconteceu algo? — Anna aproxima-se do espelho o qual eu observava o meu reflexo.

Mantenho-me firme, mas as lágrimas quentes ameaçavam cair. Meus olhos marejados e a minha fala trêmula preocupa Anna.
Hesitante, eu a abraço buscando consolo.

— Estou assustada! — digo com a voz falha.

Era perceptível a confusão que habitava em seus olhos, ela pergunta-me novamente o que havia acontecido, mas eu decidi não falar para não preocupá-la mais.
Arrumo-me, deixo sobre a mesa a parte do pagamento do aluguel; um pouco das economias da minha mãe, e  saío de casa já familiarizada com a cidade. O cantarolar dos pássaros enche a minha alma de paz e eu pude sorrir novamente.
Antes de ir à delegacia, decido tentar visitar Erik em seu leito.
Não sabia se conseguiria o fazer, porém me sentia culpada pelo o que aconteceu; talvez eu pudesse ter evitado.
Entro no hospital e pareço até então invisível, havia muita agitação no local e eu logo sigo o meu caminho para encontrá-lo.
Ao olhar pela vidraça de seu quarto notei um homem sentado em uma cadeira próxima de Erik.
Não queria incomodá-los, então decido sair; porém antes que o fizesse o homem que estava do lado de dentro observa-me.
Logo ele abre a porta e eu entro.

— Sinto muito! Não era a minha intenção incomodar. — envergonho-me e observo a figura de um homem alto, cabelos negros e olhos verdes.

— Não há problema! Sou o Thomas. — pausa. — Encantado! — ele diz beijando a minha mão em um gesto cortês.

— Sou Emma Back! — digo tirando as minhas mãos sob as deles; isto era desconfortável.

Permaneço quieta olhando para Erik que estava desacordado e sinto pena dele; algo que talvez não deveria, mas é um instinto de humanidade.
Sou afastada de meus pensamentos ao notar Thomas encarando-me.

— Como ele está? — pergunto.

— Na mesma! — dá de ombros e sinto uma frieza em sua voz.

Thomas pega uma cadeira e coloca em sua frente; e pede para  sentar-me.

— Me diga! — sorri. — Você é a namorada dele?

— Não! Eu nunca seria. — digo firme. — Sou apenas sua secretária.

— Acalme-se senhorita Back. — diz em tom sarcástico.

— Então o meu irmão deixou escapar uma bela dama como você? — morde o lábio.

Levanto-me em espanto e tento procurar quaisquer que seja semelhança entre ambos.
Nada encontrei.

— Você é irmão dele? — arregalo os meus olhos e ignoro seu comentário anterior.

Thomas também se levanta e se aproxima de mim.

— Então Erik não falou de mim. — faz gesto de ofendido. — Quis ficar com você apenas para ele; que esperto! — sorri.

— Trabalho para ele já pouco tempo e não estou gostando de seus comentários envolvendo-me. — digo firme fitando os seus olhos.

Thomas então se cala.
Não entendo o porquê de seu comportamento inapropriado, não respeitando nem o estado de saúde de seu próprio irmão. Ele olha-me por algumas vezes, mas desvio o olhar.
Insatisfeita com toda aquela situação decido sair do quarto; então me encaminho até a porta.
No mesmo momento em que girei a maçaneta e observei quem havia chegado notei que iria me arrepender profundamente.

— Senhora Helena? — espanto-me.

Ela me olha furiosamente e empurra-me de volta ao quarto.
Com o impacto caío ao chão.

— O que está acontecendo aqui? — Thomas intervém.

— Depois de envenenar o meu filho você ainda tem coragem de vir aqui? — altera-se. — É uma completa dissimulada mesmo. — debocha.

— Eu não envenenei o seu filho! — me defendo.

Ela avança em mim, mas Thomas logo a afasta.

— Você está do lado dessa louca? — cerra os punhos.

— Não estou do lado de nenhuma! Estou do lado da razão. — ele fica no meio de nós duas.

Por um descuido afasto-me de Thomas e Helena se desvencilha das mãos do filho e dá-me um tapa em minha face; de maneira tão forte que eu pude sentir o ardor da minha pele.
Thomas, incrédulo, segura a minha mão e me leva para fora do quarto.

— Perdoe a minha mãe, ela ama Erik e não sabe o que está fazendo.

Permaneço em silêncio.

— Sei que não foi você! — ele diz.

Chateada,não digo nada e começo a andar na direção oposta. Mas ele me puxa de volta.

— Espero ter o prazer de vê-la novamente. — pisca apenas um olho.

Olho para ele e finalmente consigo me soltar de suas mãos. Logo estou do lado de fora; meu rosto queima como brasa e o meu coração começa a se acerelar.
Respiro fundo, pois meu próximo destino seria a delegacia.

— Senhorita Back? — o delegado pergunta quando chego.

— Sou eu! — digo-lhe.

— Você está sendo processada por tentativa de homicídio. Já ouvi a versão da mãe da vítima, então agora gostaria de ouvir a sua.

Conserto a postura na cadeira e começo a contar-lhe tudo que aconteceu; e permaneci firme em minha inocência.

— A versão da senhora Carter é diferente. — ele passa a mão em seu bigode.

A marca do tapa que antes estava encoberta pelo meu cabelo é desvendada após um vento atingir  a sala.

— E o que foi isso? — refere-se a marca de cinco dedos em meu rosto.

— A senhora Helena me encontrou no hospital quando fui visitar Erik, ela não gostou nada. — digo passando a mão em meu hematoma.

O delegado começa a pensar e olhar alguns papéis. Então logo se levanta.

— Você está sendo denunciada e mesmo assim foi visitar a vítima? Isso pode ser usado contra você.

— A questão não é esta! Ela me agrediu. — confirmo.

— Acredito que terei que prendê-la temporariamente para que não atrapalhe as investigações.

Agitada me levanto.

— O senhor não pode fazer isso! Eu sou inocente, e ela me agrediu. O que vai fazer a respeito disso? — enfureço-me.

— Absolutamente nada. — pausa.— Você foi aonde não deveria ter ido.

Não acredito que estou ouvindo isso; os ricos e poderosos sempre saem dessas situações enquanto os pobres sempre são injustiçados.

— Acompanhe-me até sua cela. — ele segura o meu braço e me puxa.

— Eu sou inocente! — desespero-me e me debato.

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Espero que tenha gostado.❤️
Até a próxima.

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