Uma viagem no Tempo
NO DIA SEGUINTE,
Amara não apareceu no café da manhã. De certo, estava envergonhada de seu comportamento e queria ficar sozinha. Dália ainda estava chateada e após desabafar com as amigas, conseguiu parar de chorar.
No intervalo, as aprendizes se juntaram no jardim para um piquenique.
— Nem acredito que é hoje o baile. - Elise se amuou, enquanto se empanturrava de pãezinhos de mel.
— Eu não acredito que esquecemos desse fato tão importante. - Jez cruzou os braços e revirou os olhos. Amane ficou curiosa pois não sabia do que se tratava realmente o Baile da Lua.
— Afinal, por que esse baile é tão importante? - Amane perguntou bebericando seu suco de frutas selvagens. As três amigas se olharam espantadas, mas logo se deram conta de que Amane era novata e não sabia muito sobre a tradição do Instituto.
— Bem, este evento só acontece uma vez no ano, que é no dia da Lua Sangrenta. Neste baile, uma das aprendizes encontra seu amor verdadeiro. - Dália respondeu seguido de um suspiro apaixonado. Amane riu descaradamente pensando se tratar de uma piada. No entanto, as expressões confusas das garotas serviu para que ela soubesse que estavam falando muito seriamente.
— Sério? - Perguntou sem graça e as outras afirmaram afoitamente com a cabeça. — E como isso acontece?
— Bem, as Anciãs abrem as portas do Instituto para os moradores da Colônia. Eles são povos antigos e de confiança, enfim, os filhos deles nos convidam para dançar. Todos estaremos usando um colar embebido pelo próprio sangue da Lua, e quando a mesma estar no ciclo completo, o colar do casal se tornará vermelho como ela. Mostrando assim, seu amor verdadeiro.
— E isso já aconteceu alguma vez? - Amane inquiriu desacreditada da história. Ela não era muito fã de histórias românticas.
— Bom, sim... Mas foi há muitos anos atrás. E é uma longa história para se contar num mísero intervalo de tempo. - Dália sorriu. Elise arregalou os olhos como se tivesse descoberto um novo planeta e bateu palmas frenéticas.
— Ah, Dália, querida Dália! - Deu dois beijos estalados no rosto da amiga. — Você acaba de me dar uma ideia genial! - Exclamou aos berros enquanto as demais encaravam-na perplexas e rindo sem reação.
— Caramba, Elise, você quer nos matar de susto?! Diga logo sua maravilhosa ideia. - Allis ralhou, mas não se aguentou e deixou uma gargalhada alta escapar de seus lábios. As outras fizeram o mesmo.
— Desculpe meninas, mas é que tive uma ideia louca e que nunca fiz antes. - Disse erguendo as sobrancelhas e dando um sorriso travesso.
— Diz logo, menina!
— Nós iremos ao Baile da Lua que aconteceu há mais de trinta anos, neste mesmo instituto e escolheremos nossos vestidos em homenagem às aprendizes daquele ano, com a ajuda de Amane podemos trazê-los conosco! - Gargalhou dando gritinhos de felicidade. Elas se entreolharam por um segundo e depois explodiram em risadas e gritos de entusiasmo.
— Elise você é um gênio! - Dália retribuiu os beijos estalados na amiga, em ambas as faces. — Vamos agora, antes que sintam nossa falta! - Dália exclamou se levantando e ajudando Allis a se por de pé também. Quando todas estavam se dirigindo para um local mais discreto, Elise olhou para trás, a procura de alguém.
— E quanto a Amara? - Disse um tanto chateada pelo distanciamento da amiga.
— Nós trazemos algo pra ela também! Vamos! - Jez puxou Elise e juntas adentraram numa sala esquecida do instituto.
— Prontas? - Elise perguntou assim que todas deram as mãos.
— Espere. Esqueci meu cashmere. - Amane disse soltando a mão de Jez e indo para a porta da saleta.
— Não demore.
Amane saiu rapidamente enquanto procurava ser cuidadosa para que ninguém a visse naqueles arredores. Avistou seu suéter jogado perto de uma árvore, de certo, o vento o levará para lá. Abaixou-se para pegá-lo e quando estava prestes a levantar, avistou Amara adentrando o bosque. Lembrou-se do aviso de Montreux, que estava terminantemente proibida a entrada das aprendizes ali. Pensou em impedi-la, mas as meninas começaram a grita-la de dentro da sala. Com medo de serem apanhadas, Amane deixou a aprendiz prosseguir e seguiu seu caminho.
De imediato, as cinco sentiram seus corpos ficarem leves, como se estivessem atravessando o espaço-tempo, e realmente, estavam. Para elas, a passagem durou horas, contudo, foram somente minutos.
Quando abriram os olhos, depararam-se com a cidade mais iluminada e decorada que já haviam visto.
— Meu deus! Estou vivendo um sonho! - Dália exclamou saltitando de felicidade e animação. Haviam muitas pessoas fantasiadas, suas casinhas humildes também estavam decoradas a rigor e não deixavam a desejar.
— O Tema deste ano era Halloween. - Elise disse estufando o peito, como se fosse a guia delas. E a medida que iam desbravando aquela linda cidade, a aprendiz ia mostrando e revelando fatos históricos e interessante para as garotas.
— Você já veio aqui antes? - Amane perguntou devido ao modo confiante em que a bruxa falava sobre tudo.
— Muitas vezes. - Ela disse forçando um sorriso, mas Amane percebeu uma sombra passar por seus olhos, como se ela estivesse escondendo algo. — Bom, meninas, esta era a colônia há trinta anos atrás. Aqui viviam pessoas fantásticas, de uma gentileza que era admirável de se ver...
— Elise? - Uma voz masculina chamou atrás das meninas. Antes delas se virarem, puderam ver o rubor tomar conta das faces de Elise. Assim que se viraram, conheceram o dono daquela voz entoada e melódica. Era um lindo rapaz, que trajava roupas temáticas e segurava uma máscara medonha na mão.
— Dewric. - Elise disse e engoliu em seco. Suas mãos seguravam nervosamente a barra de seu vestido enquanto suas pernas lutavam para permanecerem firmes.
— Você finalmente voltou. - Ele sorriu, ruborizado. Não contente, aproximou-se da aprendiz e tomou sua mão delicadamente, depositando um suave beijo nas costas de sua mão. — É sempre um prazer revê-la.
— Também estou feliz em vê-lo, Dewric. - Ela sorriu acanhada, mas seus olhos denunciavam o quão doloroso era para ela revê-lo outra vez. Jez pigarreou propositalmente, para que a amiga os apresentassem devidamente. Elise assim o fez, mas não dispôs de muitos detalhes. Dewric fazia parte de um segredo que era só dela.
Todos seguiram para o baile conversando fervorosamente, Dewric gostava de contar todas as aventuras que ele vivera ao longo de seus dezenove anos, e as moças gostavam de ouvir e davam boas gargalhadas.
Ele apresentou a elas, uma não tão elegante taverna após o baile. Elas beberam, cantaram, dançaram e se divertiram como nunca.
Na hora de se despedir, Elise não conseguiu evitar a lágrima que escorreu de seus olhos e só parou quando Dewric a interceptou com seu dedo.
— Te esperarei todas as noites, Elise. - Ele disse, apaixonado.
— Não espere, Dewric. Eu posso não voltar mais. - Sorriu em meio às lágrimas e virou as costas, deixando-o completamente devastado.
Amane brindando na Taverna.
Amigas dançando na Taverna.
(1126,p)
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