Epílogo
Após controlarem os ataques no instituto e conseguirem fechar o portal, Allis e o garoto que dizia ser seu amor verdadeiro seguiram para o bosque, em busca de Amara. Allis o olhou de esguelha e ele pigarreou, pronto para dizer algo, mas ela foi mais rápida.
— Qual é mesmo o seu nome?
— Eron.
— Bom, então, Eron, você pode me explicar porque você me acusou de bruxaria e me fez quase ser queimada viva?! - Bufou irritada. — E ainda tem a pachorra de dizer que somos o amor verdadeiro. - Riu descrente.
— Não foi eu quem lhe acusou, Allis. Você me viu pois eu estava te seguindo, para lhe proteger.
— Ah, tá. Espera mesmo que eu acredite nisso? E por que apareceu só agora?
— Você se lembra de como fugiu da fogueira? - Ele inquiriu, impaciente. Ela engoliu em seco, pois, de fato, não se lembrava. — Não é minha intenção jogar na cara ou cobrar algum agradecimento, mas sim, foi eu que te salvei.
— Não adianta você dizer nada. Eu não vou acreditar nas palavras de um desconhecido.
— Eu não sou tão desconhecido assim. - Ele sorriu de um jeito cafajeste. — Você está apenas um pouco esquecida. - Deu de ombros. Allis não podia negar que Eron era o homem mais lindo que ela já tinha visto em toda sua vida. No entanto, ele emanava uma energia carregada. Uma obscuridade que ela não sabia definir.
Tentou encontrar respostas em seu rosto repleto de cicatrizes, contudo, por estar fitando-o, ela acabou tropeçando em algo e caindo no chão lamacento.
— Droga! - Eron praguejou quando se deu conta do que era o obstáculo que a havia derrubado. Tentou ajudá-la a tempo, mas quando ela se apoiou para levantar viu o rosto de sua amiga. Gritou. Chorou. Clamou. Esperneou. Mas não foi suficiente, Amara estava morta.
Ao ouvir os gritos de Allis, as aprendizes adentraram o bosque, guiando-se em direção aos gritos pavorosos.
Elise sacou seu arco, apontando-o para Eron quando viu segurando sua amiga, puxando-a para longe de... Amara. O corpo pálido de Amara. Seu arco caiu na lama, devido a fraqueza em suas mãos.
Dália chegou logo depois juntamente com Jez e Amane.
— Meu deus, não! - Dália tapou a boca quando deixou seu corpo cair no chão. A chuva desabou sobre suas cabeças sem piedade, deixando seus vestidos ensopados.
— O que aconteceu?! - Jez gritou. — Você a matou? - Acusou Eron, arrancando-o de perto de Allis e pressionando sua adaga no pescoço dele, ficando satisfeita apenas quando viu um filete de sangue escorrendo.
— Ela escolheu o próprio destino. - Disse com dificuldade por conta da pressão que ela fazia em sua traquéia. — E-Ela queria voltar pra casa... - Dália deu um salto quando o ouviu dizer aquelas palavras. As mesmas palavras que ela própria dissera..
— Quem te disse isso? - Dália indagou secando as lágrimas e os pingos de chuva do rosto. Seus cabelos estavam grudados na testa.
— Eu vejo e ouço muitas coisas. - Continuou a dizer com certa dificuldade. Jez se cansou e o largou com um empurrão que o fez cair sentado na lama.
— Afinal, quem é você? - Elise sussurrou, chorosa.
— Meu nome é Eron, e eu sou filho de Eva Haines. - As aprendizes se entreolharam desconfiadas, se ele era filho de Eva Haines, ele era o...
No céu, a Lua Sangrenta completava seu ciclo final. Algo sobre a camisa ensopada de Eron se iluminou, ele o arrancou de seu pescoço como se estivesse em chamas e o atirou longe.
— Isso queima. - Ele avisou e então Allis entendeu porque ele o arrancou de seu pescoço. Era para protegê-la. — Ah, droga! - praguejou novamente quando o colar de Allis se iluminou nas suas mãos. Todos os olhares foram direcionados a ela.
— Vocês são o amor verdadeiro. - Dália disse com lágrimas nos olhos, e em meio ao caos, sorriu. Logo, seu sorriso se desfez quando sentiu sua pele queimar.
— Mas o quê?! - Eron exclamou vendo o colar de Dália se acender, seguido de Elise, Jez, Amane e... Amara.
— O que isso quer dizer? - Amane questionou amedrontada.
— Somos nós. Todos nós. - Eron sussurrou confuso. — Cada um de nós demonstramos sentir amor verdadeiro uns pelos outros..
— Allis quando eletrocutou Jez para salvar Elise. Elise quando perdoou Jez, Jez por ter se arrependido. Dália por não ter desistido de Amara, Amane por ter salvo Hélio e Amara por...
— Amara me salvou. - Elise murmurou. — E eu a chamei de traidora. De assassina. Se eu tivesse a abraçado, agradecido... Ela estaria aqui? - sussurrou.
— Não. Ela não estaria, pois não queria estar. - Eron disse colocando a mão sobre o ombro de Elise, para conforta-la.
— E o que faremos daqui em diante? - Allis perguntou quando conseguiu encontrar sua voz.
— Com a morte da minha mãe e de Montreux... - Eron disse em tom de lamento. — Teremos que continuar o que elas começaram. Há muitos de nós presos no mundo de Fleury. Temos que encontra-los e salva-los. Foi pra isso que fomos treinados, não é? - Deu de ombros. — O que acham?
As amigas se entreolharam, discutindo silenciosamente e entrando em um consenso com apenas um olhar.
— Nós concordamos. Estamos prontas para isso. Iremos enfrentar o mundo Fleury.
(Anos depois...)
— Vocês tem certeza de que não precisarão de mim? - Elise perguntou pela décima vez só naquele centésimo de segundo.
— Elise, para. Você precisa ser feliz! - Dália abraçou a amiga com a força de um urso. — Sentiremos muito sua falta, mas você virá nos eventos importantes!
— É claro que virei! Logo agora que o instituto está tão cheio de vida. - Ela comentou não conseguindo evitar o sentimento de perda. Lembrou-se de Montreux e Amara, sentiu um aperto no peito, mas se obrigou a focar no presente.
— Sim, nós conseguimos! Salvamos muitas pessoas como nós. Não só meninas como antigamente, agora temos uma cidade inteira!
— Isso é incrível! - Abraçou a amiga novamente, emocionada. — Não sei se consigo deixar vocês.
— Você já fez muito por nós, Lise. O seu Dewric manteve a promessa, ele te esperou todas as noites. Está na hora de você retribuir.
— Você está certa! - Exclamou sorridente. — Eu finalmente posso tê-lo, e vou. E vou agora. Até mais, Dália. Amo você.
— Amo você. Seja feliz. - Dália cobriu os lábios e arregalou os olhos, mas Elise caiu na gargalhada.
— Não funciona quando a pessoa já é. - Piscou e saiu para se despedir de todos e do instituto que sempre fora sua casa. Ela ainda estaria nele, mas agora em outra época.
FIM?
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