|Capítulo 19
Ainda dentro do carro da viatura, fico pensando se Bernardo vai chegar vivo no hospital, por que nós estamos em uma situação extremamente ruim. O pior de tudo isso, é que, ainda estou tentando remover a maldita bala que o mesmo levou por mim.
Confesso que ainda não acredito que ele teve coragem de fazer isso, até por que, isso não é muito comum. Quando alguém leva um tiro pela outra pessoa é por que essa mesma pessoa, é muito importante para ela. Será que eu sou uma pessoa importante para ele? Será que Bernardo gosta de mim, tendo em vista que ele não gostava de mim? Ou será que essa atitude, não foi por que gosta de mim de verdade, mas sim, foi só por impulso?
Enfim, eu não consigo encontrar uma resposta plausível perante esse fato, e o que levou Bernardo tomar esse tiro no meu lugar. O fato, é que agora, eu me encontro ainda com um grande alicate de metal enfiado no abdômen dele, onde há um buraco bem grande.
Merda! Isso está me deixando bem assustada, e com isso, eu torço muito para que esse ferimento dele curi-se o mais rápido possível.
O estado de Bernardo, é complicado, mas o mesmo parece ser um homem de ferro. Ele está quase deitado, só que suas pernas estão para baixo do banco do carro, enquanto eu fico de lado, sentada com a cabeça inclinada para baixo, tentando olhar de perto o que estou fazendo, afinal eu não sou uma enfermeira ou médica, mais sim uma policial que só aprendeu o básico dos básicos, na questão de primeiros socorros.
Não vou mentir para vocês, que estou com muito medo de fazer merda, que possa levá-lo a morte. Bernardo é uma pessoa muito especial para mim, não quero perder o meu parceiro. Como eu estou bastante nervosa, sinto meu suor descer constantemente, o mesmo escorre pela minha testa, me fazendo ter os cabelos grudados pela mesma.
Senhor! Que situação!
Lembrando que ainda está de noite, e a pouca iluminação está dificultando a minha situação, pois eu não consigo enxergar direito a região do abdômen dele afetada.
Apesar de não ter problema algum na minha visão, a luz do carro não está ajudando em absolutamente nada, ela faz sombra, dificultando ainda mais a minha percepção de onde está essa droga de bala.
Para piorar toda a situação, a alguns segundos atrás, olhei para o relógio na tela do carro, onde fica o som, e vi que já são em torno das 22:00 da noite, ou seja, já faz cinco horas consecutivas, desde a hora que eu cheguei na DP com meu parceiro, e que nós estamos nessa agonia de pegar esse filho da mãe do senador. Para piorar, sinto o meu celular vibrar, e já até sei quem é..Mel! Ela deve estar querendo saber que horas vou chegar em casa, e certamente está preocupada.
Mas, como eu estou ocupada acabo optando por não atendê-la, apenas continuo tentando tirar essa bala de Bernardo.
— Caralho! Essa porra dói demais! — Bernardo diz cerrando os dentes, ao sentir eu passar o pano no buraco na tentativa de estancar esse sangue todo que está saindo.
As minhas mãos estão completamente sujas, junto com o alicate e a pinça.
Lembrando que eu estou com medo de receber mais um jato de sangue do Bernardo bem no meio da cara. Por que, a alguns minutos atrás, foi isso que aconteceu, eu levei um baita jato, fazendo com que o sangue dele fique grudado na minha bochecha do lado direito, e um pouco no queixo, afinal, eu estava com o rosto muito perto, na verdade ainda estou.
Aproximo o meu rosto ainda mais da região do seu abdômen e acabo de notar que eu preciso ir mais fundo.
— Calma, eu sei que dói, mas tenho que ir mais fundo — digo voltando a olhar para ele.
Imediatamente vejo Bernardo fazer uma cara de espanto, certamente ele não gostou nada de saber que vou ter que enfiar essa lâmina lá no fundo da sua carne.
— Não, não dá..eu não vou aguentar! — ele remunga com os seus olhos arregalados.
É nesses momentos que vemos o quão macho é um homem, se isso não fosse uma situação complicada, eu iria rir muito da cara dele. Aliás, se sair-mos bem dessa, eu e Alex vamos rir muito da cara de Bernardo. Por que ele diz ser todo esse ogro, ou brutamontes, só que agora, na hora do vamos ver ele tá com medo. Entretanto, se bem que isso deve doer mesmo, também tenho que reconhecer isso. Mas, eu e Alex não podemos perder essa chance.
— Vai aguentar sim, Bernardo, você é o ogro mais resistente que eu já pude conhecer — digo o encorajando.
— Ah, nossa! Se isso foi um elogio muito obrigada, Isadora! — ele diz fingindo estar surpreso, e logo dá um sorriso fraco, acompanhado de uma careta com mais um gemido de dor.
— Ei, isso realmente foi um elogio, meu caro! — digo e respiro fundo.
Analiso mais um pouco a região, só que tá meio complicado, por que Alex ainda dirige em alta velocidade bem no centro de Brasília, o carro balança muito, e os carros dos seguranças do maldito advogado que Bernardo havia matado, ainda estão atrás de nós. Eu me sinto em uma perseguição de gato e rato, por que estamos atrás do carro do senador e sendo perseguidos.
De repente, tiros ecoam, e o vidro do fundo é atingido mais um vez, e por reflexo eu me abaixo, para que eu possa me proteger. Os malditos tiros continuam, é tiro pra caramba!
— Opa, tá meio apertado aqui — Alex diz desviando de um carro e em seguida de outro, em questão de um segundo.
Ele está passando pelo meio de todos os carros, fazendo com que tenhamos uma grande probabilidade de bater em algum deles. Além disso, um dos caminhões que estão passando por nós, passou raspando na lateral da viatura, e eu grito para Alex tomar cuidado.
Até que ele entra em um beco de uma rua estreita, ao sair da pista, mas ele acaba perdendo o carro que é bem possível que Luís esteja, de vista.
— Droga Alex! O que você está fazendo? — resmungo ao ver o carro se distanciar.
— Improvisando! — ele diz um pouco nervoso.
Pelo menos o Frank e a ridícula da Megan estão na outra viatura que está perseguindo o carro que esta o alvo.
— Pessoal, cadê vocês? — ouço a voz de Frank pela escuta.
— Tivemos que improvisar, estávamos sendo seguidos, não mudem de rota, continuem a seguir o carro, onde possivelmente o senador está — digo ao me afastar de Bernardo e recostar-me no banco.
— Belezinha! — Frank diz divertido — Barone está bem? — diz agora um pouco preocupado.
— O que você acha ? — Bernardo resmunga e solta um gemido de dor.
— Calminha cara, vai ficar tudo bem! — Frank diz confiante.
— Concordo! — olhando Bernardo do lado e o mesmo e lança um olhar perdido.
Ficamos nos encarando por um bom tempo, até que ele desvia o mesmo do meu, e se remexe no banco. Olho para o corpo de Bernardo, e vejo as suas tatuagens cobertas de sangue, e o seu corpo inteiro suado. Imediatamente tento voltar a focar na bala que eu ainda não consegui remover, por que estou tendo lembranças do sexo bem selvagem que tivemos, o pior é que isso está começando a me deixar um pouco excitada.
Droga isso é hora de sentir tesão? Eu só posso ser uma pervertida mesmo!
Balanço a cabeça negativamente, na tentativa de afastar esse pensamento e volto ao meu foco, que é remover a bala de Bernardo. Só que o carro está balançando muito. Toda via, além de estamos indo por um certo caminho totalmente diferente, eu vejo Alex entrar em um dos becos de uma rua que tem várias casas.
— Agora tá mais apertado ainda! — Alex resmunga com as mãos no volante e por um breve instante, ele enxuga sua testa, que posso ver pelo espelho que está suando.
Ele continua a seguir, olho para trás e vejo que ainda há dois carros atrás de nós, puta merda! Para acabar piorar, um dos homens coloca a cabeça e o seu braço para fora, e começa a atirar em nossa direção.
Contudo, repentinamente, Alex para o carro enfrente a um grande museu, o mais famoso de Brasília.
— Gente, vocês lembram de uma frase famosa, que diz : quando a situação apertar, medidas drásticas devem ser tomadas? — Alex diz nervoso.
Eu fixo meu olhar no abdômen de Bernardo, e pego um pano, começo a fazer pressão para poder estancar.
— Conheço essa frase, mas o que isso tem haver agora, Alex? — digo ainda com a mão pressionando o local onde eu vejo que está com uma ferida feia em Bernardo.
— É que acabo de perceber que tenho que tomar uma — Alex diz..
— Não me diga que você vai...— Bernardo agora abre a boca, mas logo remunga de dor.
— É necessário! — Alex reponde.
E de forma repentina, ele da a ré no carro, acelerando e invadindo com tudo o museu. Quando o carro se choca com a grande porta dupla de vidro, as mesmas se quebram e os cacos voam para tudo que é lado. Se as janelas estivessem abertas, vários pedaços dos vidros iriam entrar. Já com o carro dentro, Alex dirije dentro do salão, derrubando tudo que tá pela frente.
— A gente vai aparecer nos jornais — Bernardo diz nervoso.
— Não brinca! — digo com ironia, e puxo o ar para os meus pulmões.
Em sequência, volto a minha atenção para o ferimento, e começo a cogitar a possibilidade mais uma vez, de ter que ir lá no fundo do buraco, para extrair essa maldita bala. Então, eu olho para ele, e o vejo ainda suando, meu pai do céu! Eu tô com medo dele morrer.
— Vamos lá, você vai morder esse pano, e eu vou um pouco mais fundo, beleza? — digo tentando acalmar-me olhando fixamente para Bernardo.
— Não tem nada de beleza aqui, já que vai me fazer agonizar, seja rápida Isadora! — ele resmunga, e eu bufo emburrada.
Então, por conseguinte, eu pego um pano, e ponho na boca dele, depois eu aproximo o alicate e a pinça, mais uma vez respiro fundo, e começo a enfiar na região afetada.
— HUMMMM! — Bernardo geme alto, com o pano na boca.
A dor é tanta que eu posso ver os músculos dele ficar rígido e a carne tremer um pouco. Sinto uma agonia tamanha, mas é para o bem dele. E então, eu finalmente sinto a bala na pinça. Tento puxa-la, mas mais um jato de sangue sai e suja minha blusa.
— Não rola, estancar esse sangue, eu tô ainda ouvindo isso esguichando! — Alex diz, com uma careta me olhando pelo espelho do carro.
— Se fosse assim, tão fácil, eu já teria conseguido, Alex! — eu digo ainda mexendo na região onde a bala está alojada.
— AH, PORRA! — um grito de dor, do Bernardo surge mais uma vez, e eu fico ainda mais nervosa.
— Calma, morde o pano — digo ainda preocupada, tentando me acalmar.
— Bernardo, eu já sei onde a bala está, quero que seja forte, vai doer muito, mas você aguenta.
— Sua carniceira do caralho! — ele remunga, ao cuspir o pano da boca — eu não sou de ferro, mas vamos lá, eu só quero que isso acabe!
Juro que se eu não tivesse tomado a porra de um tiro, teria socado a cara de Alex. Porra! Como esse infeliz me faz uma porra dessa? Invadir o museu da região de Brasília é loucura, mas se ele disse que foi nescessário, fazer o que, não é? Se for para despistar esses carros que estão nos seguindo, que seja desse jeito.
Enfim, não sei o que está sendo pior, de é essa dor desgraçada que estou sentindo, ou se é o fato de não ter conseguido pegar o senador ainda.
Luís acha que vai escapar dessa, mas eu sei que não, por que sei que nossa equipe não vai desistir.
Enfim, o fato é que, estou ainda com uma dor filha da puta, por ter levado o tiro no lugar de Isadora. Confesso que não faço idéia do que deu em mim, só sei que não poderia deixar isso acontecer com ela, acho que o que eu mais temia está acontecendo, acho que estou apaixonado por ela.
Isso explica o fato de eu está com um puta ciúmes dela com Frank. Droga, ele é nosso colega de trabalho, só que eu não gostei nem um pouco de ouvir ele chamando ela de "Dora", eu achei que era só eu que a chama assim.
Entretanto, estou bem preocupado, por que somos parceiros, se nós dois seguirmos por esse caminho, dando uma chance ao que sentimos um pelo outro, consequências podem surgir, e eu não quero magoa-la. Dentro disso, tem um porém, essa atração que sinto não vai passar tão rápido, eu a quero só para mim, mas..preciso resolver meu passado para me entregar.
Saio dos meus desvaneios, ao sentir Dora enfiar mais uma vez a porra da pinça e do alicate em meu abdômen e logo solto um gemido de dor.
— Eu tô sentindo..eu tô sentindo a bala — ela diz eufórica, e nervosa.
A dor aguda me atinge fortemente, e eu cerro os meus dentes, fazendo uma careta feia.
— PUTA MERDA! — grito sentindo ela puxando a bala.
— Alex, para esse carro, eu já estou sentindo a bala, com o mesmo em movimento, eu posso perde-la mais uma vez.
— Pronto, parei! — Alex diz ao estacionar o carro — caralho, esse ferimento tá feio hein cara, vê se não bate as botas — ele diz tentando me arrancar um sorriso, para ver se alivia o clima tenso.
Mas, a minha dor é tanta, que ele não consegue, pois eu grito mais uma vez, ai sentir Dora puxar a bala de uma vez por todas, e a mesma finalmente sair.
— Gente, perímetro cercado, estamos no distrito federal, o alvo já está em nossas mão — Frank diz, nos avisando, e eu finalmente respiro aliviado.
— Perfeito, consegue dar conta? Eu e Alex precisamos levar Bernardo para o hospital — Dora diz pressionando o meu ferimento com o pano.
Seus dedos e suas mãos estão muito ensanguentadas. Porém, sinto um grande alivio, ela salvou minha vida!
— Pode deixar, eu e a Megan daremos conta, os a gentes já pegaram ele, nós estamos indo agora para a DP de novo — Frank diz calmamente, porém..— AH! — ele da um grito de dor e fica mudo.
Imediatamente, eu olho para Isadora com os olhos sobressaltados, por que só o que eu imagino é o pior, Alex olha para trás, para em nossa direção também com os olhos sobressaltados, certamente imaginando que houve alguma coisa de errado.
— Frank?..Frank? — Dora chama ele, e o mesmo não responde.
Puta merda!
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Oi amores, e ai? O que acharam desse capítulo? O que será que houve com Frank? Não esqueçam de deixar seus votos e comentários. Beijos no ❤️
😍✨
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Se quiserem ficar por dentro de tudo sobre os personagens minha rede social é : Clara Romances ❤️✨
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