Na manhã seguinte...

– Eu tenho a certeza que é ele – Diz Valéria.

  Claude ouve todos eles  conversarem. Ele abre os olhos e depara-se com a parede e então vira-se encarando todos reunidos em formato de uma roda.

– O que vocês tanto conversam aí? – Pergunta Claude sentando-se.

– Ei dorminhoco!
– Pode parar de fingir
– Nós já descobrimos

  Claude fica admirado pelas palavras que saem da boca deles.

– Vocês descobriram o quê?

– Que tu és o Clássico, e já chamamos o guarda para te levar a justiça – Diz Adele.

  Todos olham para ele com um ar frio e tétrico como se fosse um demónio, o mais odiado daí. O segurança entra na cela e anda em direção à ele. Claude não entende como e porquê a vida dele sofreu essa reviravolta.

  O segurança estende a mão em seu rosto ocupando toda a visão e tornando tudo escuro de novo.

  Claude sente alguém tocar seu braço direito, ele acorda e levanta-se segurando o braço da mesma prestes a parti-lo e a outra mão segurando seu pescoço.

– Claude pára, sou eu Adele

  Claude olha para ela e depois para todos aí presentes, que só se limitam a olhar para ele, todos admirados com a atitude dele.

– Foi só um sonho – Claude diz para si mesmo, soltando Adele.

– O que é que te deu? Você quase partiu meu braço – Diz Adele resmungando.

– Me desculpa Adele. Eu sinto muito – Claude desculpa-se.

– O que é que te deu rapaz? – Pergunta Lars.

– Eu tive um sonho ruim foi só isso – Diz Claude – Adele, me desculpa por favor.

– Está bem, está bem. Vamos sair daqui que o segurança já abriu a cela – Diz ela com cara de preocupada.

  Enquanto saem, eles contam e riem-se de tudo o que aconteceu na noite passada, o que foi uma tremenda noitada. Já na porta, fora, da delegacia. Cada um despede-se de Claude como quer, Bella chega com um cartão na mão.

– Pega, é de uma clínica super boa – diz ela – Foi lá onde me tratei e você vai precisar também. Acredita em mim – Ela despede-se com um beijo na buxexa de Claude.

– Adeus Claude – Clever despede-se dele amigavelmente desta vez, o que surpreende todos aí.

  Valéria dá-lhe um beijo na buxexa e diz:

– Não te esqueças. Estou aqui para o que você precisar

– Está bem, Valéria. Muito Obrigado pela consideração. Mas agora só preciso tirar essa ressaca

  Depois do riso, Clever abre a porta para Valéria que lhe faz uma cara feía. Ela e Clever sobem em um carro da Original Z. Claro que é o último modelo néh! E se vão embora.

– Agora vamos pra casa? – Pergunta Gael acompanhado de Lars e a sua amiga.

– Sim vamos. Mas ainda preciso falar com Adele

– Só não fala mal do Clássico – Lars o avisa. Ele é um fã do Clássico sem saber que Claude é o próprio Clássico. Os três retiram-se e vão pegar um táxi.

  Adele põe-se na frente dele.

– Adele, eu espero que o que acabou de acontecer não mude nada entre nós – Claude fala com uma voz baixa, voz de quem está arrependido.

– Bem, eu fiquei apavorada. Mas sei que foi só um pequeno surto e que tu nunca me farias algum mal – Adele fala igualmente com a voz baixa.

– Você não sabe o quão bom é ouvir isso!

  Eles aproximam-se prestes a dar outro beijo. Eles ouvem a buzina de um carro, o mesmo estaciona ao pé dos dois, o vidro é abaixado. Não pode ser...

– Oi amor

  ...é a Talia Van Tessa, de novo.

– Oi amor!? – Exclama Adele olhando para Claude. Ela abaixa-se na janela do carro – Olha aqui sua vadia, o Claude é só um e ele é meu. Se você acha que vai roubar-mo como fez a Valéria, você está muito mas muito enganada, entendeu?

– Eu não preciso roubar-te nada, o Claude irá comigo porque quer – Diz Talia.

– Pára de andar atrás dele. Eu não gostei nada do beijo que você deu nele – Claude tenta acalmá-la para ela não fazer um escândalo – Essa miúda quer levar uma surra Claude

– Eu tenho que ir com ela – Diz Claude deixando Adele com uma cara de assassina – Eu não tenho um caso com ela, eu juro. Mas preciso fazer algo muito importante com ela, por favor, entenda

– Não temos muito tempo Claude – Talia avisa-o.

– Você pode calar essa boca, sua vaca? – Diz Adele, ela é nervosinha – Você tem que decidir qual das duas você quer. Eu ou ela?

  Claude não pensa duas vezes e a puxa para um beijo inesquecível na boca dela, beijo esse que dura mais ao menos 10 á 15 segundos. Quando acaba, ela fica tão calma quanto alguém que recebeu um sedativo.

– Confia em mim agora? – Pergunta Claude.

– Sim, confio – Diz Adele com os olhos fechados encostando sua testa na testa de Claude – mas diz pra essa cabra aí não voltar a responder-me, senão vou mandar prendê-la

  Eles riem-se disso.

– Está bem, vou dar o recado

  Claude entra no carro de Talia.

– Tchau

– Tchau

– Essa menina é nervosinha. Mas vejo que você sabe exactamente como colocá-la na linha – Talia.

– Eu só dei o que toda mulher quer, valor

  Talia abre um sorriso.

– O que aconteceu ao "no coliseu após o pôr-do-sol?" – Claude

– Não deu. Temos que traçar um plano primeiro

– Você sabe mesmo onde ela está? – Pergunta Claude mexendo num dispositivo. Ele activa algo.

– Sim, eu mesma tirei essas fotos – Diz ela entregando-lhe algumas fotos da Saori. Claude fica admirado por refrescar a imagem da sua irmã.

– Ela está numa mansão a leste da cidade. O único problema é que ela trabalha para um pedófilo maníaco

– Pedófilo maníaco!? – Claude admira.

– É! Ele é um tarado. Todas as pessoas que trabalham para ele são compradas por ele e se tornam seus escravos. As escravas têm apenas 21 anos para baixo. Os escravos não importa. Se um deles traí-lo ou fugir...

– E o quê?

– ...morrem sem saber como

  Eles prosseguem para o lugar em que poderão encontrar Saori. Mas antes eles traçam um plano para o tal acontecimento. O plano está a ser feito sem a equipa, isso é algo fora dos planos iniciais. Claude faz um outro estudo no local onde vivia e constata que a sua antiga casa tem outro dono habitando com a sua família no lugar. É triste presenciar isso.

O sol se pôe...

– Cá está o teu uniforme

– Onde você tirou isso Talia?

– Aproveitei que vocês estavam na cela e invadi a casa do Gael onde guardaste as tuas roupinhas

– Tá bom, me diz uma coisa: como você sabe que a minha irmã está nesta mansão, e quem são as pessoas para as quais trabalhas?

  Talia não fala nada durante alguns segundos.

– Claude, você é meu amigo. Eu não vou mentir para você, mas tens que confiar em mim

– Pode falar

– Eu trabalho pra o Seed – Claude olha para ela admirado – Ele montou uma equipa para caçar-te e eu faço parte dela. Eles chamam-me Ailat.

– O quê? Como você pôde? – Diz Claude, estupefacto – A Saori está mesmo viva ou não?

– Ela está viva e está nesta mansão. Não sei como ficaram a saber da tua identidade mas eles me obrigaram a atrair-te até aqui

  Claude fica sério e não diz nada.

– Me perdoa Claude – Diz ela triste tentando acalmá-lo para ajudá-lo – Mas eu posso dar-te todas as coordenadas de onde eles se vão posicionar para que eles não te apanhem e assim você pode salvar a tua irmã

  Claude olha para a foto da Saori, pensa no quão bom seria abraçá-la de novo e ouvi-la falar coisa com coisa e aceita o pedido de desculpa de Talia.

– Pessoal, ele acabou de entrar na mansão – Talia avisa aos vilões, ao comando de Claude.

  Dentro da mansão, Claude anda entre os corredores com muita cautela, pois já sabe onde os vilões estão posicionados.

  Ele chega perto de uma porta, tenta abri-la e se dá conta de que atrás dele há uma já aberta. Vira-se e se depara com uma jovem com cabelos longos e castanhos pondo a comida na mesa, vestida de uma roupa de empregada muito curta, roupas essas que destacam as nâdegas e os seios. Ele fica imóvel, sem ação nenhuma perante o que ele vê. Ele fica assim, durante todo o tempo em que ela apronta tudo.

  A menina levanta a cabeça e assuta-se.

– Calma, calma Saori, calma, sou eu

– Quem é você?

– Nós temos que sair daqui rápido

– Eu não quero, o meu dono vai ficar muito bravo e pode me castigar

– Meu dono! – Pensa Claude. Ele lembra-se que esta é a mansão de um pedófilo e todas escravas pertencem a ele como se fosse um objecto.

– Saori, ninguém é dono de ninguém aqui. Você é livre de fazer o que quiser

  Claude sente um aperto na garganta, alguém cola a sua garganta entre seus braços e puxa-o para trás. Saori grita de susto, rapidamente Claude vê-se livre do aperto do homem. É o Jack Silencioso, ele chegou mesmo silenciosamente.

– Você de novo! – Claude.

– Parece que até o rei não gosta de ti. Então ele enviou-me para acabar o que comecei em Malandre

– Você só está aqui para levar outra surra

  Dois passos são dados, eles tentam atingir um ao outro mas Claude não lhe dá espaço e lhe dá um pontapé que faz com que ele vai parar contra o armário. Ele levanta mas vê-se logo no ar caindo contra a mesa partindo-a assim.

  Saori fica admirada, só a olhar.

– Desculpa ter demonstrado tanta violência mas temos que ir

  Saori fica admirada olhando para ele. Claude vê-se obrigado a dar uma bofetada nela.

– Porque você fez isso? – Pergunta Saori ainda espantada.

– Primeiro, você ainda estava em choque. Segundo, eu estou a ficar igual a minha mãe

  Eles entram em uma porta qualquer e encontram o pedófilo morto no seu escritório. Isso já não é novidade para Claude, eles tentam incriminá-lo.

– Foi você quem matou ele!? – Saori admira.

– Não, não fui eu. Com certeza querem incriminar-me

– Incriminar-te porquê? Se você já é um terrorista!

– É isso que têm colocado na tua cabeça?! Eu não sou um terrorista coisa nenhuma. Eu explico depois, vamos

  No estacionamento, uma corda agarra-se aos pés dele fazendo-o cair. Claude vira-se e vê um homem equipado como se fosse um ninja. Ele arrasta Claude até ele mas Claude solta-se rapidamente e afasta-se dele por precaução.

– Afasta-te Saori – Saori o obedece.

– Quando fui convocado, não me disseram que ia ter o privilégio de acabar contigo. Quer dizer, eu sou teu fã, mas fazer o quê? trabalho é trabalho não é!? – Diz ele como se fosse uma coisa boa.

  Pontapés e socos são esquivados um do outro. Hugaer é bom e muito perigoso em combate corpo-a-corpo mas Claude é melhor que ele. Hugaer aproveita uma falha de Claude e leva-o ao chão. Saori continua encostada á parede abraçando suas pernas de tanto medo. No mesmo momento surge Jack Silencioso em perfeito silencioso para ajudar Hugaer.

– O que você faz aqui idiota? – Hugaer.

– Vim ajudar você fedelho – Jack

– Ajudar? Olha para mim e olha para ele. Quem está de pé agora?

  Claude levanta-se, os dois aproveitam e o agridem. Saori lamenta o que acontece com o Clássico.

  Olhando de lado, Claude vê sua irmã sofrendo por ele. Num passe de mágica, Jack sente um uma batida forte na nuca disferido pela menina, Claude agarra o pé de Jack e o puxa atirando-se contra a bexiga dele e fazendo-o estar deitado no chão a lamentar. Quanto a Hugaer, ele simplesmente atinge-o diversas vezes no rosto, no abdômen, no peito etc, até estar desgastado. Levanta-o e o atira contra Jack e os dois caem sobre uma mesa partindo-a assim.

  Claude e Saori sobem no carro e fogem, atrás dele vem um carro super veloz e um anjo voando.

– Você sabe dirigir Saori? – Claude.

– Um pouco

– Ainda bem. Pode assumir o controle mocinha

– Mas o que o Clássico quer comigo? Quem é ele? – Saori pensa enquanto dirige.

– Ei, tenha cuidado. Você ainda me deve uma explicação

– Eu sei. Estás a ver aquele anjo vindo atrás de nós? – Saori olha rapidamente para trás e concorda – Foi ele quem matou a Melissa naquela noite, lembra?

  A menina lembra-se de tudo e diz que sim.

– Vou matá-lo e vingar a Melissa

– Como é que você conhece a minha... – Claude sai sem deixá-la acabar.

  O carro veloz se aproximando preocupa Saori mas Clássico pensa no seu treinamento.

– Eu posso voar, lembra o que aconteceu em Rainocida. Eu posso voar, eu posso voar

  Claude tira um bastão e voa em direção ao anjo. Eles travam uma batalha no céu. Gener usa também o seu bastão. Parece ser algo programado para a derrota do Clássico, porque Gener tem muito mais experiência que ele no combate aéreo.

  Quando dão por si, estão na cidade. O carro veloz que vem atrás de Saori é conduzido por Vernian que até então é o único que não teve contacto físico com o Clássico.

  Claude consegue desfazer-se de Gener. Vernian inferniza a vida de Saori batendo seu carro contra o dela diversas vezes. Saori trava o carro repentinamente e Vernian continua sem querer. Claude pousa por cima do capô danificando-o e parando a sua continuidade. Vernian é arrancado do carro como se fosse nada.

  Claude já está com o sangue a ferver, Vernian tenta a sorte mas Claude não lhe dá tempo o suficiente sequer para pensar em defrontá-lo. Ele lhe puxa e o atira contra o caixote de lixo. Gener volta em auxílio de Vernian que está no balde de lixo.

– Admito que você luta bem. Mas infelizmente vai morrer por ter matado os meus pais

– Eu não matei ninguém. Eles morreram por serem o que são, assassinos – Diz Claude, sua voz parece mais aguda.

  Gener admira pelo rapaz estar agora com o dobro do seu tamanho normal. Saori aparece e admira também. Ele avança e até chega a feri-lo ainda mas Claude tira-o do caminho com dois socos e um pontapé forte.

– Vamos Saori – Saori nega-se por medo – Eu só quero te proteger, não te farei mal algum, te garanto

– Você também é um Kaduk! – Diz ela admirada por vê-lo com o dobro do seu tamanho.

– O quê! – Claude vê-se no espelho e lembra-se das palavras de Pandora:

  "Você ainda não libertou o que tem aí dentro"

  Claude reflete nisso e se dá conta de que herdou isso de sua mãe. Saori encosta e toca nele, acalmando-o. Os dois dobram a esquina deparando-se com Karov agarrando-se ao pescoço de Talia com uma arma apontada ao cabeça dela.

– Me desculpa Claude – Diz Talia – Fuja enquanto há tempo. Leva a Saori para longe daqui

– Claude! – Diz Saori olhando para ele e Claude para ela – Eu sabia que tinha algo estranho

– Éh! Eu sabia que um dia pagarias pelo que você me fez rapaz – Diz Viktor Lager aproximando-se.

– Viktor! Você nos traiu! – Diz Claude.

– Não. Só passei para o lado vencedor

  Mal ele acaba de dizer e Claude vê-se cercado. Karov e Viktor a sua frente. Hugaer, Jack, Vernian e Gener atrás dele.

– Nossa! Você é mesmo filho da Evódia – Diz Viktor ao vê-lo naquele tamanho – E vai ter o mesmo destino que ela

  Agora está tudo claro. Foi Viktor quem deu toda informação ao Karov para eles conseguirem apanhar o Clássico. O sentimento de raiva ainda não acabou por isso ele decidiu traçar o destino do reino entregando o Clássico.

  Ao lado de Claude só há Saori e mais ninguém para o ajudar. Os dois apertam a mão um do outro para não se voltarem a separar. Eles estão cercados por seis pessoas e mais alguns soldados ao comando de Karov. Talia está encurralada sem opções para ajudar.

  Parece que essa é a hora em que tudo acaba para o nosso herói. É a hora em que o Clássico conhece algo novo na sua demanda, a derrota.

                      A Cvy 🌷