Sixteen
@VênusMartinez
Uma semana havia se passado e ainda estavamos em New York. Sara e eu havíamos visitado diversos pontos turísticos, como o Central Park na terça-feira, o Museu de Arte Moderna de New York-Moma na quarta-feira, e o American Museum of Natural History na quinta. Eu estava tentando me adaptar com o clima de New York, os dias ensolarados me faziam sentir falta da chuva constante em Seattle. Da garoa, do clima úmido e do delicioso cheiro de cafeína do Starbucks. Você pode tirar a garota de Seattle, mas não pode tirar Seattle da garota.
Romeo e Sara estavam se dando muito bem, eu não podia deixar de estar feliz pelos dois. Sara é uma pessoa maravilhosa e precisa de alguém que a trate como tal e nada menos do que isso.
Kade e eu sempre nos encontrávamos em diferentes pontos da cidade. O melhor dos encontros foi na famosa ponte do Brooklyn, o que deixou Sara em alerta, porque segundo seu pensamento ele era um: "maníaco extremamente gato que estava nos seguindo." Isso de fato era uma meia verdade, ele realmente me seguia, ou tinha o dom de descobrir onde eu estava. Ainda não tinha encontrado uma resposta convincente. Geralmente, ele aparecia à noite na escuridão do meu quarto. Ele sempre apresentava a mesma feição angelical e ao mesmo tempo diabólica perante a luz da lua, seus olhos castanhos me observavam atentamente com uma profundidade eterna, capaz de ultrapassar minha alma enquanto eu permanecia deitada imóvel na cama.
O dia de sábado amanheceu ensolarado, o céu estava lindo mas pouco visível diante dos arranhas-céus. Eu havia saído para passear com o Sea Lost pelo quarteirão, e só retornei para casa às 12:35 PM quando o clima já estava mudando. Entrei pela porta da frente e soltei Sea Lost que correndo avançou sobre Romeo que estava jogado no sofá assistindo ao jogo do New York Giants.
__Agora não Sea Lost, você vai me fazer perder o Touchdown! -Romeo tentava o conter enquanto ele girava em seu colo e distribuía lambidas em seu rosto. __Vênus, controle o seu cachorro! -Ao ouvir a palavra "cachorro" Sea Lost latiu em desaprovação.
__O nome dele não é "cachorro" Romeo. - Acrescentei enquanto tirava Sea Lost do colo do meu irmão. __Onde está Sara?
__Enfiada no quarto, disse que só saí de lá quando estiver parecida com a Angelina Jolie em "O turista". Isso nas palavras dela. - Zombou para minha confusão.
__Por que diabos Sara quer se parecer com a Angelina Jolie?
__Temos um evento hoje. - Foi tudo o que ele disse.
__Temos? - Repeti.
__Sim, hoje teremos uma festa em comemoração ao aniversário do técnico do meu time. Sabe como é, gente rica adora dar festas por qualquer motivo. - Riu e eu revirei os olhos.
__Tá bom... Mas, onde Sara e eu nos encaixamos nessa história? - Perguntei desviando o olhar para Sea Lost que deitava sobre o tapete.
__Todos os jogadores podem levar alguém da sua família. Esposas, filhos, pais etc. A festa vai ser em um terraço na Times Square em Broadway no décimo sétimo andar. Por favor, me diga que vai. - Romeo insistiu olhando diretamente em meus olhos, eu sabia o quanto era difícil para ele viver longe de nossos pais, não os ter presentes em momentos assim. Era difícil para ele, não para mim.
__Tudo bem, eu vou. - Sorri recebendo outro sorriso de volta e subi para o meu quarto.
[...]
O caminho para a Times Square levou oito minutos de carro, o edifício se encontrava no número 1460 a poucos metros do Theater District. Sara e eu estávamos com vestidos longos que se destacavam na descrição, enquanto eu optava pela cor vinho, Sara já abusava da cor preta, ambos tinham abertura na coxa esquerda que se estendia até os tornozelos. Já Romeo estava elegante em um terno da Macy's Herald.
Quando entrei no salão fiquei surpreendida com a decoração do local, nunca havia participado de um evento como aquele. Para um aniversário tudo parecia formal demais. Os convidados estavam todos bem vestidos, ao total eu diria que ali havia no mínimo umas cento e cinquenta pessoas. Existiam mesas com talheres e taças postas por todo o salão, algumas já ocupadas, outras vazias esperando por alguém que as ocupasse.
Sara parecia animada ao agarrar o braço de Romeo e fazer perguntas ao mesmo que tentava responder todas.
__Vou pegar uma bebida. Vocês vão querer alguma coisa? - Comentou ao meu lado e eu neguei com a cabeça olhando para Romeo ocupado conversando com uma senhora que havia se aproximado.
Sem querer ser invasiva caminhei para longe dos dois a procura de Sara, até onde ela iria para encontrar uma bebida?
Fiquei andando em círculos, passando pelas mesmas pessoas várias e várias vezes até que decidi sossegar em um canto. Encontrei uma mesa vazia e me sentei na cadeira olhando em volta, um garçom passou por mim e peguei uma taça de champanhe da bandeja tomando um gole sentindo o borbulhar no céu da minha boca. Muitas pessoas conversavam, riam entre si e bebiam.
__Vênus, quero te apresentar alguns amigos. - Romeo apareceu no meu campo de visão junto com três gigantes do New York City Football Club, o time que meu irmão jogava. __Esses são Brad, Finneas e Harvy. - Apresentou enquanto os rapazes sorriam.
Brad e Harvy eram loiros, tinham maçãs do rosto perfeitas e eu me lembrava deles de um jogo aleatório do New York City Football Club que assisti pela televisão uma vez. Enquanto Finneas era moreno e forte, o terno da Suitsupply lhe caía bem.
__Romeo, você não nos disse que sua irmã era tão gata assim. - Falou Brad, sendo acompanhado em coro de risadas pelos outros dois. Eles podiam até serem altos e terem músculos, mas cérebro, isso eu garanto que eles não tinham.
__E você não me disse que tinha amigos tão babacas. - Comentei irônica e logo as risadas cessaram dando lugar a rostos sem expressões em minha direção. __Aproveite a noite cavalheiros. - Levantei a taça para o alto tomando todo o conteúdo e sem mais palavras caminhei para longe.
Avistei Sara sentada em uma mesa próxima a grande vidraçaria, com uma garrafa de vinho tinto aberta e uma taça cheia em uma das mãos. Caminhei até ela e me sentei ao seu lado, ela se assustou e me olhou rapidamente relaxando os músculos ao perceber que era apenas eu, abaixou a cabeça e suspirou.
__Pega leve, Sara. Você não precisa de tudo isso. - Aconselhei segurando uma de suas mãos por baixo da mesa. __Por que está bebendo tanto?
Sara pareceu pensar em algo antes de permitir que escapasse por seus lábios.
__Eu me sinto tão idiota por lembrar isso, Vênus. Me sinto tão... - Seus olhos encontraram os meus e eu apertei sua mão levemente. __Tão presa ao passado.
__Acredite, você não é a única. - Suspirei e Sara largou a taça em cima da mesa.
__Hoje faz exatamente dois anos que eu conheci o Zac e...
__Isso é pra ser lembrado? - Retruquei. __Sara faz dois anos que você o conheceu e quase um mês que você se livrou.
__Sim eu sei. - Sua voz soou baixa. __Mas, foi tudo tão recente que ainda não me acostumei. Quem sabe com o tempo ou com algumas taças eu esqueça aquele idiota. - Pegou novamente a taça em cima da mesa e quando ia levar até a boca eu a interrompi.
__Esse vinho é um Chateau Villemaurine, não merece ser tomado dessa forma para esquecer um otário abusivo, vai por mim. - Sorri e após alguns segundos Sara sorriu. __Sara, eu quero que você se lembre que o Zac te machucou, mesmo que tenha jurado nunca te machucar, por Deus ou qualquer ser que ele acredite. Pediu tantas desculpas e nunca mudou as atitudes, disse que estava descontrolado, com raiva ou que a culpa era sua por fazer o que fez. Tantas "desculpas" para manter o ego de patriarcalismo fodido dele. Ele te machucou tão profundamente, que depois de todo esse tempo as feridas ainda sangram e parecem não cicatrizar nunca. - Suspirei e olhei em volta tentando encontrar as palavras certas, quando elas vieram eu sabia que eram fortes, mas não deveriam ser filtradas. __Ele vai te procurar de novo quando você estiver curada, estável e equilibrada. Quando você estiver bem consigo mesma. E quando ele voltar, não se atreva a esquecer de como ele te quebrou e ao te ver em pedaços, sem olhar para trás, simplesmente se foi.
[...]
Sara e eu ficamos naquela mesa por meia hora bebendo um vinho caro e conversando sobre todos os nossos desastres. Até ela decidir que iria atrás do meu irmão e o forçaria a dançar com ela.
Enquanto Sara se afastava eu a segui com o olhar mas minha mente estava longe, até ser tirada dos meus pensamentos com a voz de uma senhora ao meu lado.
____Você é um anjo, certo? - Olhei para a mulher que aparentava ter sessenta anos e ela falava com um jovem que de costas ainda apresentava uma aparência elegante, logo reconheci sua voz.
__Errado. - Kade respondeu e escutei o som de sua risada. Meu coração disparou em meu peito.
____Eu reconheço um anjo quando vejo um. - A senhora falou quase em um sussurro e sorriu uma última vez antes de caminhar até outra mesa.
__Kade? - Chamei pelo seu nome e ele se virou, um sorriso se abriu em seus lábios atraindo olhares de outras mulheres. Kade era a noite, o sangue em minhas veias, era a cura, a dor, a melodia que tocava, o medo, a descrição mais concreta de paraíso ao qual os humanos poderiam algum dia conhecer.
__Você está... - Seu olhar desceu dos meus olhos percorrendo cada centímetro do meu corpo o que fez a pouca quantidade de álcool que eu havia ingerido, causar um incêndio na minha corrente sanguínea. __Uma verdadeira deusa! - Ele passou sua língua sobre seus lábios umidecendo os mesmos e caminhou até mim sentando ao meu lado.
__Você não está nada mal. - Com ele próximo pude reparar no terno preto que usava, suas mãos grandes com dedos finos, longos e pálidos sobre a mesa chamavam a atenção. Alguns fios negros do seus cabelo caíam sobre sua testa com uma perfeição única, seus olhos eram um meteoro pronto para a colisão.
__Você quer dançar comigo? - Sua voz rouca inebriante me tirou de meus pensamentos, afirmei antes por alguns segundos tomando o líquido vermelho da minha taça.
Juntos caminhamos para o centro do salão, algo como Richard Marx tocava, não havia ninguém dançando foi o que percebi quando os olhares estavam sobre nós dois.
__Estão todos olhando. - Sussurrei próxima ao ouvido de Kade. Eu não consegui ver, mas pude sentir sua boca se abrir em um sorriso.
__Deixe que olhem. - Ele sussurrou de volta.
Logo tudo ao meu redor não passavam de borrões distantes em um lugar onde só existia nós dois. Kade me fazia sentir isso constantemente, ele era meu lugar favorito quando eu precisava fugir do mundo.
Eu gostava da forma que suas mãos seguravam minha cintura, e de como seus olhos estavam focados nos meus. Kade me olhava como se eu fosse a melhor pessoa que ele já havia conhecido, ele era um anjo em meio ao inferno que o mundo era. Ele tinha a minha alma, meu coração e um pouco mais. Eu estava à beira do paraíso.
__Não me olhe tanto assim. - Caçoei. __Vai acabar se apaixonando.
__Você é o tipo de pessoa extremamente apaixonável? -Indagou rindo e se aproximou da minha orelha. __Só você pode colocar meu coração em chamas, Vênus. - Sussurrou baixo.
Céus. As borboletas no meu estômago não dançavam ou voavam como dizem em romances clichês. Ao contrário elas pareciam jogar gasolina sobre elas mesmas, e através do olhar de Kade, elas pegavam fogo. Elas estavam em chamas.
As borboletas que habitavam o meu estômago, queimavam.
[...]
Eram aproximadamente 21:00, Kade e eu estávamos sentados em uma mesa próxima ao elevador enquanto eu ingeria boas doses de vinho e ele me dava alguns sermões. Até que meu olhar se direcionou até o dos meus pais que saíram do elevador. Senti minha frequência cardíaca diminuir e me senti um pouco zonza.
__Você está bem? - Kade segurou meu rosto com as duas mãos levemente e eu neguei.
__Meus pais, eles estão aqui, Kade.
__Como? - Indagou olhando para os dois que eram recebidos aos abraços pelo meu irmão.
__Romeo... Ele convidou eles. Eu sabia! - Murmurei irritada e quando voltei a olhar na direção dos dois notei que meu irmão apontava em minha direção.
Meu pai negou com a cabeça e sério falou algo para Romeo que mudou a expressão para alguém culpado e não demorou muito para que viessem até nós. Senti Kade apertar minha mão por baixo da mesa e quando o olhei de canto seus olhos apresentavam fúria ao encarar meu pai.
__Filha! - Minha mãe iniciou o diálogo alegre vindo ao meu encontro pronta para um abraço e foi impedida pelo meu pai que a segurou pelo pulso.
__Ela não é mais nossa filha, esqueceu? - Comentou com frieza sem ao menos me olhar, como se eu não estivesse ali.
__Por que convidou eles? - Rosnei para meu irmão que apenas abaixou a cabeça e murmurou um "sinto muito, Vênus".
__Somos os pais dele! - O homem denominado meu "pai" chamou minha atenção. Não era difícil todos ali notarem a tensão entre nós.
__Somente dele? Você tem certeza, pai? - A última frase saiu como algo desconhecido dos meus lábios, enquanto um pouco bêbada sentia o nó se formar em minha garganta.
__Você deixou de ser minha filha no dia que cruzou aquela porta!
Todos. Absolutamente todos no salão nos olhavam, encaravam como se fossemos uma grande exposição. E o meu pai? Bem, ele podia me rasgar com as palavras que ele falava.
__Deixei de ser sua filha por cruzar uma porta? Uma maldita porta? - Esbravejei me levantando sentindo a inundação de lágrimas se formarem em meus olhos.
__Onde erramos com você, Vênus? - Falou negando com a cabeça e suspirando. __Você é uma decepção para todos nós. -Um tiro direto no meu peito. __Sua mãe tem problemas de saúde por sua causa. Romeo foi embora de casa por sua causa, todos os nossos problemas são por sua causa!
__NÃO! - Gritei sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto em queda livre, assim como minha alma.
__É sim. Você é a culpada por tudo de ruim que já nos aconteceu. - Gritou.
__Se você soubesse! Se soubesse o tanto que eu tenho me esforçado nesses últimos meses pra lutar contra minha própria mente. - Falei. __Se você ao menos soubesse! TUDO, TUDO O QUE SEMPRE FALAMOS É SOBRE VOCÊ! Sobre como você se sente, o que você quer, o que é o melhor PRA VOCÊ. Nunca. Nunca é sobre mim. Nunca é sobre como eu me sinto, nunca é sobre o que eu quero! E agora que eu estou finalmente tentando seguir com a minha vida você vem me dizer o quanto sou egoísta por tentar correr atrás da minha felicidade? VOCÊ PODERIA SE IMPORTAR MAIS? Sabe o que é a coisa mais triste, "papai" ? Perceber que seus pais não conhecem nem 1% do que você é, ou nem ao menos sabem o que acontece com você.
__Lá vem você querer chamar a atenção com essa merda de depressão! - Meu pai gritou e foram alguns segundos de silêncio que meu corpo precisou para entender a frase que soou como um tapa em meu rosto.
__Não importa! - Kade vociferou ao meu lado, ele deu dois passos para frente encarando meu pai com ódio, enquanto meu pai murchou apenas com o seu olhar. __Não importa se a pessoa tem ansiedade, depressão ou qualquer outro distúrbio mental. Ou qualquer outro problema. Ou qualquer outro maldito sentimento. Acho que todos tem isso, de uma forma ou de outra. E poderia ser diferente com o mundo desse jeito? Com pessoas como você nele? - Suspirou. __Todos vocês, olhem para dentro de si mesmos! Olhem o quanto tão fodidos são capazes de ser. -Kade parou a centímetros do meu pai e o olhou nos olhos. __Nunca diga para alguém que o que ela sente é drama, frescura ou para chamar a atenção. Você não tem esse direito, e nunca teve. A vida meu caro, é como um trem veloz que se aproxima de uma pessoa paralisada nos trilhos. Você é essa pessoa, e eu? Eu sou o trem.
Sem que alguém pudesse dizer mais nada, senti as mãos frias de Kade agarrarem as minhas, com um olhar de súplica pedi que ele me tirasse dali, e entendendo o que eu queria ele me levou para casa.
[...]
__O que há de errado comigo, Kade? Por que afasto as pessoas se tenho medo de ficar sozinha? Eu sou, e sempre serei, um vazio. - Falei pela primeira vez desde que chegamos em casa. Eu não conseguia parar de chorar, e estava bêbada, então Kade me enfiou de roupa e tudo na banheira.
Ele estava ao meu lado e não disse nada, apenas me abraçou. Kade abraçou todo o meu caos e me disse que estava tudo bem.
__"Me ajude", eu posso ouvi-la gritar. É como se... Suas paredes estivessem desmoronando. - Ele se sentou no chão do banheiro ao lado da banheira, encostou as costas na parede e continuou a falar enquanto seu rosto era iluminado pela luz da lua. __As pessoas não sabem, mas às vezes você sente vontade de desistir. Você não pode, Vênus. Não está no seu sangue. Às vezes você quer arrancar o coração do peito e parar de sentir. São gritos abafados, lágrimas e desabafos contidos como nuvens negras. Mágoas e rancores que caem como granizo, lembranças que são tão ácidas quanto a chuva fria de novembro. A ansiedade vem, e faz com que você se sinta fraca demais para ignorar, para fingir que não está acontecendo, que não tem um turbilhão de sentimentos ruins dentro de você. Ela te traz dúvidas sobre o que fazer, uma tristeza sem fundamento, um poço sem fundo. As câmeras e os flashes não conseguem captar suas tristezas, seus pedidos de socorro por trás de um sorriso. Por favor, por favor Vênus, me prometa que nunca vai desistir. Eu quero te tirar daqui, te levar para algum lugar, qualquer lugar onde você possa respirar, um lugar onde eu possa te ouvir falar até que sua mente fique inundada de palavras positivas que te incentivem a viver. Te fazer esquecer a dor e te ajudar a se livrar desses maus pensamentos.
__Você não pode me livrar dos meus pensamentos, Kade. - O olhei, minha voz estava trêmula o efeito do álcool em meu organismo ainda se fazia presente. __Eu me sinto constantemente como um maldito trem, vagando velozmente sem controle entre os trilhos, com suas rodas de ferro girando torturadamente em sua jornada diretamente a um precipício. Minha consciência é o maquinista tentando de algum jeito, desesperadamente de alguma forma fazer parar. Mas já estou tão acostumada com o fim, que geralmente quando eu sinto que vou descarrilhar, eu acelero.
__Eu sei que você nunca está totalmente presente no lugar que está. Sua mente sempre está alta e você quase não sente o seu corpo ali, e qualquer mínima coisa literalmente te faz se sentir mal, mesmo sem algum motivo. Você está sempre em estado de alerta, para não fazer ou falar algo errado. Não se sinta ansiosa. Respire. Não fique com medo de ficar sozinha, e quando ficar, pegue um pedaço do meu coração e o torne só seu, assim quando estivermos separados você nunca ficará sozinha. Feche os olhos e tente imaginar um mundo que você não faça parte, e pense o quão caótico ele seria. - Kade sorriu, e eu guardei o seu sorriso na minha memória. Mesmo que pelo efeito do álcool tenha sido só um borrão, era o borrão mais bonito que eu já vi. __Você é linda. - Falou.
__Ah para com isso, Kade. Você está bêbado. - Neguei com a cabeça.
__Não, eu não estou bêbado. Nunca estive mais sóbrio em toda a minha existência. E mesmo se estivesse embriagado você ainda seria linda.
Chuvas De Novembro
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