Capítulo Trinta e Um: Tudo por Sua Causa


NOTAS DA AUTORA

↯ Por favor, não se esqueça de deixar seu voto e seu comentário! 🌅

↯ A ideia era colocar TV in Black and White, mas essa música não existe no youtube mais, apenas no soundcloud. Because of You não é tanto sobre a Sollaria, é mais sobre o Draco 🤪

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"Eu já falei", reclamara Draco alguns dias antes do Baile de Inverno, enquanto tentava recapitular com Sollaria os passos de dança que a ensinara. "Eu conduzo! E você deve alinhar esses pés com os meus. Se não, toda hora vai tropeçar."

— A gente pode descansar um pouco, por favor? — disse Sollaria, respirando fundo. — Acho que preciso de um tempo.

Draco concordou, mas, talvez pensando melhor sobre o assunto, disse:

— Quer saber? Acho que você não está tão ruim assim. — Ele também parecia cansado. — Vamos deixar por isso mesmo; afinal, não tem muito o que melhorar até o Baile.

Sollaria lhe lançou um olhar feio.

— Que é? É verdade.

Revirando os olhos, ela se jogou no sofá.

— Ei — disse ele, sentando-se ao lado dela. — O que foi? Você parece mais quieta do que o normal. Eu percebi que anda distraída também, e...

Ela desviou o olhar.

— Não estou.

— Está sim, e faz um tempo já. Nott e Zabini também notaram.

Sollaria agradeceu por estar sentada, pois, repentinamente, suas pernas viraram gelatina. Eles haviam percebido algo de diferente nela?

Ela engoliu em seco, observando o crepitar da lareira.

Estava agindo de forma estranha? Desde quando? Ela nem sequer notara mudanças em seu comportamento além de, talvez, uma inconveniente incapacidade de não conseguir encarar Draco por mais de alguns segundos sem se sentir uma idiota.

A existência dele e o jeito adorável como ele a olhava eram como um constante lembrete de que ele sempre estivera bem ali, e talvez os sentimentos dela também estivessem, mas ela era muito tola para não tê-los percebido antes.

Sollaria entreabriu a boca, tentando pensar em algo a dizer.

— Draco...

Ela mordeu o lábio inferior.

A culpa é toda sua, ela queria dizer, por fazer eu me sentir assim.

— Sim? — incentivou ele, apoiando o rosto em uma das mãos.

Estava sentado de lado, de um jeito tão despojado, tão... à vontade. Draco ajeitou a alça do vestido dela, que estava caída sobre o ombro.

O toque dele não era novidade; eles já haviam se encostado e se abraçado muitas vezes ao longo dos anos de amizade, mas algo naquele gesto fez com que ela sentisse um frio na barriga.

Levantou-se de um salto, sentindo-se um pouco incomodada com a reação que ela própria tivera.

— Olha só a hora! Já está tarde, você não acha?

Draco franziu o cenho, e se levantou também.

— Não acho, não. São só nove e quarenta e cinco.

Tentou fazer com que ela o olhasse nos olhos, mas ela se ocupou em ajeitar as vestes já perfeitamente alinhadas.

— Por Merlin... O que há com você?

Mas ela já estava se afastando em direção à saída.

— Você não disse que está tarde? Os dormitórios são pra lá! Alô! Sollaria! Converse comigo! — Draco foi atrás dela.

Sollaria fechou os punhos ao lado do corpo. Será que ele não percebia que ela não queria ficar perto dele? Que precisava de um tempo sozinha para pensar, porque ficar ao lado dele o tempo todo de repente estava deixando-a maluca? Seria melhor para os dois se ela se distanciasse até que aquilo passasse, não seria?

— Ei, aonde está indo?

Ela não respondeu; continuou seu caminho em direção às escadas que a levariam ao andar de cima.

— Por que você não me responde? Por que está me ignorando? Pare de me afastar, Sollaria. Eu sei que tem alguma coisa acontecendo, mas não posso te ajudar se você não parar de me ignorar!

— Argh! — Ela se virou para ele. — Será que você não entende? Você não pode me ajudar! Ninguém pode! Eu... Eu...

A expressão no rosto de Draco suavizou, e ele tentou se aproximar.

— É claro que eu posso. É só você permitir que eu...

— Não desta vez — sussurrou ela, sentando-se no degrau mais alto do último lance de escada. — Você não pode me ajudar. Para mim, chega.

Ele se sentou ao lado de Sollaria e colocou a mão no joelho dela.

— E por que não, posso saber?

Porque o problema é você.

Não, você não pode.

Ele ficou em silêncio.

— Alguém te deixou assim?

Sollaria entreabriu os lábios, mas não respondeu.

Ponto para Draco.

— Isso não importa — replicou ela, começando a sentir falta de ar.

Será que ele não poderia simplesmente ir embora?

Lembrou-se da voz de Dumbledore em sua cabeça, ordenando que aprendesse a controlar suas emoções para que isso não influísse em sua magia temperamental.

— Para mim, chega — repetiu ela baixinho, brincando com o detalhe de seu sapato, enquanto tentava respirar.

— Do que você está falando?

Sollaria havia prometido a si mesma que não diria nada. Não sabia se por vergonha, se por medo da reação dele, ou receio de que isso pudesse acabar afastando-os para sempre, até que se tornassem dois estranhos, mas, quando deu por si, disparou:

— Eu achei que poderia guardar isso para mim. Achei que poderia suprimir tudo o que eu sinto.

Ela não o encarou quando disse isso.

— Mas, desde que comecei a aceitar como me sinto, a cada momento que passo ao seu lado, dói, e não deveria doer. É agoniante ter que esconder o que eu sinto, e... — Ela colocou as mãos no rosto, como se aquilo fizesse alguma diferença. Como se pudesse impedir Draco de ver o estado em que ela se encontrava. — E você me perguntou antes o que estava acontecendo comigo. Por que eu estava te afastando. E eu te digo... Porque o problema é você, seu idiota.

Uma lágrima escorreu pela bochecha de Sollaria.

— Eu não consigo pensar em mais nada desde então. Tudo parece tão... claro agora. Como a luz do dia. Era tudo tão óbvio, mas eu estava tão ocupada lidando com todos os meus outros problemas, que eu não havia dado espaço para os meus próprios sentimentos. E eu não sabia que isso podia doer tanto. — As lágrimas caíam livremente agora.

Draco não disse nada, apenas encostou a cabeça dela em seu peito, abraçando-a. Ele estava com uma expressão indecifrável, mas o coração dele batia tão forte que Sollaria sentiu como se as as batidas pudessem reverberar pelo corpo dela também.

— É curioso como cada um lida com os próprios sentimentos. Você não precisa vê-los algo ruim, porque, bom, não deveria ser.

— Do que você está falando? — A voz dela saiu abafada.

— Pelo menos, para mim não é — continuou ele. E então se afastou de Sollaria, pegando o rosto dela entre as mãos.

Aquilo a obrigou a encará-lo, o que a deixou extremamente nervosa e envergonhada (embora, sopesou ela, ele parecesse estar nervoso também, levando em consideração o fato de que seus dedos tremiam).

— Eu me sinto como se... como se todos ao seu redor fossem feitos em preto e branco, mas você, de cores vibrantes. Você faz os meus dias melhores, você me faz uma pessoa melhor. — O olhar dele em nenhum momento se desviou do dela. — Você traz uma cor para a minha vida que eu nunca soube que estava faltando... e você me faz sentir coisas que eu nunca pensei que pudesse sentir, Sollaria. Eu sou mais feliz, mais completo quando estou ao seu lado. E eu quero isso. Quero você. Quero que fique comigo.

— Desde quando? — A voz dela não passava de um sussurro. — Desde quando você se sente assim?

Os dois estavam tão próximos agora...

— Desde sempre.

E então Draco encostou os lábios nos dela, dando início a um beijo suave, lento e doce; não era nada como o beijo que ela e Cedric deram... Draco era gentil, paciente e respeitoso, e parecia querer aproveitar cada segundo daquele momento.

Sollaria sentia como se pudesse flutuar. Era como se ela tivesse ficado todo aquele tempo adormecida, presa na escuridão que eram seus traumas do passado e os problemas com os quais geralmente tinha de lidar, e então, somente agora, ela era capaz de ver a luz do dia. Tudo parecia tão claro, tão... colorido. Com Draco, ali, tudo parecia girar lentamente. Talvez sua cabeça estivesse mesmo girando e girando e girando, diante da consciência de que estava beijando Draco Malfoy, seu melhor amigo.

Eles se afastaram, as bochechas coradas.

Draco pegou a mão dela e beijou delicadamente os nós dos dedos, e então entrelaçou com a própria mão.

Ele olhou para Sollaria daquele jeito que toda jovem gostaria de ser olhada, e então ela percebeu... ele sempre a olhara daquele jeito.

Em quê você está pensando? — perguntou ela baixinho.

— Em como eu sou sortudo. — Ele encostou os lábios nos dela mais uma vez, em um beijo delicado. — E em como você fica bonitinha vermelha.

Sollaria revirou os olhos, os lábios curvando-se em um sorriso.

— Não estraga o momento, Draco.

Os dois se encararam por um segundo antes de caírem na risada. Depois, ficaram em silêncio, apreciando a companhia um do outro. Nenhum dos dois parecia saber muito bem o que fazer em seguida... até que ouviram um barulho do outro lado do corredor, o que fez com que ambos se lembrassem de que provavelmente algum professor, fantasma ou aluno estava patrulhando os corredores.

Draco suspirou e se afastou ligeiramente.

— Acho que precisamos voltar para a sala comunal — disse, com um meio sorriso, ainda segurando a mão dela. — Está ficando tarde.

Sollaria assentiu, de repente muito consciente da presença de Draco e de si mesma, bem como do que havia acabado de acontecer.

— Sim, você tem razão.

Eles se levantaram, voltaram ao Salão Comunal da Sonserina, e Draco acompanhou Sollaria até a escadaria do segundo andar, que levava aos dormitórios femininos.

Não sabia muito bem o que deveria fazer a seguir, e teve a impressão de que Draco também não tinha muito uma ideia.

Ela subiu um degrau e depois outro, tentando pensar em algo, e então se virou para ele, um pouco envergonhada.

— Boa noite, Malfoy — disse Sollaria, com um sorriso tímido.

— Boa noite, Potter — respondeu Draco, divertido.

Ela se afastou depressa, sem dar oportunidade para que aquilo ficasse ainda mais constrangedor.

Um tempo depois, quando Sollaria se deitou com a cabeça no travesseiro, o coração ainda acelerado, pensou em como estava ansiosa para escrever sobre aquilo em seu diário na manhã seguinte.

Ela não conseguia nem assimilar direito o que havia acabado de acontecer. Sentia como se estivesse vivendo em um sonho, um daqueles tão intensos e vívidos que se tem medo de acordar. Mas ela não estava dormindo, e o toque de Draco ainda estava fresco em sua pele, como um lembrete de que tudo aquilo era real.

Sollaria fechou os olhos, ainda lembrando do beijo e do perfume de Draco, das mãos dele em seu rosto e em sua cintura, e em como sua mão trêmula repousava no peito dele...

A pele dela de repente pareceu esquentar, e ela se obrigou a pensar em outra coisa que não fosse os toques de Draco em sua pele ou no perfume dele ou em como seus lábios eram macios.

Parecia uma tarefa impossível; só vinha duas palavras em sua mente, não importava o quanto tentasse pensar em outra coisa para conseguir pegar no sono, e essas palavras eram "Draco" e "Malfoy".

Era oficial: estava completamente apaixonada pelo melhor amigo.

Argh, conseguia até mesmo visualizar o sorriso convencido dele.

E por falar em "melhor amigo"... Tinha o pressentimento de que nada mais seria o mesmo entre eles, o que, ela tinha esperanças, talvez não fosse algo ruim... Gostaria, no entanto, de que pudessem ir um pouco mais devagar com os novos sentimentos, experiências e descobertas.

Ela só tinha esperanças de que Draco também pensasse da mesma forma.

Enquanto seus pensamentos vagavam, a imagem de Draco sorrindo para ela persistia em sua mente.

A incerteza ainda estava lá, mas também havia um conforto, uma sensação de que, de algum modo, eles encontrariam uma maneira de fazer tudo dar certo.

Sollaria fechou os olhos, exausta, e permitiu-se finalmente adormecer, embalada pela mistura de ansiedade e esperança.

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