Capítulo Dezoito: Sollaria Conta a Draco um Segredo


NOTAS DA AUTORA

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A segunda-feira foi estranha. Durante todo o dia, muitos alunos passaram por ela cochichando, espiando-a por cima do ombro e até mesmo apontando.

Algumas garotas murmuravam insultos, como se fosse culpa de Sollaria que Cedric a havia beijado, e outras erguiam as mãos no ar para que ela desse um high five. Aparentemente, ela havia 'mandado bem' ao beijá-lo na festa da Lufa-Lufa.

Os garotos pareciam mais interessados, olhando-a uma segunda vez ou dando risadinhas com os amigos sempre que ela passava, um provocando o outro.

Sollaria não dizia nada e fingia não perceber os olhares sobre si, quase como se nada de diferente estivesse acontecendo. E bem, não estava. Ela havia simplesmente beijado um garoto. O que tinha de mais naquilo?

Entrementes, Draco também não parecia querer conversar muito naquele dia; passara a manhã toda desenhando em um pergaminho, distraído, e, durante as aulas da tarde, lia um livro sobre ética e moral.

Sollaria tinha a impressão de que ele estava ignorando-a de propósito.

Foi apenas no jantar que Draco Malfoy decidiu lhe dirigir a palavra, após passar um dia inteiro em silêncio, parecendo muito introspectivo.

- Hoje é segunda - ele enfiou um pedaço de torta de maçã na boca, mastigou-o e, após engolir, continuou -, e isso significa que você vai desaparecer por horas e não vai me contar o que anda fazendo, não é?

Sollaria bebericou um pouco de seu chá.

- É, é isso mesmo.

Ela respirou fundo, passando as mãos pelos olhos.

- Ah, droga, eu estou tão cansada... - Sollaria bocejou e encostou a cabeça no ombro do amigo.

Correu os olhos pelo Salão, detendo-se na mesa dos professores.

Dumbledore já havia terminado de jantar e agora se levantava. Os olhares de ambos se cruzaram e ele acenou levemente com a cabeça para ela.

- Dumbledore? - exclamou Draco, virando-se para ela. - Você está tendo reuniões particulares com Dumbledore?

Sollaria deu um beliscão na perna do amigo, que deu um tapa leve na mão dela para afastá-la.

- Fale baixo, seu bocó intrometido!

Ela puxou-o pela mão em direção ao corredor externo, que estava vazio.

Ela olhou para os lados e então mandou que ele a seguisse até o Salão Comunal da Sonserina.

- O que é tão importante e confidencial que você não pode me falar nem mesmo em um corredor vazio? - indagou Draco enquanto desciam as escadas.

- Não estávamos sozinhos. Os retratos são um bando de fofoqueiros, e tem os fantasmas, que adoram cuidar da vida dos outros porque não têm mais o que fazer.

As masmorras estavam completamente vazias a não ser por um casal que parecia ocupado demais para notar a presença dos dois quartanistas.

- Venha - murmurou Sollaria, puxando Draco pela manga do uniforme até o dormitório dela quando passaram pela porta da sala comunal.

No entanto, assim que atravessaram o corredor que os levaria para os quartos das garotas, Draco deixou escapar uma exclamação, fazendo com que Sollaria girasse nos tornozelos para perguntar:

- O que foi agora?

Ele não conseguia passar pela entrada do corredor; parecia que uma barreira invisível estava contendo-o de alguma forma.

- É claro. - Sollaria deu um tapinha na própria testa. - Como pude me esquecer?

Draco, que agora desistira de tentar atravessar o corredor, passou a mão pelos cabelos para alisá-los (que estavam arrepiados como se ele tivesse levado um choque) e perguntou, parecendo um pouco ultrajado:

- Do que você está falando?

- Em "Hogwarts, uma História" é explicado que os Fundadores decidiram enfeitiçar a entrada de todos os dormitórios femininos de modo que nenhum garoto pudesse tentar passar por ela.

- Que absurdo! Você já entrou milhões de vezes no meu quarto! Por que é que eu não posso entrar no seu?

Ela deu de ombros e andou até Draco, parando ao lado dele.

- É uma regra milenar, então compreendo que pensassem que as garotas eram "mais confiáveis". De certa forma, acho que isso é uma forma de proteger as garotas também, você sabe, de garotos que podem tentar machucá-las.

Sollaria encostou-se contra a parede e fechou os olhos.

- Céus, como eu sou burra...

Ela havia se esquecido de algo muito útil que Dumbledore havia lhe ensinado no ano anterior... a capacidade de criar uma bolha de proteção sonora ao redor deles.

Draco soltou um palavrão, impressionado.

- C-Como é que você sabe fazer isso?

Ela agachou no chão e fez um gesto para que ele se sentasse ao seu lado.

Sollaria havia pensado no caminho até lá sobre o que poderia revelar a Draco agora que ele descobrira que seu compromisso de segunda-feira era com Dumbledore. Dizer-lhe-ia apenas o que ela própria sabia desde que chegara a Hogwarts - sobre seus poderes e suas aulas, sobre como precisava controlar sua magia e sobre o que havia aprendido até então com o professor Snape e com o diretor.

- O professor Snape? Ele também está envolvido nisso? Mais alguém sabe dessa história?

Ela acenou negativamente com a cabeça sem encará-lo, abraçando os joelhos protetoramente.

- Ninguém. E eu nem sei... Eu nem sei por que é que eu estou fazendo tudo isso. Quero dizer... - Ela suspirou. - Isso é muito para mim. Eu não sei se eu aguento. Eu estou tão cansada...

E então, quando ela caiu em si, já havia falado sobre tudo que sabia desde o dia em que Dumbledore fora até sua casa três anos antes; que havia ficado em abstinência de poções calmantes que a mantinham em um estado apático, de modo que ela mal conseguiria acessar seu poder (embora, à época, ela nem mesmo tivesse conhecimento de que o tinha, além de que Dumbledore havia lhe roubado toda a magia) se quisesse. Contou-lhe que havia sido drogada diariamente por dois longos anos antes que Dumbledore lhe explicasse a verdade sobre si mesma...

- E é por isso que eu estou tendo aulas. - Ela começou a desenhar círculos invisíveis no carpete, refletindo se deveria ou não contar também a respeito da conversa que entreouvira entre Dumbledore e Snape uma vez. - Porque eu tenho muito poder e não é seguro que eu não saiba controlá-los. E eu prometi não contar a ninguém. Não que eu fosse contar, de qualquer forma - acrescentou ela baixinho.

Draco imitou a forma como Sollaria estava sentada, tentando fazer com que ela olhasse para ele.

Ela virou o rosto para o outro lado, fechando os olhos com força para ignorar a dor que preenchia seu peito.

- Tem mais coisa que você não está me contando, não é?

As aulas do ano anterior com Dumbledore... As dores de cabeça que tinha toda vez que entrava e saía da sala de Snape... A pressão em cima dela e como se sentia traída, violada, usada...

A conversa sobre ela - que ela era um monstro e que eles tinham medo dela.

O silêncio de Sollaria tinha sido o suficiente para que ele compreendesse.

Ela apertou os olhos com mais força. Ela não ia chorar. Prometera a si mesma que tentaria enfrentar aquilo tudo de cabeça erguida.

Chorar não era uma opção.

Ela não podia ceder.

Ela tinha que tentar... Não podia abaixar a cabeça.

Ela não os deixaria ver como aquilo tudo havia a destruído... Estilhaçado seu coração. Pedaço por pedaço sendo arrancado lentamente, até que não sobrasse mais nada para juntar.

- Uma coisa ruim? - perguntou ele com cautela.

Outro aceno afirmativo com a cabeça, porque se dissesse qualquer coisa...

Ela estava tão cansada de tentar ser forte. Tão cansada...

Daquela vez, ela havia tateado com a mão direita, procurando a mão de Draco. Eles entrelaçaram os dedos e ficaram ali, em silêncio, encostados contra a parede do corredor.

- Me perdoe.

Ela se virou para ele, confusa.

- Pelo quê?

Ele encarou as mãos entrelaçadas e fez um desenho invisível nas costas da mão dela, embora ela não conseguisse identificá-lo.

- Por pressioná-la demais às vezes... para responder perguntas que agora entendo que você não quer responder porque são partes de seu passado que ainda a machucam. Prometo tentar não fazer mais isso. Eu não... Eu não sabia.

Ela encostou a cabeça na parede e olhou para o teto.

- Eu nem sei como eu... Como eu consegui lhe contar tudo isso.

Uma lágrima escorreu pela sua bochecha, mas ela não a afastou.

- Fiquei tanto tempo carregando este fardo e eu... - Ela olhou para Draco, os olhos marejados. - Eu não conseguia mais nem mesmo conceber a ideia de confiar em alguém depois de tudo o que aconteceu. Você é a única pessoa para quem eu contei isso.

Draco segurou o rosto de Sollaria entre as mãos e beijou-lhe o topo da cabeça, limpando as lágrimas traidoras que caíam sem parar.

- Eu fico honrado, Sollaria, em ser esta pessoa para você. Obrigado por... - Ele pareceu hesitar. Ela confiava nele? Ou havia apenas desabafado? -...por me contar como se sente.

Ela ergueu os olhos, fitando-o, os lábios levemente abertos devido à dificuldade de respirar pelo nariz agora congestionado devido às lágrimas. Draco passou a mão delicadamente por sua bochecha, fazendo com que ela fechasse os olhos por um momento.

Sollaria os abriu lentamente, apenas para descobrir que ele ainda olhava para ela, e estava perto demais.

O coração dela estava acelerado em virtude de toda a emoção que havia lhe acometido. Ela nem ao menos sabia o que pensar.

Draco estava próximo demais e ela não sabia como se sentia quanto a isso. Quanto à forma que ele lhe olhava e lhe tocava em um momento de tanta vulnerabilidade.

Encararam-se por apenas um segundo a mais antes de ela desviar os olhos e se afastar, já se levantando.

- Eu... Eu tenho que ir. Dumbledore está me esperando, e eu ainda tenho que subir muitos lances de escada.

Ela desfez a bolha de proteção que os envolvia e caminhou lentamente até a saída, sem olhar para trás. Assim que se distanciou consideravelmente das Masmorras, encostou-se contra a parede e cobriu o rosto com as mãos.

Ela havia contado seu segredo mais íntimo para Draco. Confidenciara a ele uma parte de si que mais ninguém conhecia. Agora, estava totalmente vulnerável.

Draco não contaria a mais ninguém, e ela sabia daquilo, mas... Como ele a encararia a partir de agora?

Pequena... Era como se sentia naquele momento.

E o que quase acontecera apenas alguns minutos atrás (pelo menos, o que ela pensava que quase acontecera)...

O rosto de Sollaria esquentou como se estivesse em chamas.

Ela sentiu uma inquietação tão insuportável que teve que conter um impulso de arranhar o próprio rosto e puxar os cabelos.

Ela era tão burra...

- Meu Deus... O que foi que eu fiz?

______

Aquela primeira aula havia sido como todas as outras que Sollaria tivera com Dumbledore - exaurível, complicada e extremamente perturbadora. Não que ele fizesse algo que a machucasse, mas ela se sentia muito incomodada com tudo aquilo.

Sim, ela queria aprender mais sobre seus poderes e sim, ela queria aprender a controlá-los, mas da forma como o diretor falava... Como se ela tivesse que fazer aquilo, e não porque era da vontade dela...

Ela não gostava de ser forçada a fazer nada. Não gostava de ser pressionada.

Mas lá estava ela, saindo de mais uma aula com o diretor, tarde da noite. A lição daquela semana havia sido a respeito do feitiço Impedimenta, uma azaração que retarda momentaneamente qualquer oponente que esteja atacando.

Ela havia tentado usar em Dumbledore, e ele havia usado nela. Sollaria não tivera sucesso nas primeiras vezes, mas, ao final da aula, ela já havia conseguido retardá-lo uma vez.

"Praticaremos mais um pouco na próxima aula. Aconselho que treine ao longo dessa semana com objetos pequenos e médios", dissera Dumbledore antes de dispensá-la.

Ela se arrastou até a Sala Comunal da Sonserina e empurrou a pesada e imponente porta de entrada, apenas para encontrar Nyx correndo em sua direção para recepcioná-la.

- Oi, meu docinho - sussurrou ela, ajoelhada no chão, para a gatinha que se esfregava em seus braços.

Draco surgiu da outra câmara.

- É claro. - Ela riu. - Parece que você não dorme enquanto eu não aparecer, não é, Malfoy? Está tarde. Você deveria ir descansar. Amanhã é um outro dia.

Ele se ajoelhou diante dela e acariciou Nyx também, fitando Sollaria como se pudesse enxergar além de seus olhos verdes, além de sua alma.

- O que foi? - indagou ela, esfregando os olhos.

Ele virou o rosto, tornando a dar atenção à gatinha.

- Não é nada. E eu digo o mesmo. Você deveria ir descansar. Pelo que me recordo, você tem treino logo cedo, não tem?

Sollaria deu um gemido de frustração.

- Sim, eu tenho. Quase havia me esquecido disso. - Ela esfregou a cabeça, os olhos levemente desfocados. - Eu preciso escrever algumas cartas ainda. Você sabe... Para casa. E para Sirius e Remus. - Sua expressão se suavizou e o canto de seus lábios curvaram-se em um pequeno sorriso. - Você deveria ir se deitar.

Draco pegou Nyx no colo e se levantou, oferecendo a mão para Sollaria, que aceitou a gentileza.

Ele tocou o queixo dela para que pudesse encará-la, e então perguntou:

- Você vai ficar bem?

Sollaria não disse nada, embora a forma como seus olhos pareciam cansados e tristes fosse resposta suficiente.

Draco sabia que ela estava tentando permanecer forte, de cabeça erguida. Que ela não lhe diria muita coisa porque não queria que ele pensasse que ela estava sentindo pena de si mesma... Porque ela não estava. Ela não sentia pena de si mesma. Às vezes, sentia raiva, ressentimento, mas nunca pena. Jamais pena.

- Está tudo bem, Draco.

O garoto beijou o topo da cabeça dela e então (não sem antes olhar para trás), atravessou a antecâmara, deixando-a sozinha no Salão Comunal.

Os dois dias seguintes não foram muito interessantes. Sollaria se exercitara com Cedric, comparecera às aulas junto com Draco e os outros colegas da Sonserina (Pansy havia dado "bom-dia" para ela quando entrara nas Estufas na terça-feira, em uma clara tentativa de ser educada com pessoas "inferiores") e tentara ler um livro antes de se recolher para dormir na terça-feira, mas a algazarra no Salão Comunal por causa da nova música d'As Esquisitonas não permitiu que ela avançasse muito mais do que algumas páginas.

Depois do jantar na quarta-feira, Astória pedira ajuda com uma lição de Defesa Contra as Artes das Trevas e, como Sollaria era boa na matéria, conseguiu tirar a dúvida da jovem Greengrass antes de rumar para a sala de Snape.

"Bem, Potter", cuspira o professor. "Você já dominou a arte de esvaziar a mente, como bem me lembro. Teve êxito em me expulsar de sua mente e, se bem me recordo, devido à interrupção em nossa programação no ano letivo anterior, não conseguimos concluir a Oclumência Básica."

Ela acenou positivamente.

"Pois bem", continuou ele. "O próximo passo é bloquear. Isso significa que você deve me impedir de tentar entrar em sua mente. Me bloquear."

Às dez horas da noite, Sollaria se jogou em sua cama e encarou o teto, a cabeça latejando de dor após horas incessantes de esforço mental com o professor Snape.

Ele era particularmente radical; ela tinha o dever de ser extremamente perfeita, mas diante de qualquer falha, era vista por Snape como um completo fracasso. E apesar de ter conseguido sustentar por um segundo suas barreiras mentais, o que definitivamente já era um começo, não era o suficiente para uma primeira aula. Não para o professor Snape, pelo menos.

Sollaria fechou os olhos. Ela precisava de apenas cinco minutos, e então se prepararia para a aula de Astronomia.

Ela não sabia dizer se apenas estava descansando ou se havia caído em um sono profundo, porque apesar de se sentir completamente consciente do que acontecia ao seu redor - sabia que estava em seu dormitório na Sala Comunal da Sonserina -, não conseguia abrir os olhos ou se mexer.

Era como se estivesse presa por cordas invisíveis, e a escuridão de repente pareceu desvanecer. Logo, ela conseguiu enxergar através da escuridão, do vazio em que aparentemente se encontrava.

Deu alguns passos em direção à luz que surgia, como se esta sussurrasse seu nome; da escuridão que se tornou luz, ela viu o nada tomar forma.

Sabia onde estava; reconheceu o andar de cima do Salão Comunal da Sonserina, mais precisamente, a área de lazer. De repente, Astória e Ginny entraram em seu campo de visão, as duas inclinadas sobre um tabuleiro de Xadrez de Bruxo.

—...E Neville quase morreu esses dias nessa brincadeira — comentou Ginny, observando a jogada que a amiga fazia. — Aqueles idiotas... Não acredito que Fred e George tentaram mesmo testar os produtos dele no coitado do Neville!

Sollaria ergueu as sobrancelhas, surpresa. Aparentemente, Fred e George já estavam na fase de testes de seus produtos... e estavam usando outros alunos de cobaia!

— Sorte que Harry foi rápido e pegou o antialérgico dele — replicou Astória, pálida.

Ginny suspirou, pensativa.

— É, que sorte, não é? Ele é tão esperto...

Astória estreitou os olhos.

— Você não o esqueceu, esqueceu?

O cavalo de Astória destruiu o peão de Ginny, mas ela nem pareceu se importar.

— Ai, Tori, é claro que não. Eu tentei, tá bom? Mas ele é tão... — Ela se abanou com a mão.

Sollaria subitamente sentiu o rosto esquentar, constrangida; aquele era um momento muito particular da irmã, e ela duvidava que Ginny compartilharia aquele tipo de coisa com ela.

Astória riu.

— Acho que você poderia pelo menos fingir que não tem uma quedinha por ele, então. Você deixa tããão óbvio às vezes.

Ginny revirou os olhos, mas, depois, caiu na gargalhada com a amiga.

— Ah, talvez você esteja certa. — Ela inclinou o pescoço para o lado, refletindo. — Mas estou trabalhando nisso, você vai ver. Talvez eu até dê uma chance para Michael Corner da Corvinal, e então não vou mais parecer a menininha idiota que pensam que eu sou.

Astória inclinou-se sobre o tabuleiro e pegou a mão da amiga.

— Pare de se importar com essas bobagens. Você é muito mais do que isso. — Ela deu um bocejo. — Não vejo a hora de você se dar conta. Ah, olhe só, onze e quarenta e cinco da noite. Já está um pouco tarde, não acha?

Em alguma parte distante de sua mente, Sollaria ouviu uma voz chamando por ela.

Sollaria, acorde.

Sollaria, acorde.

SOLLARIA!

Ela abriu os olhos, apenas para se deparar com Pansy inclinada sobre ela.

- Finalmente. Nunca te vi dormir assim, como uma pedra. Te chamei umas dez vezes.

Sollaria se sentou preguiçosamente e olhou ao redor do quarto vazio.

- Que horas são?

- Onze e quarenta e cinco. Nós temos aula de Astronomia agora. Você vem?

Sollaria piscou os olhos, fitando Pansy demoradamente.

- O que foi?

- Obrigada por me chamar. Isso foi muito gentil da sua parte.

Pansy se virou para o outro lado e murmurou algo em resposta. Sollaria desconfiava que ela não sabia muito bem como lidar com agradecimentos e elogios.

O coração da Sollaria pareceu inchar de felicidade. Pansy havia a tratado bem. Ela estava tentando.

Sollaria jamais poderia se esquecer daquilo.

No dia seguinte, a única coisa sobre a qual os quartanistas conseguiam conversar era a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas que teriam naquela tarde.

Todos estavam empolgadíssimos para descobrir o que o lendário auror Olho-Tonto Moody lhes ensinaria.

Bem, todos menos Draco e Sollaria.

A garota notara que especialmente naquela tarde Draco parecia ainda mais quieto do que o normal e, ao entrarem na sala de aula, ela conseguiu ouvi-lo respirar fundo, como se estivesse se preparando para algo. Talvez a história da doninha ainda fosse um tópico sensível para ele.

Sollaria colocou a mão em seu ombro, um sinal de empatia, e depositou-lhe um beijo na bochecha.

- Está tudo bem, Draco. Você não estará sozinho.

Ela não entendeu a repentina necessidade de entrelaçar seus dedos nos dele para entrar na sala, mas sentira que aquilo era o certo a se fazer.

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