NOTAS DA AUTORA

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↯ A cena em que o Sirius conta da ida ao veterinário foi totalmente inspirada em um vídeo do @/bebopmoony no TikTok!

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Uma mistura de rosa e laranja ainda coloria o céu quando o senhor Weasley acordou os outros na manhã seguinte. O sol nem mesmo despontava no horizonte, e dezenas de bruxos conduziam suas famílias para longe do acampamento, desesperadas para irem embora dali o mais rápido possível.

O senhor Diggory e Cedric não voltaram com eles pela Chave de Portal, mas Sirius e Remus decidiram acompanhá-los até a Toca, mesmo que tivessem que caminhar também.

Sirius estava contando para Harry, Sollaria, Fred e George da vez em que ele e James acharam que seria genial e muitíssimo engraçado se eles fossem a um veterinário trouxa alegando ser apenas um cachorrinho e o seu dono.

- Mas a coisa ficou séria quando o veterinário quis medir a minha temperatura. - Sirius fechou a cara de repente. - James e eu nunca mais falamos sobre aquele dia.

Os quatro explodiram em gargalhadas, e Sollaria e Harry trocaram um olhar cheio de significado.

Ela se perguntou se ele também se questionava sobre como seria conhecer James e Lily - como seria poder conversar com eles.

Qual seria o cheiro deles? Será que ela cheirava a shampoo de morango e ele a frescor de pinho? Ou cheirasse a canela, talvez? Imaginava se eles sabiam falar outros idiomas. Qual seria a cor favorita deles? Para qual time de Quadribol seu pai torcia? Qual era o livro favorito de sua mãe?

Ela abaixou os olhos de repente, reflexiva.

Sirius notou, e logo passou o braço ao redor de seus ombros.

- Ei, Mini-Evans, o que houve?

Sollaria ergueu os olhos e encarou-o, dando um sorriso mínimo e infeliz.

- Eu só estava me perguntando como... Como era conhecê-los.

Sirius afagou-lhe o braço, parecendo um pouco abatido de repente.

- Vocês passaram tanto tempo com eles... Quero dizer... Me pergunto qual seria a cor favorita deles. E o Time preferido de papai. Será que eles sabiam falar várias línguas? Tenho a impressão de que mamãe era muito inteligente. Como era o temperamento deles? E qual era a religião da família de minha mãe? Eu não sei nada sobre eles... E vocês têm tantas histórias que ainda não nos contaram...

Remus, que caminhava ao lado de Sirius, soltou um profundo suspiro e apertou a alça da mochila em suas costas.

- Eu imagino o quão difícil deve ser. Não entendo, mas posso imaginar como é. Eu sinto muito, Sollaria. Harry. - Ele olhou para o garoto e disse: - Você tem muito de James. Não só a aparência, mas... Esse jeito destemido, despreocupado com as regras, essa... Rebeldia. - Ele sorriu. - Fora esse temperamento. James também não era um poço de paciência. Mas você tem os olhos de Lily, e tem a força dela também. Nunca conheci alguém tão resiliente quanto Lily Evans. Ela era a minha melhor amiga...

Harry esboçou um sorriso.

Remus se dirigiu a Sollaria em seguida:

- E você, Sollaria, é uma cópia quase fiel de Lily. Tem a inteligência e a dedicação dela. A paciência e a pureza de coração de Lily... Eu jamais havia visto isso em mais ninguém. Até conhecer você. Via como ajudava Neville, o quanto estudava incansavelmente na Biblioteca... Mas tem muito de James em você também. O modo como defende aqueles que ama, sua perspicácia, a dedicação que tem pela sua família...

Sirius interrompeu-o, dando um tapinha no ombro do amigo.

- Olha, Moony, belas palavras, mas acho que eles querem saber coisas mais pontuais, tipo essas coisas que ela falou. - Ele se colocou entre os gêmeos, caminhou em silêncio por um momento, como se pensasse por onde poderia começar, e então disse: - Os dois eram bem previsíveis. A cor preferida deles era vermelho. O Time preferido de seu pai definitivamente era o Puddlemere United.

- Não! - exclamou Sollaria dramaticamente, colocando a mão sobre o peito.

Todos olharam para ela.

- Meu pai torcia pelo Puddlemere United! - justificou ela. - Logo o rival do Holyhead Harpies?

- Pelo menos não é o Chudley Cannons - replicou Sirius, defendendo a memória do falecido amigo. - Esse time é um desastre.

Rony, que começara a prestar atenção à menção de seu time favorito, exclamou:

- Ei!

Os olhos de Sollaria brilhavam quando ela se voltou para Sirius.

- Um dos meus maiores sonhos é conhecer Gwenog Jones. Eu sou fã dela desde que eu tinha uns sete anos! Eu e Ginny até colamos uma foto dela na parede do nosso quarto.

- Seu pai deve estar se revirando no túmulo neste exato momento - brincou Sirius. - A gente pode continuar com isso mais tarde? Estou ficando com falta de ar. Acho que Azkaban me deixou sedentário.

Um tempo depois, quando finalmente chegaram a Ottery St. Catchpole e avistaram A Toca, um grito ecoou pela estrada úmida.

- Ah, graças a Deus, graças a Deus!

Molly Weasley, que evidentemente estivera à espera diante da casa, veio correndo ao encontro deles, ainda usando chinelos, o rosto pálido e tenso, um exemplar amassado do Profeta Diário amarrotado na mão.

- Arthur... eu estava tão preocupada... tão preocupada...

Ela se atirou ao pescoço do marido e o Profeta Diário caiu de sua mão frouxa no chão.

Harry pegou-o do chão, afastou um pouco da terra e leu junto de Sollaria:

"CENAS DE TERROR NA
COPA MUNDIAL DE QUADRIBOL"

O título da manchete era seguido por uma foto em preto e branco da Marca Negra cintilando sobre as copas das árvores.

- Vocês estão bem - murmurou a mulher distraída, largando o marido e olhando para os garotos com os olhos vermelhos -, vocês estão vivos... ah, meninos...

- Ora. vamos, Molly, estamos todos perfeitamente bem - disse o senhor Weasley acalmando-a, desvencilhando-a dos filhos e levando-a em direção à casa. - Harry - murmurou ele em voz mais baixa -, depois quero dar uma olhada nesse jornal.

Quando já estavam todos apertados na pequena cozinha e Hermione preparara uma xícara de chá forte para a senhora Weasley, no qual o marido insistira em acrescentar uma dose de uísque, Harry entregou o jornal ao senhor Weasley. Ele examinou a primeira página enquanto Percy espiava por cima do seu ombro.

- Eu sabia - murmurou deprimido. - Ministério erra... responsáveis livres... segurança
ineficaz... bruxos das trevas correm desenfreados... desgraça nacional... Quem escreveu isso? Ah... só podia ser... Rita Skeeter.

- Essa mulher vive implicando com o Ministério da Magia! - reclamou Percy, furioso.

- Falaram de mim - disse o senhor Weasley, arregalando os olhos por trás dos óculos ao chegar ao fim do artigo no Profeta Diário.

- Onde? - perguntou num atropelo Molly, engasgando-se com o chá batizado com uísque. - Se eu tivesse visto isso, saberia que você estava vivo!

- Não dizem o meu nome - explicou o marido. - Escute só isso: "Se os bruxos e as bruxas aterrorizados que prendiam a respiração à espera de notícias na orla da floresta queriam ouvir do Ministério da Magia uma palavra que os tranquilizasse foram lamentavelmente desapontados. Um funcionário do Ministério saiu da floresta uns minutos depois do aparecimento da Marca Negra, dizendo que não havia ninguém ferido, mas recusando-se a dar mais informações. Resta ver se tal declaração será suficiente para abafar os boatos de que vários corpos foram retirados da floresta uma hora mais tarde."

Ele soltou um profundo suspiro.

- Molly, vou ter que ir ao escritório, isso vai dar um certo trabalho para consertar.

- Eu vou com você, pai - disse Percy já pondo de volta a capa de viagem. - O senhor Crouch vai precisar de toda a equipe lá.

O rapaz saiu apressado da cozinha.

A senhora Weasley pareceu muito aborrecida.

- Arthur, você está de férias! Isso não tem nada a ver com o seu trabalho, com certeza eles podem resolver o caso sem você, não?

- Tenho que ir, Molly - disse o senhor Weasley. - Piorei as coisas com a minha declaração. Vou trocar de roupa um instante e vou...

Ele também saiu da cozinha, parecendo um pouco cansado.

Rony se virou para Sollaria e Harry e disse:

- Vamos jogar uma partida de Quadribol no pomar? Uma melhor de três?

Sollaria olhou para Sirius, esperando que ele também topasse.

- É, assim eu posso tentar uma Finta de Wronski - topou Harry animado.

Ginny, Bill, Charlie, Fred e George também toparam, então logo todos trocaram de roupa e foram para o morro mais próximo.

A mãe dos garotos fez limonada e levou para todos algum tempo depois, quando fizeram uma pausa.

Hermione e Remus colocaram duas cadeiras sob a sombra de uma árvore próxima (mas não próxima o suficiente para que se machucassem) e ficaram lendo livros, e nenhum deles ficou surpreso ao descobrir que o livro que a garota estava lendo era um dos livros pedidos para aquele ano.

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Nem o senhor Weasley nem Percy pararam muito em casa na semana seguinte. Os dois saíam toda manhã antes do resto da família se levantar e só voltavam bem depois do jantar.

- Tem sido um absoluto tumulto - contou Percy a todos no domingo à noite, véspera dos garotos regressarem a Hogwarts. - Estive apagando incêndios a semana inteira. As pessoas não param de mandar berradores e, é claro, se a gente não abre um berrador na mesma hora ele explode. Tem marcas de queimadura por toda a minha mesa e a minha melhor pena ficou reduzida a cinzas.

- Por que é que estão mandando berradores? - perguntou Ginny, que se ocupava em remendar com fita adesiva o seu exemplar de Mil Ervas e Fungos Mágicos, sentada no tapete diante da lareira da sala de estar.

- Para se queixarem da falta de segurança na Copa Mundial - disse Percy. - Querem compensação pelos prejuízos. Mundungus Fletcher entrou com um pedido de compensação pela perda de uma barraca de doze suítes com banheira jacuzzi, mas eu saquei logo qual era a dele. Sei sem a menor dúvida que ele estava dormindo embaixo de uma capa estendida por cima de paus.

Sollaria deu uma risadinha.

Fred e George estavam sentados a um canto, provavelmente trabalhando em mais uma de suas invenções, quando a senhora Weasley exclamou de repente:

- Ah, seu pai está chegando!

Ela estava olhando fixamente para o relógio que anunciava onde todos da família estavam. O ponteiro do pai dos garotos de repente girou de "trabalho" para "viagem"; um segundo depois parou estremecendo em "casa" junto aos demais, e todos o ouviram chamar da cozinha.

- Estou indo, Arthur! - respondeu a mulher, saindo correndo da sala.

Mais alguns minutos e ele entrava na sala aquecida, trazendo o jantar numa bandeja. Parecia completamente exausto.

- Bom, agora a coisa está realmente pegando fogo - comentou ele com a esposa, sentando-se numa poltrona junto à lareira e brincando desanimado com uma porção murcha de couve-flor. - Rita Skeeter andou fuçando a semana inteira, procurando mais bobagens ministeriais para denunciar. E agora descobriu que a coitada da velha Bertha está desaparecida, então isso vai ser a manchete de amanhã no Profeta. Eu disse a Bagman que ele devia ter mandado alguém procurá-la há séculos.

- O senhor Crouch vem dizendo isso há semanas seguidas - disse Percy enquanto escrevia um relatório, apoiado sobre a mesinha de centro.

Sollaria, que estava jogando Xadrez com Bill, finalmente revelou:

- Bertha Jorkins está morta há semanas.

Todos se viraram para ela.

- Do que você está falando? - indagou Percy.

- Achei que Sirius ou Remus tivessem comunicado isso a vocês. Dumbledore já sabe há séculos. - Ela olhou para os pais e franziu o cenho.

- Como você ficou sabendo disso? - O rosto do pai dela parecia ter perdido a cor.

- Falavam sobre o desaparecimento de Bertha na Albânia - disse ela, ignorando a pergunta do pai. - E sobre como a mataram depois que ela deu as informações que eles precisavam.

Harry e ela trocaram um olhar.

- Eles quem? - perguntou a mãe.

Seu peão foi destruído pela torre de Bill, os restos da peça se espalhando sobre a mesinha de centro.

- Peter Pettigrew e Vocês-Sabem-Quem.