Capítulo Vinte: O Mapa do Maroto


NOTAS DA AUTORA

↯ Por favor, não se esqueça de deixar seu voto e seu comentário! 🌺

↯ Eu gostaria de adiantar que este e os capítulos seguintes terão bastante cenas retiradas dos livros, especialmente porque são muito importantes para o plot. Por isso, peço perdão, já que sempre tento não fazer algo "copia e cola". Saliento que é importante ler mesmo assim, porque eu fiz várias alterações. Boa leitura!

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Houve um silêncio audível.

O coração de Sollaria batia tão rápido que ela pensou que ele poderia simplesmente saltar para fora do peito.

Lobisomem? Remus Lupin era um lobisomem?

Os olhos de todos agora estavam postos em Lupin, que parecia extraordinariamente calmo, embora muito pálido.

- O que disse não está à altura do seu padrão de acertos, Hermione. Receio que tenha acertado apenas uma afirmação em três. Eu não tenho ajudado Sirius a entrar no castelo e certamente não quero ver Harry e Sollaria mortos... - Um estranho tremor atravessou seu rosto. - Mas não vou negar que seja um lobisomem.

Rony fez um corajoso esforço para se levantar outra vez, mas caiu com um gemido de dor. Lupin adiantou-se para ele, parecendo preocupado, mas Rony exclamou:

- Fique longe de mim, lobisomem!

Sollaria deu um tapa na nuca do garoto.

- Não aja como um preconceituozinho de merda, Ronald.

Lupin, que estava imóvel, pareceu se esforçar para não esboçar um sorriso na direção da afilhada e, com muita calma, virou-se para Hermione e perguntou:

- Há quanto tempo você sabe?

- Há séculos - sussurrou Hermione. - Desde a redação do professor Snape...

- Ele ficará encantado - disse Lupin tranquilo. - Passou aquela redação na esperança de que alguém percebesse o que significavam os meus sintomas. Você verificou a tabela lunar e percebeu que eu sempre ficava doente na lua cheia? Ou você percebeu que o bicho-papão se transformava em lua quando me via?

- Os dois - respondeu Hermione em voz baixa.

Lupin forçou uma risada.

- Você é a bruxa de treze anos mais inteligente que já conheci, Hermione.

- Não sou, não - sussurrou Hermione. - Se eu fosse um pouco mais inteligente, teria contado a todo mundo quem o senhor é!

- Mas todos já sabem. Pelo menos os professores sabem.

- Dumbledore contratou o senhor mesmo sabendo que o senhor é um lobisomem?! - exclamou Rony. - Ele é louco?

- Alguns professores acharam que sim - respondeu Lupin. - Ele teve que trabalhar muito para convencer certos professores de que eu sou digno de confiança...

- E ELE ESTAVA ENGANADO! - berrou Harry, que estava muito quieto havia um tempinho. Pelo visto, estava acumulando toda a sua ira. - O SENHOR ESTEVE AJUDANDO ELE O TEMPO TODO! - O garoto apontou para Black, que, de repente atravessou o quarto em direção à cama de colunas e afundou nela, o rosto escondido em uma das mãos trêmulas.

Bichento saltou para junto dele e subiu no seu colo, ronronando. Rony se afastou devagarinho dos dois, arrastando a perna.

- Eu não estive ajudando Sirius - respondeu Lupin. - Se você me der uma chance, eu explico... Olhe...

O professor separou as varinhas de Harry, Rony, Sollaria e Hermione e devolveu-as aos donos.

Sollaria apanhou a dela, ainda sem encarar o padrinho.

- Pronto - disse Lupin, enfiando a própria varinha no cinto. - Vocês estão armados e nós, não. Agora vão me ouvir?

Sollaria olhou de Lupin para a perna machucada de Rony e então para a porta do quarto onde estavam.

- Se o senhor não esteve ajudando - disse Harry, lançando um olhar furioso a Black -, como é que soube que ele estava aqui?

- O Mapa. O Mapa do Maroto. Eu estava na minha sala examinando-o...

- O senhor sabe trabalhar com o Mapa? - indagou Sollaria, surpresa.

- Claro que sei - disse Lupin fazendo um gesto impaciente com a mão. - Ajudei a criá-lo. Eu sou Moony, esse era o apelido que meus amigos me davam na escola.

Sollaria abriu a boca, ainda impressionada.

- O senhor criou...?

- O importante é que eu estava examinando o Mapa atentamente hoje à noite, porque imaginei que gostariam de fazer uma visita a Hagrid agora que os exames acabaram. E estava certo, não é mesmo?

Lupin começara a andar para cima e para baixo do quarto, com os olhos fixos nos garotos. Pequenas nuvens de pó se levantavam aos seus pés.

- Você poderia estar usando a velha Capa do seu pai, Harry...

- Como é que o senhor sabia da Capa? - indagou o garoto.

Sollaria sorriu de lado. Harry era muito bobo às vezes. É claro que o professor saberia sobre a Capa, se era amigo o suficiente dos Potter para ser nomeado padrinho de um dos filhos do casal.

- O número de vezes que vi James desaparecer debaixo dela... - disse, fazendo outro gesto de impaciência com a mão. - A questão é que, mesmo quando a pessoa está usando a Capa da Invisibilidade, ela continua a aparecer no Mapa do Maroto. Observei vocês atravessarem os jardins e entrar na cabana de Hagrid. Vinte minutos depois, vocês saíram e voltaram em direção ao castelo. Mas, então, iam acompanhados por mais alguém.

- Quê?! - exclamou Sollaria, imaginando se o professor havia levado uma pancada forte na cabeça. - Não, não íamos!

- Eu não podia acreditar no que estava vendo - continuou o professor, prosseguindo a caminhada e fingindo não ter ouvido a interrupção da afilhada. - Achei que o Mapa não estava registrando direito. Como é que ele podia estar com vocês?

- Não tinha ninguém com a gente!

- Então vi outro pontinho, andando depressa em sua direção, rotulado Sirius Black... vi-o colidir com você; observei quando arrastou dois de vocês para dentro do Salgueiro Lutador...

- Um de nós! - corrigiu-o Rony, zangado.

- Não, Rony. Dois de vocês.

Ele parou de andar, os olhos em Rony.

- Você acha que eu poderia dar uma olhada no rato? - perguntou com a voz equilibrada.

- Quê?! - exclamou Rony. - Que é que o Perebas tem a ver com isso?

- Tudo. Posso vê-lo, por favor?

Rony hesitou, depois enfiou a mão nas vestes. Perebas apareceu, debatendo-se desesperadamente; o garoto teve que segurá-lo pelo longo rabo pelado para impedi- lo de fugir. Bichento ficou em pé na perna de Black e sibilou baixinho.

Lupin se aproximou de Rony. Parecia estar prendendo a respiração enquanto examinava Perebas atentamente.

- Quê? - repetiu Rony, segurando Perebas mais perto com um ar apavorado. - Que é que meu rato tem a ver com qualquer coisa?

- Isto não é um rato - disse Sirius Black, de repente, com a voz rouca.

- Que é que você está dizendo... é claro que é um rato...

- Não, não é - confirmou Lupin calmamente. - É um bruxo.

- Um animago - disse Black - que atende pelo nome de Peter Pettigrew.

Levou alguns segundos para que Sollaria tentasse absorver o que os dois estavam tentando afirmar. Era simplesmente demais para tentar compreender.

Então Rony disse em voz alta o que os quatro deveriam estavar pensando:

- Vocês dois são malucos!

- Ridículo! - exclamou Hermione baixinho.

- Peter Pettigrew está morto! - afirmou Harry. - Ele o matou há doze anos! - O garoto apontou para Black, cujo rosto tremeu convulsivamente.

- Tive intenção - vociferou o acusado, os dentes amarelos à mostra -, mas Peter levou a melhor... mas desta vez não!

E Bichento foi atirado ao chão quando Black avançou para Perebas; Rony berrou de dor ao receber o peso de Black sobre sua perna quebrada.

- Sirius, NÃO! - berrou Lupin, atirando-se à frente e afastando Black para longe de Rony. - ESPERE! Você não pode fazer isso assim... eles precisam entender... temos que explicar...

- Podemos explicar depois! - rosnou Black, tentando tirar Lupin do caminho. Ainda mantinha uma das mãos no ar, com a qual tentava alcançar Perebas, que, por sua vez, guinchava feito um porquinho, arranhando o rosto e o pescoço de Rony, tentando escapar.

- Eles têm... o... direito... de... saber... de... tudo! - ofegou Lupin, ainda tentando conter Black. - Ele foi bicho de estimação de Rony! E tem partes dessa história que nem eu compreendo muito bem! E Harry e Sollaria... você deve a verdade a eles, Sirius! Nós... Nós devemos.

Black parou de resistir, embora seus olhos fundos continuassem fixos em Perebas, firmemente seguro sob as mãos mordidas, arranhadas e sangrentas de Rony.

- Está bem, então - concordou Black, sem desgrudar os olhos do rato. - Conte a eles o que quiser. Mas faça isso depressa, Remus, quero cometer o crime pelo qual fui preso...

- Vocês são pirados, os dois - disse Rony trêmulo, procurando com os olhos o apoio de Sollaria, Harry e Hermione. - Para mim chega. Estou fora.

O garoto tentou se levantar com a perna boa, mas Lupin tornou a erguer a varinha, apontando-a para Perebas.

- Você vai me ouvir até o fim, Rony - disse calmamente. - Só quero que mantenha Peter bem seguro enquanto me ouve.

- ELE NÃO É PETER, ELE É PEREBAS! - berrou Rony, tentando empurrar o rato para dentro do bolso das vestes, mas Perebas resistia com todas as forças; Rony oscilou e se desequilibrou, mas Harry o amparou e empurrou de volta à cama.

Então, sem dar atenção a Black, Harry se dirigiu a Lupin.

- Houve testemunhas que viram Pettigrew morrer - disse. - Uma rua cheia...

- Eles não viram o que pensaram que viram! - disse Black ferozmente, ainda vigiando Perebas se debater nas mãos de Rony.

- Todos pensaram que Sirius tinha matado Peter - confirmou Lupin acenando a cabeça. - Eu mesmo acreditei nisso, até ver o mapa hoje à noite. Porque o Mapa do Maroto nunca mente... Peter está vivo. Na mão de Rony, Harry.

Então Hermione falou, numa voz trêmula que se pretendia calma, como se tentasse fazer o professor falar sensatamente.

- Mas professor Lupin... Perebas não pode ser Pettigrew... não pode ser verdade, o senhor sabe que não pode...

- Por que não pode? - perguntou Lupin calmamente, como se estivessem na sala de aula e Hermione apenas levantasse um problema relativo a uma experiência com grindylows.

- Porque... porque as pessoas saberiam se Peter Pettigrew tivesse sido um animago. Estudamos animagos com a professora McGonagall. E procurei maiores informações quando fiz o meu dever de casa! O Ministério da Magia controla os bruxos e bruxas que são capazes de se transformar em animais; há um registro que mostra em que animal se transformam, o que fazem, quais os seus sinais de identificação e outros dados... e fui procurar o nome da professora McGonagall no registro e vi que só houve sete animagos neste século e o nome de Pettigrew não constava da lista...

Sollaria mal tivera tempo de se admirar intimamente com o esforço que Hermione investia nos deveres de casa, quando Lupin começou a rir.

- Certo outra vez, Hermione! - exclamou. - Mas o Ministério nunca soube que havia três animagos não registrados à solta em Hogwarts.

- Se você vai contar a história aos garotos, se apresse, Remus - rosnou Black, que continuava vigiando cada movimento desesperado de Perebas. - Esperei doze anos, não vou esperar muito mais.

Sollaria, que observava Sirius Black com curiosidade e atenção redobradas, pensou consigo mesma que se o objetivo dos dois era tentar provar a inocência do homem diante dos quatro adolescentes, estavam fazendo um péssimo trabalho com aquele tipo de atitude maluca e descontrolada.

- Está bem... mas você precisa me ajudar, Sirius - disse Lupin -, só conheço o início...

Lupin parou. Tinham ouvido um rangido alto às costas dele. A porta do quarto se abriu sozinha.

Todos olharam.

Então Lupin foi até a porta e espiou para o patamar.

- Não há ninguém aí fora...

- Portas não deveriam se abrir sozinhas - observou Sollaria em um sussurro.

- Esse lugar é mal-assombrado! - comentou Rony.

- Não é, não - disse Lupin, ainda observando intrigado a porta. - A Casa dos Gritos nunca foi mal-assombrada... Os gritos e uivos que os moradores do povoado costumavam ouvir eram meus.

Ele afastou os cabelos grisalhos da testa, pensou um instante, e disse:

- Foi onde tudo começou, com a minha transformação em lobisomem. Nada poderia ter acontecido se eu não tivesse sido mordido... e não tivesse sido tão imprudente...

Ele parecia sóbrio e cansado. Rony ia interrompê-lo, mas Hermione fez "psiu!". Ela observava Lupin com muita atenção.

- Eu ainda era garotinho quando levei a mordida. Meus pais tentaram tudo, mas naquela época não havia cura. A poção que o professor Snape tem preparado para mim é uma descoberta muito recente. Me deixa seguro, entende. Desde que eu a tome uma semana antes da lua cheia, posso conservar as faculdades mentais quando me transformo... e posso me enroscar na minha sala, um lobo inofensivo, à espera da mudança de lua.

"Porém, antes da Poção de Mata-Cão ser descoberta, eu me transformava em um perfeito monstro uma vez por mês. Parecia impossível que eu pudesse frequentar Hogwarts. Outros pais não iriam querer expor os filhos a mim.

"Mas, então, Dumbledore se tornou diretor e ele se condoeu. Disse que se tomássemos certas precauções, não havia razão para eu não frequentar a escola...", Lupin suspirou e olhou diretamente para Harry.

"Eu lhe disse, há alguns meses, que o Salgueiro Lutador foi plantado no ano em que entrei para Hogwarts. A verdade é que ele foi plantado porque eu entrei para Hogwarts. Esta casa", Lupin correu os olhos cheios de tristeza pelo quarto, "e o túnel que vem até aqui foram construídos para meu uso. Uma vez por mês eu era trazido do castelo para cá, para me transformar. A árvore foi colocada na boca do túnel para impedir que alguém se encontrasse comigo durante o meu período perigoso."

Sollaria, que ainda se sentia particularmente nauseada com a chuva de informações chocantes, não conseguia imaginar onde a história iria chegar, mas, mesmo assim, ouvia atentamente. O único som, além da voz de Lupin, eram os guinchos assustados de Perebas.

- As minhas transformações naquele tempo eram... eram terríveis. É muito doloroso alguém virar lobisomem. Eu era separado das pessoas para morder à vontade, então eu me arranhava e me mordia. Os moradores do povoado ouviam o barulho e os gritos e achavam que estavam ouvindo almas do outro mundo particularmente violentas. Dumbledore estimulava os boatos... Ainda hoje, que a casa tem estado silenciosa há anos, os moradores de Hogsmeade não têm coragem de se aproximar...

"Mas tirando as minhas transformações, eu nunca tinha sido tão feliz na vida. Pela primeira vez, eu tinha amigos, três grandes amigos. Sirius Black... Peter Pettigrew... e, naturalmente, o pai de vocês, Harry e Sollaria... James Potter.

A garota imediatamente se lembrou de um sonho que tivera no Salão Comunal da Grifinória, tão diferente do que parecia hoje, mas, ainda assim, inconfundível. Lembrou-se dos rapazes em seu sonho...

Eram eles, é claro.

E aquilo realmente acontecera.

"Agora, meus três amigos não puderam deixar de notar que eu desaparecia uma vez por mês. Eu inventava todo o tipo de histórias. Dizia que minha mãe estava doente, que tinha ido em casa vê-la... Ficava aterrorizado em pensar que eles me abandonariam se descobrissem o que eu era. Mas é claro que eles, como você, Hermione, descobriram a verdade... E não me abandonaram. Em vez disso, fizeram uma coisa por mim que não só tornou as minhas transformações suportáveis, como me proporcionou os melhores momentos da minha vida. Eles se transformaram em animagos."

- Meu pai também? - perguntou Harry, espantado.

- Certamente. Eles gastaram quase três anos para descobrir como fazer isso. Seu pai e Sirius eram os alunos mais inteligentes da escola, o que foi uma sorte, porque se transformar em animago é uma coisa que pode sair barbaramente errada, é uma das razões por que o Ministério acompanha de perto os que tentam. Peter precisou de toda a ajuda que pôde obter de James e Sirius. Finalmente, no nosso quinto ano, eles conseguiram. Podiam se transformar em um animal diferente quando queriam.

- Mas como foi que isso ajudou o senhor? - perguntou Hermione, intrigada.

- Eles não podiam me fazer companhia como seres humanos, então me faziam companhia como animais. Um lobisomem só apresenta perigo para gente. Eles saíam escondidos do castelo todos os meses, encobertos pela Capa da Invisibilidade de James. E se transformavam... Peter, por ser o menor, podia passar por baixo dos ramos agressivos do salgueiro e empurrar o botão para imobilizá-lo. Os outros dois, então, podiam escorregar pelo túnel e se reunir a mim. Sob a influência deles, eu me tornei menos perigoso. Meu corpo ainda era o de um lobo, mas minha mente se tornava menos lupina quando estávamos juntos.

- Anda logo, Remus - rosnou Black, que continuava a observar Perebas com uma espécie de voracidade no rosto.

- Estou chegando lá, Sirius, estou chegando lá... bom, abriram-se possibilidades extremamente excitantes para nós do momento em que conseguimos nos transformar. Não demorou muito e começamos a deixar a Casa dos Gritos e perambular pelos terrenos da escola e pelo povoado à noite. Sirius e James se transformavam em animais tão grandes que conseguiam controlar o lobisomem. Duvido que qualquer aluno de Hogwarts jamais tenha descoberto mais a respeito dos terrenos da escola e do povoado de Hogsmeade do que nós... E foi assim que acabamos criando o Mapa do Maroto, e assinando-o com os nossos apelidos Sirius é Padfoot, Peter é Wormtail, e James era Prongs.

- Em que animal meu pai se transformava? - indagou Harry.

Lupin deu um sorrisinho na direção do garoto.

- Um cervo, naturalmente.

- Como o meu Patrono! - exclamou o grifinório. - O mesmo de meu pai...

Hermione bufou de repente, como se achasse tudo aquilo um grande absurdo.

- Mas a coisa continuava a ser realmente perigosa! Andar no escuro em companhia de um lobisomem! E se o senhor tivesse fugido deles e mordido alguém?

- É um pensamento que ainda me atormenta - respondeu Lupin deprimido. - E muitas vezes escapávamos por um triz. Nós nos ríamos disso depois. Éramos jovens, irresponsáveis, empolgados com a nossa inteligência.

"Por vezes eu sentia remorsos por trair a confiança de Dumbledore, é óbvio... ele me aceitara em Hogwarts, coisa que nenhum outro diretor teria feito, e sequer desconfiava que eu estivesse desobedecendo às regras que ele estabelecera para a segurança dos outros e a minha própria. Ele nunca soube que eu tinha induzido três colegas a se transformarem ilegalmente em animagos. Mas eu sempre conseguia esquecer meus remorsos todas as vezes que nos sentávamos para planejar a aventura do mês seguinte. E não mudei..."

O rosto de Lupin endurecera, e havia desgosto em sua voz.

- Durante todo este ano, lutei comigo mesmo, me perguntando se devia contar a Dumbledore que Sirius era um animago. Mas não contei. Por quê? Porque fui covarde demais. Porque isto teria significado admitir que eu traíra sua confiança enquanto estivera na escola, admitir que influenciara outros... e a confiança de Dumbledore significava tudo para mim. Ele me admitira em Hogwarts quando garoto, e me dera um emprego quando eu fora desprezado toda a minha vida adulta, incapaz de encontrar um trabalho remunerado porque sou o que sou. Então me convenci de que Sirius estava penetrando na escola por meio das Artes das Trevas que aprendera com Voldemort, que o fato de ser um animago não entrava em questão... então, de certa forma, Snape tinha razão quanto à minha pessoa.

- Snape? - exclamou Black com a voz rouca, desviando os olhos de Perebas pela primeira vez nos últimos minutos para olhar Lupin. - Que é que Snape tem a ver com isso?

- Ele está aqui, Sirius - respondeu Lupin sério. - É professor em Hogwarts também. - E ergueu os olhos para Harry, Sollaria, Rony e Hermione. - O professor Snape frequentou a escola conosco. Ele se opôs fortemente à minha nomeação para o cargo de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Passou o ano inteiro dizendo a Dumbledore que eu não sou digno de confiança. Ele tem suas razões... entendem, o Sirius aqui pregou uma peça nele que quase o matou, uma peça de que participei...

Black emitiu uma exclamação de desdém.

- Foi bem feito para aquele morcegão seboso e idiota - zombou. - Espionando, tentando descobrir o que andávamos aprontando... na esperança de que fôssemos expulsos...

- Severus tinha muito interesse em saber aonde eu ia todo mês - disse Lupin aos quatro. - Estávamos no mesmo ano, entendem, e não... hum... não nos gostávamos muito. Ele não gostava nada de James. Ciúmes, acho eu, do talento de James no Campo de Quadribol... em todo o caso, Snape tinha me visto atravessar os jardins com Madame Pomfrey certa noite quando ela me levava em direção ao Salgueiro Lutador para eu me transformar. Sirius achou que seria... hum... divertido, contar a Snape que ele só precisava apertar o nó no tronco da árvore com uma vara longa para conseguir entrar atrás de mim. Bem, é claro, que Snape foi experimentar, e se tivesse chegado até a casa teria encontrado um lobisomem adulto... mas o pai de vocês, que soube o que Sirius tinha feito, foi procurar Snape e puxou-o para fora, arriscando a própria vida... Snape, porém, me viu, no fim do túnel. Dumbledore o proibiu de contar a quem quer que fosse, mas desde então ele ficou sabendo o que eu era...

- Então é por isso que Snape não gosta do senhor - disse Sollaria lentamente -, porque achou que o senhor estava participando da brincadeira?

- Isso mesmo - zombou uma voz fria vinda da parede atrás de Lupin.

Severus Snape removia a Capa da Invisibilidade e segurava a varinha apontada diretamente para Lupin.

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