Capítulo Quinze: O Presente de Natal Misterioso
NOTAS DA AUTORA
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Na manhã seguinte, quando Sollaria se juntou aos três à mesa da Grifinória para o almoço (ela havia acordado às onze e meia da manhã após uma noite muito mal dormida cheia de sonhos esquisitos), eles estavam discutindo sobre a descoberta do dia anterior.
O estômago dela revirou quando ouviu Harry dizer:
- Malfoy sabe - disse ele de repente. - Vocês lembram do que ele me disse naquele dia no corredor? "Se fosse eu, eu ia querer me vingar. Ia atrás dele pessoalmente."
- Você vai seguir o conselho de Malfoy em vez do nosso? - perguntou Rony, enfurecido. - Escuta aqui... você sabe o que a mãe do Pettigrew recebeu depois que Black acabou com o filho dela? Papai me contou... a Ordem de Merlin, Primeira Classe, e o dedo de Pettigrew em uma caixa. Foi o maior pedaço dele que conseguiram encontrar. Black é um louco, Harry, e é perigoso...
- O pai de Malfoy deve ter contado a ele - disse Harry, não dando atenção a Rony. - Fazia parte do círculo íntimo de Voldemort...
Sollaria ficou quieta, apenas bebendo de seu cálice. Não estava a fim de discutir uma coisa daquelas logo ao acordar. Muito menos estava a fim de pensar que Draco, por alguma razão, poderia saber mais do que ela sobre a morte dos próprios pais.
- Faz favor de dizer Você-Sabe-Quem? - exclamou Rony com raiva.
-... então obviamente, os Malfoy sabiam que Black estava trabalhando para Voldemort...
- ... e Malfoy adoraria ver você desintegrado em um milhão de pedaços, como Pettigrew! Caia na real, Harry. A esperança de Malfoy é que você seja morto, afinal, ele é igualzinho o pai dele, não é? Quer que o trabalho do Mestre dele seja concluído.
- Harry, por favor - pediu Hermione, os olhos brilhantes de lágrimas -, por favor, tenha juízo. Black fez uma coisa horrível demais, mas não corra riscos, é isso que Black quer... Ah, Harry, você vai fazer o jogo do Black se for atrás dele. Seus pais não iam querer que você se machucasse, iam? Jamais iam querer que você saísse procurando o Black!
- Eu nunca vou saber o que eles iam querer, porque, graças ao Black, nunca conversei com eles - disse Harry com rispidez.
Houve um silêncio incômodo entre os quatro.
- Escuta - disse Rony, obviamente procurando mudar de assunto -, estamos de férias! Já é quase Natal! Vamos... vamos ver o Hagrid depois do almoço. Não o visitamos há uma eternidade!
- Não! - disse Hermione depressa. - Harry não pode sair do castelo, Rony...
- É, vamos - disse Harry, que não havia tocado na comida em seu prato, já se levantando de seu assento -, assim posso perguntar a ele por que nunca mencionou o Black quando me contou a história dos meus pais!
Continuar a discussão sobre Sirius Black não era obviamente o que Rony tinha em mente.
- Ou poderíamos jogar uma partida de xadrez - disse ele depressa - ou de bexigas. Percy deixou um jogo...
- Não, vamos visitar Hagrid - disse Harry com firmeza.
Rony deu um muxoxo alto de impaciência, pegou sua capa e um pedaço de torta e saiu apressado atrás de Harry. Hermione e Sollaria, por outro lado, permaneceram sentadas.
- Eu não acho que o senhor Malfoy tenha contado a Draco qualquer coisa sobre o assunto - disse Sollaria de repente. - Quer dizer, ele não falou nem sobre o mito da Câmara Secreta para Malfoy. Quem dirá sobre um caso criminal sobre o qual o idiota poderia sair se gabando por aí de suas informações privilegiadas. Não... Acho que Rony está certo. Ele só quer irritar Harry o suficiente para que corra perigo.
Hermione nada disse. Talvez não concordasse com Sollaria, talvez não quisesse mais conversar a respeito. Sollaria não se importava. Só precisava dizer aquilo em voz alta, porque, pelo menos daquele jeito, a coisa adquiriria um ar de realidade.
- Eu finalmente consegui terminar aquele livro que você me deu de aniversário. Eu estive sem tempo - murmurou Hermione. - Muito bom, aliás. Tem uma reviravolta no final que me pegou de surpresa. Se quiser, eu o empresto nas férias de verão.
Sollaria assentiu, sem dar muita importância.
Quando terminou de comer, ergueu os olhos para a amiga e se despediu, decidindo-se por se fechar em seu dormitório até o Natal.
Depois daquela descoberta, ela não estava muito no clima natalino, e ficar na escola havia sido um erro. Talvez a presença de Fred, George, Ginny e Percy a animassem. Rony, Harry e Hermione tendiam a ficar cercados por aquela aura deprimente.
Sollaria pegou um livro, enfiou-se debaixo das cobertas e desatou a ler. Apenas o ruído de unhas arranhando a porta fez com que ela se levantasse para abrir a porta para Nyx, sua gatinha.
- O que foi, minha ursinha? - indagou ela carinhosamente quando Nyx começou a miar sem parar, passando o rabo peludo pelas pernas dela.
Sollaria se enfiou debaixo das cobertas mais uma vez, dessa vez acompanhada de Nyx, que ronronava alto.
Na manhã de Natal, Sollaria acordou com uma pilha de presentes maior do que a do ano anterior.
De pijamas, a garota se ajoelhou diante do montinho e começou a abrir o presente do topo. De Hermione, ganhara uma caixa contendo todos os dezesseis livros de uma série de livros trouxa sobre a qual a grifinória havia comentado que os pais haviam lhe dado e que amara.
Hermione comprara a caixa com todos os livros de uma vez para a sonserina, provavelmente porque os livros eram bem curtinhos. Sollaria tirou os livros da caixa e olhou para as capas, cada uma em um tom vibrante de cor, com o título em fonte floreada e em tinta dourada.
- Uau, Mione...
O presente da mãe era um costumeiro suéter verde, dessa vez sem desenhos e sem a letra S no meio, o qual ela tratou de botar por cima do pijama imediatamente.
A caixa seguinte era de Astória. Dentro, havia vários tipos de fitas de cabelo e uma tiara de veludo verde-esmeralda muito bonita que ela logo colocou na cabeça.
Neville Longbottom havia lhe enviado um perfume francês muito bom junto de um bilhete desejando-lhe um 'feliz Natal'.
Era um perfume realmente delicioso, observou ela quando passou um pouco no pulso.
Passou para o próximo presente, que vinha em uma pequena caixa branca com fita dourada. Ao ver a etiqueta, descobriu que era de Draco. Dentro, vinha uma pequena caixa de veludo azul marinho, e seu coração bateu acelerado ao ler o nome de uma marca muito famosa e cara estampado.
Era uma marca muito cara de joias. Qual era o problema com Draco Malfoy? Ela havia dado doces para ele, por Merlin.
Com muita cerimônia, Sollaria abriu a tampa da caixa de veludo para ver o que havia dentro. Era uma pulseira de ouro branco, diamantes e safiras que lhe lembrava muito um uróboro.
- Uau, Malfoy...
Ela nem queria imaginar quanto aquele acessório havia custado.
Havia apenas mais dois presentes: um embrulho e uma caixa grande e pesada. Obviamente, ela abriu o embrulho primeiro. Era um livro velho, com as bordas desgastadas e amareladas. Parecia já ter passado por várias mãos, ou ter sido lido várias vezes.
O Retrato de Dorian Gray.
Talvez Hermione já tivesse lhe dito alguma coisa a respeito daquela obra. Era um clássico trouxa, pelo que ela se lembrava.
Ela folheou o livro com cuidado. Na folha de resto, havia um bilhete que marcava a página.
"Sua mãe havia me emprestado este livro antes de tudo acontecer. Acho que seria apropriado devolvê-lo a você.
Feliz Natal."
Embaixo do bilhete, gravado no livro, estava escrito, pelo punho de sua própria mãe, com a letra mais bela que ela já havia visto:
Propriedade de Lily H. Evans
6º ano, Grifinória
Dezembro de 1976
Ela ficou um tempo analisando a obra, detalhe por detalhe, sempre arranjando um jeito de voltar para a folha de rosto, apenas para ver a letra de sua mãe mais uma vez.
Havia quase se esquecido do último presente.
Ela abriu a caixa, apenas para descobrir que havia ganhado uma vitrola. Era linda, moderna e, em um compartimento da caixa que ela não havia visto, vinha diversos discos de vinil de bandas famosas como Os Beatles, Tears for Fears e Queen.
Ela procurou o nome de quem havia lhe enviado aquele presente maravilhoso, mas não encontrou em lugar nenhum.
Por um segundo delirante, ela pensou que poderia ser do professor Snape ou do professor Lupin, mas, pensando melhor, Snape devia odiá-la tanto quanto odiava Harry, e Lupin não tinha condições para tanto.
Dando de ombros, decidiu que poderia ser de algum admirador, talvez? Draco havia dito que alguns garotos a achavam bonita, não havia?
Abriu o disco de Tears for Fears e colocou "Everybody Wants to Rule the World" para tocar enquanto terminava de se aprontar para - ela descobriu mais tarde ao olhar no relógio sobre a lareira da sala comunal - o almoço.
Enquanto havia se enclausurado em seu dormitório, tinham sido armadas no resto do castelo as magníficas decorações de Natal, apesar de poucos alunos terem permanecido na escola para apreciá-las. Grossas serpentinas de folhas e frutos de azevinho foram penduradas pelos corredores, luzes misteriosas brilhavam dentro de cada armadura, e o Salão Principal tinha as doze árvores de Natal de sempre, fulgurantes de estrelas douradas. Um cheiro forte e gostoso de comida invadia os corredores, que lembrou Sollaria de como a Toca ficava naquela época do ano.
Quando entrou no Grande Salão, descobriu que as mesas das Casas tinham sido encostadas nas paredes outra vez e que uma única mesa fora posta para doze pessoas no meio do salão. Os professores Dumbledore, Minerva McGonagall, Snape, Sprout e Flitwick estavam sentados à mesa, bem como Filch, o zelador, que tirara o avental marrom de uso diário e estava enfatiotado com uma casaca muito velha de aspecto mofado. Havia apenas mais três alunos fora ela, Harry, Rony e Hermione: dois primeiranistas extremamente nervosos e um garoto mal-humorado da Sonserina que ela sabia ser da classe de Ginny.
- Feliz Natal! - desejou Dumbledore quando ela se sentou à mesa ao lado de Harry. - Como éramos tão poucos, me pareceu uma tolice usar as mesas das Casas... Sente-se, senhorita Potter, sente-se! E podem avançar! - convidou ele aos presentes, sorrindo para todos.
Enquanto se servia de sopa, Sollaria notou o quão silencioso estava o Trio de Ouro. Não foi muito difícil deduzir que havia acontecido uma discussão entre Rony e Hermione antes do banquete natalino, apesar de Harry ter se dado o trabalho de lhe sussurrar uma explicação vaga a respeito.
Quando já se sentia cheia da sobremesa, ela e os dois irmãos se levantaram, olhando para Hermione de modo inquisitivo.
- Podem ir - respondeu a garota. - Quero falar uma coisa com a professora McGonagall.
- Provavelmente vai tentar ver se pode assistir a mais aulas - bocejou Rony quando se encaminhavam para o Saguão de Entrada.
Quando chegaram ao buraco do retrato da Sala Comunal da Grifinória, encontraram Sir Cadogan desfrutando um almoço de Natal com dois frades, vários ex-diretores de Hogwarts e seu gordo pônei. O cavaleiro levantou a viseira e brindou os dois garotos com uma jarra de quentão.
- Feliz... hic... Natal! Senha!
- Cão desprezível - disse Rony.
- E o mesmo para o senhor, meu senhor! - berrou Sir Cadogan quando o quadro se afastou para admitir os garotos.
Sollaria se jogou em um dos sofás, apertando a barriga estufada, e Rony a seguiu, apoiando os pés dela no próprio colo para poder sentar no sofá também. Harry foi diretamente ao dormitório para apanhar o presente que havia ganhado. Queria mostrar a Sollaria algo que a deixaria de queixo caído, dissera ele.
Ele veio trazendo em sua mão algo que fez com que ela se sentasse ereta imediatamente: era uma Firebolt?
- Uma... Uma Firebolt? Como?
Harry deu de ombros.
- Alguém me enviou anonimamente. - Ele mostrou um Estojo para Manutenção de Vassouras que ela havia visto na loja de artigos de Quadribol no início do ano letivo. - E isso aqui foi Hermione que me dera de presente de aniversário.
Harry e Rony ficaram ali admirando a vassoura de todos os ângulos enquanto Sollaria dava um cochilo até que o buraco do retrato se abriu e Hermione entrou, acompanhada da professora Minerva.
Sollaria, que tinha o sono leve, abriu os olhos assim que ouviu a voz rouca da professora.
- Então é isso? - perguntou a mulher com o seu olhar penetrante, aproximando-se da lareira para examinar a Firebolt. - A senhorita Granger acabou de me informar que alguém lhe mandou uma vassoura, Potter.
Harry e Rony se viraram para olhar Hermione, que olhava para os próprios pés. Sollaria ainda estava um pouco sonolenta para compreender o que exatamente estava acontecendo.
- Posso? - perguntou McGonagall, mas não esperou resposta para tirar a vassoura das mãos dos garotos. Examinou-a atentamente, do cabo às lascas. - Hum. E não havia nenhum bilhete, nenhum cartão, Potter? Nenhuma mensagem de nenhum tipo?
- Não - disse Harry, aparentemente também sem compreender.
- Entendo... Bem, receio que tenha de levar a vassoura, Potter.
- Q... quê?! - exclamaram Sollaria e Harry ao mesmo tempo, ambos ficando em pé. - Por quê?
- Teremos que verificar se não está enfeitiçada. Naturalmente eu não sou especialista nesse assunto, mas imagino que Madame Hooch e o professor Flitwick possam desmontá-la...
- Desmontá-la? - repetiu Rony, como se a professora fosse maluca.
- Não deve levar mais do que umas semanas. Você a receberá de volta se tivermos certeza de que está limpa.
- A vassoura não tem nada errado! - exclamou Harry, a voz ligeiramente trêmula.
- Francamente, professora...
- Você não pode saber, Potter - disse a professora com bondade -, pelo menos até ter voado nela, e receio que isto esteja fora de questão até nos certificarmos de que ninguém a alterou. Eu o manterei informado.
A professora McGonagall deu meia-volta levando a Firebolt, e atravessou o buraco do retrato, que se fechou em seguida. Harry ficou observando a professora partir, a latinha de cera de polimento ainda na mão. Rony, porém, se voltou contra Hermione.
- Para que você foi correndo contar à professora Minerva?
Hermione deu um suspiro alto.
- Porque achei, e a professora McGonagall concorda comigo, que provavelmente a vassoura foi mandada a Harry por Sirius Black!
Sollaria sentiu-se muito feliz de repente por não ter comentado com ninguém sobre seu novo toca-discos (o qual ela tinha absoluta certeza de que não estava enfeitiçado). Mesmo assim, ela sentiu um aperto no peito por não ter considerado a possibilidade antes, embora, racionalmente, não fizesse sentido pensar que Sirius Black fora a pessoa que havia comprado uma vitrola para ela.
Ela riu sozinha ao imaginar o Sirius Black das imagens que viu nos jornais entrando no Banco dos Bruxos para sacar dinheiro, ou, uma ideia mais idiota ainda, Sirius Black entrando na loja de vassouras do Beco Diagonal para encomendar uma Firebolt.
- Ora, por favor, Hermione. - Sollaria espreguiçou-se, andando lentamente até a amiga e pondo as mãos em seus ombros. - Sirius Black ficou preso por mais de uma década. Como ele teria acesso ao cofre dele, que, eu imagino, provavelmente foi bloqueado no minuto em que fora enviado para Azkaban? Você acha mesmo que ele apareceu na loja de vassouras, simplesmente apontou para uma Firebolt, que custa quinhentos galeões, e disse: "Com licença, parceiro, eu quero essa aí. É pra presente"?
Harry parou atrás dela, os braços cruzados. E então Rony fez o mesmo. Os dois pareciam realmente muito irritados com a amiga.
- O que você fez foi praticamente um crime, Hermione - murmurou Rony, como se a amiga tivesse feito algo realmente condenável.
Hermione, com o máximo de dignidade que conseguiu reunir, empinou o nariz e disse:
- Eu só fiz isso porque eu me importo com Harry e quero vê-lo seguro! Mas se você pensa que um bem material é mais importante do que a segurança de seu melhor amigo, eu realmente sinto muita pena de você, Ronald!
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