Capítulo Oito: As Aulas de Oclumência


NOTAS DA AUTORA

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"Querido Diário,

Hoje foi uma noite difícil. O professor Dumbledore me fez tentar reagir à Maldição Imperius, e eu estou tão, tão cansada... Me sinto fraca, impotente.

Não tenho forças para escrever no momento, Diário.

Eu sinto muito.

Sollaria H. Potter
04/10/1993"

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Na quarta-feira de manhã, Sollaria acordara mais cedo que o normal. Mais uma vez, seu pai e seu cachorro de estimação apareceram em seu sonho, como em tantas outras vezes.

Ela se perguntou se deveria comentar com o professor Snape a respeito, mas, concluiu ela, não sabia se faria alguma diferença. O que aquilo poderia significar? Seu pai estava morto. E ninguém nunca havia comentado sobre a existência de um cachorro. Ou até mesmo de um gato, embora ela se lembrasse vagamente de um felino de pelagem alaranjada.

Aborrecida por ter perdido preciosos minutos de descanso, levantou-se de cama e pôs as vestes de Quadribol.

E pensar que o dia mal começou... Reclamou ela consigo mesma diante do espelho do quarto ao lembrar-se de que, naquele dia, ainda teria aula com o professor Snape e depois com a professora Sinistra à meia-noite.

O treino de Quadribol fora exaustivo. Flint exigiu que fizessem todo o tipo de treinamento pesado, incluindo correr ao redor do Campo (ela odiava muito; era muito desconfortável de correr, haja vista o tamanho de seus seios, que eram relativamente grandes para alguém da idade dela).

Durante todo o tempo, Astória ficara sentada em sua cadeira de rodas perto das arquibancadas, com um livro em mãos - algo que chamou a atenção de Sollaria. Se Astória era o tipo de pessoa que se levantava mais cedo para ver Ginny treinar Quadribol - e ainda levava um livro consigo -, então ela definitivamente tinha a aprovação de Sollaria.

Um pouco depois das seis e meia, lá estava Draco Malfoy, de pé, apenas observando enquanto Sollaria corria pelo campo.

Ela não sabia o que ele possivelmente via de graça em acordar horas mais cedo apenas para vê-la treinar, fizesse chuva, sol, frio ou calor.

Sollaria definitivamente o achava doido.

Ao fim do treino, ao invés de rumarem para o vestiário como o resto do Time, Ginny e Sollaria foram ao encontro de Astória e Draco, que conversavam polidamente sobre o livro que a primeiranista estava lendo.

Quando as duas se aproximaram, no entanto, o loiro torceu o nariz.

- Pelas barbas de Merlin, Sollaria, vá já tomar um banho! - exigiu Draco Malfoy, dando um empurrão nela em direção ao vestiário.

- Eu vou, eu vou, sua... Sua doninha irritante! - Ela tentou se esquivar das mãos do amigo. - Depois de tomar café da manhã. Vamos, eu estou faminta!

Draco fechou a cara.

- "Doninha irritante", sério?

- É o que você está parecendo agora. Uma doninha fresca e irritante. - Ela deu de ombros, empinando o queixo e se afastando em direção ao castelo.

Ginny e Astória, que vinham logo atrás, trocavam um olhar cúmplice de quem compreendia alguma coisa.

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O professor Snape abriu a porta para que ela pudesse entrar. Era a primeira aula particular que teriam naquele ano, e Sollaria não sabia o que esperar. Continuariam trabalhando com Legilimência, mesmo quando ela já era excepcional na prática, após dois anos sendo ensinada por um dos melhores Legilimentes que já existiu?

- Não vamos mais trabalhar com Legilimência, senhorita Potter. Acredito que a senhorita já a tenha dominado. Não. Vamos aprender Oclumência, a arte de se bloquear a mente. E serão dois longos anos, ou três, caso eu veja necessidade em treiná-la até você não aguentar mais ouvir a palavra "Oclumência".

Oclumência. Certo.

Uma das artes mais complexas do Mundo Bruxo. E ela teria dois anos para dominar. Não poderia ser tão complicado desse modo, poderia?

- É essencial que, em sua posição, tenha a mente bem protegida - continuou Snape, caminhando até uma prateleira cheia de livros e tirando um de lá. Oclumência Básica. - Farei de tudo em meu alcance, senhorita Potter, e espero que tenha ciência disso, para que pelo menos neste quesito você tenha total segurança.

Aquilo deveria reconfortá-la? Saber que corria perigo, e que deveria estar constantemente em alerta?

Não sabia o que pensar.

Mas era grata ao professor, de qualquer forma.

- A senhorita deveria se sentar. - Com um aceno da varinha, fez com que uma cadeira flutuasse para o centro da sala. - Primeiro, vamos tentar técnicas de se esvaziar a mente. Ao fim da aula, eu vou entrar em sua mente, e você precisa tentar me expulsar de dentro dela. Este é o primeiro passo. Em aulas futuras, quando você estiver fazendo isso com facilidade extrema, tentaremos fazer com que você me bloqueie totalmente. E, depois, ensinarei a senhorita a construir barreiras mentais resistentes. Como... muros. Ou sombras escuras. Oclumência é uma arte complexa, mas se a senhorita tem o dom para a Legilimência e dominou-o bem ao longo dos dois últimos anos, creio que não será diferente fazendo o oposto. Se você se tornar uma boa Oclumente, algo que requer grande força de vontade, creio que será capaz de resistir à Maldição Imperius.

Sollaria ergueu a cabeça e encarou o professor, curiosa. Agora... aquela era uma informação interessante.

Certo. Esvaziar a mente.

Ela podia esvaziar a mente, não poderia? Tornar imperceptível suas emoções e pensamentos, não? Ela era uma sonserina. Devia ser capaz de fazê-lo, certo?

Quase isso - descobriu ela ao fim da aula.

- Você ainda me parece muito tensa, Potter - reclamou o professor quinze minutos depois, após inúmeras tentativas infrutíferas. - Você precisa relaxar. Mesmo que tudo esteja dando errado, precisa fazer parecer ao seu inimigo que você é quem está um passo adiante. É você quem tem o controle. Não deixe que suas emoções transpareçam.

Ela estava tão exausta... Mas, é claro, tentou mais uma vez. E mais outra. E mais outra. Até que, no fim, o professor disse que tentariam os exercícios de invasão à mente dela somente na aula seguinte, pois ela ainda não havia dominado totalmente a parte básica.

Ótimo, pensou ela ironicamente enquanto empurrava a porta da sala comunal alguns minutos mais tarde, mais uma coisa pela qual me sentir péssima.

Ela se jogou no sofá vazio e fechou os olhos, sem se incomodar se alguém reclamaria. Sua cabeça latejava sem parar, e a única coisa que vinha à sua mente naquele momento era que ela precisava urgentemente dormir.

Astronomia; ainda temos aula de Astronomia, sua consciência tratou de lembrá-la.

Maldição.

Ah, ela era um desastre em Astronomia. Não conseguia identificar nenhum dos corpos celestes sem o auxílio de Draco. O máximo que ela conseguia era se esforçar o suficiente enquanto estudava para os exames a fim de conseguir notas minimamente decentes.

Com a rotina extremamente corrida, Sollaria tentava arranjar um tempo para si mesma, para Draco, Ginny, Hermione e seus irmãos, mas parecia impossível. Tinha a sensação de que, a qualquer segundo, ia explodir.

Foi somente na sexta-feira da última semana de outubro que Sollaria admitira a si mesma que estava muito cansada e que estava chegando ao seu limite. Decidira que precisava de um tempo para si mesma e, então, convicta, pegou emprestada uma pinça com Hermione antes do almoço. Mais tarde naquele dia, depois do jantar, sentou-se ao lado do melhor amigo na sala comunal e começou a tirar a própria sobrancelha.

- Como está indo isso aí? - indagou o garoto, que estava sentado na mesa perto da janela. Parecia estar fazendo mais um de seus desenhos misteriosos.

- Doendo como o Inferno.

Ele riu, mas de repente parou.

- O que é aquilo?

Sollaria virou-se e olhou para onde o amigo apontava. Uma pequena aglomeração de alunos se reunia ao redor do mural de avisos. Cansada demais para ir até lá, mas curiosa o suficiente para querer saber, a garota procurou vasculhar a mente de um dos garotos que estava lendo o que quer que estivesse pregado no mural.

Um passeio a Hogsmeade no dia 31 de outubro. Era depois de amanhã!

- Deve ser um aviso para o primeiro passeio a Hogsmeade, não acha? - comentou despreocupadamente, voltando a tirar a própria sobrancelha. - Olhe aqui, você acha que estão iguais?

O garoto levantou o rosto para encará-la e, quando ele fez isso, Sollaria percebeu algo: as garotas estavam certas sobre uma coisa; Draco Malfoy era realmente muitíssimo atraente - é claro que estava ciente do quanto o amigo era bonito, mas não daquela forma. A verdade arrebatadora era que, de repente, ele parecia mais belo do que o normal, e Sollaria somente poderia se perguntar como jamais havia notado a beleza impressionante do amigo.

Talvez estivesse encarando muito fixamente, porque percebeu que ele a olhava com certa curiosidade. Sentindo-se atrapalhada, perguntou:

- E então?

- Acho que estão iguais, sim.

Sollaria suspirou, encostando a cabeça e as costas no sofá.

- Merlin, estou exausta. E eu ainda tenho que fazer minhas unhas!

- Effie pode fazer por você, sabe? - ele comentou despreocupado. - Sem querer ofender, mas... Você está um caco.

Ela se desencostou do sofá, curiosa.

- Quem é Effie? - indagou, a despeito do comentário insultante.

- Um dos elfos domésticos da minha família. Ela faz as unhas da minha mãe toda semana desde que eu me entendo por gente. Se você está tão cansada, deixe que ela faça por você.

- Meu Deus, sim! - Ela deitou com a cabeça para trás, fechando os olhos. - Sabe, eu poderia até te beijar agora. Saber da existência de Effie facilita muito a minha vida.

Ela não vira o sorrisinho que surgiu no rosto do melhor amigo.

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