Capítulo Catorze: "Everybody Wants To Rule The World"


NOTAS DA AUTORA

↯ Por favor, não se esqueça de deixar seu voto e seu comentário! 🌺

_______

Sollaria não fazia ideia de como tivera forças para voltar para a Escola. Sabia que estaria dando um cano em Draco, mas aquilo... tudo aquilo que ouviram...

Era demais para ela.

Seu professor de Defesa, seu pai e Sirius Black eram grandes amigos na época da Escola. Quantas vezes estivera na presença do professor, e ele jamais dissera uma palavra a ela sobre o assunto?

Ela só conseguia pensar em Harry, que havia ficado muito quieto desde que saíra de debaixo da mesa. Ele vestira a Capa da Invisibilidade e saíra andando por aí, invisível. Sollaria não fazia ideia de para onde ele havia ido, já que levara o Mapa do Maroto consigo.

Se para ela tudo aquilo era muita coisa para digerir, imaginava como estava sendo para Harry descobrir que tinha um Comensal da Morte assassino e traidor como padrinho.

A dor da traição ainda dançava nos olhos de Harry quando ela o encontrou agachado diante da lareira da Sala Comunal da Grifinória uma hora depois, reflexivo.

Sollaria não o julgava, pois também se sentia traída. Tantas vezes... Tantas vezes havia estado diante de Dumbledore, do professor Lupin...

Molly e Arthur Weasley, seus pais adotivos.

Eles com certeza sabiam de alguma coisa.

Por que ninguém lhe contara nada? Por que esconder até mesmo aquilo dela e de Harry?

Ela sentiu o sangue ferver de repente.

Seus pais estavam mortos porque foram traídos pelo melhor amigo.

Ela conseguia pensar em poucas coisas piores do que aquilo - deslealdade.

Sollaria conseguia sentir os olhares ansiosos de Rony e Hermione sobre ela e Harry durante o jantar, mas nenhum deles se atreveu a tentar conversar sobre o assunto já que Ginny, Percy, Fred e George estavam ao redor deles - um último jantar em família antes de os Weasley voltarem para casa.

Quando já não aguentava mais ficar perto de todas aquelas pessoas, ouvindo as mais de mil vozes se reunirem em uma cacofonia irritante, ela se levantou, desejou uma boa viagem a Percy, Fred, George e Ginny e boa noite para os outros três e saiu do Salão Principal sem rumo definido.

Passeou pelos corredores vazios, observando a paisagem lá fora. O céu estava meio cinzento, e o gramado estava branco devido à geada.

Ficou um tempo escorada em um portal, apenas... pensando.

Pela primeira vez naquele ano, ela se permitiu chorar. As lágrimas não vinham contra a sua vontade ou sem que ela tivesse consciência daquilo. Ela sabia que precisava sentir a dor da perda, do desconhecido, da ignorância. Da saudade.

Por Merlin, ela sentia falta de algo que, até dois anos atrás, ela nem sabia que havia tido.

Colocou a mão sobre a boca, a fim de abafar o barulho que estava começando a fazer. As lágrimas caíam sem parar, e seus ombros se mexiam descontroladamente.

Ela olhou para o céu, tentando observar as estrelas. Mas havia muitas nuvens, o que impedia que ela pudesse ver com clareza. Não que ela soubesse identificar os astros; ela era uma porcaria em Astronomia. Mesmo assim, olhar para as estrelas lhe trazia certo conforto, por alguma razão.

Quando começou a ficar ainda mais frio e tornou-se simplesmente insuportável ficar do lado de fora, Sollaria se forçou a voltar para o Salão Comunal da Sonserina.

A ampla câmara estava praticamente vazia; quase todos ainda estavam no Grande Salão, aproveitando a última noite antes do início do feriado de Natal.

Havia um rádio no console da lareira, e ela tocava baixinho uma de suas músicas favoritas na Rede Radiofônica Bruxa.

...most of freedom and of pleasure
Nothing ever lasts forever
Everybody wants to rule the world...

Ela se sentou na poltrona escura de couro, fechou os olhos e apertou o braço do móvel com força até seus dedos ficarem brancos, apenas sentindo a dor vibrar em seu peito.

Era como se alguém enfiasse uma faca em seu estômago repetidas vezes, mais e mais.

Sollaria abriu os olhos quando ouviu a voz de Theodore Nott soar por toda a antecâmara, vindo da porta de entrada.

-...já te falei, cara. Você deveria contar a ela como se sente. Você finalmente aceitou que gosta dela, já está na hora de fazer alguma coisa a respeito.

- Eu acho que ela nem pensa nisso - retrucou uma voz arrastada, fria e seca. A voz de Draco Malfoy. - Deixa isso pra lá, Theo. Eu não quero ter que lidar com isso agora.

Os dois estavam se aproximando de onde ela estava, percebeu, pela forma como as vozes se tornavam mais altas.

Droga.

Ela passou a mão pelo rosto, tentando reduzir a vermelhidão causada pela recente crise de choro.

-...que não tem como você saber se não investigar. Ela é bonitinha, e os outros caras já...

A voz de Theo Nott foi morrendo quando ele notou a figura de Sollaria sentada diante da lareira.

- Oi, meninos. - Ela forçou um sorriso.

Eles deram um "oi" meio sem-graça; meninos não gostavam quando as garotas ficavam sabendo de seus... "papos de homem".

Ela revirou os olhos e se levantou lentamente.

- Fiquem tranquilos. Eu não vou contar a ninguém o que eu ouvi. - Ela caminhou em direção a Draco e cutucou-o no braço. - Mas se bem que estou interessada em saber quem é a tal sortuda que roubou o coraçãozinho do meu melhor amigo.

Ele trocou um olhar nervoso com Nott.

- Mas não precisa ser agora. - Ela arrumou a lapela do blazer de Draco com cuidado. - Só se você um dia quiser me contar.

Ela deu um beijo na bochecha de cada um, desejou um feliz Natal para ambos e foi para o próprio dormitório. Lá, aprontou-se para dormir, jogou-se na cama e ficou olhando para o teto escuro até cair no sono.

Ao se vestir para dormir, decidiu que engavetaria até segunda ordem - ou melhor, até estar pronta para lidar com aquilo - as descobertas daquele dia. Havia sido demais para ela, e não sabia se estava pronta para tentar compreender o que havia acontecido. Não quando se encontrava tão aflita e esgotada por tudo que vinha acontecendo.

Enquanto encarava a escuridão, pensou na conversa que ouviu entre Draco e Nott e sentiu-se estranha por um momento.

Por que ela havia mentido? Não estava interessada em saber de quem ele gostava. Estava era apavorada. E se Draco de repente a esquecesse? E se a tal garota se tornasse a nova melhor amiga dele? Será que eles se tornariam namorados? Ora, eles não eram muito novos para estarem pensando naquilo?

Ela se virou na cama, abraçando o travesseiro. No dia seguinte, escreveria sobre aquilo em seu diário.

Só esperava que, não importava o que acontecesse, sua amizade com Draco permanecesse a mesma.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top