Capítulo Vinte e Um: A Visita a Hagrid


NOTAS DA AUTORA

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- Harry Potter POV -

Harry herdara somente uma coisa do pai: uma longa capa de invisibilidade prateada. Era a única chance que tinham de sair escondidos da escola para visitar Hagrid, sem ninguém ficar sabendo.

Assim, ele e Rony foram se deitar na hora de costume, esperaram até Neville, Dean e Seamus pararem de discutir sobre a Câmara Secreta e irem finalmente dormir, então se levantaram, vestiram-se outra vez e jogaram a capa por cima dos dois.

A viagem pelos corredores escuros e desertos do castelo não foi um prazer. Harry, que perambulara pelo castelo à noite várias vezes antes, nunca os vira tão cheios depois do pôr do sol. Professores, monitores e fantasmas andavam pelos corredores aos pares, olhando tudo atentamente, à procura de alguma atividade incomum. A capa da invisibilidade não os impedia de fazer barulho, e houve um momento particularmente tenso em que Rony deu uma topada a poucos metros do lugar onde Snape estava montando guarda. Felizmente, Snape espirrou quase ao mesmo tempo que Rony xingou. Foi com alívio que chegaram às portas de entrada e as abriram devagarinho.

Fazia uma noite clara e estrelada. Eles correram em direção às janelas iluminadas da casa de Hagrid e despiram a capa somente quando estavam à sua porta de entrada.

Segundos depois de terem batido, Hagrid escancarou a porta. Eles deram de cara com um arco que o amigo apontava. Canino, o cão de caçar javalis, o acompanhava dando fortes latidos.

- Meninos, há quanto tempo! - exclamou ele, baixando a arma e encarando os meninos. - Que é que vocês estão fazendo aqui?

- Houve mais dois ataques - explicou Rony. - Hermione foi uma das vítimas.

- Para que é isso? - perguntou Harry, ao entrarem, apontando para o arco.

- Nada... nada... - murmurou Hagrid. - Estava esperando... não faz mal... Sentem... Vou preparar um chá...

Ele parecia não saber muito bem o que estava fazendo. Quase apagou a lareira ao derramar água da chaleira e em seguida amassou o bule com um movimento nervoso da mão enorme.

- Você está bem, Hagrid? - perguntou Harry. - Soube do que aconteceu com a Mione?

- Ah, soube, soube, sim - respondeu Hagrid, com a voz ligeiramente falha.

Ele não parava de olhar nervoso para as janelas. Serviu aos meninos dois canecões de água fervendo (esquecera-se de pôr chá na chaleira) e ia servindo uma fatia de bolo de frutas num prato quando ouviram uma forte batida na porta.

Hagrid deixou cair o bolo de frutas. Harry e Rony se entreolharam em pânico, mas logo se cobriram com a capa e se retiraram para um canto. Hagrid se certificou de que os garotos estavam escondidos, apanhou o arco e escancarou mais uma vez a porta.

- Boa-noite, Hagrid.

Era Dumbledore. Ele entrou, parecendo mortalmente sério e vinha acompanhado por um homem de aspecto muito esquisito.

O estranho tinha os cabelos grisalhos despenteados, uma expressão ansiosa e usava uma estranha combinação de roupas: terno de risca de giz, gravata vermelha, uma longa capa preta e botas roxas de bico fino. Sob o braço carregava um chapéu-coco cor de limão.

- É o chefe do papai! - cochichou Rony. - Cornelius Fudge, Ministro da Magia!

Harry deu uma forte cotovelada em Rony para fazê-lo calar-se.

Hagrid empalidecera e suava. Deixou-se cair em uma cadeira e olhava de Dumbledore para Cornelius Fudge.

- Problema sério, Hagrid - disse Fudge em tom seco. - Problema muito sério. Tive que vir. Quatro ataques em alunos nascidos trouxas. As coisas foram longe demais. O Ministério teve que agir.

- Eu nunca... - disse Hagrid, olhando suplicante para Dumbledore. - O senhor sabe que eu nunca, professor Dumbledore...

- Quero que fique entendido, Cornelius, que Hagrid goza de minha inteira confiança - disse Dumbledore fechando a cara para Fudge.

- Olhe, Albus - respondeu Fudge, constrangido. - A ficha de Hagrid depõe contra ele. O Ministério teve que fazer alguma coisa, o conselho diretor da escola entrou em contato...

- Contudo, Cornelius, continuo a afirmar que levar Hagrid não vai resolver nada - disse Dumbledore. Seus olhos azuis tinham uma intensidade que Harry nunca vira antes.

- Procure entender o meu ponto de vista - disse Fudge, manuseando o chapéu-coco. - Estou sofrendo muita pressão. Precisam ver que estou fazendo alguma coisa. Se descobrirmos que não foi Hagrid, ele voltará e não se fala mais no assunto. Mas tenho que levá-lo. Tenho. Não estaria cumprindo o meu dever...

- Me levar? - perguntou Hagrid, começando a tremer. - Me levar aonde?

- Só por um tempo - disse Fudge sem encarar Hagrid nos olhos. - Não é um castigo, Hagrid, é mais uma precaução. Se outra pessoa for apanhada, você será solto com as nossas desculpas...

- Não para Azkaban? - lamentou Hagrid, rouco.

Antes que Fudge pudesse responder, ouviram outra batida forte na porta.

Dumbledore atendeu-a. Foi a vez de Harry levar uma cotovelada nas costelas; deixara escapar uma exclamação audível.

O senhor Lucius Malfoy entrou decidido na cabana de Hagrid, envolto em uma longa capa de viagem, com um sorriso frio e satisfeito. Canino começou a rosnar.

- Já está aqui, Fudge - disse em tom de aprovação. - Muito bem...

- Que é que o senhor está fazendo aqui? - perguntou Hagrid furioso. - Saia da minha casa!

- Meu caro, por favor acredite em mim, não me dá nenhum prazer estar no seu... hum... você chama isso de casa? - disse Lucius Malfoy, desdenhoso, correndo os olhos pela pequena cabana. - Simplesmente vim à escola e me disseram que o diretor se encontrava aqui.

- E o que era exatamente que você queria comigo, Lucius? - perguntou Dumbledore. Falou com cortesia, mas a intensidade ainda encandecia os seus olhos azuis.

- É lamentável, Dumbledore - disse Malfoy sem pressa, puxando um rolo de pergaminho -, mas os conselheiros acham que está na hora de você se retirar. Tenho aqui uma Ordem de Suspensão, com as doze assinaturas. Receio que o Conselho pense que você está perdendo o jeito. Quantos ataques houve até agora? Mais dois hoje à tarde, não foi? Nesse ritmo, não sobrarão alunos nascidos trouxas em Hogwarts, e todos sabemos que perda horrível isto seria para a escola.

- Ah, olhe aqui, Lucius - disse Fudge, parecendo assustado -, Dumbledore suspenso, não, não, a última coisa que queremos neste momento...

- A nomeação, ou a suspensão de um diretor é assunto do Conselho, Fudge - disse o senhor Malfoy suavemente. - E como Dumbledore não conseguiu fazer parar os ataques...

- Olhe aqui, Malfoy, se Dumbledore não consegue fazê-los parar - disse Fudge, cujo lábio superior estava úmido de suor -, eu pergunto, quem vai conseguir?

- Isto resta ver - disse o senhor Malfoy com um sorriso desagradável. - Mas como todo o Conselho votou...

Hagrid levantou-se de um salto, a cabeça desgrenhada raspando o teto.

- E quantos você precisou ameaçar e chantagear para concordarem hein, Malfoy? - vociferou.

- Ai, ai, ai, sabe, esse seu mau gênio ainda vai lhe causar problemas um dia desses, Hagrid - disse o senhor Malfoy. - Eu aconselharia você a não gritar assim com os guardas de Azkaban, eles não vão gostar nadinha.

- Você não pode afastar Dumbledore! - gritou Hagrid, fazendo Canino se agachar e choramingar no cesto de dormir. - Afaste ele, e os alunos nascidos trouxas não terão a menor chance. Vai haver mortes em seguida.

- Acalme-se, Hagrid - ordenou Dumbledore. Virou-se então para Lucius Malfoy. - Se o Conselho quer que eu me afaste, Lucius, naturalmente eu vou obedecer...

- Mas... - gaguejou Fudge.

- Não! - disse Hagrid com raiva.

Dumbledore não tirara seus olhos azuis cintilantes dos olhos frios e cinzentos de Lucius Malfoy.

- Porém - continuou ele, falando muito lenta e claramente de modo que ninguém perdesse uma só palavra -, você vai descobrir que só terei realmente deixado a escola quando ninguém mais aqui for leal a mim. Você também vai descobrir que Hogwarts sempre ajudará aqueles que a ela recorrerem.

Por um segundo Harry teve quase certeza de que os olhos de Dumbledore piscaram em direção ao canto em que ele e Rony estavam escondidos.

- Admiráveis sentimentos - disse Malfoy fazendo uma reverência. - Todos sentiremos falta do seu... hum... modo muito pessoal de dirigir as coisas, Albus, e só espero que o seu sucessor consiga impedir... ah... matanças.

E dirigiu-se à porta da cabana, abriu-a, fez um gesto largo indicando a porta para Dumbledore. Fudge, manuseando seu chapéu-coco, esperou Hagrid passar à sua frente, mas Hagrid continuou firme, inspirou profundamente e disse com clareza:

- Se alguém quiser descobrir alguma coisa, é só seguir as aranhas. Elas indicariam o caminho certo! É só o que digo.

Fudge olhou-o muito admirado.

- Tudo bem, estou indo - disse Hagrid, vestindo o casacão de pele de toupeira. Mas quando ia saindo para acompanhar Fudge, ele parou outra vez e disse em voz alta: - Alguém vai ter que dar comida a Canino enquanto eu estiver fora.

A porta se fechou com força e Rony tirou a Capa da Invisibilidade.

- Estamos enrascados agora - disse ele rouco. - Dumbledore foi-se embora. Seria melhor que fechassem a escola hoje à noite. Com a saída dele haverá um ataque por dia.

Canino começou a uivar, arranhando a porta fechada.

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