Capítulo Um: O Beco Diagonal



NOTAS DA AUTORA

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"Querido Diário,

Hoje acordei cedo demais. Não tem mais ninguém acordado. É a primeira vez que comemoro meu aniversário no dia 31/07, então não aguentava mais de ansiedade...

Me pergunto se Draco me mandará presentes. Não que eu queira algo, mas é porque imagino que ele vá mandar, é bem a cara dele! Mas se bem que não sei mais o que esperar. É o fim do nosso primeiro mês de férias, e ele não me escreveu nem uma vez sequer, e tampouco respondeu às minhas cartas. Imagino que tenha a ver com os problemas que eu acho que ele tem em casa, digo, acho que os pais dele não querem que ele receba cartas minhas e tampouco interaja comigo. Não sei, mas não quero pensar muito nisso agora, para não me chatear.

Sinto a falta dele, Diário. Será que ele vai me escrever hoje?

Sollaria Potter
31/07/1992

PS: O novo disco do Guns n' Roses está muito bom. Eu acho que eu gostaria muito de ganhar uma vitrola nova para levar a Hogwarts e poder ouvir músicas lá, ou, quem sabe, fones de ouvido que não sofram interferência da magia."

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Desde que Sollaria e os irmãos voltaram para casa no início de julho, a sensação que tinha era de que ao mesmo tempo que tudo permanecia o mesmo, tudo estava diferente também.

Quando fora para Hogwarts em setembro do ano anterior, havia saído de casa ressentida, confusa e com medo. Não fazia ideia de quem era, quem havia sido antes de tudo aquilo, e quem viria a ser. Bem, a esta última pergunta ela ainda não sabia responder, até porque Dumbledore dissera algo sobre demorar meses de desintoxicação e adaptação com as memórias e controle da magia para que pudessem descobrir quem de fato era a verdadeira Sollaria Potter: ambiciosa, prática e fria? Irritada, respondona e impaciente? Introspectiva, impassível e neutra? Ou, quem sabe, doce e meiga, como a Sollaria que conheciam antes de toda aquela história?

Não sabia a resposta. No entanto, sabia que havia algo de diferente consigo mesma. Se, durante o ano passado todo, ela teve vários momentos de impaciência e irritação, fosse com Draco, fosse em relação a Rony, Harry e Hermione ou aos colegas valentões da Sonserina, agora se sentia leve como uma pluma. Estar novamente conectada aos seus passatempos favoritos talvez tenha ajudado um pouco, quase como se fossem momentos terapêuticos.

Ao passo que cozinhar era algo que trazia desânimo e irritação para Rony e os outros irmãos, que sempre se irritavam quando eram obrigados a ajudar no almoço ou na janta, Sollaria sentia que esta era uma atividade que lhe trazia paz e tranquilidade. Era assando bolos e biscoitos ao som de seus discos favoritos que se sentia desconectada de todos os problemas que já enfrentava em tão tenra idade, que se sentia... livre. Em paz. Jogar Quadribol com os irmãos e ler livros também lhe davam essa sensação, mas depois de tantos meses sem poder cozinhar... Era o que Sollaria vinha fazendo as férias inteiras até então para tentar se distrair de seus problrmas.

No dia em que oficialmente completaria doze anos, não foi de outro jeito que quis passá—lo: colocou o disco mais recente de Guns n' Roses para tocar e começou a preparar o bolo de seu aniversário, depois de uma manhã toda jogando Quadribol com Rony, Fred, George e Ginny.

— Sabe, é até engraçado ver você, toda pequenininha, ouvindo esse tipo de música — comentou George, aparecendo na escada. — Está fazendo bolo de quê?

Fred e George eram apenas dois anos mais velhos, mas haviam espichado do último ano para cá, principalmente o segundo. Por causa disso, não parava de se achar, mencionando como Sollaria era baixinha e miúda.

Porque agora ele estava tãão mais alto, de certo, pensava a garota toda vez.

— Você se esqueceu de que eu também cresci com Bill? — brincou Sollaria, referindo—se ao seu peculiar gosto musical. George se aproximou e tentou enfiar o dedo na massa, mas a garota deu um tapinha em sua mão e afastou a travessa. — Não, não. O bolo é para mais tarde. E é de cenoura com cobertura de chocolate, é claro. Meu favorito. O que é isso que você está segurando?

Sollaria só havia reparado naquele momento que George segurava algo debaixo do braço. O coração dela disparou; será que era de Draco? Ele não respondeu a nenhuma de suas cartas, e...

Sollaria balançou a cabeça levemente, tentando afastar o pensamento e acalmar o coração. Por que ele estava batendo mais rápido, ela não entendeu.

— A coruja errou a janela e deixou seu presente no meu quarto.

— Acho que é do seu namoradinho — exclamou Fred, descendo as escadas naquele momento.

— Draco Malfoy não é meu namorado — retrucou Sollaria, abaixando—se para colocar o bolo no forno.

Fred deu uma risadinha.

— E quem disse algo sobre Draco Malfoy?

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De fato, o presente havia sido dado por Draco Malfoy. Era uma caixa de livros de uma famosa autora bruxa da contemporaneidade, mas que Sollaria ainda não conhecia, e também luvas novas para Quadribol. Hermione Granger, sua amiga da Escola, também havia lhe dado livros, mas neste caso, escrito por uma autora trouxa.

Apesar dos presentes incríveis, nenhum havia sido melhor do que acordar para tomar café da manhã no dia seguinte e encontrar Harry Potter, seu irmão gêmeo, sentado à mesa.

— Harry! — exclamou ela, sentando—se ao lado do garoto. — O que está... Como...?

Fred, George e Rony entreolharam—se e fizeram menção de responder quando, no entanto, foram interrompidos por um ruído abafado vindo da janela.

Todos se viraram para olhar o que havia acontecido, mas a senhora Weasley fora mais rápida e eficiente e verificara ela mesma que uma corujona havia colidido contra a janela fechada.

Na perna, a ave tinha amarrada cartas com os selos de Hogwarts, o que animara Sollaria e Ginny, que iria para a Escola pela primeira vez naquele ano. Mais um mês, e todos estariam a bordo do Expresso, prontos para mais um ano de aprendizado.

— Nossa, todos os nossos livros de Defesa Contra as Artes das Trevas são do Gilderoy Lockhart — comentou Sollaria enquanto comparava a sua lista com a de Ginny.

— As do quarto ano também são. — George estendeu—lhe a própria lista.

— Que estranho — disse Fred. — Talvez o novo professor seja um fã. — O garoto olhou para o próprio pergaminho e fez careta. — Nossa, esses livros dele são bem carinhos...

A senhora Weasley forçou um sorriso ao dizer:

— Nós daremos um jeito... Sempre damos.

_____

O café da manhã ocorreu bem, a não ser pelos momentos constrangedores pelos quais a pequena Ginny passava. Várias vezes, Sollaria reparou que a mais nova lançava olhares vez ou outra na direção de Harry, quase como se ele fosse uma miragem.

Ó, não, pensou a Potter consigo mesma, não é possível que ela tenha uma quedinha por Harry. Harry!

Pensava que aquilo fosse um pouco estranho, afinal, fora criada como uma Weasley, portanto, Ginny era sua irmã caçula de consideração, e a Potter era, ao mesmo tempo, irmã gêmea de Harry, o que tornava tudo um pouco confuso. Tentou se reconfortar ao refletir que, ainda bem, aquilo era somente uma paixonite infantil, e logo, logo, Ginny iria crescer e deixar aquilo de lado. Ou não, pensou nervosamente.

Mas, pensando melhor, aquilo nem mesmo era de sua conta. Talvez fosse legal ter a Weasley como cunhada, mesmo que achasse um pouco perturbador no início.

Em que ela estava pensando? Ginny tinha somente dez anos...

Sollaria voltou a prestar atenção à sua volta logo depois e teve a leve impressão de que talvez a Weasley fosse entrar em combustão quando Harry virou—se para ela e disse:

— Você pode me passar a manteiga, por favor?

E a própria Sollaria se constrangeu pela irmã mais nova quando ela deixou a manteiga escorregar da pequena travessa por acidente e cair na mão dele, pois Fred e George, os irmãos mais velhos, não perdoavam nenhum de seus deslizes e adoravam deixá—la envergonhada.

— Fiquem quietos, seus manés — mandou Sollaria em tom de repreensão. Tornou a olhar para Ginny, agora dizendo com ternura. — Está tudo bem, Ginny. A manteiga é escorregadia mesmo.

Algum tempo depois, enquanto todos conversavam, Harry chamou a atenção de Sollaria discretamente e sugeriu—lhe que, talvez, fosse melhor que ela começasse a usar o cofre dos Potter, afinal, ela era uma, e isso poderia ser um alívio para os Weasley, que a criavam como filha e pagavam todas as despesas da garota.

Antes que ela pudesse sequer considerar, contudo, outra coruja entrou pela janela que a mãe deixara aberta e despejou uma edição d'O Profeta Diário em cima da tigela de cereais de Percy, que ainda estava meio sonolento.

George foi mais rápido e apanhou o jornal. Com os olhos arregalados, entregou a Sollaria o pedaço de papel.

— Veja isso!

A garota riu diante do olhar de assombro do irmão, mas o sorriso em seu rosto desapareceu quando leu a manchete:

"SOLLARIA POTTER, A IRMÃ GÊMEA DESCONHECIDA d'O MENINO-QUE-SOBREVIVEU, SURGE APÓS ONZE ANOS ESCONDIDA"

E, embaixo, havia uma foto tirada à distância de Harry e Sollaria abraçando-se. Ela pôde ver que estavam nos jardins, e que Rony e Hermione também estavam no retrato. Como é que não notara fotógrafos na propriedade? Pôs-se a ler a matéria, já indignada.

"Além d'O Menino-Que-Sobreviveu, agora podemos contar com a presença de uma outra figura histórica para o mundo mágico que, por acaso, é sua irmã gêmea — A Menina-Que-Ressuscitou.

Há dúvidas que cercam esta misteriosa história, afinal, não era de conhecimento geral que os Potter teriam tido outro filho além de Harry, que foi o único encontrado vivo nos destroços de sua casa há dez anos. Por que ela não falecera naquela fatídica noite de Dia das Bruxas?

Sollaria Potter, conhecida também como Sollaria Weasley, é uma garota nada parecida com o irmão. Adotada pela família Weasley, a Potter, doze anos, foi selecionada para a Sonserina, indo contra a linhagem de sua família — os Potter —, que foi toda, durante séculos, exclusivamente da Grifinória.

— Ninguém liga pra isso — comentou ela, nervosa, enquanto passava os olhos pela folha.

A equipe do Profeta Diário está analisando minuciosamente a trágica história da família Potter e os acontecimentos daquela noite que, até hoje, é um mistério para todos. Continuamos com o resto das revelações nas páginas 6, 9 e 12.

Matéria feita por Rita Skeeter"

— Pelo amor de Deus... Ela me expôs para todos! — exclamou Sollaria, levando a mão à boca. — Eu... Eu não acredito que isso está acontecendo!

Percy, que estava ao seu lado, pôs a mão em seu ombro a fim de tranquilizá-la.

— Calma, Sol, o perigo já foi. O professor Quirrel não está mais entre nós e não há com o que se preocupar.

Mas Sollaria não deixou de perceber o olhar trocado entre Rony e Harry.

Mais tarde naquele dia, depois de realizar as tarefas domésticas exigidas por sua mãe, Sollaria, Rony e Harry reuniram-se no quarto de Rony, o qual ficava no sótão. Lá, o moreno contou-lhe coisas que a deixaram chocada.

— Um elfo doméstico apareceu em seu quarto dizendo que não deveria voltar para Hogwarts este ano porque há uma trama sendo planejada? — horrorizada, perguntou.

Harry assentiu.

— Ele me disse o nome dele, mas não sei se é uma peça pregada pelo dono dele, ou...

— E qual era o nome dele? — perguntou Sollaria, tendo um pressentimento.

— Dobby.

O coração de Sollaria deu um salto, e ela devia ter empalidecido consideravelmente, pois Rony perguntou:

— Está tudo bem?

— Eu... Eu conheço Dobby, ele é o elfo dos Malfoy!

Harry e Rony trocaram um olhar mais uma vez, e Rony disse:

— Bem, agora temos certeza de que é uma brincadeira muito idiota. — E deitou—se sem cerimônias na própria cama.

Sollaria, no entanto, ficou pensativa. Draco não seria imbecil a ponto de tentar fazer com que eles não fossem para a Escola, seria? Porque isso incluiria ela própria não indo à Escola, e ela sabia que Draco gostava muito dela para tentar impedi—la.

Sentindo o estômago pesar, a garota não sentiu forças nem mesmo para falar, tendo em vista a descoberta de um perigo iminente.

Por que é que eles não poderiam ter um segundo ano letivo normal, como todos os outros?

______

Foi só na quarta-feira seguinte, no dia do aniversário de onze anos de Ginny, que a senhora Weasley acordou a todos bem cedo para que pudessem ir ao Beco Diagonal fazer compras.

Até aquele dia, Sollaria não havia feito nada de mais além de passar o tempo com seus irmãos e ajudar sua mãe com a organização da casa, e ela estava até que ansiosa para poder sair um pouquinho. Ficar presa em casa lembrou—lhe de quatro verões atrás, quando Dumbledore decidiu arrancar suas lembranças e bloquear sua magia à força — e ela não conseguia esquecer da participação da mãe naquilo. Passar muito tempo enclausurada com os pais era doloroso, de certa forma. Jamais poderia esquecer...

— Você precisará de vestes novas, Sollaria, deu uma boa crescida — observou sua mãe enquanto reunia os filhos e Harry ao redor da lareira da sala de estar, afastando-a dos próprios pensamentos. — E você também, Rony.

Sollaria aproveitou o fato de Percy ainda não ter descido as escadas para reparar em algo para que nunca deu muita atenção: os três — ela, Rony e Harry — estavam crescendo.

Os dois garotos estavam com vozes engraçadas, ora mais agudas, ora mais graves. Era estranho... Logo logo eles se tornariam adolescentes!

Harry havia crescido uns cinco centímetros, assim como Sollaria. Já Rony, crescera uns dez, estava mais alto que os dois Potter, sendo que, há um ano, eles eram quase da mesma altura.

Sollaria também notara algumas mudanças não muito sutis em seu próprio corpo: um pouco antes do final do ano letivo anterior, tivera uma surpresa não muito agradável relacionada à sua saúde íntima e, desde então, ela estava observando alterações em seu humor, em seu corpo e em sua pele.

A senhora Weasley comprara para ela naquele verão seu primeiro sutiã, algo que foi de difícil adaptação para a garota, que achou a experiência extremamente desconfortável no início, além de que seus irmãos mais velhos, Fred e George, não paravam de provocá-la por conta daquilo.

Ela se perguntava se seus colegas também teriam passado por alguma mudança durante os meses que estiveram afastados um do outro... Hermione contara-lhe por uma carta de trinta centímetros sobre todo o seu estresse por ter passado por sua primeira menstruação sozinha em casa, e Sollaria sentiu-se menos triste por saber que não era a única a estar passando por aquilo.

— Sollaria...? Sollaria! — Ouviu Harry quase gritar em seu ouvido, fazendo com que ela se sobressaltasse. — Estamos indo agora, é a sua vez de ir!

Olhou para os lados e corou fortemente. Nem havia notado que Rony, Fred, George e Percy já haviam ido! Apanhou um pouco de pó de flú do vasinho que sua mãe erguia e atirou—o na lareira. Quando as chamas ficaram verdes, entrou, dizendo:

— Beco Diagonal!

E sentiu que estava sendo sugada para dentro de um cano muito estreito. Sentia que estava girando, e girando, e girando... Manteve os olhos fechados o tempo todo, e tentava ignorar o ruído agoniante que perturbava seus ouvidos quando, finalmente, bateu com os joelhos no chão sujo do Caldeirão Furado.

Olhou para os lados, limpando o pó que sujava seus ombros e bochechas com um aceno de sua mão, e procurou por seus irmãos, os quais estavam esperando ao lado do balcão.

— Ah, Sollaria, que bom que conseguiu chegar. Agora... — Percy olhou para o relógio e franziu o cenho —...bem, agora era para Harry já estar conosco.

O rapaz levantou os olhos quando ouviu um baque abafado ecoar perto de onde estavam, e o mais velho correu para ajudar Ginny a se levantar.

Ginny foi para perto de Sollaria, que, com mágica, tirou o resto de pó que grudava nas vestes da pequena Weasley.

— Ué, onde está o Harry? — indagou George.

— Será que ele parou na lareira errada? — sugeriu Rony.

Sollaria, que estava abraçada a Ginny, ergueu a cabeça ao ouvir um estampido. No entanto, era somente seus pais.

— Harry não apareceu! — comentou Fred para o pai.

— Ele não falou com clareza — explicou Molly Weasley com uma expressão apreensiva.

— Bem, ele não pode estar longe, não é? Ele deve ter parado em alguma loja daqui, ou até mesmo na Travessa do Tranco. — Sollaria começou a andar de um lado para o outro.

— Talvez devessemos ir procurá-lo, não é? — sugeriu George com uma fingida falta de interesse.

A senhora Weasley fechou a cara para o rapaz.

— Eu sei muito bem o que está tentando insinuar, George Weasley, mas ninguém irá à Travessa do Tranco!

O garoto fez bico e resmungou. O senhor Weasley adiantou-se até o muro atrás do bar e toda a família o seguiu. Em instantes, o portal mágico que dava para o Beco Diagonal abriu-se, revelando um longo e estreito corredor de lojas e bruxos comerciantes barganhando e comprando produtos curiosos.

Passaram de loja em loja chamando por Harry, mas, para o desespero de Sollaria e de sua mãe, o garoto não se encontrava em nenhuma loja.

Quinze minutos depois, quando a mulher já estava quase à beira de lágrimas, o marido chamou-lhe a atenção para ver Hagrid aproximando-se junto de Harry, Hermione e um casal de trouxas que só poderia ser os pais da grifinória.

— Harry! — exclamou Sollaria, que tentava passar com dificuldade pelo mar de bruxos até o irmão. Assim que conseguiu, chacoalhou-o. — Você quase me matou de preocupação, por Merlin!

Olhou-o de cima a baixo; os cabelos estavam sujos de pó, assim como o rosto e as vestes. Os óculos estavam quebrados, provavelmente atrapalhando a capacidade de enxergar do garoto. Com uma batidinha leve sobre a cabeça do irmão, Sollaria varreu qualquer sujeira que estivesse nele.

— Os óculos, Harry — pediu ela com a mão estendida. — Óculos Reparo!

E entregou-lhe o acessório como se fosse novo.

Antes que ele pudesse agradecer, no entanto, a senhora Weasley empurrou Sollaria para o lado e começou a abraçá-lo, a verificar se estava ferido. Afastando-se, Sollaria conseguiu chegar até Hermione, que apresentava os pais ao senhor Weasley.

— Estávamos indo ao Gringotes — comentou Sollaria. — Harry vai pedir uma cópia da chave do nosso cofre para os duendes.

— Isso é ótimo, Sol! — Hermione pareceu ter recebido um chamado dos pais, pois disse que deveria ir e despediu-se da amiga. — Nos vemos mais tarde, acho.

Finalmente entraram naquela magnífica edificação, e Sollaria observou detalhes sobre o interior daquele ambiente que nunca havia se deixado observar e apreciar. O piso era de mármore branco com detalhes em ouro como todo o resto do interior do local; as paredes erguiam-se com pés direitos altos e, no centro, um lustre grandioso de cristais e diamentes refletia a luz pelo amplo ambiente e iluminava o extenso corredor pelo qual caminhavam.

Dos dois lados do corredor, vários duendes trabalhavam, assinavam papéis ou mediam riquezas em balanças.

Enquanto seus pais solicitavam um vagonete para chegar ao cofre dos Weasley, Harry puxou Sollaria pela mão e parou com ela diante de um duende muito velho e rabugento, que parecia ser o gerente do banco.

Harry pigarreou, atraindo a atenção da criatura para eles.

— Gostaria de uma cópia da chave do cofre seiscentos e oitenta e sete para minha irmã, Sollaria Potter.

O duende, que assinava alguns papéis, sequer ergueu os olhos para os dois jovens quando respondeu:

— O cofre seiscentos e oitenta e sete pertence ao senhor, senhor Potter.

— Sim, e eu estou solicitando uma chave. — O duende encarouao. — Por favor — acrescentou depressa.

O duende interrompeu sua atividade e inclinou-se para frente, observando os dois irmãos que estavam parados lado a lado diante dele.

— A família Potter não é uma família muito antiga, mas certamente é uma família abastada. Você não achou que o cofre seiscentos e oitenta e sete fosse sua única propriedade, achou, senhor Potter?

O garoto franziu o cenho para o duende velho e ríspido.

— O cofre seiscentos e oitenta e sete foi criado por seus pais para que somente o senhor use, com o objetivo de usufruir da riqueza depositada lá enquanto fosse menor de idade. A senhorita Potter tem um cofre somente para ela, é claro.

O queixo de Sollaria caiu. Ela tinha... dinheiro? Só para ela?

Olhou para Harry e, aparentemente, ele também não fazia ideia da dimensão de sua riqueza, se pensou que aquele era seu único cofre e que teria de dividi-lo com a irmã.

— Os senhores receberão acesso aos outros cofres da família Potter quando fizerem dezessete anos.

O duende retomou sua atividade, dando a entender que deveriam ir embora, mas, de repente, ele disse:

— Grampo irá acompanhá-los aos seus respectivos cofres, senhor e senhorita Potter.

Com uma mão de dedos finos e alongados, a criatura entregou a Sollaria uma pequena chave de ouro, a qual ela pegou e guardou no bolso interno das vestes.

Ainda chocados demais para falarem, os dois pré—adolescentes aproximaram—se da família Weasley, a qual esperava por eles para que pudessem pegar o vagonete de uma vez.

A viagem até o cofre dos Weasley realmente causou enjoos em Sollaria, que preferiu ficar em silêncio o tempo todo. Enxergou nos olhos de seu irmão gêmeo o choque quando ele viu o interior do cofre dos Weasley quase vazio a não ser por uma pequena pilha de sicles e um único galeão de ouro. Pela expressão dele, o cofre dos Potter deveria ter muito mais dinheiro do que ela jamais tinha visto na vida.

Estava acostumada com a pobreza; afinal, era parte da família Weasley também, e vivera com eles por onze longos anos. Sollaria não culpava seu pai pela falta de dinheiro, muito menos sofria por não poder ter coisas de primeira qualidade como seus colegas de Hogwarts. Ela só... havia se acostumado, contentado-se com sua realidade.

No entanto, quando chegaram ao cofre de Harry, o cofre seiscentos e oitenta e sete... Sabia que seus olhos brilhavam, brilhavam de surpresa e choque. Não ousou olhar para os pais, que somente forçavam um sorriso o tempo todo enquanto Harry muito depressa enfiava vários galeões em uma bolsinha. Não deixou de notar, contudo, o olhar impressionado e de inveja nos olhos de Rony, e de cobiça nos de Percy. Ginny, a inocente Ginny... Encarava aquela montanha de ouro como se nunca tivesse visto ouro na vida — e, infelizmente, nunca tinha visto.

— Cofre seiscentos e oitenta e oito — anunciou Grampo, o duende pequenininho que conduzira o vagonete, quando desceram mais fundo nas profundezas de Gringotes e pararam mais uma vez diante de uma porta circular semelhante à anterior.

— Perdão? — indagou Molly, confusa.

Ela, porém, ao observar Sollaria descer do carrinho, começou a compreender.

— Sol, filhinha...

A mulher desceu do carrinho também.

— Recebi a chave para o meu cofre, mamãe. Harry achou que eu deveria ter uma, agora que sei que sou uma Potter, e talvez ele esteja certo. Os livros de Lockhart são extremamente caros, e eu não quero ser mais um peso para você.

— Ó, querida... — A mãe passou a mão pelos cabelos ruivos da Potter. — Você jamais será um peso para nós... Mas, se deseja retirar dinheiro de seu cofre, tudo bem.

A mulher crispou os lábios, o queixo tremendo. Seu rosto estampava uma expressão ofendida que ela tentava disfarçar e que estilhaçou o coração de Sollaria em vários pedacinhos.

A garota entregou a chave para Grampo, e a criatura abriu o cofre, revelando montanhas e mais montanhas de galeões, sicles, nuques... Ouro e prata e bronze e tudo o que Sollaria jamais imaginara ter em toda a sua vida.

Virou—se para o irmão gêmeo e fez um gesto para que ele se aproximasse.

— Eu não sei quanto eu deveria...

— Ah, sim. — O garoto inclinou—se sobre a fortuna deixada para a irmã e enfiou vários galeões dentro do bolso da garota. Ela fez sinal para que ele colocasse o dobro da quantidade e, curioso, Harry obedeceu.

Os Weasley estavam todos no vagonete, terrivelmente silenciosos. Rony olhava para a garota com a boca aberta, assim como Fred e George e Ginny. Os pais e Percy estavam com as cabeças baixas.

Os Potter e Grampo voltaram para o vagonete depois de trancar o cofre e, então, conduziram-no até o Hall de Entrada de Gringotes.

Ainda em silêncio, todos saíram do banco claramente constrangidos. Sollaria sentiu-se culpada; não era sua intenção causar a impressão de que não era grata por tudo que haviam feito por ela. Será que havia passado aquela impressão?

Ela verdadeiramente esperava que não.

Harry e Sollaria foram até a Madame Malkin, enquanto que os Weasley decidiram ir atrás de uma loja de roupas de segunda mão para que pudessem comprar as vestes de Hogwarts para Ginny.

Sollaria, contudo, interrompeu-os e disse:

— Ginny, venha comigo. Vamos ver um conjunto de vestes para você e o que mais você quiser.

Os olhos da pequena Weasley brilharam. Sollaria beijou o topo da cabeça da irmã mais nova.

— Feliz aniversário, Ginny!

______

Após saírem da Olivaras, somente faltava a Floreios e Borrões e finalmente poderiam ir embora. Por mais que estivesse tentada a comprar uma varinha nova em folha como a de Ginny, ela sabia que seria de mais se o fizesse, pois seria como ignorar todo o esforço que sua mãe fizera para comprar aquela varinha para ela enquanto o filho do próprio sangue ganhava uma velha de Charlie. Além do mais, sua varinha, mesmo sendo velha, jamais falhara com ela em nenhum dos momentos em que praticara magia, fosse ela mais avançada ou não.

A Floreios e Borrões estava mais cheia do que o habitual, e o motivo para tanto justificou-se em uma grande faixa estendida nas janelas do primeiro andar: Gilderoy Lockhart estava autografando livros.

Sollaria, Ginny, Rony e Harry espremeram-se para entrar no estabelecimento abarrotado de bruxas e bruxos curiosos. Havia uma longa fila que tinha início no fundo da loja, onde Lockhart estava distribuindo autógrafos. Sollaria segurava com força a mão de Ginny e, com a mão livre, lia a lista dos livros exigidos para os alunos do primeiro ano.

— Deveríamos pegar uma sacola para colocar os livros, Ginny, eu não vou aguentar carregar todos os meus livros e os seus com uma mão...

Subiram as escadas que dariam para o primeiro andar a fim de procurar por algum cesto ou sacola para colocar os livros dentro e encontraram o piso completamente vazio, a não ser por um garoto de cabelos loiros surpreendentemente mais alto do que ela se lembrava.

— M-Malfoy?

O garoto, que observava os livros nas prateleiras, virou para os lados à procura da pessoa que o chamara, pondo finalmente os olhos nela.

— Potter.

O garoto tinha uma expressão impassível no rosto, sua voz fria e arrastada, mas, naqueles olhos cinzas, um brilho cintilante trouxe a certeza de que ele estava feliz por vê-la — uma maneira singular e muito estranha de demonstrar. Eles perscrutavam o rosto e o corpo e as vestes de Sollaria da cabeça aos pés, e então ela soube que ele não demonstraria afeto ou qualquer coisa diante de Ginny. Essa era uma das coisas que tornavam Malfoy um garoto complicado — permitia-se ser ele mesmo apenas na presença dela. Com os outros, era o mesmo idiota de sempre. O mesmo idiota que havia sido criado para ser.

— Essa é a parte em que você diz que está feliz por me ver e me dá um abraço, acho — comentou ela, tentando soar animada. — Por que não me escreveu?

Não se esquecera de que ele nem mesmo a enviara alguma carta antes de seu aniversário. Parecia estar evitando-a, ou pelo menos era o que ela pensava.

Ele curvou os lábios em um meio sorriso.

— Nos abraçamos agora? — indagou, ignorando a pergunta da amiga.

Ela deu uma risada mínima e olhou para Ginny, que estava quieta e parecia um pouco confusa.

— Ginny, este é Draco Malfoy, meu melhor amigo. Draco, essa é a minha irmã mais nova. — E lançou um olhar fuzilante na direção do garoto, como se dissesse "seja gentil".

O garoto meramente acenou com a cabeça e cumprimentou—a com um "Weasley" seco. A mais nova apertou a mão de Sollaria com força.

— O que você está fazendo aqui? — indagou o Malfoy.

Sollaria franziu o cenho diante da pergunta tosca.

— Compras, é claro.

Mas então compreendeu o significado por trás da pergunta. O que uma garota pobre como ela estaria fazendo em uma loja de artigos caros como aquela.

Ah.

— Eu tenho acesso ao meu cofre pessoal agora. Harry está lá embaixo junto com os outros. —

Ela olhou para baixo por cima da beirada.

Conseguia distinguir com facilidade as cabeças ruivas no meio de todas aquelas cabeças escuras.

— Nós somos pobres, Draco, mas sabemos gerenciar o pouco que temos. Já compramos aqui antes, não precisa parecer tão chocado — explicou ela com um tom de voz ofendido.

Sentiu outro aperto em sua mão.

Draco era tão previsível às vezes... Ela deveria saber — continuava o mesmo garoto influenciado pelo pai. Era só ir para casa, e voltava para Hogwarts como o mesmo mimado arrogante que sempre fora.

E ela se sentia a maior tola do mundo por acreditar que ele poderia melhorar, porque ele era tão bom para ela, e ela sabia que ele se importava com ela — e ela se importava com ele... Ah, droga.

Ela nem precisou se esforçar para ultrapassar as barreiras mentais do garoto para saber o que ele estaria pensando. Bastava encará—lo nos olhos; aquela expressão arrogante e fria e a postura imaculada já esclareciam tudo.

Profundamente ofendida, crispou os lábios.

— Entendi. — Foi a resposta dele. Três, dois... — Então quer dizer que agora você não é mais pobre?

— Draco! — exclamou ela, horrorizada. — Você não pode simplesmente...

O garoto piscou rapidamente, como se tivesse percebido o que havia acabado de dizer.

— Sinto muito — Ele se forçou a dizer. — Você sabe... Foi uma brincadeira... Não quis dizer...

Sem responder ou encarar Draco, Sollaria tratou de pegar uma sacola qualquer que estava sendo vendida e enfiou todos os livros que carregava dentro.

— Venha, Ginny. Temos muito o que comprar.

E, batendo no ombro do garoto ao passar, agarrou a mão da irmã mais nova e, juntas, as duas desceram as escadas que dariam para o fundo da loja.

Chegaram bem a tempo de ver Gilderoy Lockhart puxar Harry para uma foto, o homem empurrando uma pilha de livros nos braços do Potter.

A aglomeração no interior da loja aplaudiu, e, resmungando, a garota puxou Ginny para o canto mais afastado da loja.

— Vamos pegar o resto dos livros.

— Aquele seu amigo era meio esquisito, não acha? — perguntou Ginny para Sollaria enquanto a ajudava a encontrar os livros.

Sollaria, que naquele momento estava muito irritada com Draco, somente balançou a cabeça afirmativamente enquanto pegava exemplares de Livro Padrão de Feitiços para a 1ª e 2ª Série e colocava-os na sacola.

Sem perder Ginny de vista nem por um segundo, as duas atravessaram a loja com certa dificuldade em direção à seção de tinteiros e penas, onde encontraram Harry, Rony e, para a sua surpresa, Hermione e os pais trouxas da garota parados.

— Finalmente! — exclamou Rony. — Onde estavam? Papai e mamãe quase tiveram um treco. Corrigindo: mamãe quase teve um treco. Mas papai está bem preocupado.

— Onde estão eles? — indagou Sollaria, olhando de um lado para o outro à procura dos pais.

— Procurando vocês pela loja. Disseram que deveríamos esperar aqui — explicou Harry, e, com um olhar para algo que estava atrás de Sollaria, apontou: — Ah! Ali estão eles, olha.

De fato, o casal ruivo caminhava até eles com expressões em um misto de alívio e preocupação.

— Aí estão vocês! Onde estavam? — indagou a mãe, olhando de Sollaria para Ginny como quem espera uma resposta.

— Procurando os livros de Ginny. — Não era uma mentira, mas não queria revelar que havia demorado porque estava conversando com Draco Malfoy. — Já acabamos. Que tal irmos para a fila, se todos já pegamos tudo que tínhamos para pegar?

Com um último olhar para a filha mais velha, a mulher disse:

— Bem, acho que tem razão. Vamos logo, quanto mais cedo sairmos daqui, melhor.

Só espero que não encontremos os Malfoy novamente, implorou Sollaria a Merlin.

Merlin, aparentemente, odiava Sollaria Potter, pois, quando estava para sair da loja...

— Potter!

Harry e Sollaria viraram o rosto ao mesmo tempo. Quando ela começou a responder ao sobrenome verdadeiro, ela não havia reparado, mas era como se fosse algo natural para ela. O nome lhe caía bem — Sollaria Hyacinth Potter. Quase como se tivesse sido algo planejado, pois soava bem aos seus ouvidos, principalmente da forma como Malfoy pronunciava seu sobrenome e...

Ela balançou a cabeça em uma tentativa de afastar os pensamentos toscos que insistiam em surgir na sua mente sem sua permissão. Em quê estou pensando, por Merlin?

— Potter... — ele chamou de novo, quase como se estivesse pedindo. — Por favor...

Sollaria teve de morder a língua para se impedir de abrir a boca... Draco Malfoy pedindo "por favor"? E na frente de Hermione, Rony, Ginny e Harry? Ele realmente devia estar aborrecido com algo. Ou desesperado.

Ginny empurrou-a com as mãos, fazendo com que ela tropeçasse até a metade do caminho.

Revirando os olhos, aproximou-se de Draco. Teve a terrível impressão de que estavam sendo observados e, ao olhar por cima do ombro, viu os três grifinórios e Ginny tentando disfarçar o fato de estarem espiando.

— Que é? — Ela cruzou os braços.

Ele tentou forçar os braços dela para baixo. Queria provocá-la, fazer com que ela cedesse. Que ela abrisse um sorriso, ou algo do tipo.

— Não queria que fosse embora brava comigo.

Ah, aquilo.

— Não estou brava com você. — Ele sorriu, um brilho de alívio sobrepondo-se ao nervosismo de antes. — Estou magoada.

O sorriso do Malfoy se desfez.

Sollaria esperou por um pedido de desculpas, mas, ao ver que ele não o faria, respirou fundo e disse:

— Tchau, Malfoy.

E afastou-se. Pegou a mão de Ginny e fez menção de sair da loja para ir atrás de Fred e George, onde quer que eles estivessem.

Naquele exato momento, entretanto, os senhores Weasley e os Granger apareceram carregando o resto das sacolas.

— Crianças! Achei que tivessem ido até a loja de Quadribol atrás de Fred e George? — indagou o patriarca da família Weasley. — Vamos embora, aqui está che...

Alguém esbarrou propositalmente em seu pai, e Sollaria não precisou fazer muito esforço para adivinhar quem era aquele homem. Já havia-o visto na Plataforma 9 3/4 no final do ano letivo anterior. Cabelos loiros, olhos frios e postura arrogante... Só poderia ser...

— Malfoy. — Arthur Weasley encarou o homem, o qual vinha com o filho logo atrás.

— Ah, Arthur Weasley. Não o vi parado aí, é quase como se fosse... — Ele encarou cada um dos rostos dos Weasley com desdém. —...invisível.

O homem ruivo não respondeu.

— Muito trabalho no Ministério, ouvi dizer — continuou o senhor Malfoy. — Todas aquelas blitze... Espero que estejam lhe pagando hora extra!

Ele meteu a mão no caldeirão que o senhor Weasley segurava e tirou, do meio dos livros de capa lustrosa de Lockhart, um exemplar muito antigo e surrado de um Guia da Transfiguração, 2ª Série.

— É óbvio que não — concluiu o Malfoy. — Ora, veja, de que serve ser uma vergonha de bruxo se nem ao menos lhe pagam bem para isso?

O senhor Weasley corou fortemente, inconscientemente passando o caldeirão para a mão de Ginny, que o segurou.

— Nós temos ideias muito diferentes do que é ser uma vergonha de bruxo, Malfoy.

— Visivelmente — disse Lucius Malfoy, seus olhos claros desviando-se para os Granger, que observavam apreensivos. — As pessoas com quem você anda, Weasley... e pensei que sua família já tinha batido no fundo do poço...

Ouviu-se uma pancada metálica quando o caldeirão de Ginny saiu voando; o senhor Weasley se atirara sobre o senhor Malfoy, derrubando-o contra uma prateleira. Dúzias de livros de soletração despencaram com estrondo em sua cabeça; Ginny soltou um gritinho devido ao barulho; a mãe de Sollaria gritava "Não, Arthur, não!"; a multidão estourou, recuando e derrubando mais prateleiras.

— Senhores, por favor, por favor! — pedia o assistente, e, depois, mais alto que a algazarra reinante. — Vamos parar com isso, cavalheiros, vamos parar com isso...

Hagrid, que estava ao lado de fora da abarrotada loja, caminhou em direção aos dois atravessando um mar de livros. Num instante ele separou o senhor Weasley e o senhor Malfoy. Arthur Weasley estava com o lábio cortado e Lucius Malfoy fora atingido no olho por uma Enciclopédia dos Sapos. Ele ainda segurava o livro velho sobre Transfiguração. Atirou-o em Ginny, os olhos brilhando de malícia.

— Aqui, tome o seu livro, é o melhor que seu pai pode lhe dar...

E, desvencilhando-se da mão de Hagrid, chamou Draco e saíram da loja.

— Vamos, vamos embora — resmungou Molly, olhando para os lados a todo momento. — Ainda precisamos procurar Percy e os gêmeos...

Quinze minutos depois, despediram-se dos Granger dentro do Caldeirão Furado. Eles voltariam pela rua dos trouxas, enquanto que os Weasley, Sollaria e Harry voltariam pela Rede de Flú.

— Esse decididamente não é o meu transporte mágico favorito — resmungou Harry para Rony e Sollaria antes de apanhar um punhado de pó de flú, despejá-lo na lareira, entrar e gritar: "A Toca".

Sollaria observou o irmão ser envolvido pelas chamas verdes e desaparecer logo em seguida. Ela era a próxima.

Pegou um punhado de pó e jogou na lareira. Entrou com o corpo todo.

O sino na porta de trás do estabelecimento soou; e Sollaria simplesmente sabia... ela simplesmente soube que a pessoa que não havia tirado os olhos de onde ela estava até o momento em que foi engolida pelas chamas verdes era Draco Malfoy.

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