Capítulo Dezoito: Dia dos Namorados



NOTAS DA AUTORA

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- Um gato? - Riu Sollaria quando ela, Harry e Rony visitaram Hermione na manhã seguinte na Ala Hospitalar. - Como isso aconteceu?

- O pelo na roupa da Bullstrode era de gato - explicou Hermione amargamente. - Como eu ia adivinhar que uma pessoa cretina e horrível como ela podia ser capaz de ter um gato? Eu jamais ia imaginar... Mas isso não importa. Me contem sobre ontem à noite.

Harry e Rony trocaram um olhar.

- Vamos, eu quero ouvir - incentivou Sollaria com sarcasmo. - Eu quero ouvir as exatas palavras saindo dessas suas bocas teimosas!

- Sollaria estava certa - murmurou Rony.

- Draco não é o Herdeiro de Slytherin. A única coisa que descobrimos é que, da última vez que a Câmara foi aberta, há cinquenta anos, uma nascida-trouxa morreu.

Sollaria, que estava muito quieta apoiada na parede, ergueu as sobrancelhas e disse:

- Bem, isso é uma coisa que você não encontra nos livros de História.

Rony apoiou a cabeça no leito de Hermione dramaticamente.

- Estamos no escuro de novo. Não temos nenhuma pista por onde começar.

Todos ficaram em silêncio por um segundo.

- Vocês não acham que os quadros e os fantasmas sabem de alguma coisa? - perguntou Harry. - Quer dizer... A maioria deles sempre esteve aqui.

Hermione balançou a grande cabeça peluda.

- Eles guardam os segredos de Hogwarts, os quadros. E os fantasmas também, acho. A lealdade deles é para com a Escola.

Rony deixou escapar um gemido.

- Caramba... Deve ser alguma coisa muito horrível para não terem contado a Dumbledore ainda - falou Harry. - Mas o que será que é essa coisa? O que seria esse monstro que somente Slytherin e seu herd...

Mas ele jamais completou a frase. Madame Pomfrey apareceu para expulsá-los da enfermaria, alegando que Hermione precisava descansar.

Hermione permaneceu na ala hospitalar por várias semanas. Houve uma boataria sobre o seu sumiço quando o resto da escola voltou das férias de Natal, porque naturalmente todos pensaram que ela fora atacada. Foram tantos os alunos que passaram pela ala hospitalar tentando dar uma olhada nela que Madame Pomfrey pegou as cortinas e pendurou-as em torno da cama da garota, para lhe poupar a vergonha de ser vista com a cara peluda.

Como Sollaria não estava falando com Draco desde os acontecimentos do Natal, ela tinha tempo o suficiente para visitar Hermione todas as tardes e também nas noites de terça-feira e quinta-feira, quando aproveitava para explicar os conteúdos novos que a amiga estava perdendo desde que o novo período letivo começou.

Às vezes, Sollaria levava seu tabuleiro de Xadrez para que as duas pudessem jogar, e ficava muito contente em ganhar de Hermione todas as vezes. Perder de vez em quando parecia fazer bem à amiga.

Quando Madame Pomfrey finalmente pediu para que ela fosse embora, Sollaria recolheu seu jogo, despediu-se da amiga e saiu da Ala Hospitalar. Estava já no segundo andar quando ouviu vozes que ela conhecia muito bem.

- É o banheiro da Murta! - Ouviu Harry exclamar.

- Agora o que será que ela tem?! - exclamou Rony.

- Vamos até lá ver - disse Harry.

Sollaria revirou os olhos - por que eles sempre iam atrás de encrenca? - e foi até o banheiro interditado, cujo chão estava completamente molhado, apenas para encontrar os dois garotos tentando consolar Murta sobre alguma idiotice cometida contra ela.

Ela apontou para uma pia enferrujada e Harry e Rony foram até ela. Sollaria os seguiu, quase matando os dois de susto.

- Você quase me matou, Sollaria! - ofegou Rony. - Não ouvimos você entrar.

Ela deu de ombros, inclinou-se sobre o ombro do ruivo e perguntou o que eles estavam fazendo.

- Jogaram um livro na Murta. A gente veio verificar.

Havia um livro pequeno e fino caído ali debaixo da pia. Tinha uma capa preta e gasta e estava molhado como tudo o mais naquele banheiro. Harry adiantou-se para apanhá-lo, mas Rony de repente esticou o braço para impedi-lo.

- Que foi?

- Você está maluco? - disse Rony. - Pode ser perigoso.

- Perigoso? - perguntou Harry rindo. - Deixe disso, de que jeito poderia ser perigoso?

- Você ficaria surpreso - disse Rony, olhando apreensivo para o livro. - Os livros que o Ministério da Magia tem confiscado, papai me contou, tinha um que queimava os olhos da pessoa. E todo mundo que leu Sonetos de um Bruxo passou a falar em rima para o resto da vida. E uma velha bruxa em Bath tinha um livro que a pessoa não conseguia parar de ler! Passava a andar com a cara no livro, tentando fazer tudo com uma mão só. E...

- Está bem, já entendi - interrompeu Harry com uma risada.

O livrinho continuava no chão, empapado e indefinível.

- Bem, não vamos descobrir se não dermos uma olhada - falou Harry.

Então Harry se abaixou para se desvencilhar de Rony e apanhou o livro do chão enquanto os dois ruivos trocavam um olhar horrorizado.

Quando Harry se aproximou com o livro para perto da luz, Sollaria reconheceu o objeto como o diário de Ginny.

- Ei! Esse é o diário de Ginny! O que será que ele está fazendo aqui?

Os três lançaram um olhar para o artefato possivelmente roubado.

- Bem, só tem duas hipóteses: ou Ginny se livrou dele, ou se livraram dele por ela - murmurou Rony.

- Impossível, ela escreve nessa coisa o tempo todo.

Harry examinou a capa mais de perto e disse:

- De fato, é um diário. Mas não pertence a Ginny. Era de alguém chamado T. M. Riddle, e tem - ele aproximou mais o diário para enxergar melhor - cinquenta anos de idade.

- É, definitivamente não é de Ginny - disse Sollaria enquanto ia em direção à porta. - Deixe essa coisa em cima da pia ou sei lá, e vamos embora daqui. Se alguém vier e nos vir aqui...

- Calma aí - disse Rony, que se aproximara cautelosamente e espiava por cima do ombro do amigo. - Conheço esse nome... T. M. Riddle recebeu um prêmio por serviços especiais prestados à escola há cinquenta anos.

- Como é que você sabe? - perguntou Harry admirado.

- Porque Filch me fez polir o escudo desse aí umas cinquenta vezes durante a minha detenção - disse Rony com raiva. - Daquela vez que arrotei lesmas para todo o lado. Se você tivesse tirado lesmas de um nome durante uma hora, você também se lembraria.

Harry separou as páginas molhadas. Estavam completamente em branco. Não havia o menor vestígio de escrita em nenhuma delas.

- Não entendo por que alguém quis se descartar dele - comentou Rony, curioso.

Harry virou as costas do livro e leu o nome que estava impresso, o de uma papelaria na rua Vauxhall, em Londres.

- O dono deve ter nascido-trouxa - disse Harry parecendo pensativo. - Para ter comprado um diário na rua Vauxhall...

- Bom, não vai servir para você - disse Sollaria à porta. - Vamos embora.

Harry, porém, meteu o diário no bolso. Sollaria abriu a boca para tentar convencê-lo a largar a coisa ali, mas ao ver a expressão determinada no rosto do irmão, simplesmente ficou quieta. Sabia que não adiantaria dizer nada.

- Droga, por que não podemos ter um ano letivo normal? - desabafou ela antes de seguir para o Salão Comunal da Sonserina.

_____

Hermione deixou a ala hospitalar, sem bigodes, sem rabo, sem pelos, apenas no início de fevereiro. Àquela altura, Sollaria pensava que já teria feito as pazes com Draco, mas não foi bem o que aconteceu. Ele não dera o braço a torcer, e muito menos ela daria. Não que fosse orgulhosa - isso era algo que ela não era -, mas a situação de seus pais realmente a magoara. Apesar de estar sentindo muita falta do melhor amigo, preferia se sentar sozinha durante as aulas a pedir desculpas por uma coisa que ele fizera.

O sol agora voltara a brilhar palidamente sobre Hogwarts, o que era ótimo considerando que a terceira partida de Quadribol fora entre Corvinal e Sonserina já no primeiro sábado de fevereiro, e Sollaria quase perdera o pomo para a terceiranista Cho Chang - quase. Quando comemoraram a vitória do Time mais tarde na Comunal, Sollaria preferiu comer sozinha a olhar para Draco, que parecia querer dizer alguma coisa.

No interior do castelo, as pessoas se sentiam mais esperançosas. Não houvera mais ataques desde os de Justin e Nick Quase-Sem-Cabeça, e Madame Pomfrey tinha o prazer de informar que as mandrágoras estavam ficando imprevisíveis e cheias de segredinhos, o que significava que iam deixando depressa a infância.

Ernie Macmillan da Lufa-Lufa não concordava com a visão otimista de que o Herdeiro pudesse ter desistido de atacar já que não conseguira matar ninguém. Continuava convencido de que Harry era o culpado, que ele "se denunciara" no Clube dos Duelos, e que Sollaria estava ajudando-o.

Gilderoy Lockhart parecia pensar que, sozinho, fizera os ataques pararem. Harry, Rony, Hermione e Sollaria ouviram-no dizer isso à professora McGonagall quando os alunos da Grifinória faziam fila para ir à aula de Transfiguração.

- Acho que não vai haver mais problemas, Minerva - disse ele dando um tapinha no nariz e uma piscadela com ar de quem sabe das coisas. - Acho que a Câmara foi fechada para sempre desta vez. O culpado deve ter sentido que era apenas uma questão de tempo até nós o pegarmos. Achou mais sensato parar agora, antes que eu o liquidasse.

"Sabe, o que a escola precisa agora é de uma injeção no moral. Esquecer as lembranças do período passado! Não vou dizer mais nada por ora, mas acho que sei exatamente o que fazer..."

E dando outra pancadinha no nariz se afastou decidido.

Sollaria, Rony e Harry trocaram um olhar enojado enquanto observavam-no virar o corredor.

A ideia que Lockhart fazia de uma injeção no moral tornou-se clara no café da manhã de catorze de fevereiro.

As paredes estavam cobertas com grandes flores rosa berrante. E pior ainda, de um teto azul-celeste caía confete em feitio de coração. Sollaria dirigiu-se sozinha à mesa da Grifinória, onde Rony e Harry estavam sentados com caras de enjoo, e Hermione parecia não conseguir parar de rir.

- Que é que está acontecendo? - perguntou Sollaria aos três, sentando-se e limpando o confete do bacon.

Rony apontou para a mesa dos professores, aparentemente nauseado demais para falar. Lockhart, usando vestes rosa berrante, para combinar com a decoração, gesticulava pedindo silêncio. Os professores, de cada lado dele, estavam impassíveis.

- Acho que McGonagall terá um acesso daqui a pouco - comentou Sollaria, divertida, enquanto observava a professora de Transfiguração, que parecia mais rígida do que o normal.

- Feliz Dia dos Namorados! - exclamou Lockhart. - E será que posso agradecer às quarenta e seis pessoas que me mandaram cartões até o momento? Claro, tomei a liberdade de fazer esta surpresinha para vocês, e ela não acaba aqui!

Lockhart bateu palmas e, pela porta que abria para o saguão de entrada, entraram onze anões de cara amarrada. Mas não eram uns anões quaisquer. Lockhart mandara-os usar asas douradas e trazer harpas.

- Os meus cupidos, entregadores de cartões! - Sorriu Lockhart. - Eles vão circular pela escola durante o dia de hoje entregando os cartões dos namorados. E a brincadeira não termina aí! Tenho certeza de que os meus colegas vão querer entrar no espírito festivo da data! Por que não pedir ao professor Snape para lhes ensinar a preparar uma Poção do Amor! E por falar nisso, o professor Flitwick conhece mais Feitiços de Fascinação do que qualquer outro mago que eu conheça, o santinho!

- Isso não é ilegal? - perguntou Hermione para ninguém em especial, o cenho franzido.

O professor Flitwick escondeu o rosto nas mãos. Snape fez cara de que obrigaria a beber veneno o primeiro aluno que lhe pedisse uma Poção do Amor.

- Por favor, Mione, me diga que você não foi uma das quarenta e seis - disse Rony ao deixarem o Salão Principal para assistir à primeira aula.

A garota de repente ficou muito interessada em procurar na mochila o seu horário e não respondeu. Enquanto isso, Harry e Sollaria trocaram um sorriso discreto.

Durante toda a manhã, os anões não pararam de invadir as salas de aula e entregar cartões, para irritação dos professores e, na última aula antes do almoço, quando os alunos da Grifinória e Sonserina esperavam na fila para entrar na sala de DCAT, um dos anões alcançou Harry.

- Oi, você! Harry Potter! - gritou um anão particularmente mal-encarado, que abria caminho às cotoveladas para chegar até Harry.

Claramente constrangido por receber um cartão do Dia dos Namorados na frente de uma fileira de alunos de primeiro ano, que por acaso incluía Ginny, Harry tentou sair da fila por trás. O anão, porém, meteu-se por entre a garotada chutando as canelas de todos e o alcançou antes que o garoto pudesse se afastar dois passos.

- Tenho um cartão musical para entregar a Harry Potter em pessoa - disse, empunhando a harpa de um jeito meio assustador.

- Aqui não - sibilou Harry, tentando escapar.

- Fique parado! - grunhiu o anão, agarrando a mochila de Harry e puxando-o de volta.

- Me solta! - rosnou o garoto. Toda aquela situação estava causando um certo engarrafamento no corredor lotado de alunos do primeiro e segundo ano.

Com um barulho de pano rasgado, a mochila se rompeu ao meio. Os livros, a varinha, o
pergaminho e a pena se espalharam pelo chão, e o vidro de tinta se derramou por cima de tudo.

Harry tentou reunir tudo antes que o anão começasse a cantar. Sollaria, vendo o desespero do irmão enquanto tentava não rir, puxou a varinha das vestes e consertou a mochila rasgada.

- Que é que está acontecendo aqui? - ouviu-se a voz fria e arrastada de Draco Malfoy.

Harry começou a enfiar tudo febrilmente na mochila, desesperado para sair dali antes que Draco pudesse ouvir o cartão musical. Sollaria agachou-se para ajudar o irmão a guardar as coisas e tentou escondê-lo atrás dela, sem muito sucesso, afinal, era mais baixa do que ele agora.

- Que confusão é essa? - perguntou outra voz conhecida. Era Percy que se aproximava.

Perdendo a cabeça, Harry tentou correr, mas o anão o agarrou pelos joelhos e o derrubou com estrondo no chão.

- Muito bem - disse ele, sentando-se em cima dos calcanhares de Harry. - Vamos ao seu cartão cantado:

Teus olhos são verdes como sapinhos cozidos,
Teus cabelos, negros como um quadro de aula.
Queria que tu fosses meu, garoto divino,
Herói que venceu o malvado Lorde das Trevas.

Era muito constrangedor. De um lado, Malfoy ria de se acabar com os outros alunos. Com um olhar sagaz na direção de Ginny, que tinha a cabeça baixa, Sollaria entendeu imediatamente que fora ela a enviar o cartão. Era óbvio. Todos sabiam da quedinha que ela tinha pelo irmão gêmeo de Sollaria, e o coração da Potter pesou de vergonha e empatia por Ginny.

Harry parecia alguém que teria dado todo o ouro de Gringotes para se evaporar na hora. Fazendo um grande esforço para rir com os colegas, ele se levantou com a ajuda de Sollaria, enquanto Percy fazia o possível para dispersar os alunos que agora se reuniam ao redor deles, alguns chorando de tanto rir.

- Vão andando, vão andando, a sineta tocou há cinco minutos, já para a aula - disse o monitor, espantando os alunos mais novos. - E você, Malfoy...

Sollaria, erguendo a cabeça, viu Draco se abaixar e apanhar alguma coisa. Mostrou-a, debochando, a Nott e Zabini, e então ela percebeu que ele se apossara do diário de Riddle.

- Devolva isso aqui - disse Harry controlado.

- Que será que Potter andou escrevendo nisso? - disse Draco, que obviamente não reparara na data impressa na capa e pensava que era o diário de Harry. Fez-se silêncio entre os presentes. Ginny olhava do diário para Harry, com cara de terror.

- Devolva, Malfoy - disse Sollaria, a raiva crescendo em seu peito.

- Depois que eu olhar - disse Draco, agitando o diário no ar para enraivecer Harry.

Percy falou:

- Como monitor... - Mas Sollaria perdera a paciência. Com a mão estendida, bradou:

"Expelliarmus!" e do mesmo jeito que Snape desarmara Lockhart, Draco viu o diário sair voando de sua mão. Com um sorriso cínico, apanhou-o.

- Sollaria! - disse Percy em voz alta. - Nada de mágica nos corredores. Vou ter que reportar isso, sabe?

Mas ela, que ainda estava com raiva pela humilhação que Harry e Ginny sofreram, disse, a voz fria como gelo:

- Eu não me importo. Acabar com a graça de gente imbecil vale os cinco pontos da Sonserina em qualquer dia.

Draco ficou furioso e, quando Ginny passou por ele com o resto dos primeiranistas, gritou despeitado:

- Acho que Potter não gostou muito do seu cartão!

Ginny cobriu o rosto com as mãos. Rosnando, Rony puxou a varinha, mas Sollaria agarrou-o para afastá-lo.

- Deixe ele pra lá. Não vale a pena - murmurou Hermione enquanto entrava na sala de aula.

- É... Ele só está agindo assim porque eu e ele brigamos feio - concordou Sollaria. E então se virou para Harry. - Ei, Harry, você percebeu que tudo em sua mochila estava manchado de tinta, menos o diário? Ele permaneceu intacto.

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