Capítulo Dezessete: Os Falsos Crabbe e Goyle
NOTAS DA AUTORA
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Sollaria encontrou Ginny no corredor, o rosto vermelho por chorar, enquanto Fred e George tentavam animá-la.
- Ei, Ginny, vai ficar tudo bem, ok? O Rony é meio... idiota às vezes. Não mede as palavras - falava Fred.
George, que estava sentado ao lado da mais nova, levantou-se e puxou Sollaria para longe.
- Ela se sente sozinha, disse que nós não estamos mais brincando com ela como fazíamos em casa.
Sollaria começou a brincar com seu anel, inquieta.
- Ela sente saudades de casa. Será que... Será que ela pensa que não gostamos mais dela? Isso é estranho. Eu até a convidei para dormir comigo!
- Não, acho que não é isso. Ela só... sente a nossa falta. Ela estava acostumada a nos ter sempre juntos ao redor dela, e aqui, nós ficamos todos separados, é a vida.
- E então quando finalmente passamos a tarde com ela, o idiota do Rony estraga tudo - concluiu Sollaria compreendendo, enquanto trocava um olhar com Fred, que os observava enquanto abraçava Ginny.
- É... E ela parece assustada com tudo o que está acontecendo. Disse que aquele menino que foi petrificado era um coleguinha dela...
Sollaria suspirou.
- Quanto a isso eu não sei o que fazer. Ela parece bem amuada. E quando a Madame Nora foi atacada... - Ficou em silêncio por um momento. - Ginny adora gatos. Por isso, eu deixo ela ficar brincando com a Nyx, pra ver se ela se distrai um pouco. Mas ela parece muito abatida mesmo assim. Talvez eu a leve para dar uma voltinha na minha vassoura. Quem sabe ela não se anima?
George sorriu.
- É, é uma boa ideia.
Os dois voltaram para onde Ginny estava com Fred. Sollaria ajoelhou-se e disse:
- Ei, Ginny, que tal uma corrida de vassouras?
- Tem muita neve lá fora, Sollaria - murmurou ela.
O sorriso de Sollaria aumentou, e ela deu um cutucão de brincadeira na mais nova.
- O que torna tudo muito mais divertido!
No fim, Ginny estava certa. A never estava tão densa e o tempo tão fechado e frio, que elas não aguentaram e voltaram para dentro do castelo, mas, de qualquer forma, havia valido a tentativa.
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- Depois que terminarem aí, voltem para a Sala Comunal, tem algo que eu preciso mostrar a vocês dois. - Sollaria ouviu Draco dizer a Crabbe e Goyle ao sair do Salão Principal. Andaram em silêncio até a metade do caminho para as Masmorras, então o garoto se virou para ela com uma expressão indecifrável no rosto. - Você sabe que os pais de Crabbe e Goyle têm negócios com o meu pai, não sabe?
Sollaria não entendeu onde é que o garoto queria chegar com aquilo.
- Uhum, você comentou uma vez, acho.
- Bem, então sabe que eu tenho uma reputação a manter. O fato de eu andar com você...
Sollaria ergueu uma sobrancelha, incapaz de acreditar que ele estava realmente dizendo aquilo. Vendo a expressão no rosto dela, ele se interrompeu e tentou mais uma vez.
- O que eu quero dizer é que eu preciso agir como...
- Como um idiota purista e arrogante que pensa que é melhor do que todo mundo ao seu redor simplesmente por ser rico, sonserino e sangue-puro? - Ela cruzou os braços diante do corpo.
- Como um sonserino de família respeitosa - corrigiu ele - quando eu estou com meus outros colegas sangue-puro. Eu tenho um sobrenome a honrar.
Sollaria desviou o olhar.
- E o que é que você está querendo agora?
Ele deu um passo à frente e, sem olhar para Sollaria, disse:
- Que não se ofenda com o que quer que venha a acontecer em seguida. E por favor, não diga nada sobre suas crenças quando estivermos com eles. Não é um ataque a você, entenda isso. É só que...
Os dois ficaram em silêncio, as cabeças baixas.
- Você tem uma imagem a manter - disse ela baixinho.
Ela não sabia o que esperar de Draco Malfoy: ele era uma caixinha de surpresas. Ele sempre dizia que ela não entendia nada sobre a Suprema Elite Bruxa ou sobre os Sagrados Vinte e Oito, e que não valia muito a pena se forçar a explicar seus ideais a ela se isso poderia acarretar uma briga.
Sollaria não entendeu o que os sentimentos dela teriam a ver com o que quer que fosse acontecer dali em diante pelo resto da noite, mas ela esperava não se magoar.
Os dois permaneceram em silêncio por um bom tempo, enquanto Sollaria refletia se tudo aquilo faria sentido para ela um dia.
Parados no meio do corredor que levava à cozinha, Draco disse:
- Você é vista como... como parte de nós, agora. Quero dizer, da Suprema Elite. Afinal, quem seria mais importante que uma suposta Herdeira de Slytherin? Você não precisa fazer essa cara. Pense no quanto isso é bom, e...
Ela ergueu os olhos, um sorriso sacana surgindo em seus lábios.
- Você sabe muito bem que eu não sou a Herdeira de Slytherin, Malfoy.
Draco encostou-se na parede, parecendo indiferente.
- Mas eles não sabem.
- Você não teria comentado isso se não quisesse dizer alguma coisa. O que é?
Ele brincou com os dedos dela, um gesto aparentemente displicente, mas que ela sabia ser o jeito dele de demonstrar carinho.
- Só queria que estivesse ao meu lado. É Natal.
Ela revirou os olhos e o puxou pela mão escada a baixo.
Quando chegaram às masmorras, viram que Percy conversava com Crabbe e Goyle do outro lado do corredor. Pela forma como estavam se portando - e com uma rápida verificada em suas mentes -, Sollaria logo percebeu que aqueles não eram os verdadeiros Crabbe e Goyle. Deu falta de Millicent Bullstrode, e então entendeu que alguma coisa falhara no plano.
Draco começou a caminhar na direção dos dois colegas com aquele ar de superioridade que ele sempre demonstrava ter quando havia outras pessoas por perto.
- Aí estão vocês - disse Draco com voz arrastada, olhando para os dois. - Estiveram enchendo o bucho no Salão Principal esse tempo todo?
Malfoy lançou um olhar mortífero a Percy.
- E o que é que você está fazendo aqui embaixo, Weasley? - perguntou com desdém.
Percy, que parecia indignado, olhou para Sollaria, que corou intensamente e murmurou um "Draco!" baixinho, que o garoto prontamente ignorou.
- Vocês precisam mostrar um pouco mais de respeito por um monitor da escola! - disse Percy. - Não gosto de sua atitude!
Malfoy riu debochado e fez sinal para Harry e Rony, disfarçados de Crabbe e Goyle, seguirem-no enquanto Sollaria caminhava ao seu lado.
- Esse Peter Weasley...
- Percy - Rony corrigiu-o automaticamente.
- Tanto faz. Tenho visto ele rondando por aqui um bocado ultimamente. E aposto como sei o que está aprontando. Acha que vai pegar o herdeiro de Slytherin sozinho.
Draco deu uma risada curta e debochada.
- Tenha santa paciência, Malfoy - sibilou Sollaria.
O garoto parou junto ao trecho da parede de pedra liso e úmido que dava acesso ao Salão Comunal da Sonserina.
- Como é mesmo a senha? - perguntou a Harry.
- Você só pode estar brincando! - zombou Sollaria.
Draco a ignorou mais uma vez.
- Ah... - hesitou Harry.
- Ah, já sei... puro-sangue! - disse Draco, sem parar para ouvir, e uma porta de pedra escondida na parede deslizou.
Draco deu espaço para que Sollaria passasse primeiro, entrou, e apenas então Harry e Rony o seguiram.
Apesar de Draco estar alheio, Sollaria observou o quanto Harry e Rony não conseguiam disfarçar que estavam completamente perdidos.
- Esperem aqui - disse Draco a Harry e Rony, indicando o sofá vazio próximo da lareira. - Vou buscar, meu pai acabou de me mandar...
Harry e Rony se sentaram, fazendo o possível para parecer à vontade.
- Vocês querem relaxar? - mandou Sollaria enquanto ela própria se sentava em uma poltrona diante do sofá.
Draco voltou um minuto depois trazendo um papel que parecia ser um recorte de jornal. Enfiou-o na cara de Rony.
- Isso vai fazer vocês darem uma boa gargalhada. Esse cara é uma piada. Se gosta tanto dos trouxas, deveria partir a própria varinha e se juntar a eles.
Rony leu o recorte, deu uma risada forçada e o entregou a Harry. Pelo tom aflito, coisa boa não era.
- Ora, me dê isso aqui.
Sollaria se levantou e arrancou o recorte das mãos de Harry com impaciência antes que ele pudesse ter a chance de ler.
A notícia fora recortada do Profeta Diário e dizia:
INQUÉRITO NO MINISTÉRIO DA MAGIA
Arthur Weasley, Chefe da Seção de Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas foi multado hoje em cinquenta galeões, por enfeitiçar um carro dos trouxas.
O senhor Lucius Malfoy, membro da diretoria da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde o carro enfeitiçado bateu no início deste ano, pediu hoje a demissão do senhor Weasley.
"Weasley desmoralizou o Ministério" - declarou o senhor Malfoy ao nosso repórter. "Ficou claro que ele não está qualificado para legislar, e o seu projeto de lei para proteger os trouxas deveria ser imediatamente esquecido."
O senhor Weasley não foi encontrado para comentar essas declarações, embora sua mulher tenha dito aos repórteres para se afastarem da casa e ameaçado mandar o vampiro da família atacá-los.
O coração de Sollaria batia forte no peito, um misto de emoções tomando conta de seu corpo inteiro. Como... Como Draco poderia achar aquilo engraçado? Como ele poderia achar aquilo... bom? Seus pais não tinham cinquenta galeões para pagarem ao Ministério! Como poderiam...?
E então a realização veio, e Sollaria queria tremer de ódio e tristeza. Ódio de Lucius Malfoy, por ser um cretino, e tristeza pelos seus pais.
Seus pais... Que provavelmente ficariam meses passando fome para que pudessem pagar a multa.
- Ah, então é esse tipo de lixo que o Profeta Diário anda entrevistando agora? - Sollaria, com um movimento simples, jogou o recorte nas cinzas, fazendo com que Draco exclamasse. - Rita Skeeter já fez matérias melhores do que essa.
Draco lançou-lhe um olhar irritado. Sollaria sabia que deveria ficar quieta e ignorar as coisas que ele estava falando, mas aquilo... Aquilo era inadmissível. Ela já o avisara uma vez: ninguém mexia com sua família.
- Por que fez isso? - indagou ele com a voz levemente esganiçada. Ela deu de ombros, sem encará-lo. Ele apertou os olhos, então voltou-se para os outros garotos. - E então? O que acharam?
- Muito bom - falou Harry, porque Rony parecia incapaz de dizer qualquer coisa.
Draco pareceu ter percebido também, porque disse:
- O que é que foi, Crabbe?
- Dor no estômago - grunhiu o outro.
- Então vá à Ala Hospitalar e dê um chute naquele sangues-ruins por mim. - Pronto. Aquilo havia sido a gota d'água. Sollaria se levantou da poltrona, lançou um olhar frio para os três sonserinos e fez questão de ir embora.
- Essa conversa é tão sem-pé-nem-cabeça que está me dando náuseas. Vou-me embora.
Ela precisava sair dali, ou choraria na frente de Draco, Crabbe e Goyle - ou melhor, Draco, Harry e Rony, e ela não sabia o que poderia ser pior.
Foi até o dormitório e escreveu uma carta urgente ao Banco Gringotes autorizando a transferência de cinquenta galeões de seu cofre para o de sua família e assinou seu nome embaixo; aquilo tinha de ser prova o suficiente.
Estava saindo do Salão Comunal quando Draco, já sozinho, foi até ela.
- Por que fez aquilo? Você prometeu que não tentaria me mudar! Prometeu que ficaria quieta!
- Eu não estou tentando te mudar, Draco. Eu fiquei quieta o tanto quanto pude, mas quando você mexeu com a minha família... - Ela inspirou fundo. - Fiz aquilo porque isso é uma grande idiotice, e seu pai é um cretino, é isso que ele é. Por causa daquele... daquele imbecil, a não ser que Gringotes aceite meu pedido de transferência, meus pais vão passar fome por meses para que consigam pagar tudo. - Uma lágrima escorreu pela sua bochecha, e ela não a afastou. - Não sei porque se vangloria de tudo isso... de ter um pai como o seu, Draco. Você não é nada melhor do que ele.
E, antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, Sollaria saiu pela porta com a carta em mãos.
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