— Não, acho que nenhuma família vai aparecer para levar o corpo.

— O que você conseguiu com a senhora Agatha?

Expliquei resumidamente a James a trágica história da mãe de Charlotte enquanto chegávamos à delegacia.

Com a ausência de familiares o enterro da garota ocorreria em uma vala pública no cemitério da cidade no domingo. Seria restrito aos colegas e pessoas próximas, como a senhora Agatha e alguns amigos da escola.

Eu iria aproveitar a oportunidade do enterro para "estudar" quem estivesse presente.

Como esperado, muitos alunos que conheciam Charlotte, principalmente os de sua mesma classe e os funcionários da escola compareceram.

Não me aproximei muito do caixão, procurei ficar nas sombras observando as pessoas ali presentes. Qualquer um podia ser o assassino, prestando suas ultimas condolências para não levantar suspeitas.

Me aproximei de um grupo de garotas de braço dados que não tinham se aproximado muito da cova.

— Era amiga de vocês?

— Colega de classe — uma menina alta de cabelos curtos respondeu, segurava pelos ombros uma menor que tremia muito.

— Sinto muito.

As deixei em paz, não seria prudente começar a fazer perguntas em um momento desses. Quando o funeral chegava ao fim e o padre prestava suas últimas orações, uma garota vestida de preto e com os olhos muito molhados veio até mim. Entendi que ela queria falar em particular e me afastei um pouco das pessoas que estavam rezando.

— Sim?

— Você está investigando o caso. Eu te vi na televisão.

— Sim, e quem é você?

— Kayanne, mas todos me chamam de Kay. Eu era a melhor amiga da Charlie.

— Quer me dizer alguma coisa, Kay?

A garota fez silêncio por alguns segundos e encarou o chão.

— Da última vez que eu estive com a Charlie uma garota veio puxar briga com ela.

— E depois?

— Eu e meus amigos saímos e ela ficou com a garota.

— Foi a última vez que você a viu com vida, certo?

— Certo.

— Horário?

— Quando o sinal para ir embora tocou, estávamos saindo da sala depois da aula de geografia.

— Nome?

— Dolores Frank.