Castiel Olhares
"Casa da Família Winchester"
Os cabelos escuros de Castiel se moviam com as leves brisas que passavam pelas pequenas brechas da janela do pequeno, mas arrumado quarto. O bebê Dean dormia enrolado em um cobertor peludo e fofo, com desenhos de carros visíveis sobre o pano azul-claro. Castiel contemplava a pitoresca visão.
Ele dormia e ressonava como se estivesse muito cansado, e de fato estava. Sua mãe o havia levado para que toda a família pudesse vê-lo. Ele foi passado de mão em mão, mas parecia gostar da situação, pois não soltou um único choro, e adorava o colo quentinho de sua linda e delicada mãe. Depois da festa de nascimento do pequeno Dean, Mary o levou diretamente para casa. Assim como o filho, ela estava exausta e adormeceu ao lado dele. E essa era a visão de Castiel: um gracioso bebê ao lado de sua mãe protetora.
Castiel nunca entendeu o motivo de um humano amar tanto uma coisinha tão pequena, mas sabia das lendas antigas de sua espécie. Deus ama os humanos assim como uma mãe ama seus filhos. Ele nunca compreendeu a palavra amor. Aliás, nunca em sua vida havia amado alguém, exceto o ser que o criou. No fundo, ele não amava Deus, mas o temia. Ele, como os outros anjos, o temia. E há mais de décadas, Deus não dava as caras no céu, o que estava começando a deixar a anarquia divina uma loucura. A prova disso era a missão que os anjos superiores haviam ordenado. Ele não sabia os planos que os anjos tramavam contra o bebê, mas teria cumprido se não fosse a intervenção de um ser mais poderoso que os atuais. Tudo o que se sabe é que o céu não é mais o mesmo.
Castiel sentiu o vento frio entrar pela janela, passar por sua nuca e arrepiar sua "casca". Caminhou em direção à cama onde o bebê e a linda mulher estavam, e notou que a pele do pequeno Dean estava arrepiada também. Em passos quase inaudíveis, ele se aproximou do bebê. O cabelo dourado de Mary encontrava-se derramado sobre seu rosto, encobrindo assim toda sua beleza. Castiel sentiu um doce cheiro que parecia familiar.
Caminhou mais um pouco e levou a mão ao macio cobertor do pequeno. Tocou na macia e gélida pele do bebê e a acariciou com apenas um dedo. O pequeno notou o toque de Castiel e abriu um dos minúsculos olhos. O verde vivido se incendiou e um sorriso sonoro soou por todo o quarto. Castiel recuou, mas não consegui resistir aos lindos olhos do pequeno, que encarava sorridente os azuis de Castiel.
Mary despertou com o sorriso do pequeno que olhava para a janela. Ela olhou para a mesma direção e não viu nada. Aproximou-se do bebê e disse acariciando seu lindo rosto:
— O que você esta vendo meu bebe? Acho que seu anjo da guarda veio te visitar. — disse examinando os arredores do quarto.
Castiel, ao ouvir as palavras de Mary, se afastou um pouco, escondendo-se nas sombras do quarto. Ele não queria que a mulher o notasse. Ele era um anjo, e sua missão era observar e proteger, mas às vezes ele se questionava sobre seu verdadeiro propósito.
Enquanto Mary tentava descobrir a fonte do sorriso de seu filho, Castiel se aproximou novamente do berço e observou o pequeno Dean com atenção. Ele era frágil e vulnerável, mas também era puro e inocente. Castiel sentiu uma sensação estranha dentro de si, algo que ele nunca havia experimentado antes. Era um sentimento de proteção, um instinto que o levava a querer cuidar daquele pequeno ser.
Mas ele não podia ficar ali para sempre. Ele tinha uma missão a cumprir, e precisava voltar para o céu o mais rápido possível. Ele sabia que as coisas estavam mudando no céu, e que algo grande estava por vir. Ele só não sabia o que exatamente era.
Com um suspiro pesado, Castiel se afastou do berço e caminhou até a janela. Ele olhou para o céu estrelado e se concentrou em suas asas. Com um movimento rápido, elas se abriram, revelando suas enormes plumas negras. Castiel saltou para a janela e voou para o céu, deixando para trás a casa da família Winchester.
Ele sabia que um dia iria se encontrar novamente com aquele pequeno ser, e esperava que, na próxima vez, pudesse cumprir sua missão de protegê-lo. Mas, por enquanto, ele tinha outras coisas em mente, outras missões a cumprir, e o futuro era incerto. Ele sabia que Mary cuidaria muito bem dele. E então deixou ele o pequeno Dean em suas mãos, mas mesmo afastado ele ficaria nas sobras observando o protegendo como faria pelo resto de sua vida.
Com um último olhar para a casa da família Winchester, Castiel desapareceu no céu noturno, deixando para trás apenas a memória de uma noite em que ele se permitiu sentir algo mais do que a devoção cega a seu criador.
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