059
Charli D'amelio pov's
Los Angeles - Califórnia
Assim que entrei na sala do hospital Júlia me encarou.
— Chegou cedo. – me abraçou. — Você está gelada, está tudo bem? – me olhou preocupada.
— Sim, está. Eu estou bem. – sorrio tentando tranqulizá-la.
— Como está meu afilhado?
— Bem. – eu sorri.
— Essa carinha quer dizer que deu tudo certo? – afirmei. — Eu sabia, você é tão bobinha. – se sentou.
— Você sabe, eu fiquei apavorada. – digo guardando minha bolsa no meu armário. — Mas no fim deu tudo certo, houve declaração e tudo.
— Eu deveria ter apostado uma ótima grana com você sobre Chase sentir o mesmo que você, estaria com uma ótima grana agora.
— Sim, você estava certa. – digo vestindo meu jaleco.
— Eu raramente estou errada com algo. – sorriu. — Mas agora não podemos ir mais para Las Vegas! – me olhou fazendo um beicinho.
— Eu e Chase nem conversamos sobre isso, mas podemos viajar depois. Nossa viagem ainda está de pé.
— Ótimo! – riu animada.
— O que temos para hoje? – perguntei passando álcool gel em minhas mãos.
— Vamos ficar na emergência mais tarde. Transferiram algumas pessoas para a clínica e Marcos teve que ir com eles. Agora vai ser o Flávio quem vai ficar nos monitorando. Ainda essa semana vamos ter aquele simulado.
— Meu Deus, o simulado! – digo em desespero.
— Charli, você precisa contar para eles. Sabe que você vai ter que se afastar de algumas áreas, mas não pode deixar de informá-los com antecedência.
— Eu sei, mas eu quero ir ao médico primeiro para saber se está tudo bem.
— Certo. – pegou sua prancheta inseparável. — Vamos? – afirmei e sai da sala ao seu lado.
— Como está os preparativos para o casamento?
— Está tudo indo bem, tirando o fato da mãe do Daniel querer mandar em tudo o tempo todo. – bufou frustrada. — Tudo o que eu sugiro ela coloca defeito.
— Isso é o que eu chamo de sogra pé no saco. – digo rindo.
— Você não tem noção, parece que o casamento é dela e não meu. E você não sabe, ela fez questão de convidar a ex do Dani. Você acredita?
— Ela quer acabar com o seu casamento. – afirmei.
— E você acha que eu não sei? Aquela mulher é o cão de saia! – soltei uma risada. (N/A: Cão de saia? Vou aderir).
Durante todo o dia nós ficamos em diferentes áreas, fizemos algumas visitas e adiantamos algumas consultas. Durante o almoço não consegui comer muito, qualquer coisa me deixava enjoada.
No início da tarde, entramos na emergência e estava até tranquilo. Nem todos estavam ocupados, estavam bem tranquilos na verdade. Júlia entrou na sala de curativos e eu fiquei andando pela sala de espera, até que percebi uma mulher sentada mais afastada com uma garotinha nos braços. Seu olhar era de puro desespero enquanto tentava acalmar a pequena menina. Preocupada, me aproximei de ambas.
— Com licença, o que há com sua filha? Ainda não foi atendida? – questionei.
— Ainda não. – diz trêmula, era bem jovem. — Ela não consegue respirar direito, eu não sei o que fazer! – diz com os olhos marejados.
— Calma, venha comigo. – digo e ela me segue. Entramos em uma sala vazia e fiz com que ela colocasse a garotinha na maca. — Faz muito tempo que está aqui?
— Faz horas, ela estava bem quando chegamos mas começou a piorar. Me disseram que iriam atende-la rapidamente mas até agora ninguém veio. – olhei a garotinha que realmente respirava com bastante dificuldade.
— Ela tem problemas respiratórios?
— Me disseram que é asma. Eu a deixei brincar com os gatos dos vizinhos mas eu não sabia que ela ficaria assim. – explicou ela prestes a chorar.
— Se acalme, vai ficar tudo bem. – digo encarando a garotinha que me olhava desesperada, ela realmente respirava com muita dificuldade.
Corri para a sala onde Júlia e alguns colegas estavam.
— Preciso do cilindro de oxigênio! – todos me olham mas continuam parados. — Agora! – praticamente gritei em desespero e voltei para a sala. — Qual é o nome dela?
— Evelyn. – a mãe respondeu trêmula.
— Certo Evelyn, sem desespero. Vamos colocar uma máscara bem legal e você vai conseguir respirar melhor, tudo bem? – ela afirmou com dificuldade. Logo Júlia e mais dois enfermeiros entraram e fizeram os procedimentos de colocação de oxigênio. — Vamos Evelyn, respirando com calma. Sem desespero, vai dar certo. – digo tentando passar calma. — Apliquem corticosteróides, precisamos medir a saturação do oxigênio. Andem logo! – digo começando a ficar irritada com tanta lerdeza. Eles saem da sala afirmando. Olhei para a mãe da garota. — Não se preocupe. – ela afirmou. Voltei minha atenção para a garotinha. — Isso, respira com calma.
A pediatra entrou no quarto e deu continuação ao atendimento. Todos os estudantes de plantão foram dispensados para a sala de Flávio.
— Eu só quero saber qual é o problema de vocês ao fazerem uma criança naquele estado esperar. – comecei. — Sabiam que poderia ter sido fatal?
— O que podíamos fazer? A pediatra não estava disponível. – Marcelo diz em defesa.
— Mas vocês estavam! – retruquei.
— Charli, se acalme. – Júlia pediu.
— Não me acalmo! – quase gritei pegando todos de surpresa. — A indiferença de todos vocês com aquela criança diz muito sobre os profissionais que vocês se tornarão.
— Você está fazendo todo um auê por algo que acontece todos os dias em todos os hospitais do Brasil. – Marina começou. — Esse seu ataque também diz muito sobre a profissional que você vai ser.
— Eu estou tendo um ataque? E vocês por acaso acham que é atoa? Haviam vinte pessoas naquela emergência e apenas uma fez questão de socorrer uma criança lutando para respirar. O que custava fazer os primeiros socorros? Iria cair a mão de vocês?
— Charli, por que está tão alterada? – Flávio questiona.
— Porque eu acho isso um absurdo! Trataram com toda uma indiferença uma garota jovem em desespero com a filha nos braços correndo riscos, porque entre uma pessoa pobre no canto de uma sala de espera e outras doze com dinheiro na carteira preferem aquela que vá resultar em status! Jovem, pobre e sozinha? Não tenho nada a ver. Não é mesmo?
— Isso é um absurdo! – Marina exclama.
— Sim, um absurdo! – concordei lhe encarando irritada. — Estamos aqui para zelar pela vida, pela saúde de todas aquelas pessoas. Não importa classe social, estamos falando da vida de pessoas!
— Certo, vamos acabar com isso. – Flávio diz intervindo. — Charli, preciso que se acalme. – afirmei bufando. — Isso aqui não é só um teste, aquelas pessoas não estão lá fora brincando de atuar. Vocês estão se metendo com pessoas reais, com a vida delas, com a saúde delas. Ignorar um paciente é uma falta grave. – suspirou. — Eu vou deixar passar dessa vez para não ter problemas com a administração desse hospital. Mas se isso voltar a acontecer até o final do ciclo, vocês estarão ferrados! – ameaçou. — Estamos entendidos? – eles afirmaram. — Charli, não quero mais saber de descontrole. Entendo seu ponto sim, mas isso não é motivo para fazer um escândalo. – é sim. — Estão todos dispensados por hoje, mas quero todos com a cara enfiada nos livros refletindo se realmente é essa profissão que querem seguir. Dêem o fora!
Aos poucos a sala foi esvaziando, mas antes Flávio me chamou de volta.
— Qual foi a do surto? – questionou.
— São hormônios. – suspirei.
— Hormônios?
— Eu estou grávida. – ele abre a boca em surpresa. — Eu sei que não deveria mas quando vi aquelas duas esquecidas naquela sala de espera, o meu lado materno recém descoberto gritou mais alto. – desabafei.
— Parabéns? – perguntou incerto. — Eu estou de certa forma orgulhoso de você Charli, você têm evoluído de uma forma que me deixa realmente em choque. Parabéns pela atitude e parabéns pelo bebê.
— Obrigada.
— Se você não apresentar nenhum problema de gestação poderá continuar com o que faz até o sexto mês. Depois disso, tchau tchau.
— Por mim tudo bem, vou fazer meus exames e assim que estiver certo eu te falo.
— Tudo bem, não se altere de mais. Isso não faz bem ao bebê e muito menos a você. Pense que você tem que pensar por dois agora. – afirmei. — Agora vá para casa. – acenei e sai de sua sala. Júlia me esperava com minha bolsa em mãos. Sorriu e me abraçou.
— Estou orgulhosa de você!
— Obrigada. Agora vamos pois eu estou realmente com vontade de chorar e vomitar. – ela riu e afirmou.
Assim que cheguei no AP vi que tinha algo diferente. Copos usados, pratos também, almofadas desarrumadas e tv ligada sozinha.
Ou tinha algum espírito folgado se aproveitando ou alguém tinha invadido.
Caminhei lentamente pelo corredor indo até o quarto de Chase. Ou nosso. Assim que entro vejo minhas roupas voando pelo ar.
— Deus tem poder! – exclamei assustando o ser humano bagunçando minhas roupas. — Karissa?
— Quer me matar do coração? – colocou a mão no peito.
— O que está fazendo? – coloquei minha bolsa de lado.
— Procurando uma roupa que preste mas está dificil!
— Para que quer minhas roupas?
— Eu vou sair com uma pessoa. – eu sorri em surpresa. — Não me olhe com essa cara, por favor.
— Que cara?
— Essa cara de "Oh god! Ela está crescendo!" Já basta minha mãe no meu primeiro encontro ter me deixado igual a Anabelle! – soltei uma risada.
— Você não morava no internato? – perguntei me sentando na cama.
— Sim, mas a idiota da professora descobriu que eu iria sair com um garoto e chamou minha mãe. Você acha que foi atoa eu ter espalhado fotos dela de pegação com outro professor pelo internato?
— Mas por que justo minhas roupas? Por que não vai ao shopping?
— Meu pai cortou meu cartão!
— Mas como? Você foi para lá ontem, o que você já aprontou?
— Eu só fiz algumas brincadeirinhas com os amigos dele.
— Sei muito bem como são essas "brincadeirinhas!" – fiz aspas. — Mas me diz, quem é essa pessoa que você terá um encontro? – perguntei impolgada.
Talvez a tal festa que eu e Chase estamos planejando esteja perto de acontecer.
— Um carinha ai. – deu de ombros e continuou revirando o closet que eu estava dividindo com Chase.
— Você não vai achar nada ai!
— Pior que é verdade, você não faz meu estilo. E agora? – se sentou em minha cama. Meu celular toca e Chase aparece no visor.
— Oi Chase.
— Fiquei sabendo pelo Daniel que soube pela Júlia que vocês saíram mais cedo. O que aconteceu?
— Foi uma pequena confusão que talvez eu tenha iniciado, mas quando você chegar eu te conto.
— Não quer que eu saia para ficar com você? Diz que sim. – soltei uma risada.
— Não precisa, Karissa está aqui.
— Exatamente, isso é de se preocupar. – soltei novamente uma risada.
— Eu ouvi Chase, vá se lascar! – Karissa gritou se jogando na cama.
— Também te amo maninha! – gritou ele. — Tudo bem então, qualquer coisa me liga.
— Tá bom.
— Te amo. – sorri.
— Também te amo. – respondi e desliguei em seguida.
— Overdose de açúcar! – Karissa diz fingindo tremer. — Vocês são tão doces que eu chego a ficar com cáries! – implicou.
— O dia que você se apaixonar eu vou rir tanto Karissa, você não imagina o quanto.
— Vai morrer esperando por isso, pois não vai acontecer.
— Isso é o que vamos ver!
— Voltando a eu e minha roupa, o que vou vestir? Não que eu me importe muito com a roupa! Até porque se ele me dizer que a roupa está mal eu vou ignorar ou mandar ele para o inferno. Mas como sabe, eu gosto de andar com estilo! – suspirei.
— Tenho certeza de que vou me arrepender disso. – digo pegando minha bolsa. — Mas como sou uma boa pessoa, aqui está. – lhe entreguei meu cartão de crédito. — Compre a roupa que quiser, só não acabe com todo o dinheiro por favor pois eu vou precisar mais do que imagina!
— É sério? – me encarou.
— Sim! – ela sorriu e me abraçou.
— Você é a melhor cunhada que alguém pode ter!
— Obrigada! Agora eu te peço que por favor não vá estourar meu cartão! Seu sobrinho irá precisar dele.
— Pode deixar eu não vou usar tudo isso. – diz saíndo do quarto e logo depois volta com os olhos arregalados. — O que foi que disse? Eu ouvi bem? Você disse sobrinho?
— Disse. – afirmei.
— Isso quer dizer que... eu vou ser... tia?
— Sim. – eu sorri.
— Parabéns? Uau, eu realmente estou surpresa. – diz demonstrando claramente isso. — Chase sabe?
— Sim, contei a ele ontem.
— Ele desmaiou não foi?
— Caiu maravilhosamente desmaiado.
— Já era de se esperar. – negou com a cabeça. — Que você vai ser uma boa mãe eu acredito, agora o Chase ser um bom pai...
— Ele seria um pai ruim?
— Ruim não seria bem a palavra mas sim uma má influência. Ele é a própria criaça encapetada. – soltei uma risada. — Você sabe o que ele fez comigo quando eu tinha dois anos? – neguei com a cabeça. — Me colocou na casinha de gatos dos vizinhos! – tampei minha boca para não rir.
— Não acredito!
— Pois acredite, mas enfim... eu estou feliz por vocês. – sorriu. — Não vejo a hora da dona Beatriz ficar toda pertubada com uns pirralhinhos chamando ela de vovó. – riu maldosa.
— Você é tão cruel!
— Cruel e única. Vou indo! – me deu um beijo no rosto. — E pode deixar que eu vou deixar uma graninha paro bebê! – saiu do quarto.
— Onde fomos nos meter? – passei as mãos em meu ventre e sorri. – Que ótimo! Eu vou ter que arrumar tudo isso! – digo pegando minhas roupas que estavam no chão.
Que lindo cara-
Kisses, Karol
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