VÊNUS

— Meu Deus... Por favor... Não me mate. — O homem com seus quase dois metros de altura, implora pela sua vida. O nome dele é Marcos Antônio, ator pornô, e está vestido todo em látex preto, roupa sadomasoquista com máscara, deixando os olhos e boca amostra. — Eu conto tudo pra você! Mas não me mate!—Suplica com mais voz de choro.

— Não perca seu tempo contando o que já sei. — Drake, aproxima-se de Marcos que está pendurado horizontalmente com a cara para o chão.

— O que você vai fazer comigo? — Drake coloca uma mordaça de bola de sinuca na boca do futuro finado.

— Retribuir a gentileza que você teve com minha filha. — O homem urina-se ao ouvir o tom da voz do seu algoz.

Drake sorri e diz:

— E olha que ainda nem comecei.

— Senhores, queiram me acompanhar por aqui. — O segurança com farda patrimonial escolta com pressa os delegados Armando e Charles até o iate de luxo, branco, que está ancorado no píer 12, no Cais do Porto em Recife. — Meu nome é Tomás. — Os três apertam as mãos.

Eles caminham por volta de vinte minutos, e vão passando ao lado de vários barcos, navios e Iates.

— Essa nave que vamos entrar, — Continua o supervisor patrimonial — Não era para está aqui. Um homem aportou, desceu e pediu para entrar em contato pelo telefone com Charles Assunção, delegado de Ipojuca.

— Sou eu! — Charles levanta sua mão esquerda.

— O velho estava sozinho? — Armando, pergunta olhando para o tamanho do iate de luxo.

— Velho? Não foi um velho que falou comigo. — O delegado do BOPE deixa de olhar para o iate, voltando sua atenção para Tomás.

— Armando, acho que nosso homem está sendo ajudado. — Charles olha em volta do local.

— É isso que precisamos ter certeza. Juca vai me ligar e vamos ter mais informações. Alguém chegou a entrar?

— Somente eu, mas quando vi... O que vocês verão aí dentro, saí correndo! É brutal! Foi quando liguei e não deixei mais ninguém passar. — Tomás aponta para fita zebrada, que estende-se por uma área com mais de trezentos metros quadrados.

— Então não tocou em nada? — Armando confirma a informação com uma pergunta.

— Deus me livre! Não toquei em nada... Somente, desejo avisar... Por mais que saiba que vocês, já tenham visto de tudo. Preciso avisar que é aterrorizante!

— Qual o seu nome mesmo? — Pergunta Armando.

— Tomás, senhor.

— Tomás, hoje pela manhã já vimos algo que vai fora da curva na realidade, até de um policial.

— Entendo, senhor... Mas, não acredito que haja nada igual ao que vai presenciar aqui!

— Bem, — Interrompe o delegado de Ipojuca. — Vamos subir então?

Os dois sobem a escada e quando entram no Iate, com o tamanho maior de cem pés, eles, da borda já veem a imagem nefasta.

Armando engole seco.

Charles, não dá mais um passo para frente, na verdade recua.

Nova vertigem, atinge os dois homens da lei. Armando volta e grita chamando os legistas:

— Fernando, Lúcio subam aqui! Logo! — Os dois peritos correm, subindo rapidamente a escada e param na entrada do salão do Iate.

— Puta que pariu! – Exclama Lúcio — Que porra aconteceu aqui? — Coloca a mão na cara, horrorizado.

O ator pornô está pendurado, com as costas para cima, segurado por quatro fios de aço, onde cada um, o prende pelas mãos e pelos pés, diretamente no teto.

Armando observa que ao lado do corpo, há um balde de inox caído emborcado, com mais ou menos cinquenta centímetros de diâmetros, perto de um maçarico.

Marcos, está empalado, por uma vara de bambo, que entra pelo ânus do ator e sai pela boca.

O cheiro cítrico de sangue fresco inunda o local.

Charles aproxima-se e vê, na região onde são as nádegas do rapaz, um buraco que dá para olhar através dele o chão.

— O que aconteceu aqui? — O delegado de Ipojuca, afaste-se do corpo, coloca sua mão esquerda na boca e sai, buscando ar fresco.

Fernando se abaixa próximo a uma palavra pintada no chão, embaixo do corpo, com o sangue da vítima, escrito:

Vênus

— Lúcio, você já começou a tirar as fotos? — Armando está tão compenetrado com a imagem dantesca, que não percebe o rapaz já trabalhando, e procurando não sujar a cena do crime, porém responde:

— Sim, chefe. Já comecei.

— Charles, mais outro codinome. — Armando aponta para o nome Vênus.

O delegado de Ipojuca aproxima-se e diz:

— Sim, e esse cara, com certeza deve está ligado diretamente à morte da filha dele.

— Verdade. Mas precisava de tudo isso? Ele empalou o cara... Começando do ânus até sair pela boca, e depois? Ele usou um explosivo para dilacerar a carne desse jeito?

— Chefe, — Fernando chama a atenção de Armando. — Na minha época de faculdade, pagamos uma cadeira chamada: A Tortura nos tempos antigos e medievais. E, li um livro que  relatava essas práticas e como era usual, nessa época, empalar as pessoas, mostrando a todos quão vil e medonho era o mandante da tortura. — Fernando respira um pouco para continuar: — Os condenados sentenciados a morte eram varados sem terem seus órgãos vitais perfurados, com as vítimas morrendo de sede. Os povos mesopotâmico eram mestres nessa arte, depois os Assírios, Babilônicos e por último e o pior de todos, o Vlad Dracul, que aperfeiçoou a técnica, onde as vítimas sofriam outras torturas juntas com o empalhamento. — Fernando, para e olha para Armando e Charles que escutam atentamente. — No final, morriam por causa do outro flagelo, depois de sofrerem bastante.

— Então, você acredita que... A morte dele foi causada pela explosão?

— Na verdade, não sabemos ainda o que causou a morte dele. Mas, acredito que não vai me surpreender ao constatarmos que ele estava vivo, quando a segunda tortura começou.

— Pessoal, — Lúcio, chama a atenção dos dois delegados, e de Fernando. — O balde está com ranhura por dentro. — O legista termina de falar e continua olhando dentro do utensílio de inox.

— Ranhura? — Charles se assombra ao perguntar.

— É... — Lúcio, coloca o balde sobre o dorso da vítima, na região onde está o buraco, depois liga o maçarico, aproximando-o do objeto.— Há ranhuras parecidas com a de animais, e o sangue dentro do balde, está respingado de baixo para cima.

— Poderia explicar? Ser mais claro? — Pede Charles.

Lúcio desliga o maçarico e retira o balde de inox e começa a explicar sua teoria:

— Não foi uma explosão! Olhem bem para essa dilaceração: — Os delegados e Fernando aproximam-se mais de onde era o ânus da vítima. — Está para dentro e não para fora. A roupa e a pele foram rasgadas para cima e não explodida, até porque, nas deformações da carne não há queimaduras... Outra coisa, o sangue da vitima não está espalhada para todos os lados, mas, somente para dentro do balde.

— Sim! — Empolga-se Fernando. — Então minha teoria pode está certa! —  Armando fica desconfortável com a euforia dos legistas, embora entenda. — Ele foi empalado, para depois sofrer outro flagelo.... Um castigo pior.

— Pera, pera e pera! — Charles fala rápido, mostrando as palmas da mão para baixo. — Desculpas, mas não sei quanto a Armando, mas essa euforia incomoda! O que poderia ser pior que está sendo empalado?

— Não é, ser pior, — Lúcio olha para dentro do balde. — Mas, saber unir os graus de tortura, provocando mais dor. Sei que estamos eufóricos, porém, estamos diante de uma tortura medieval autêntica! Esse cara foi empalado vivo, para depois o assassino, pegar um animal, o prender embaixo do balde na altura da bunda dele, começar a esquentar o metal com o maçarico... o bicho que estava dentro do utensílio de inox, para não morrer queimado, cavou sua saída pelo corpo do cara, o atravessando verticalmente... Saindo pelo pênis.

— Puta que pariu, e com ele preso, os movimentos ficaram reduzidos... Onde ele não morreu somente empalado, mas pelas duas coisas. — Fernando conclui com um misto de admiração e horror.

— Rapazes, quando teremos certeza de tudo isso que vocês estão falando?

— Se ninguém mais morrer hoje ou amanhã! Por que vamos ter que levá-lo como está... E abri-lo frontalmente... — Armando levanta a mão direita, pedindo que pare:

— Fernando, eu só fiz uma pergunta simples, não quero detalhes de como vai fazer... Então, vamos esperar até amanhã.

O telefone de Armando toca.

— E aí Juca? O que temos?

— Ele não entrou no prédio dentro da mala de nenhum carro, nem tão pouco há nada no teto do prédio que possa ter o descido até a janela do apartamento de Carlos.

Charles, percebe na desconstrução facial do delegado do BOPE, que a ligação trouxe notícias horríveis.

— Juca, veja tudo de novo! Se for o caso, mais umas mil vezes... Mas, Drake não pode ter voado até lá em cima, ou se materializado dentro do apartamento.

— Sim senhor, vou fazer de novo, mas ficar procurado-o nas imagens vai ser um beco sem saída. E só mais uma coisa, acho que nosso homem está sendo ajudado por um segundo elemento!

— Por que você acha isso?

— Mais cedo, assisti o depoimento da mulher que trabalha no aeroporto, e as características físicas do assassino dadas por ela, é totalmente diferente do que temos. Segundo ela, o cara que matou o italiano, não passa dos quarenta e cinco anos, esbelto e não tem cabelos brancos e são curtos. Antes que pergunte se já vi as imagens do Aeroporto, a resposta é sim! Embora, as imagens fiquem distorcidas quando ele aparece, pude observar que se for ele, foi uma metamorfose ambulante.

— Juca, — Armando começa a falar o nome do agente, com seus olhos mirando o distante. — Ótimo trabalho. Não procure mais nada nas imagens do prédio. Vá atrás da senhora do depoimento e veja o que consegue mais de informação sobre o assassino do aeroporto.

— Okay chefe, pode deixar.

Armando desliga o telefone, volta a olhar o corpo pendurado e vira-se para o delegado de Ipojuca:

— Charles, precisamos conversar em particular.

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