Corrida Contra a Morte
Quando olhei para trás, vi Bruce caindo de joelhos, com uma flecha atravessando seu corpo. Um sangue começou a molhar a sua blusa, e foi aí que um ódio que eu não sei explicar tomou conta de mim. Senti como se eu tivesse sido atingido naquele momento, e eu, finalmente, entendi a revolta que fez Bruce ter forças para matar aquele cara que tentou atingir Amélia.
– Bruce, me desculpa. – ouço Jean falar, caindo de joelhos em seguida, e a primeira coisa que eu faço é sair correndo em direção a ele. Pego uma faca que estava no chão, e começo a rasgar ele ali mesmo, que nem reage, de tão em choque que ficou.
Eu, então, me viro e vou até Bruce, ajudando-o a se deitar. Ele não conseguia respirar direito, e eu não conseguia parar de chorar. Foi uma das piores cenas que eu já fui obrigado a viver. No meu colo, ele procurava meus braços, e me segurava com uma força que vinha e ia na mesma intensidade. Teve, até mesmo, um momento, que ele olhou nos meus olhos, com os olhos arregalados e cheios de lágrimas. Não me lembro a última vez que algo me rasgou tanto quanto nesse momento.
– Bruce! – o chamo.
– O que aconteceu? – Hale pergunta, depois de pegar sua arma, vindo em minha direção.
– Ele vai morrer, é isso que aconteceu. – Charlie, o traficante de órgãos que Jean tinha chamado, comenta, e Hale para de andar, pega a besta de Jean, engatilhando-a e atirando uma flecha bem na testa dele, em seguida.
Em seguida, Hale para por alguns segundos e pensa. Bruce respirava com muita dificuldade, e piscava piscadas lentas, como se estivesse perdendo a consciência. Pra mim, que só assisti situações como aquela em filmes, ele estava agonizando e não tinha mais nada o que fazer, até que Hale finalmente abriu a boca e disse:
– Ele não vai morrer. Eu não vou deixar. – Hale começa a analisar Bruce, pegando em seu pulso por alguns segundos.
– Como? – pergunto a ele, encarando-o.
– Eu sou o médico dele, porra. 90% dos pontos dele e cirurgias de emergência que o Bruce já precisou, fui eu que fiz. Só precisamos levar ele para o hospital daqui, ligar o gerador... – ele começa a fazer um plano na mente.
– Vai dar tempo? – pergunto, e Hale olha nos meus olhos, concordando com a cabeça.
– Vai. – ele analisa o abdômen de Bruce por alguns segundos. – A flecha atingiu entre o baço e o estômago do Bruce, mas tá alojada entre as costelas e fixa nos órgãos, o que faz com que nada vaze. Eu consigo retirar sem deixar sequelas nele. Raven, vai chamar o Jonas e leva a Hany com você. – Hale pede e a moça se aproxima.
– Por quê? O que andou ensinando pro garoto? – Raven questiona.
– Ele é meu assistente desde sempre e ela tá muito em choque, não quero ela aqui. Vai logo, porra, a gente não tem tempo.
– Você sabe onde é o hospital? – pergunto a Hale, que confirma com a cabeça.
– Claro, trabalhei 5 anos antes de entrar pro grupo de operações especiais, fazendo residência de cirurgião pelos Estados Unidos. – ele responde, me olhando brevemente, até observar a irmã, que ia correndo em direção a saída da loja. – Raven! – Hale grita e ela para de correr, se virando.
– Oi?
– O hospital daqui fica 5 quadras a leste do local que estamos, espero vocês lá. E espera a menina, corre mais devagar que ela tá grávida, caralho.
– Tudo bem. – ela volta a correr, saindo dali.
– Vem, Dylan, vamos pegar alguma coisa para levarmos ele. – Hale pega uma almofada e coloca nas costas de Bruce, deixando a parte da flecha sem tocar no chão. – Tô fazendo isso para que ela não se mecha. Foi ótimo você não deixar ele deitar no chão, assim ela não fica sambando no corpo dele, prevenindo de hemorragias mais sérias do que as já temos aqui. É bom que ela fique aí até que eu remova cirurgicamente.
– Ele tá se tremendo tanto. – respondo. Eu estava tão nervoso que não sabia, sequer, como reagir naquela situação.
– Ei, olha pra mim... – Hale pede e eu faço. – Você quer que eu o salve? – concordo com a cabeça. – Então mantenha a calma e faz o que eu mandar. Eu conheço esse homem, fui chamado justamente pra estudá-lo, eu conheço tudo o que o corpo do Bruce faz para se manter vivo. Ele não vai morrer se você me ajudar a não deixar. – concordo com a cabeça, mais uma vez. – Então vem, procura qualquer coisa que tenha rodas, como uma maca ou algo muito parecido. Esse é um mercado de atacado, com certeza tem algo do tipo pra carregar caixa ou cargas médias.
Começamos a revirar aquela loja atrás de um carrinho e eu consegui encontrar um carro plataforma, que os funcionários provavelmente usavam para transportar carga. Colocamos Bruce nesse carrinho e, enquanto eu seguro sua cabeça e suas costas, Hale coloca almofadas para apoiar seu corpo, de forma que a flecha não seja afetada.
Colocamos as armas sobre o carrinho e saímos dali puxando Bruce. Ficamos revezando quem puxava o carrinho e quem fazia a segurança. Enquanto eu puxava, Hale fazia a ronda na frente e atrás, para ter certeza que não estávamos sendo perseguidos. Nesse meio tempo, Bruce soltava várias frases sem sentido, ou pelo menos apreciam ser sem sentido, até que ele falou:
– Hale, Hale...
– Fala, campeão.
– Eu tive certeza que estava na carreira certa quando você falou que tinha orgulho de mim. – isso parece tocar Hale, sem usar as mãos.
Percebi o olhar distante dele, como se um grande devaneio tivesse o tocado.
– Para de falar coisa, Bruce, está delirando de dor. – Hale responde, voltando a se ligar na nossa realidade, depois de ter se perdido.
– Meu pai nunca teve orgulho de quem eu sou, Hale... ele disse que eu era uma decepção pra ele. – Bruce continua falando, com uma dificuldade visível de falar. Ele não conseguia respirar fundo, e seu rosto já estava todo molhado de tanto que ele tinha chorado de dor. – E quando estávamos naquele bar, onde você disse que eu te salvei, foi você que me salvou quando disse que se eu fosse seu filho, você seria o pai mais realizado do mundo, Hale... – Bruce fala, entre gemidos e lágrimas de dor.
– Bruce, por favor... tenta se concentrar em qualquer coisa.
– Eu estou tentando, Hale... por favor, me ajuda a conseguir. – ele pede, quase sem ar nos pulmões. – Você me criou, Hale, por quê?
– Bruce...
– Quando eu tinha fome, você me dava comida. Quando eu me machucava, você me sarava. Você nunca teve medo, Hale? Medo de que eu te machucasse? – Bruce pergunta, chorando muito.
– Por que ele tá falando tanto? – pergunto a Hale, depois de ele demorar alguns segundos para responder.
– Ele acha que está sonhando. Quando o Bruce sente muita dor física ele delira, antes de apagar completamente. Conversa com ele, isso faz ele delirar mais e não apagar.
– Por quê? – pergunto.
– É melhor que ele não apague. – Hale sai andando mais pra frente.
– Bruce? – o chamo, com medo.
– Dylan? Você tá aqui? – meus olhos se enchem de lágrimas.
– Tô...
– Dylan, dói tanto aqui, por favor me ajuda. – ele implorava, chorando.
– Bruce... – dou uma parada de andar, queria ir até ele.
– Dylan, conversa, mas se concentra. – Hale, pede, chamando a minha atenção e eu confirmo com a cabeça.
Foi uma das piores situações da minha vida. Bruce movimentava sua cabeça de um lado para outro, seus olhos pareciam tremer de uma forma que eu nunca vi e suas mãos também. Ele suava bastante, e eu tentei me concentrar em continuar andando em passos largos em direção ao hospital.
– Dylan, sabia que a sua voz é linda? – Bruce começa a falar entre os dentes, com o maxilar travado.
– Bruce, você está...
– Sua voz, seus olhos meio puxados, a forma como você olha pra Amélia quando ela está fazendo meus curativos, ou o seu sorriso meio torto quando eu faço uma piada sem graça que você só ri, pra que eu não me sinta mal pelo silêncio... – ele continua falando, sem parar, mesmo em meio a muita tosse e muito gemido de dor. – Você é importante pra mim, Dylan, me promete que você vai cuidar da Amélia, por favor...
– Você não vai morrer. – respondo, enquanto continuo puxando ele.
– Mas promete pra mim, meu amor, que você vai proteger o meu tesouro como me protegeu em seu coração... – meus olhos se enchem de lágrimas mais uma vez e eu travo.
Hale, então, volta até mim e me entrega a arma.
– Vai, é minha vez. – ele pede e eu saio andando, chorando em silêncio.
Chorei sem parar até chegar no hospital e vocês podem sim me chamar de fraco e afetado, mas só depois de vocês conviverem com alguém que amam, gritando e chorando, sem se afetar nem um pouco com isso.
Enquanto andávamos, Bruce falava tudo e qualquer coisa. Algumas coisas atingiram até Hale, que muitas vezes pediu alguns segundos para respirar. É claro que Hale não ficou tão desestabilizado como eu, mas pra mim ficou óbvio que ele estava tão chateado com toda essa situação como eu.
Quando chegamos no hospital, antes de entrarmos, fui até uma folha que estava colada na porta, pegando-a lendo um aviso que dizia: "O hospital municipal lutou com todas as forças contra as questões sociais atuais nos Estados Unidos, mas fomos vencidos. Todos os pacientes foram infectados, alguns médicos também, e é por isso que essa porta está lacrada. Se você faz parte do grupo de apoio que disse que viria nos ajudar, volte, tudo foi perdido, a América está destruída".
Pego o aviso e leio para Hale, que pensa um pouco. Eu, então, entrego a ele. depois de pensar um pouco, Hale dá de ombros.
– A gente tem que entrar. – ele conclui.
– Mas e se tiver zumbis aí dentro?
– A gente mata. Ou a gente morre tentando, ou chora a morte do Bruce sem ter feito nada. – concordo com a cabeça.
– Tio! – Jonas se aproxima, e, com ele, Amélia. Eu, então, fecho meus olhos, não queria que Amélia visse Bruce daquela forma, mas antes mesmo de ela se aproximar demais, ela já tinha entendido que algo estava errado.
– Bruce! – ela grita, se aproximando dele.
– Amélia, fica aqui com o Jonas e proteja o Bruce. Dylan e eu vamos entrar no hospital, fazer uma varredura e já voltamos. Qualquer coisa que sair desse hospital e não for a gente, vocês atiram. Me ouviu? – ele pergunta a ela, que tinha lágrimas nos olhos, e ela concorda com a cabeça.
– Mas tio, e se saírem demais? O som do tiro vai atrair. – Jonas protesta.
– É, mas não estamos em uma cidade. Esse hospital ficou em pleno funcionamento, recebendo as pessoas que estavam indo para o Alabama e estavam com sintomas, ou apenas tratando as que estavam internadas. Não é uma cidade destruída. Lá dentro pode ter muitos, mas não são centenas de milhares, então a gente consegue exterminar. – Hale responde.
– Entendi. Tudo bem.
– Se protejam. – Hale dá um beijo na testa de Jonas. – Vem. – ele me chama.
Hale arrebenta a corrente de entrada do hospital com a arma, dando uma porrada com tudo. Em seguida, as portas do hospital – que eram daquelas de empurrar – se fecham e começamos a andar por ali.
O lugar era sombrio, não vou negar. A atmosfera me fazia arrepiar toda hora, e a pouca luz que entrava por entre algumas frestas das janelas do hospital – que estavam cobertas por madeiras – entregavam que, ao contrário do resto da cidade, ele não tinha sido evacuado antes de tudo o que aconteceu.
Eu segurava uma metralhadora, enquanto Hale segurava outra. Tínhamos escolhido entrar com armas de fogo, justamente para atrairmos todos os zumbis do lugar – e para que pudéssemos exterminar eles de uma vez só. Não contávamos, claro, com imprevistos que viriam acontecer.
Depois de alguns passos, Hale me chama e eu começo a segui-lo. Ele sabia, exatamente, onde era a área em que precisávamos ir. Continuamos andando, até que demos de cara com três zumbis. Hale preferiu desviar deles, então abriu uma porta que estava a sua direita e entramos na sala, que também dava acesso a uma das escadas que ia para o subsolo do hospital – que era exatamente onde queríamos ir.
– Provavelmente esses pacientes estavam em coma quando foram infectados. – Hale comenta comigo, em baixo tom, enquanto andamos rapidamente pelos corredores do hospital. Quando víamos algum zumbi, Hale atirava na cabeça. Uma bala só era o necessário para fazer com que a coisa caísse no chão, aparentemente totalmente morta.
– O vírus é tão poderoso a ponto de fazer com que alguém em coma se levante só pra ficar perambulando por aí? – questiono, enquanto ando com Hale. Estávamos lado a lado, sempre que tinham duas portas em direções contrárias, nós dois colávamos nossas costas, um virado para cada porta.
– Eles são estaladores, Dylan, sua resposta está no som que eles produzem quando mordem o ar. – ele responde, abrindo mais uma porta.
Nesse momento, um zumbi cai em cima de Hale, que o segura com as mãos, tentando fazer com que ele não o mordesse. Eu, então, acabo atirando naquela coisa, que cai morta em seguida. E é aí que tudo começa: começamos a ouvir os sons de vários zumbis batendo nas portas, metendo as cabeças nos vidros, e até mesmo pegando distâncias para vir mais rápido e conseguir arrebentar as trancas. Hale, então, saiu correndo – agilizando o caminho, porque estávamos sem tempo – e eu fui atrás dele.
Tudo o que surgia na nossa frente nós atirávamos sem dó. A cada corredor que virávamos, vinham mais em nossa direção, até que começamos a descer as escadas em direção ao subsolo. Enquanto estávamos lá e Hale religava os geradores, eu fiquei no corredor, atirando nos zumbis que tentavam se aproximar de nós.
– Anda, Hale! – grito.
– Espera, caralho! Eu sou médico, não eletricista. – ele grita.
Uma pilha de corpos começa, então, a se formar na linha imaginária que eu tinha formado, e, por mais incrível que pareça, alguns caiam no chão, mas se levantavam em seguida. Eu não consegui entender aquele comportamento, porque eu jamais tinha visto algo como aquilo.
– Hale, eles estão se levantando! – grito pra ele.
– O que? – ele olha para o corredor, vendo alguns que estavam no chão se levantar.
– Anda logo, porra! – grito, tentando segurar os zumbis que a cada minuto gritavam mais alto.
– Espera, seu porra! – Hale grita de volta, até que a luz liga e nós dois saímos correndo com tudo, em direção ao final do corredor.
O som dos estaladores atrás da gente – e dos gritos que eles produziam, que eram de doer os ouvidos – tomaram conta do lugar. Cada minuto parecia que eles estavam mais próximos de nós, e isso fez com que as nossas pernas trabalhassem com mais força de vontade.
Hale foi na frente, mapeando o caminho de volta até a entrada. Quando chegamos na porta de saída do outro lado, ele tranca aquela porta e nós dois derrubamos um armário de aço maciço na frente dela, para que eles não conseguissem sair, colocando outro por cima, para que eles não conseguissem passar pelo quadrado de vidro da parte superior da porta. Não podíamos ariscar, afinal aquele hospital era imenso.
E assim fizemos com todas as portas até chegarmos no hall de entrada do hospital. Nós, então, voltamos até a última porta antes do subsolo – a porta por onde entramos no subsolo – e a trancamos, jogando outro armário de aço maciço na frente dela. Tínhamos, então, fechado dezenas de zumbis no subsolo – espero que não tenhamos que voltar lá.
– Eu pensei que você e Jean fossem amigos. – comento com Hale, enquanto andávamos pelo hospital, até uma sala de cirurgia.
– Jamais.
– É que vocês até falaram por rádio outro dia... você que disse que o Alabama não tinha mais ninguém lá.
– O que? Eu não disse nada, nunca falei com ninguém por rádio. – ele abre uma porta, fazendo varredura na sala e eu fico pensativo por alguns segundos. Era difícil acreditar que até com isso Jean tinha mentido. Mas se ele não tinha falado com Hale, com quem ele tinha falado?
Quando chegamos em uma área restrita, Hale digita seu nome e a "secretária eletrônica" de segurança responde, assim que o sistema o reconhece.
– Seja bem-vindo, Dr Dener Hale. Favor, digite sua senha para ter acesso a sala de cirurgia de número 12.
Ele, então, digita a senha e entramos. Quando entramos em uma sala antes da sala principal, ele começa a tirar sua roupa, indo até uma pia que tinha ali e lavando seus braços, indo até um dos armários e digitando a senha, pegando roupas de médico e colocando luvas, pegando ferramentas e espalhando tudo pelas bandejas, organizando o que ia levar para o centro cirúrgico... e eu fico ali, olhando, até que ele me encara.
– Tá me encarando por quê? Vai pegar o Bruce logo, caralho. – concordo com a cabeça e saio dali, indo rapidamente até a porta da frente e descendo a escadaria inicial do hospital.
– Tá tudo bem? – Amélia me pergunta.
– Cadê meu tio? – Jonas pergunta.
– Vamos logo, me ajudem a levar esse carrinho pra rampa. – peço e os meninos fazem.
Puxamos Bruce até a entrada do hospital e por alguns segundos, quando entramos de volta no hospital, que já estava com energia, os meninos ficam assustados. Isso, porque ao contrário das outras construções daquela cidade, o hospital estava com muito sangue e muita sujeira. E olha, não queria comentar, mas preciso dizer que os passos até a sala de cirurgia, puxando Bruce, pareciam demorar anos. Parecia que cada passo acontecia em câmera lenta, e foram os segundos mais demorados da minha vida.
Quando cheguei na sala antes da sala principal, Hale já estava com tudo pronto para ele, e depois de ajudá-lo a colocar Bruce na maca que Hale levaria para a sala de cirurgia, colocando apoios nas costas dele, para que Bruce não encostasse no colchão – e não movimentasse a flecha que estava nele –, Hale mandou que Jonas fosse esterilizar seus braços, porque Jonas iria ajudá-lo. Hale já estava de máscara e touca, para que nada caísse dentro de Bruce durante aquela cirurgia, e foi nesse momento que ele me olhou nos olhos.
– O que foi? – pergunto a ele.
– Não tem mais anestesia, ele vai sentir muita dor. Se quiser dar uma volta pra não ouvir os gritos, pode ir.
– Eu posso ficar do lado dele?
– Claro que pode. Só vai se limpar, pra que não entre bactéria na sala onde vou fazer a cirurgia de remoção. A ferida é profunda, o Bruce não pode ter complicações. – ele pede e eu faço. – Preciso que todos tirem, inclusive, suas roupas e coloquem as roupas que estão os armários dos enfermeiros e médicos.
– Por que tem armários aqui dentro? Geralmente essas salas não ficam ao lado das salas de cirurgia. – Jonas comenta.
– Isso aconteceu depois do colapso. Não tinham mais tempo para andar até a área de troca de roupa. As roupas começaram a ficar aqui, para que eles pudessem ser mais rápidos. É um closet improvisado. Andem! De preferência, tirem suas roupas, vão só com as roupas íntimas até a pia, se lavem e coloquem as roupas que estão no armário sem tocar em mais nada. Depois lavem as mãos mais uma vez e coloquem as luvas. Jonas, você sabe qual é o processo de lavar as mãos, ensine a eles. Amélia, como Jonas sabe o que eu uso, ele me ajuda com os instrumentos, mas conto com você observar tudo.
– Tudo bem.
– Vai ser difícil, mas preciso que você preste atenção, porque o seu irmão precisa de você. Não deixe que a emoção tome conta de quem você é. – Hale pede, enquanto eles tiram suas roupas e se lavam.
– Pode deixar, vou dar meu melhor. – Amélia comenta.
Todos, então, começam a fazer os procedimentos que Hale pediu – inclusive eu. Quando todos já estavam com as roupas limpas, nós levamos Bruce até a sala de cirurgia, que Hale já tinha preparado para ele – e nesse momento eu entendi o motivo pelo qual Bruce sempre comentava comigo que um grupo de sobreviventes sempre teria vantagem se tivesse um médico.
Os procedimentos começaram, e enquanto Hale organizava as ferramentas, Jonas cortava a blusa de Bruce, para que Hale pudesse visualizar melhor o que iria fazer nele. Quando Hale tocou em Bruce pela primeira vez, o grito dele fez nossos ouvidos tremerem – e é claro que alguns zumbis começaram a aparecer e os sons dos gritos de Bruce se misturaram com os daquelas coisas.
Os gritos de Bruce ficavam tão intensos, que a cada minuto ouvíamos mais zumbis. No fim, tivemos que derrubar armários na frente da porta da sala de cirurgia, para que nada entrasse lá dentro, então estávamos ilhados. Seria um longo dia, mas pelo menos eu posso dizer que eu confio em todos que estavam naquela sala.
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