...Instinto...

    Chego na casa de Scott dando um chute na porta fazendo com que a madeira se quebre e caia no chão. Dave vem ao meu encontro, mas eu não faço cerimônia. O recebo com um soco que o faz voar contra a parede, porém dessa vez a parede apenas fica com umas rachaduras. Ele se levanta e ri dizendo que Lucy e minha mãe não estão aqui, mas sei que elas estão. Posso sentir. Ele sabe que não conseguiria mentir para mim. Por isso acho que não quer me enganar, e sim, atrasar.

— Eu sei que elas estão aqui em cima. Sai da minha frente, Dave — ordeno.

    Ele não fala nada, apenas vem em minha direção novamente. Me preparo pra golpeá-lo, mas o garoto me acerta um soco primeiro. Caio sobre os degraus da escada afundando-os, e antes que eu consiga me levantar, Dave se põe encima de mim, me golpeiando fortemente no rosto, afundando minha cabeça nos entulhos, onde antes se encontrava parte da escada.
Sem êxito, tento me defender. Depois de algumas tentativas frustradas escuto passos nos degraus acima e uma voz, muito familiar, surge no ambiente, fazendo com que Dave pare de me acertar socos.

— O combinado não era esse, Dave. Sai de cima dele agora. — Olho pra confirmar se eu estou ou não delirando, e infelizmente constato que não estou. Confirmo que é minha mãe que está falando com Dave.

— Desculpa, eu só estava me defendendo. Ele veio pra cima primeiro. — Dave suaviza a voz ao falar com minha mãe. Vejo que ela não aceita as desculpas dele, pois o acerta com um golpe que o faz parar no chão, longe de mim.

— Tem noção do quão preocupado eu fiquei quando não te encontrei em casa? O que você está fazendo aqui com eles? — grito completamente irritado.

— Não havia muita coisa que eu pudesse fazer depois que Scott me ameaçou — ela diz.

    Dave se levanta e sobe as escadas passando por nós.

— Que ameaça Scott te fez?

— Hoje é o dia que ele havia escolhido pra pegar Lucy, mas quando foi até a casa dela e viu que não estava, foi até nossa casa. Imaginou que estaria com você. Não queria falar onde vocês foram, porém ele me pressionou. Disse que se eu não revelasse, que Dave convenceria todos que nossa casa vive fechada por haver algum problema lá. Aconteceria comigo o que aconteceu com seu pai.

— Você não poderia fazer isso. Você me traiu — falo mostrando em meu tom de voz toda a minha indignação. — Preciso ver Lucy.

— Não posso deixar você passar. Me desculpa!

— Onde está Scott? — pergunto enfurecido.

— Foi buscar uma outra pessoa. Não sei quem é.

— Você não parou pra pensar que eles poderiam ter feito alguma coisa comigo lá? — pergunto entristecido.

— Ele me garantiu que não te machucaria. Garantiu que só pegaria Lucy.

— O tempo todo eu estava tentando protegê-la e você faz isso comigo. — Balanço a cabeça negativamente em total desaprovação enquanto lágrimas  surgem.

— Gostaria de ver sua mãe morrendo da mesma forma que seu pai morreu? — Me encara.

— Não, mas não estou falando em relação a isso.

    Empurro minha mãe e passo em direção ao quarto de Scott. Vejo Lucy desacordada deitada sobre a cama. Seguro seus pulsos e sento seus sinais vitais. Um alívio maravilhoso me invade ao perceber que Scott não a tocou. Tento acordá-la, entretanto não consigo. Devem ter dado algo muito forte pra deixá-la desacordada. Minha mãe entra no quarto e ordena que eu saia. Não a obedeço e ela diz que caso eu não saia, Dave me tirará a força e eu grito, pra ele ouvir, que pode vir.

    O ruivo aparece na porta e me força a sair, mas avanço nele novamente. Rolamos pelo corredor trocando socos e chutes até cair escada abaixo. No chão dou uma sequência de socos até ele não conseguir reagir mais. Grito pra minha mãe conseguir fogo, porém ela remedia. Digo que se não fizer o que estou mandando, que pegarei Lucy e fugirei para bem longe. Mesmo sem querer, ela invade a casa do vizinho mais próximo, pega uns fósforos e com um galho e folhas faz uma tocha. Dave, sabendo da minha intenção, tenta de qualquer jeito se livrar de mim, apesar de não conseguir. Minha mãe acende a tocha e juntos mandamos Dave direto pro inferno.

    Scott ficará extremamente enfurecido, considerando o que acabamos de fazer com Dave. Minha mãe pede pra que eu pegue Lucy pra podermos sair daqui, porém não faço o que sugere.

— Leve-a, ficarei aqui — digo firme.

— Você não pode ficar aqui, Bryan. Scott não virá sozinho. É perigoso. — Sua voz trava um pouco ao falar.

— Não, mãe. Você não está entendendo...

— O que eu não estou entendendo? —  questiona enraivecida.

— Eu vou matar Scott.

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