18

— Anita chegamos. — Rioston estaciona o carro em frente do prédio.

— Esse prédio me parece familiar. Sim... Acho que moro aqui! Digo eu acredito que morava aqui antes de ter surtado.

O prédio tem mais de vinte andares. E são dois apartamentos por andar.

A varanda tem uns dez metros de comprimento e cinco de largura, e há vidros temperados com aço em volta deles, os protegendo e fazendo da varanda uma beleza única em modelo arquitetônico.

— O que foi Anita? — Rioston assusta-se com as piscadas rápidas e desenfreadas que Anita está fazendo.

— Eu nao estou legal! — Anita fala grogue.

— Como assim? O que você está sentindo?

— Não é o que estou sentindo, é o que estou vendo em pedaços, iguais a cortes de cenas nos filmes de terror.

— Você está vendo o que?

— Flashbacks! Meu Deus que dor de cabeça... Parece que vai explodir. Eu estou vendo fragmentos daquela noite!

— O que? Não estou entendendo nada. Diga-ma o que você ver? — Anita está encostada próxima a porta.

— Eu vejo Sérgio correndo na minha direção. Ele está com a mão estendida, querendo me levantar! Meu Deus!

— Anita, suas memórias do dia que você teve o último surto psicótico está voltando. O que mais está vendo?

Anita olha apreensiva para Rioston.

— Depois só vejo a escuridão.

— Deve ser quando ocorre seu colapso.

— O surto acontece e não me recordo de mais nada. Apenas fica esse vai e vem de imagens e os gritos de Sérgio ecoando e chamando pelo meu nome.

Rioston procura aproximar-se dela, mas Anita pede para Rioston se manter afastado.

— Minha cabeça Rioston... Está doendo muito. Eu quero ir embora. Por favor, leve-me embora!

— Anita, já chegamos até aqui. Não posso fazer isso com você! Essa é sua chance de descobrir o que aconteceu aqui!

— Eu não quero mais saber e também não vou aguentar que meu filho me veja assim descontrolada.

— Calma! Façamos assim então: Eu vou tentar falar com ele. E se ele quiser te receber, eu peço para você subir. Mas, prometo que Jordan não vai ver você assim. Confie em mim!

— Sérgio vai me expulsar de casa novamente, aliás, agora que está casado nem vai me receber.
— Anita se desespera dentro do carro.

Rioston sai dele e atravessa a rua como pode.

Sua coluna dói. A cabeça de Rioston parece que vai explodir. A garganta está seca.

Ele olha para o relógio:

— Duas horas da tarde. Meu Deus. Essa dor de cabeça deve ser fome.

Rioston caminha até a portaria do prédio. Ajeita a roupa. Passa a mão no pouco cabelo que tem e se apresenta pelo interfone.

— Boa tarde.

— Boa tarde senhor. Em que posso ajudá-lo?

— Desejaria falar com Sérgio Malcon.

— Qual o seu nome e qual o assunto?

— Meu nome é Rioston, e estou vindo da parte da esposa dele. Estou a representando.

— Só um momento, senhor Rioston.

O porteiro desliga o interfone por fora. Passados uns minutos, ele volta a se comunicar:

Sr. Rioston, a secretária pediu para avisar que ele não se encontra.

— Mas, na empresa disseram que ele estaria aqui.

Bem, foi esse o recado que recebi.

— Obrigado. — Rioston vira-se. Anita está olhando para ele, ela está fora do carro. Ele fica pensando no que vai falar. Mas, ele para e pensa: "Se fosse ao contrário, ele o receberia?"

— Não. Eu não me receberia. Meu Deus isso é loucura. — Rioston olha para o céu azul. — E aí? Faço o que?

A voz metálica do interfone soa novamente:

Senhor Rioston. Eu vou abrir o portão.

O rapaz vira-se.

O "clack" do portão preto é ouvido, o deixando entrar. O porteiro sai da guarita e o mostra o elevador.

— O senhor precisa de ajuda com a escada?

— Não, muito obrigado. Qual o andar?

— A cobertura.

Rioston sobe seis degraus. Ele caminha na direção do elevador.

Enquanto espera na recepção do prédio, olha-se no espelho vertical que fica ao lado da entrada do elevador social.

— É bonitão, espero que saiba o que está fazendo. — Rioston aperta o botão. Seu transporte metálico começa a mover.

No display vai passando os números dos andares.

Quando a porta abre-se, uma mulher com uma roupa azul e branca, o está esperando na saída.

— Meu nome é Dolores. Sou a governanta. O senhor Sérgio vai atende-lo.

— Obrigado.

— Por favor me siga. — Rioston é levado por dentro do apartamento.

Há um sofá de quatro lugares e outro de três, na cor de camurça parecendo um veludo.

Um tapete branco, com uns dez centímetros de altura, está por baixo de um centro de madeira e vidro.

Uma Samsung LQTV, ornamenta a sala com uma imagem do atual casal e um rapaz.

"Jordan está grande" — Pensa Rioston falando para si. Ele sorrir.

"Anita vai ficar orgulhosa ao ver seu filho de novo."

— Senhor, — A governanta o chama gentilmente. — Por favor espere aqui nessa sala. — Eles entram num living room.

Há uma biblioteca ovalada, circulando todo aposento e duas poltronas no meio.

— Pode sentar. — Pede a governanta para ele.

Rioston vira-se e Sérgio está parado na entrada da sala.

— Obrigado. — Rioston senta-se. Porém ele percebe o homem olhando desconfiado. Na verdade o analisando. E seu rosto não está satisfeito.

— Você conhece minha esposa de onde? — Sérgio, aproximar-se analisando o rapaz e vai até o mezanino com bebida. — Servido? — Ele levanta o copo de uísque oferencendo.

Rioston agradece levantando a mão direita, dizendo não.

— Senhor Sérgio meu nome é Rioston. — Limpa a garganta enquanto se apresenta.

— Eu já sei, o porteiro disse.

— Eu conheço sua esposa há pouco tempo. — Sérgio franze o cenho e senta-se de frente a Rioston, mexendo o gelo dentro do copo com o dedo indicador. — Há mais ou menos um semana.

— Sem querer ser inconveniente... Mas o que aconteceu com você?

Rioston ajeita-se na cadeira. Ele que já estava desconfortável, fica ainda mais com a pergunta.

— Pode me chamar de Sérgio.

— Bem, — Rioston fricciona as mãos. — Eu estou aqui por que sua esposa pediu e...

— Por isso mesmo perguntei há quanto tempo conhece minha esposa. — Sérgio sorve o uísque, — E acredite ela não gosta de pessoas "incompletas" — Rioston vê o homem fazer aspas com  quatro dedos: Os médios e indicadores de cada mão. — Só por curiosidade, poderia tirar os óculos?

Rioston, tira-os.

— Eu sofri um acidente de carro.

— Há quanto tempo?

— O acidente tem quase dois anos. Eu perdi o olho direito, — Rioston suspira para e pensa: "se isso de alguma forma ajudar Anita, vai valer a pena" —  a minha perna direita recebeu cartilagem até das peles de cobras. No lugar do meu joelho, tem um disco de platina.

Dolores entra e serve água para Rioston, depois pede licença e sai.

— Eu também tive fraturas nas vértebras da coluna que ficam próximas ao cóccix. Os médicos colocaram seis parafusos, a dor é diária e constante. Eu não estava usando o cinto de segurança. Fui arremessado para fora do carro.

— E o culpado dessa sua tragédia foi preso?

Rioston bebe a água.

— O causador de tudo isso fui eu. — Ele inspira e expira. — Eu e somente eu. O pior vem depois, a mulher que estava dando carona, morreu. Eu quebrei o pescoço dela com o impacto, ao ser arremessado para fora do veículo.

Sérgio se arrepende pelas perguntas, mas agora é tarde. Ele sorve mais um pouco do uísque e diz cabisbaixo:

— Desculpas. Eu estou sendo um canallha. Você não tem culpa de nada que vem acontecendo comigo e minha esposa.

— Verdade, você está mesmo. E obrigado por perceber e se desculpar.

— Vamos direto ao assunto. O que você quer mesmo? Qual o recado da minha esposa? Embora pouco me importe com ela. Só para constar.

— Ela se arrepende por tê-lo deixado.

Sérgio sorrir.

— É sério isso? E você é o que mesmo dela? — O tom da voz do homem fica forte, raivosa e cínica. — Você tem cara de advogado. — Sérgio levanta-se e continua:

— Por favor vá embora.

— Ela não teve culpa do que fez. — Rioston continua sentado.

— Avisa aquela mulher que ela nunca vai pisar aqui novamente!

— E o que seu filho vai achar disso?

Sérgio vira-se bufando:

— O que tem a ver nosso filho com isso?

— Sérgio, a deixe pelo menos ver o Jordan. Ele não tem culpa de nada, e Anita é a mãe dele. Sei que você está casado novamente. Eu vi a foto do menino que está lindo e grande. Ele precisa desse contato com a mãe.

Rioston, recua o corpo contra a poltrona. O homem tromba no mezanino, fazendo com que o copo de bebida caia no chão.

Sérgio grita enfurecido contra Rioston, o segura pela lapela da camisa o erguendo e diz:

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