aquele do bárbaro

Nós estávamos em Fousvin procurando por pistas da princesa quando ouvimos a conversa de alguns soldados Snoctanos que comentaram sobre algo bastante curioso que me chamou bastante atenção.
Duas jovens Crivelianas que um deles havia a encontrado pelos arredores da floresta. Ao ouvir essa história, eu e o OT rapidamente seguimos caminho em direção da estação verão sem mais delongas, para que logo, nós seguíssemos até Crivel na estação outono.

— Você sabe onde exatamente fica Crivel? — Perguntei e ele assentiu.

— Você tem certeza de que quer seguir o caminho até lá? — Perguntou-me ele me encarando.

— Sim, eu tenho. — Respondi um pouco confuso.

— E se não for a princesa? — Perguntou ele novamente.

— Se não for, pelo menos nós tentamos. — Respondi e ele me encarou confuso.

— Além disso, nós viemos atrás de pistas e encontramos uma. — Continuei e ele concordou.

Em seguida voltamos a velocidade de início. Havíamos chegado na estação verão e o sol estava escaldante, para variar. Paramos alguns minutos para descansarmos e bebermos água, então aproveitamos para aliviar a sede dos nossos cavalos também.

— Você acha que chegaremos ainda hoje em Crivel? — Perguntei a OT.

— Provavelmente sim. Se continuarmos nesse ritmo nós chegaremos ainda hoje a noite. — Respondeu OT antes de virar um cantil para beber água.

— Bem! — Falei me pondo de pé.

— Então é melhor continuarmos. Acabou o descanso. — Continuei e logo ele se levantou.

— Tem razão. — Concordou OT montando em seu cavalo e em seguida, fiz o mesmo.

— Posso te perguntar uma coisa? — Perguntei.

— Sim. — Respondeu o mesmo.

— Como você conhece Crivel? — Perguntei novamente e ele ficou mais sério que o normal.

— Porque eu já morei lá. — Respondeu ele me deixando boquiaberto, porém rapidamente disfarcei a minha surpresa.

— E como...

— Como eu parei em Darkican? Apenas movido por um desejo de vingança. — Disse ele me interrompendo e respondendo a minha pergunta com precisão.

Eu parei.
Eu sempre achei que soubesse tudo sobre o OT. Que ele foi para Darkican ao comando do Lundyer que recrutara soldados para formar a sua nova base de assassinos. Mas eu estava enganado, na verdade, eu nada sabia a respeito do OT.

— Vingança por quem? — Insisti estudando cautelosamente a expressão dele.

— Meu pai. — Respondeu ele mascarando muito bem qualquer sentimento que tivesse e então eu fitei o chão.

— Eu vivia tranquilamente com as minhas duas irmãs mais novas e o meu pai. Quando um dia, um soldado Fousvinês invadiu a nossa casa e mergulhou a sua espada no peito dele. Bem na nossa frente... Eu vi o meu pai morrer na minha frente eu não pude fazer nada! — Continuou ele com o punho cerrado em sua mão. Nunca o vi demonstrar com tanta clareza qualquer tipo de sentimento.

Permaneci fitando o chão, sem saber o que dizer ou fazer naquele momento delicado, eu apenas sabia ouvir. Mas quando o silêncio insistia em reinar naquele momento, eu logo me apressei em mais uma pergunta.

— Você sabe o motivo pelo qual esse soldado o matou? — Perguntei.

— Assuntos da corte. Meu pai era um soldado também, mas deixou o cargo depois que descobriu que o rei mandara a companhia do seu líder e amigo, o Jerry, em uma emboscada. Então ele não quis deixar por isso e mandaram eliminar o meu pai. — Respondeu ele.

Ele tinha apenas quinze anos quando tudo aconteceu.
OT me falou que as suas irmãs foram levadas para um orfanato enquanto ele saiu para se arriscar na estranha floresta, com um desejo e a promessa de vingar a morte injusta do seu pai.
Foi então que ele encontrou o Lundyer e o governador LS na fronteira de Darkican e pediu para junta-se a ele, demonstrando todo o seu desejo de vingança pela corte de Fousvin. E se eu bem conheço o Lundyer, ele deve ter "se encantado" ao ver tamanha fúria no olhar tão jovem e ferido do OT, isso foi motivos o suficiente para que ele fosse aceito pelo mesmo.

— Matam a troco de nada, apenas por poder e reputação... E ainda somos os bárbaros nessa história. — Falei indignado com a história da morte do pai de OT.

— Por isso eu detesto a realeza. — Continuei com os meus punhos cerrados de ódio, atraindo a atenção do OT.

— Isso foi a muito tempo. Mas sinto que estamos perto de conseguirmos o que queremos. — Disse ele atraindo o meu olhar.

— Estamos próximos de nos vingarmos do rei e de todo o seu gabinete. Estamos unidos por um mesmo propósito. — Completou o mesmo repousando o braço em meu ombro, gesto simples que me trouxe um estranho conforto.

Ele tem razão.
Estamos realmente unidos por um mesmo propósito. A vingança pelas injustiças que sofremos pela corte de Fousvin.
Eu fui encontrado na floresta aos oito anos, e fui salvo pelo exército do novo Lundyer de Darkican. Eu e meus pais éramos nômades e vivíamos em paz em uma tribo de Staticaw, mas em um dia comum, a nossa tribo foi atacada e expulsa por nenhum motivo aparente por soldados Fousvinêses, mandados pelo rei, é claro.
Porém tínhamos os nossos direitos e meus pais e nenhum outro nômade aceitou sair, e então, uma enorme confusão se iniciou. Em batalha, meus pais morreram, assim como a maioria dos outros nômades que não conseguiram fugir para a floresta, e eu fui encontrado pelos "barbáros" na floresta e fui poupado, passando assim a viver em Darkican, sendo considerado o "filho" do Lundyer, o qual eu devo a minha vida e a minha lealdade.
E esquecendo um pouco o passado, voltamos a nossa quente e torturante viagem até a estação outono. Ambos estávamos visivelmente cansados, principalmente por conta do sol, mas não desistimos. Nós tínhamos que chegar ainda hoje em Crivel e investigar melhor as possíveis pistas.

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Quando eu avistei um horizonte com incontáveis árvores laranjas, eu tive a certeza de que havíamos chegado na estação do outono, antes mesmo do sol se pôr. OT me disse que não tinha como chegar em Crivel antes do anoitecer, mas isso não me abalou em nada, apenas me fez querer apressar os meus passos. E logo, finalmente chegamos a uma pequena civilização e então me dei conta.
Chegamos a Crivel.
Tínhamos que ir atrás das supostas garotas que os soldados falaram, e o meu maior desejo é que elas não estivessem mentindo sua localização nesse momento.

— Chegamos! — Disse OT alegre seguindo em frente, mas eu fiz um sinal para que ele parasse.

— O que foi dessa vez? — Perguntou ele revirando os olhos.

— Não podemos sair por aí com esses trajes. As pessoas iram perceber que somos Darkicanos. — Respondi e então ele soltou um suspiro como se estivesse entediado.

— Qual é o plano? — Perguntou OT.

— Nós nos vestiremos como bons Crivelianos e então investigaremos um pouco. — Respondi.

— E então, quando encontrarmos ela eu a pegarei! — Disse OT.

— Não, EU a pegarei. — Falei e ele me encarou arqueando uma sobrancelha.

— E por que você? — Perguntou-me ele.

— Porque eu sei me controlar. E você não. — Respondi como se fosse uma coisa óbvia.

— Que seja! — Bufou OT.

— Vamos fazer logo isso. — Continuou ele.

Permanecemos escondidos atrás de um arbusto quando dois rapazes Crivelianos passaram tranquilamente conversando distraídos em frente a nós. Nesse momento, eu e o OT os puxamos para dentro do arbusto e os ameaçamos para pegar as suas vestes. Imediatamente os rapazes nos obedeceram e nos entregaram a suas roupas, ficando apenas com a parte de baixo.

— Obrigado pela gentileza, rapazes. — Brincou OT analisando as roupas que o vestira tão bem.

— Vão a merda! — Gritou um deles e então OT se aproximou, colocando uma adaga em seu pescoço.

— Quanta audácia para um rapaz desarmado. — Disse ele próximo ao ouvido do rapaz e eu revirei os olhos para OT, enquanto me aproximava dele.

— Deixe comigo. — Falei e OT assentiu se afastando.

— Por acaso vocês sabem onde eu posso encontrar duas garotas recém chegadas de Fousvin? — Perguntei me abaixando para ficar cara a cara com eles.

— Não sabemos. — Respondeu o rapaz.

— Tem certeza? — Perguntei estreitando os olhos para o mesmo que se encolhia de medo.

— Meu amigo já falou que não sabemos! Por acaso você é surdo?! — Gritou o outro e então eu encarei OT, dando um leve assentir com a cabeça enquanto eu me afastava.

OT se aproximou e novamente colocou a adaga no pescoço do rapaz e um fio vermelho de sangue foi visto, fazendo o mesmo tremer de medo.

— Meu irmão te fez uma pergunta e você não o respondeu devidamente. Responda-o ou eu terei que cortar a sua cabeça agora mesmo! — Disse OT enquanto o menino tremia.

— Mas... Eu não sei. — Falou o rapaz com dificuldade.

— Você quem sabe. — Disse OT fazendo mais pressão na adaga, fazendo-o gritar enquanto mais sangue saia de sua ferida.

— Tudo bem, eu digo! — Gritou o outro rapaz e OT recuou com um sorriso vitorioso em seu rosto.

— Ontem mesmo, eu vi duas garotas chegando em Crivel. Uma eu conheço, é a Jaque, filha de Adele, a dona da estalagem mais famosa dessa região. É logo aqui perto. E tinha uma outra moça, mas eu nunca a vi antes. — Disse ele nervoso e quase tremendo de medo.

— Ouvi dizer que elas trabalhavam juntas na corte de Fousvin. — Terminou ele e então OT olhou para mim.

— Vocês sabem onde elas estão? — Perguntei.

— Elas estão hospedadas na estalagem. — Respondeu ele.

— Está bem. — Falei por fim.

— Agora podemos ir, por favor?! — Perguntou o rapaz.

— Hum... Acho que seria muito arriscado liberar vocês depois disso. — Respondi e então eles me olharam alarmados.

— Nós prometemos que não falaremos nada! — Suplicou ele.

— Sinto muito. Mas não tenho garantia disso. — Falei e assenti para OT.

— Seus cretinos! — Gritou um deles e em um único e rápido movimento, as cabeças rolaram pelo chão.

— E agora, o que faremos? — Perguntou OT enquanto limpava a sua espada.

— Vamos para essa tal estalagem. — Respondi e ele assentiu.

Montamos em nossos cavalos e então saímos do arbusto com tanta confiança quanto um criveliano de verdade, e fomos em busca da estalagem. Já que era tão famosa assim, seria fácil localiza-la.

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