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Pronomes: Elu/delu

                                       A van estacionou a frente da casa com um som estridentes ao derrapar pelo concreto do pátio, assim como as três motocicleta que acompanhavam o veículo fizeram. Roderick desembarcou do carro antes de desligar apropriadamente o mesmo, rodeando o mesmo enquanto os três Morgado desciam de suas motos e o acompanhavam. Eles ouviram o som da bala penetrando o metal da estrutura da van em seu caminho mais cedo e então Hayden sussurrou no ouvido do Ghoul para ir mais rápido porque assim como eles temiam, alguém havia sido atingido e esse alguém era Owen, tentando proteger Magdalena.

                                    O mais velho abriu a traseira da van rapidamente para avaliar a situação, com a mente trabalhando rápido e começou a comandar. – Luca, tire o menino daqui e cuide do ferimento dele – O mais novo não hesitou em fazer isso, entrando na van para ajudar o rapaz a descer do veículo sem fazer um esforço que poderia piorar o ferimento em suas costas. -– Alma, Marco, você, eu e os meninos precisamos ser gentis ao tirar o colchão, a menina está machucada demais para sermos descuidados – Falou, e como soldados, os quatro tomaram suas posições, Marco e Alma segurando as pontas do colchão que estavam mais próximas a porta e os dois rapazes fizeram o mesmo enquanto Roderick se posicionava exatamente no meio. – No três – Avisou, sua voz firme. – Um, dois, três...–

                                   E então levantaram o colchão, com cuidado, seus corações acelerados com a possibilidade de cometerem um mero erro e condenarem a garota a morte, com a mesma cautela, colocaram o colchão no chão. Próximo deles, Helena tombou a cabeça para o lado levemente, alguns fios de seu cabelo escuro lhe caíam sobre os olhos em rebeldia e, apesar do avental de jardinagem possuir desenhos adoráveis, seus olhos escuros brilhavam de uma forma que talvez pudesse causar arrepios na maioria dos seres humanos.

                                   Sabia que sua forma forma demoníaca já lhe consumia quase por completo, ainda assim não hesitou em se deixar ser possuída novamente para ajudar a garota ferida. – Saiam da frente, idiotas. – Sua voz agora parecia totalmente diferente da usada tempos atrás na cozinha, havia uma profundidade ali, um poder assustador. Sua pele agora possuía um tom acinzentado e brilhante, seus chifres negros eram longos e se curvavam levemente para trás de sua cabeça, parcialmente cobertos pelos cabelos escuros. Helena mordeu levemente o lábio inferior e um sorriso malicioso tomou seus lábios, enquanto seu corpo cheio de curvas acentuadas se movia como um felino em direção ao grupo.

                                  –A garota viverá por mais tempo do que deveria, posso cuidar disso para vocês mas...Quero você...– Apontou em direção a Roderick – E você, na minha cama hoje a noite. - Disse suavemente, dessa vez para Alma enquanto se aproximava, usava de seus poderes para manter todos  parados em seus lugares e, ao estar próxima o suficiente, levou sua mão esquerda até a menina, lhe tocando o peito apenas com as pontas das grandes e finas unhas negras.

                                    Uma brisa suave soprou seus cabelos quando fechou os olhos, suas unhas afundando na pele da menina como se fossem agulhas afiadas e, em questão de segundos, foi possível ver uma espécie de líquido grosso e preto descer por sua pele e adentrar o corpo da ferida. – Ela também... – Sussurrou para si no instante em que sentiu mais uma ponta de sua alma lhe deixar, suspirando ao ter sua forma demoníaca desfeita e sua forma humana retornar.

                                 Como se ela tivesse acabado de fazer reanimação cardiorrespiratória e enquanto  os outros saíam da mansão depois de ouvir a comoção, Maggie convulsionou de volta à vida, seus pulmões pareciam ter estourado enquanto ela ofegava por ar, e, finalmente, ela abriu os olhos, não como antes, ao abri-los, parecia que uma membrana estava abaixo de suas pálpebras, e suas pupilas não eram nada mais do que frestas negras no centro de sua íris repentinamente selvagem, ela olhou para Helena por um mero segundo, seus olhos rapidamente se adaptando à luz da manhã, seus membros se moveram rapidamente quando ela se sentou, meio assustada e meio seduzida pela imagem da mulher mais velha, seu cheiro apaziguando seus sentidos, chamando por ela.

                                        –Onde estou? – Ela questionou, sua voz não soando como o tom tímido e suave que suas amigas estavam acostumadas, tinha se tornado uma mistura de seda e rouquidão, como um sussurro provocante. Helena ainda observava a menina, seus olhos completamente pretos direcionados aos da garota pela mesma fração de segundos em que esta a observou, lhe fazendo sorrir satisfeita. – Você está em minha cidade, longe do inferno... Ou quase. – Lhe disse, libertando os homens de sua influência e deixando seu olhar observar as crianças ali fora, focando em Alexa e Maya.

                                        –Era essa a prioridade de vocês? Poderiam ter me apresentado ela antes. - Disse, um tanto revoltada ainda que não fosse tão visível. – Entre, menina, fiz torta. - Disse então para a garota, se afastando enquanto sentia que algo a incomodava em seu peito, talvez precisasse de um longo banho. – Cancele nosso passeio, Alexa, cuidem da criança. Estarei nas fontes atrás da casa. – Informou apenas por agora saber que a loira fazia parte de sua família, deixando o local e adentrando a casa sem olhar para trás. Maya franziu o cenho ao ver Helena agir de tal maneira, sabia que aquilo estava relacionado a sua condição de cambion, mas também sabia que naquele momento seria arriscado para qualquer um estar perto de Helena, ela ainda estava dividindo a consciência com a outra.

                                      Magdalena observou-a com curiosidade, suas pupilas dilatando com a visão, seu corpo estremeceu com a excitação e depois com o susto quando sentiu Hayden puxá-la para um abraço apertado. - Você nos assustou pra caralho, Maggie – declarou o rapaz, a latina permaneceu em silêncio, ela ainda estava um pouco atordoada e confusa com tudo, mas o toque de um amigo era bem-vindo, então ela não hesitou em segurar seus braços enquanto eles envolviam seu pescoço com cuidado. – Maggie. Como se sente? – Perguntou ao correr até a mais nova e lhe acariciar o rosto, preocupada como uma mãe, ou quase isso, se preocupava com os filhos.

                                     –Estou com fome, sinto que não como há séculos – Resmungou a olhando enquanto Hayden a soltava, fechando os olhos e os abrindo mais uma vez, suas pupilas retornando ao estado anterior de meras frestas verticais enquanto olhava Maya e Alexa, que haviam sido as primeiras a se aproximarem. – Todos estão bem? – Indagou desviando o olhar para um ponto atrás do casal, logo encontrando o que queria, Isaac e Ethal, perfeitamente bem ao lado de Emily.

                                      Ethal acenou ao ter o olhar de Maggie sobre si, um sorriso surgindo em seu rosto e uma pontada de alegria ao ver a mais nova bem. Sentia-se grata pelo sacrifício da garota, ainda que não confiasse totalmente nela ou em qualquer outro que não fosse Ems. – Obrigada, Magdalena, pelo que fez. – Sussurrou ao se aproximar e não hesitou em abraçar ela com uma leve força, feliz. – Isso é novo – A mais nova sussurrou por um segundo, e finalmente cedeu ao abraço, envolvendo seus braços ao redor da kitsune. – Mas eu gosto – Ela riu um pouco enquanto os duas se afastavam do abraço, sorrindo para a mais velha. – Não precisa agradecer, não aguentei ver aquela escória de mulher fazer aquilo com vocês dois – Falou sinceramente, alternando seu olhar entre a garota e o seu gêmeo, não era de hoje que ela não suportava a ideia de ficar parada ao ver alguém sendo maltratado. – e se vocês não estivessem lá  eu poderia tê-la matado e sido morta no processo, então vocês meio que me salvaram também

                                            –Você é da nossa família estranha, protegemos a família. – Maya disse enquanto sorria e presenciava a cena da velha kitsune e Maggie. - Bem, vamos entrar e matar a fome de Maggie, ela precisa de um banho também, todos vocês precisam. - Maya deu a ordem, apontando para a casa de Helena. Os quartos já haviam sido distribuídos, organizados e Maya sabia perfeitamente quem ficaria em qual, os mostraria assim que Maggie fosse alimentada.

                                     –Vamos, vamos entrar — disse Alexa, um pouco perplexa com os olhos da latina, mas não era hora de perguntar, ela precisava de comida e descanso, todos precisavam. Maggie levantou-se lentamente, a tempo do grupo ouvir o motor de um Cadillac velho se aproximar, Darren saindo do carro logo em seguida, preocupado por um instante até ver que todos estavam bem. Nem ao menos se preocupando com a ferida do tiro de raspão que o atingiu enquanto tentava despistar os funcionários da prefeita. – Deuses, eu fiquei preocupado por um momento – Afirmou o rapaz, encostando no carro para finalmente descansar.

                                       –Estão todos bem, na medida do possível. Como foi ao sair de lá? - Ethal perguntou, preocupada com o rapaz assim como se preocuparia com qualquer amigo ferido, notando ainda então o ferimento em seu braço. – Ele foi machucado. – Disse a Ems, um tanto mais preocupada. – Eu estou vendo – Sussurrou em resposta, Isaac, que estava ao lado do casal não hesitou em correr em direção ao namorado e tomar seu rosto nas mãos, analisando o machucado em seu ombro, o tiro havia rasgado parcialmente sua jaqueta e o espaço exposto de sua pele tinha algo que lembrava um arranhão violento, coberto por uma leve camada de sangue quente e que começava a secar. – Quem fez isso? Você conseguiu ver? – Indagou preocupado, o haitiano sorriu. — Eu estou bem, ti rena mwen¹, a jaqueta levou a pior.

                                            –Acho melhor deixá-los em paz – murmurou Lewis, pegando a mão de Ethal. O grupo concordou e todos entraram e foram para a cozinha. E antes que Maya pudesse se sentar ao lado de Maggie e Alexa, elu cutucou o ombro dela. – Você se importaria de nos mostrar nosso quarto? – perguntou, timidamente pela primeira vez em anos, estava cansade demais para fazer qualquer comentário sarcástico à russa e esse pedido foi tudo o que tinha intenção de proferir. Maya sorriu para elu, abraçando seus ombros. – Claro, coisinha fofa. – Anunciou que logo retornaria e seguiu na frente dos dois jovens, guiando pelas escadas para o segundo andar. Ali era possível ver fotos não somente de Helena ao longo dos séculos mas algumas também de Maya quando mais nova, além de ser possível notar a grande porta de vidro que levava a uma grande sacada nos fundos da casa.

                                             – Vão dividir o quarto, mas juízo hein. – Maya brincou, seu sorriso deixando o rosto ao olhar através do vidro na porta. – Fiquem a vontade e descansem. – Disse, abrindo a porta branca que os separava do quarto, deixando então o segundo andar rapidamente.

                                        Ems não hesitou em levar Ethal para dentro do quarto, abraçando-a com um alívio renovado assim que percebeu que Maya havia ido, tudo e todos estavam bem por enquanto. E pela primeira vez em um longo mês, elu se permitiu sentir o calor de suas lágrimas rolarem por seu rosto. – Todos estão seguros – sussurrou mais para si mesme do que para Ethal, a quem elu apertou um pouco mais contra si. Ethal retribuiu o abraço, escondendo o rosto na curva do pescoço de Ems enquanto lhe acariciava as costas. – Estamos seguros e bem, vamos todos ficar bem. – Deixou um beijo no ombro delu, apertando seu corpo contra o dela e sorrindo ao se afastar apenas o suficiente para ver seu rosto, secando as lágrimas. – Agora podemos viver sem nos preocuparmos. – Sorria, feliz em ver elu menos tense com tudo.

                                           Elu soltou um suspiro libertador e sorriu. – Por que não tomamos banho e dormimos um pouco – propôs. – Aposto que você não dormiu bem na minha cama lá no inferno – Seu tom era um misto de brincalhão e preocupado, elu sabia que provavelmente Ethal conseguiria aguentar muito mais do que elu sem dormir, mas ela merecia um repouso e é claro, processar sua recém adquirida liberdade. – Ao mesmo tempo? Quer dizer... É um convite? – Perguntou, tentando esconder o sorrisinho que vinha em seus lábios.

                                       Levou um minuto para le mais nove entender o que elu tinha acabado de dizer e quando isso aconteceu, todo o seu rosto ficou vermelho rapidamente. - Que-quero dizer...– pigarreou – Se você estiver confortável com isso...poderia ser um convite

                                                 Sorriu ao ver elu com vergonha e lhe deixou um beijo na bochecha, lhe segurando a mão enquanto guiava para o banheiro. – Extremamente confortável. – Disse ao fechar a porta, retirando com calma a própria roupa. Ems não hesitou em seguir os passos de Ethal, livrando-se de suas roupas peça por peça com cuidado, até que sua boxer fosse a única coisa que restasse. Elu pigarreou novamente, pedindo sutilmente permissão para tirar a última peça. Ethal havia lhe visto sem seu top, mais de uma vez, mas elu jamais havia se despido completamente na frente dela, e apesar de ter sempre tido uma admirável confiança em sua aparência, tinha medo da reação da mais velha. – Fique a vontade, Ems. – Disse isso ao se desfazer das duas últimas peças que usava, passando por elu para chegar ao box e ligar o chuveiro.

                                          Ouvindo a permissão, elu se livrou da última peça de roupa em seu corpo e entrou no box logo depois dela. A água estava quente o suficiente para produzir um vapor quente assim que atingiu o chão frio. E elu agradeceu a deusa por isso, porque seus olhos foram incapazes de desviar da imagem do corpo de Ethal, suas curvas de ébano lhe fizeram pensar nos movimentos rápidos de um pincel sendo delicadamente pressionado contra uma tela frágil e elu não podia fazer nada além de admirá-la, e não queria ser pego neste ato. Ethal em contrapartida suspirou ao ter os próprios dedos entre seus fios, massageando o couro cabeludo enquanto a água quente envolvia seu corpo. Podia sentir Ems atrás de si, seu calor lhe causava arrepios, mas limitou-se a manter os olhos fechados afim de evitar olhar elu, não queria deixar desconfortável. – Sinto que precisava disso... – Depois de uma nova respiração profunda, elu não hesitou em se aproximar, sem outra intenção além de alcançar os ombros da raposa, começando a massagear a área com cuidado. - Você mereceu, Watashi no sakura²  – Sussurrou, descendo suas mãos em uma massagem lenta pelos braços da mais velha, subindo suas mãos aos cabelos dela por um momento somente para afastar seus cabelos para o lado e depositar um breve beijo em seu ombro direito.

                                            Um gemido leve de prazer deixou seus lábios ao sentir as mãos de Ems em sua pele. – Você é incrível. – Sussurrou, dando liberdade e espaço para que Ems tivesse melhor acesso ao seu ombro e pescoço. Soltou uma risada sutil e continuou com a massagem. – Só estou cuidando de você, só isso – respondeu, arrastando lentamente as mãos para cima, começando a  massagear a curva que ligava o ombro e o pescoço de Ethal e então descendo por suas costas, pressionando cuidadosamente cada nó.

                                            Ethal virou-se lentamente e sorriu ao ter seu olhar preso ao delu, abraçando sua cintura. – Obrigada, por cuidar de mim. – Sussurrou, antes de estar nas pontas dos pés e roubar um beijo calmo e suave. Emily sorriu contra seus lábios e permitiu que suas mãos descansassem nas laterais do pescoço de Ethal enquanto eles se beijavam. Cada movimento de seus lábios era suave e cheio de carinho, a água quente caindo em suas cabeças lembrando-lhe da chuva no dia em que deram seu primeiro beijo.

                                                Seus lábios se separaram apenas alguns milímetros, a ponta do nariz du mais jovem tocando suavemente a ponta do dela. e elu não pôde fazer nada além de sorrir quando notou suas pálpebras parcialmente fechadas, Ethal as sentiu pesadas, mas isso não importava, não quando ela sabia que Ems estava lá para segurá-la mesmo se ela adormecesse.  – Vamos para cama – Sussurrou fechando o chuveiro e então puxando uma toalha que fora deixada fora do box, embrulhando a negra no tecido macio, enrolando outra toalha ao seu corpo de qualquer jeito antes de pegá-la no colo e a levá-la de volta para o quarto, se secaram como conseguiram e Ethal roubou uma das camisas du lupine enquanto elu simplesmente vestiu uma cueca e finalmente se deitaram, estavam exaustos e sabiam ter merecido aquela oportunidade de repousar.

‡†††‡

                            A alguns quartos de distância, Darren reclamava enquanto seu namorado deslizava o algodão embebido de álcool pela ferida em seu braço. – Vai ficar uma cicatriz – Murmurou o mais velho, seu coração ainda palpitava por conta do susto de ver o Chasè ferido, mesmo que minimamente, ainda mais sabendo que tinha sua parcela de responsabilidade nisso. – Um bom motivo para fazer minha primeira tatuagem – disse o mais novo dos dois em seu melhor tom de brincadeira. – Sim, acho que sim

                        O kitsune concordou sem prestar muita atenção ao colocar a gaze no ferimento já limpo do haitiano. Não foi difícil para o namorado notar seu comportamento distante, com a mão livre, o menor segurou o queixo do Brooke. – Ei, olhe para mim, mon amour – ele perguntou, sem esperar ver os olhos castanhos de Isaac cheios de lágrimas. – Sinto muito por te arrastar para isso – O mais velho deixou escapar, sua voz normalmente tão firme e confiante falhando enquanto sua mão segurava a gaze contra o braço esquerdo de seu namorado. – Ninguém me arrastou para nada, querido – Afirmou o rapaz. – estou aqui porque não suporto a ideia de que nada de ruim aconteça com você, ti rena mwen – O traficante o assegurou, dando-lhe seu sorriso mais genuíno.

                         – Além disso, sou mais durão do que pareço, vou ter uma cicatriz para provar – Com essa frase, o garoto empurrou o braço machucado contra a mão do kitsune, fazendo-o rir. - Você é um tremendo idiota

                      –Essa é a razão de você estar comigo – retrucou Darren, ainda sorrindo enquanto observava o outro garoto recuperar o fôlego, apenas para se inclinar, um sorriso brincalhão nos lábios. – Culpado – ele sussurrou, beijando-lhe os lábios por um mero segundo antes de se afastar. – Vamos cuidar disso e descansar um pouco, estou exausto – O haitiano soltou uma risada curta e ofegante e assentiu. - Eu gosto dessa ideia

‡†††‡

                  Fora dali, o corpo de Maggie se movia suavemente enquanto ela subia as escadas, ela havia comido direito e tinha sido bombardeada por perguntas o dia inteiro e quando a lua subiu, ela sabia para onde deveria ir, Helena havia falado que a queria em seu quarto e como uma convidada, ela não desrespeitaria os desejos da anfitriã. Ela bateu levemente na porta do quarto da mulher, ansiosa por sua permissão para entrar. Dentro do quarto, Helena tinhas suas mãos apoiadas na pia enquanto seus olhos escuros brilhavam no reflexo do espelho. Sua mente ainda estava um tanto confusa pelo uso recente de sua forma demoníaca, ainda que as fontes termais tivessem lhe ajudado, elas não serviam totalmente para lhe curar. – Entre.  – Disse fechando o roupão que usava e amarrando na cintura.

                        –Pediu que eu viesse – Disse a latina enquanto abria a porta do quarto de Helena, seus olhos felinos observavam a mulher mais velha com intensidade e curiosidade. – Acredito que houve um motivo para esse pedido, não é? – Perguntou, se aproximando, seus passos eram leves, mas objetivos na direção de Helena. – Acredito que eu já tenha me esquecido da intenção real. – Disse, calmante. Sim, lembrava, mas sabia que era seu outro lado que havia o feito com outras intenções. – Descanse, pequena criatura.

                      –Eu não me sinto cansada, muito pelo contrário – Sua voz parecia se arrastar levemente, havia estado instintivamente encantada pela cambion desde que despertou e seu corpo pedia que cessasse suas curiosidades. – Eu posso voltar outra hora, ou – Sorriu, suas pupilas se dilatando, como se fosse uma caçadora atrás de sua presa. – Posso lhe fazer companhia...– Mordeu o lábio inferior, dando um pequeno sorriso ao se aproximar da menina e lhe segurar a cintura. – E o que pretende?

                       –Não é melhor se eu te mostrar? – Sussurrou, aproximando-se o suficiente da mais velha para que seus lábios ficassem a milímetros de distância, apenas para desviar no último momento, depositando beijos suaves por seu maxilar, lentamente. Neste mesmo ritmo, a garota ergueu sua mão para apoiar-se no lado direito do pescoço da mulher, sua palma sobre seu ponto de pulso e os dedos enroscando-se nos fios de cabelo de sua nuca, em momento nenhum deixando de criar um caminho do maxilar ao pescoço da mulher, que suspirava com seus toques, voltando por ele apenas para chegar próximo a sua orelha, mordendo-lhe o lóbulo antes de se afastar lentamente. – Então, minha intenção é clara para você?

                       Algo em seu corpo pareceu despertar e não era somente o desejo carnal que sentia. – Extremamente clara, mas devo dizer que inapropriada. – Afastou-se alguns centímetros ao responder, identificando o que havia de diferente em si mesma. Era a cambion em si, lutando para ter o controle total. – Você não é o bichinho das crianças? – Questionou, agora voltando a estar a centímetros da garota, sua mão esquerda envolvendo o pescoço da menina sem o apertar tanto, enquanto seus lábios tocavam a pele macia de sua bochecha. – Não sou o bichinho de ninguém –  Disse a morena com raiva na voz, seu corpo estremeceu simplesmente pelo toque da mulher, algo nela a fez questionar o que estava fazendo, ela nunca havia se comportado assim antes e outra parte desejava que a mão em seu pescoço ficasse ali, apertando-lhe o pescoço apenas o suficiente para deixar seu corpo todo quente de desejo. – Só sei exatamente o que quero...

                      –Mesmo se for com uma mulher tão velha quanto Cleópatra? – Sussurrou, lembrando das comparações que os mais novos faziam sobre ela e a faraó. Helena deslizou seu polegar pelo pescoço da mais nova até que chegasse aos lábios, não hesitando em os capturar com os seus em um beijo carregado de desejo. Magdalena não conteve seu gemido quando os lábios de Helena envolveram os dela, suas mãos subindo mais uma vez em direção ao pescoço da mulher mais velha, seus polegares acariciando o maxilar da mulher enquanto suas unhas se arrastavam lentamente por sua nuca, deixando linhas vermelhas no local. As mãos mais velha por fim tomaram novamente a cintura da menor, suas unhas lhe arranhando por cima da roupa.

                          Helena guiou o corpo da menina até a parede mais próxima, quebrando o beijo somente para observar cada característica de seu rosto, sorrindo suavemente. – Vou tomar isso como um sim, bichinho. – Provocou, levando os lábios ao pescoço da menina em um beijo lento, quente e usando dos dentes sobre seu ponto de pulso. Enquanto tinha sua concentração no pescoço da garota, uma de suas mãos foi levada a nuca da felina e ali puxou seus fios com certa brutalidade no instante em que voltou a lhe encarar. Seus olhos completamente negros brilhavam enquanto a encaravam e os chifres escuros agora ganhavam destaque entre os fios de seu cabelo. – Seu nome...

                           Maggie – Respondeu em um murmúrio rouco, seu olhar em um misto de fascínio e luxuria, não havia lugar para nada além disso ao encarar os olhos completamente negros de Helena. Suas mãos deixando o pescoço da mulher e deslizando pelo seu roupão, pronta para arrancá-lo a primeira oportunidade. – Maggie... O que deseja de mim? Não tenho alma a lhe oferecer... – Questionou, roçando seus lábios nos da mais nova enquanto seu calor lhe alimentava. Sentia-se mais humana talvez, mais viva. – Diga de uma vez o que quer de mim e pensarei se poderei lhe dar...

                         –Eu quero somente uma coisa...– Começou, o ar quente que deixava os lábios da mais velha lhe atiçando os sentidos enquanto suas mãos deslizavam mais para baixo no roupão da mulher até encontrar a faixa que mantinha a peça fechada, seus dedos suavemente trabalhando para desfazer o nó, e uma vez que atingiu seu objetivo, deixou suas mãos deslizarem pela pele de Helena, sendo observada atentamente pela mesma, que bebia suas reações como se desfrutasse um delicioso vinho. – Eu quero você...– Aquela não era a resposta que esperava mas já estava preparada para isso, para mais uma decepção. Foi nesse exato momento que Helena se deixou ser levada pela outra, por sua cambion. – Assim seja... – Sussurrou, tendo o roupão deslizado por sua pele em um simples balançar de seus ombros e sendo deixado aos seus pés, seu corpo exposto não era e nunca foi um problema para ela, sabia de seu nível de sedução e confiava em suas curvas apesar da idade que aparentava humanamente. – Você me terá, Maggie. – Rosnou diante da menina e não demorou mais do que alguns segundos para que Helena deitasse Maggie na grande cama posicionada ao lado da varanda, curvando-se sobre seu corpo enquanto seus lábios deixavam beijos lentos e molhados no pescoço, por vezes usando de seus dentes, agora quase presas, roçarem sobre o ponto de pulso.

                         Maggie suspirou com o toque dos dentes da mulher, mas não era somente aquilo que ela queria. Seus dedos deslizaram pelas costas da mulher e lentamente se arrastaram por sua nuca e então encontraram seu rosto, erguendo-o para si e a olhando nos olhos mais uma vez, a sensação que havia sentido mais cedo tomando seu corpo por completo mais uma vez, e ela finalmente entendeu que não era somente excitação que sentia – É você que eu quero...– Foi capaz de sussurrar, sem realmente saber que havia o feito.

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Notas Finais:

Um capítulo um tanto mais pacífico, mas com uma pitada mais quente é lindo não é...

Esperem por mais...

Beijos, JF & IR

Glossário:

¹ - ti rena mwen – minha pequena raposa

² - Watashi no sakura – minha flor de cerejeira

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