10.Ajudando a vila


&. Escutar a música e ler a letra para melhor experiência.&

Logo que o baile acabou, nos despedimos do rei e da rainha e andamos até a rua, fomos um dos últimos a sair.

 A noite estava linda então aproveitamos para explorar a cidade e suas maravilhas que a noite poderia trazer. 

 Andávamos de mãos dadas, o que já estava quase me acostumando. As lojas estavam quase todas fechadas, em outras situações eu estaria com medo de andar em uma cidade escura, porém na presença de Zack, me sinto segura. Em um dado momento, passamos na frente de um beco e Zack parou.

— O que foi?

Zack não me respondeu e começou a farejar o ar.

— Aquele cheiro de novo, fica aí.

Então fiquei embaixo de um poste de luz e Zack entrou no beco, logo que notei estar sozinha, tentei me manter calma, eu vivi sozinha em uma floresta escura a vida toda, porém na cidade diferia, ainda mais se eu precisar voar no escuro com esse vestido, ou pior, correr de salto.

Depois que Zack sumiu de vista, escuto um barulho no telhado da loja que eu estava em frente, olhei para cima e vi uma sombra. Ela tinha olhos vermelhos.

— Aí de novo não, quem é você?

Falei como se fosse intimidar alguém, a sombra desceu onde eu estava e entrou embaixo da luz na minha frente com as mãos para cima, acho que tentava mostrar que não faria nada. Era um garoto, não qualquer garoto, no entanto o que me chamou para dançar no baile, ele vestia uma roupa tradicional japonesa humana, da cor branca com detalhes vermelhos.

— É desculpa aparecer assim, mas seu namorado parecia meio agressivo.

Enquanto ele falava, olhava de relance para o beco na esperança de Zack voltar, ainda sim acho que teria de me virar sozinha, mesmo sem meu arco.

— Meu nome é Tomoe e preciso de você.

Fiquei uns segundos parada refletindo, então dei dois passos para trás. Observei a minha volta, já imaginando com o que eu atacaria o garoto.

— Ok... O meu é Yasmin, mas no que exatamente você quer ajuda?

Na minha cabeça estava imaginando maneiras que eu teria de atacar esse garoto, caso ele tentasse algo, não queria usar os ensinamentos que Zack havia me dado de luta.

— Preciso que vá a minha vila, eu vi você curando um menino ontem.

 Então ele era o som na mata. Ele quer ajuda com minha cura? Tem alguém machucado na vila dele?

— Olha, eu meio que nem sei quem é você.

Olhos apareceram atrás dele, eram raposas, era para eu estar assustada, porém estava tão encantada, elas só existem em regiões geladas, ou do lado dos humanos. Quando chegaram perto, abaixei para acariciá-las, animais me trazem um tipo de paz que eu não entendo. Ele precisa da minha ajuda, não sei porque, no entanto aquele sentimento de confiança que tenho nas pessoas, me diz que ele não está mentindo, talvez um dia acabe morrendo por acreditar demais nos meus instintos.

— Está bem, mas tenho que falar com Zack primeiro, e ele meio que sumiu.

Olho para o beco, esperando ver as asas escuras que tanto ansiava.

— Mas precisamos de você agora.

Bem, pensei no Zack, porém não posso depender dele para tudo. Sei que isso é inconsequente, ainda sim no fundo ele vai me achar, ele sempre acha.

— Ele acha nós depois pelo cheiro, como vamos?

Asas o garoto não tinha, apenas orelhas de raposa e uma calda enorme e peluda, e acredito que carregar ele eu não conseguiria.

— Vamos em uma montaria.

Assim ele assobiou, olhos se iluminaram na mata do outro lado da rua, e das sombras saiu uma raposa, porém diferia das outras, era bem maior. Era incrivelmente linda, no entanto fui interrompida de olhar para ela, já que o garoto me segurou e colocou em cima dela.

— Hey, calma aí também.

 Ela tinha quase quatro metros. Tentei me segura no pelo dela e arrumar a calda do meu vestido.

— Não temos tempo.

Então logo ele subiu atrás, para me segurar, já que nunca andei de raposa.

— E o Zack?...

Ainda estava preocupada com o fato de ele não ter voltado, ainda sim aquela sensação ou instinto dentro de mim, dizia para eu ajudar. Porém pela pressa do Tomoe, suponho que é sério.

— Ele vai sentir o cheiro e vir atrás.

Então logo saímos floresta adentro, a raposa era rápida, tentava me segurar nos pelos dela, entretanto era difícil, Tomoe ajudou muito no caminho, ele não parece ser má pessoa.

 No meio da viagem me deparei com um pequeno cervo sozinho na floresta, o olhar melancólico dele por algum motivo me lembrava alguém, e era o Zack, ele deve estar sozinho e preocupado agora.

 Assim com a velocidade dela, não demoramos muito para chegar. Logo na entrada até eu senti um cheiro estranho, quando descemos era uma visão horrível, a vila parecia ter sido atacada, tinha pessoas caídas por toda parte, o cheiro de ferro que vinha do lugar, era de sangue, algo de muito horrível aconteceu aqui.

 Varias casas de madeira simples rodeavam a pequena fogueira no centro dela. Havia sangue nas paredes, no chão, em toda parte.

— A enfermaria é ali, as enfermeiras vão te dar uma vestimenta, ajude no que puder.

 Ele diz enquanto me desce. Apontando para uma casa no fundo da vila, era maior que as outras.

Estava paralisada com a situação, logo veio uma adrenalina e tirei o salto, assim corri até a enfermaria que já tinha uma menina esperando com roupas para mim, peguei elas e fui me trocar no quarto do lado. Tirei o vestido branco que não queria manchar de sangue, Julia se esforçou demais por nós, para eu devolver o vestido dela todo vermelho.

Logo que voltei prendendo meu cabelo nele mesmo, e entrei em uma terceira sala, haviam pessoas deitadas em colchões finos no chão, umas levemente feridas, outros que não dava para distinguir de tanto sangue, neste momento não pensei, apenas agi.

— Onde estão os primeiros socorros?

 Arreganhei as mangas da roupa branca que haviam me emprestado.

— Aqui.

Assim ela me entregou uma caixa com agulhas e alguns panos, não era muito, então corri para os em estado grave e suturei o que dava e curei o resto. Meus conhecimentos de primeiros socorros eram básicos de mais, apenas os que li em livros, porém teria de fazer meu máximo com eles.

 Fui em alguns que ainda se mexiam, os que estavam embaixo de panos brancos eu não ousei ver. Comecei a curar um garoto raposa que tinha um corte enorme em seu peito.

As enfermeiras olharam a luz que saia de minhas mãos por alguns segundos, porém logo voltaram ao trabalho. No pouco tempo que tive que poderia olhar envolta, todos pareciam ser da mesma raça que Tomoe, garota exaustas tentavam ao seu máximo para ajudar quem podiam, algumas estavam mais sujas de sangue que até os próprios feridos.

 O dia já estava amanhecendo, foi cansativo correr em uma enfermaria que mal conhecia, todos pareciam estabilizados, outros eram carregados enrolados em panos brancos para o lado de fora, infelizmente mesmo fazendo o possível, alguns não aguentaram, outros talvez teriam sequelas pelo resto da vida.

O som de enfermeiras gritando pela morte de seus entes, o cheiro ferroso, a sensação de sangue seco nas mãos, e o amargor na boca dado pela ansiedade, tudo veio à tona porém não deu tempo de desmoronar.

Após tanto curar e a adrenalina baixar, pensei no tanto que usei a cura, e a tontura veio, me sentei no chão no meio da enfermaria, olhando para minha roupa cheia de sangue, não queria dar mais trabalho do que já estavam tendo, tudo girava e minha visão ficava escura e voltava.

Fechei os olhos por uns segundos, e escuto uma voz conhecida gritando com alguém, levanto segurando a cabeça, fui até à porta ainda tonta, me segurando nas paredes.

— Cadê ela?! Sinto o cheiro dela nesse banho de sangue!

Me apoio no batente da porta. Vejo Zack na frente de Tomoe, que está com as mãos para cima tentando acalmar ele.

— Ela está bem, apenas está ajudando os feridos.

Saio do lado de fora e me apoio em um poste. Zack me nota.

— Yasmin... Você está coberta de sangue.

Zack segura a roupa de Tomoe com raiva.

— Ela não parece tão bem como você falou raposinha.

Zack puxa o colarinho do garoto raposa, seus olhos ficam um mesclado de vermelho e o tom normal azulado dele.

— É sangue dos feridos.

 Tomoe é alguém bem calmo. Assim Zack vem em minha direção.

— Você só atrai cara estranho hem.

Faço uma cara de tédio já que ele se incluía nisso. Minha visão ficava cada vez mais embaçada e a voz de Zack cada vez mais distante. Um zumbido começou a aparecer em meus ouvidos.

— Vem.

Assim ele me abraçou, me levantou do chão segurando por baixo das coxas.

— Só quero dormir...

Estava tão exausta do baile ainda por curar tantas pessoas raposas, que apenas deitei a cabeça no peito dele. Vi Tomoe apontar para um dormitório e Zack foi até lá me levando e deitando gentilmente na cama, apenas dormi sem saber se Zack mataria o garoto raposa.

*Lembrando vocês leitores de curtir e comentar :D*

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