• Sete

— Não acha ele meio brega? Ah sei lá, não sei se faz meu tipo. — Alê me mostrava a foto de um carinha que ele conversava.

— É, não sei.. tanto faz.. — bebia o refrigerante.

— Qual é, todo cara que eu mostro você não curte.. me ajuda aí vai..

— Eu já falei o que eu penso sobre todos eles. — falei concentrada no celular.

— Amiga.. — franziu o cenho.

— Quê?

— O que rolou? Cê tá toda distraída hoje.

— Não foi nada, mas lembra da Lívia? Aquela que a gente conheceu semana passada.

— Uma que tava cheia de glitter? O que quê tem?

— A gente tá se falando todo dia, ela é mó gente boa.

Levantei o olhar e Alê me olhava com malícia e com um sorrisinho de canto. Rolei os olhos e suspirei.

— No que tá pensando?

— Você sabe no que eu tô pensando.

— Hã? Alexandre! Claro que não! — eu o repreendi rápido.

— Que foi? Para com isso garota.. não falei nada! — gargalhou alto.

— Ela é bem da hora e a conversa flui, e não.. não é nesse sentido que você tá pensando.

— Tá bom né.. quem sou eu pra falar algo Babi? — segurou o riso.

¥

Ouvia música nos meus fones de ouvido deitada de barriga pra cima, era de uma banda que Lívia tinha me apresentado e disse que era boa.

Meus pensamentos flutuavam e pareciam estar bem longe daqui. Eu amo ficar assim, esqueço do mundo lá fora e me sinto mil vezes melhor.

Sem ter que lidar com meu pai e minha madrasta.

Então, aquelas coisas começaram a arder dentro de mim novamente. Me sentei e me encarei no espelho do guarda roupa, engoli seco.

Sabe quando você tem convicção de algo, mas não quer falar isso pra si mesma?

Parece que tem algo dentro de mim que precisa ser liberto. E sinto que tô presa dentro do meu próprio corpo. É uma sensação sufocante, e sinto que estou oprimida.

No mesmo instante meu celular tocou me fazendo sair do transe, atendi rapidamente.

Ligação📱
Lívia

Ei! Ouviu a música? Te falei que era boa..

— Ah. — hesitei. — Ouvi sim, tinha razão. É ótima. — voltei a me acomodar na cama.

— E eu também ouvi aquela que você falou, e até posso dizer que é boazinha.

— Sério? Ufa, achei que não fazia muito o seu estilo. — brinquei e ouvi sua risada baixa.

(...)

Começamos a tagarelar sem parar, acabei que perdi  a noção total do tempo. E nem ousei olhar as horas, tinha esquecido por um breve segundo da existência delas.

Cheguei em casa após um dia exaustivo de provas e trabalhos. Fim de ano é sempre corrido e quase não sobra tempo pra pensar em outras coisas.

E essa porra de ansiedade me faz surtar, tô fumando bem mais do que costumo fumar durante a semana.

Só assim consigo ficar relaxado e consigo terminar meus afazeres.

— E como vai Sabrina? Porquê não chamou ela pra jantar conosco? — o meu pai questionou enquanto comíamos.

— Ela tá bem. Mas hoje ela tinha uns compromissos e não quis interromper.

— Já está mais do que na hora de vocês assumirem esse namoro corretamente. — dona Luciana disse e eu só sorri fraco.

— Concordo com a sua mãe. Já estão a tanto tempo juntos.. creio que não custa nada oficializar melhor.

— Parem de me botar pressão porra, uma hora isso saí! — falei humorado, colocando mais comida no prato.

— E cadê Lívia? Porquê não quis jantar? — meu pai questionou olhando ao nosso redor.

— Não quis descer, estava ocupada numa ligação e eu acho que nem me ouviu chamar.

Minha irmã geralmente é bem tranquila e não tem problema algum com meus pais, eles se dão bem e nem lembro a última vez que ela levou uma bronca de verdade.

A não ser quando ela pega as minhas camisetas sem ao menos pedir, para fazer de vestido ou de pijama.
Tirando isso, a gente também se dá bem. Ela só não é muito chegada na Sasá, as duas parecem se odiar.

Talvez seja o fato de que Lívia é bem ciumenta com as meninas que eu fico.. isso é coisa de irmão caçula.

Faz mais de uma semana que ignoro Rafael, ele me liga quase todo os dias e sempre manda mensagens constantes. Não quis bloquear, gosto de vê-lo tentar ter a minha atenção.

Ao mesmo tempo que é prazeroso, é ruim. Não sei se consigo ignorar sua existência por muito tempo, não dá pra deixar de amar de um dia pro outro.

— E então, papi 2 disse que preferia a bolsa laranja, mas ainda tô em dúvida. Acha que essa cor vai ornar comigo? — Bel falava olhando o computador.

— Oi? O quê disse? Desculpa, não reparei direito. — cocei os olhos e me aproximei.

— A cor..

— Ah! Preta, prefiro a preta.

— Não me diga que tá pensando de novo naquele cara? Não me diga Yasmin!

Hesitei por alguns segundos e ela poderia prever a minha possível resposta.

— Não é que eu tô pensando nele.. mas é que.. sei lá, não sei se estou fazendo certo em ignora-lo por tanto tempo assim.

— Quê? Isso não faz nem um mês direito.

— Eu sei Bel, mas creio que deveríamos conversar. Só para esclarecer as coisa de uma maneira melhor!

— Ele tá louco pra voltar né? Você sempre terminam e voltam em questão de dias.. — suspirou.

— Mas dessa vez foi diferente, ele socou o Eduardo e por pouco não foi pra cima de mim, me deu medo..

— Ele sempre foi agressivo e ignorante. Só que você estava apaixonada demais pra notar.

Fitei o celular pensando em como respondê-lo. Até que escuto batidas fracas na porta do meu quarto.

— Filha? — ouvi sua voz rouca do outro lado.

— Entra, mãe! — eu exclamei e pude ver a maçaneta girar devagar.

Ela segurava um enorme buquê de rosas, e na outra mão, uns chocolates e fotos reveladas em polaroide.

Eu e Isabel nos entreolhamos e pude ver ela rolar os olhos e soltar um risinho sem humor. Neguei com a cabeça e ergui o olhar pra minha mãe de volta.

— O Fael acabou de te mandar na portaria, espero que aceite! — sorriu solidária e me entregou aquilo tudo, mal conseguia segurar.

— Se por acaso ver ele, diga que não precisava. — dei de ombros fingindo desinteresse.

— Filha, não seja mal educada. Ele tem as melhores intenções, e eu aposto que está tentando resolver as coisas de uma forma amigável.

— Ele sabe que nunca me comprou com flores e com chocolates. — suspirei.

— Só tenta dar uma bandeira de paz.. — falou e saiu do quarto fechando novamente a porta.

Peguei a carta que estava no meio e abri rápido.

"Você é tudo que eu mais amo! Não saia da minha vida, nós merecemos um final feliz Yas. Com amor: Rafael."

— Hum, isso aqui é realmente muito bom! — Isabel já se enchia de chocolates e eu soltei um riso ao vê lá com a boca toda suja.

— Pode levar todos se quiser..

— O que ele disse na carta?

— Nada demais, disse que me ama e que merecemos um final "feliz". — respirei fundo.

— E nem ao menos se desculpou por todo aquele auê que ele fez? Puf.. babaca.

Avistei as fotos em forma de polaroide que haviam e soltei um riso frouxo. Quando você vive um namoro conturbado, momentos felizes são difíceis, mas eles existem.

E eu ainda lembro de cada um deles como se fosse ontem. São memórias boas, mas elas não duravam por muito tempo.

— Caiu a maior chuva nesse dia, e fizemos uma foto rápida na praia.. — mostrava pra Bel.

— Lembro que você pegou um resfriado.. — riu e eu a acompanhei.

Meu celular apitou indicando que era do direct do Insta, avistei algumas mensagens do dia. Até abrir rapidamente a foto que Dado havia me enviado a algumas horas atrás.


— Ah, é só o Dado tomando um suco.. — balancei a cabeça. — Aposto que deve ter mandando isso para todo mundo.

Começamos a nos seguir no Insta, e vez ou outra ele mandava alguma foto do que tava fazendo. Não nos falávamos tanto e quase não nos vemos, mal sobra tempo.

Respondi a sua foto com o buquê de flores:


No mesmo instante ele viu e respondeu o direct;

Instagram 📷
dado.couto: Cheia dos presentes né? Voltaram?😂
yasvascon: Não voltamos, era pra ser um pedido de desculpas, mas não rolou..
dado.couto: Hum.. tendi 🤔 bonita as flores, será que ele poderia me informar onde comprou? Queria fazer uma supresa pra Sasá.
yasvascon: hahaha idiota. Mas não vou perguntar pra ele, se quiser te passo o insta @tavaresfael
dado.couto: Perigoso ele querer me dar outro soco por aí hahaha

(...)

Continua..

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