Soro da verdade

— Desculpe, omma… — Min Yoon Gi repetiu pela quinta vez, o braço cansado por sustentar o telefone na orelha. Sua mãe não se conformava por terem ido embora tão cedo sem se despedir. 

Contou a ela?

— Contar o quê… — Revirou os olhos livremente, já que ela não veria.

Ya, Min Yoon Gi! Você sabe muito bem! Não finja que tem amnésia!

— Não sei do que está falando, omma. Desculpe, mas tenho que ir. — Sem esperar uma resposta, finalizou a chamada após afastar o celular da orelha.

Jung Ho Seok se espatifou no grande pufe do canto da sala de ensaios: — Ãn… só a título de curiosidade mesmo… Só para... saber. — Pigarreou. — Alguém notou que a Ana ficou estranha depois da festa? 

Aniyo! Nada a ver… Não mesmo, de onde tirou isso? — Kim Tae Hyung retrucou na mesma hora.

— Ela sumiu depois da queda de energia, não foi? Talvez tenha ficado constrangida… — Kim Seok Jin comentou, enquanto se empenhava em romper o lacre de uma garrafa d'água em suas mãos.

— Como assim, constrangida? — Min Yoon Gi contestou logo. — Digo, aconteceu… alguma coisa?

— Hum… Eu disse "constrangida"? — remendou, agora avidamente tentando desmembrar a embalagem. — Deve ter sido na hora que ela soltou um grito no meio de todo mundo… — disse sem levantar os olhos.

— E na viagem de volta… — Jeon Jung Kook começou contando e se aproximou de Kim Seok Jin, que simplesmente o entregou a de plástico ainda lacrada, com desinteresse. — Ela estava tão aérea… — Com uma torcida simples, a tampa se separou da garrafa e o maknae a fechou novamente, entregando ao dono. — Parecia até que sua mente não estava no corpo. Eu não entendo… — Olhou para baixo, cruzando os braços lentamente. — Ela deveria estar feliz... — murmurou.

Kim Seok Jin agarrou o recipiente, mas seus dedos mais uma vez escorregavam pelas nervuras da tampa azul.

Aish… Não tá ajudando, Kook.

Miane, hyung… — Sorriu contagiando os garotos e até alguns staffs que estavam por ali. O mais novo novamente girou a pequena tampa e estendeu a garrafa a Kim Seok Jin, finalmente aberta.

— Ji Min-ah, o que você fez com ela? — Kim Nam Joon perguntou, em tom de brincadeira.

MWO?! P-por que tudo tem que ser eu? Não fiz nada que ela não gostasse… — Park respondeu, dando atenção ao celular.

— Como assim? Então você fez alguma coisa! — o outro tornou perguntar, mas dessa vez deixou um pouco de lado o tom brincalhão, e seis olhares cobraram Park Ji Min, que começou a rir da selfie que tirara, intencionando um possível post no Twitter.

— Sabe que… — Deixou escapar sua risada pelo canto da boca, e antes que tocasse o dedo em "tweetar", o levou à ponta do queixo. — Estou tendo uma ótima ideia... — insinuou, ainda encarando a tela brilhante em sua mão. — Uma daquelas ideias que só gênios são capazes de ter… 

— Quer falar logo? — apressou Kim Nam Joon, enquanto se encostava na mesma parede que o garoto.

— Nesses últimos tempos, descobri que tenho um grande sonho. E acabei de descobrir uma maneira de realizá-lo.

— E o que é? — perguntou Jeon Jung Kook. 

— Ver a Ana-ssi completamente bêbada.

Aish, nem sei por que ainda crio expectativas... — reclamaram.

— E como vai fazer isso? Não é como se ela fizesse qualquer coisa contra a própria vontade — pontuou Kim Seok Jin.

— É simples… Não há nada que não se resolva com o jogo da garrafa. — Levantou a sobrancelha e um canto do lábio, movimentando os olhos por todos os rostos que lhe davam atenção. 

Tshh… — Min Yoon Gi caçoou. — Ya, quantos anos você realmente tem?

Park Ji Min deixou os olhos brilharem acima do bico que fez em seus lábios num pedido mais que desesperado: — Tudo que eu preciso é que a recebam para jantar, e do Jin hyung — choramingou, enumerando os itens com a ajuda dos dedos.

Mwo? Do Jin hyung!? Q-quer dizer, de mim!? — quase cuspiu a água que estava prestes a engolir.

— Na verdade da sua comida, hyung. De você mesmo, não…

Aish, esse cara… Como acha que vai ganhar favores desse jeito, huh? — Enrugou a testa, mas logo a relaxou, tornando a engolir em grandes quantidades o líquido em sua disposição.

 ⚫⚪⚫⚪⚫

Jalmeokkesseumnida*! — exclamamos ao mesmo tempo, e logo depois, peguei os palitos para comer o famoso naengmyeon* que Kim Seok Jin tanto insistiu em preparar.

Aceitei com bom grado e desconfiança o convite para jantar. Assim que cheguei na ampla sala de estar do apartamento, Jung Ho Seok e Kim Tae Hyung me puxaram cada qual por um braço, e fizeram questão de me mostrar cada metro quadrado do local.

O cheiro de limpeza com lavanda passou pelas narinas no momento em que passei pela porta; o chão reluzia. Todos os quartos, sem nada fora do lugar. Mas  Jung Ho Seok disse que a cama de Kim Nam Joon só estava arrumada porque ele havia por alto comentado com seu hyung que me mostraria tudo, sem excessões. Vi verdade em suas palavras quando me deparei com o interior de cada um dos guarda-roupas e até mesmo o conteúdo da geladeira.

— Está delicioso! — exclamei, após provar alguns fios do macarrão de batata-doce gelado.

Kim Seok Jin respondeu com um sorriso sem dentes, as bochechas redondas e estufadas de comida.

Tudo o que se conseguia ouvir eram os sons molhados de mastigação nada discretos que saíam de suas bocas. E o que consegui ver, disfarçadamente, foram olhares sendo jogados e trocados por cada um deles, dum lado a outro da mesa, como numa partida de pingue-pongue. 

Minha intuição de imediato começou a projetar o que se passava em volta do jantar.

Estavam prestes a aprontar alguma.

Deixei que a partida de pingue-pongue continuasse e fingi que toda minha atenção se voltava apenas à tigela com naengmyeon que estava por comer.

— Obrigada pela refeição! Foi o melhor que já comi — disse após todos estarem satisfeitos. — Vou cuidar disso pra vocês — falei ao mesmo tempo que levantei, retirando minha tigela da mesa e a que estava de frente para Jeon Jung Kook em seguida.

Sem ouvir contestações, localizei a pia da cozinha logo ao fundo e caminhei em sua direção. Joguei os cabelos para trás, arregacei as mangas e abri a torneira, deixando a água se derramar sobre as duas tigelas e outras  sujas de outrora.

— Quem te deu permissão para isso? — Por um momento, a voz de Kim Nam Joon me fez estremecer pela sua versão extremamente séria e agastada se aproximar tanto da minha orelha. 

Aigoo... Qual é o seu problema…? — Quando eu ia suspender uma das louças para lavar, ele desligou, de uma vez, o fluxo da água na torneira. — O que é isso? O que tem demais em lavar uns pratos? — reclamei, vendo a mesa de jantar sem ninguém.

— Eu mando aqui, e já disse que você não pode — cuspiu as palavras. — Vem pra sala…

— Mas por que é que você está agindo que nem um desprezível? — Alterei a voz, e o seguia até a sala.

Kim Nam Joon se virou para mim no meio do caminho, e um sorriso para lá de velhaco brotou em seus lábios, o que me deixou a níveis crescentes de confusão e desconfiança — como se fosse possível aumentá-los ainda mais.

— Vamos brincar agora.



Obrigada por ler mais esse capítulo meu bem, e por favor, deixe seu voto para me encorajar a escrever. De verdade, seus votos e comentários me ajudam muito! Às vezes é difícil escrever por causa do desânimo... Mas com a sua ajuda tudo vai dar certo!
😃😃😄
Obrigada de novo! ❤️

Glossário:

Jalmeokkesseumnida!: É costume coreano dizer isso antes de iniciar uma refeição. Em português, pode ser traduzido como: "Obrigado pela refeição, eu vou comer bem!";
Naengmyeon: Uma sopa gelada, composta de macarrão, e alguns acompanhamentos, como ovos cozidos e pepino, por exemplo;
Chingu: Amiga(o).

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