Yeoboseyo: Equivalente a "Alô";

Eotteokhe: "Como isso é possível";

Ppalli: Rápido.

 
   
   
       
— Ji Young-ssi, como está a agenda?

Ji Young era um pouco mais velha que eu, porém nem tão mais baixa. Sua franja lisa e castanha sempre cobria um pouco dos óculos de grau gateados que usava. Ela me auxiliava com todo o trabalho. Amava camisas de algodão, fofocas e mini-saias.

— Daqui a uma hora, a senhora Song virá para discutir algo sobre um evento que ela tem para ir… Disse que vê os detalhes com você quando chegar. Claire marcou horário às 14:00 para a prova do vestido de noiva lá no ateliê. Ah, não se esqueça de passar na D&G e conferir a nova coleção de bolsas. Kim Mi So pode até morrer se não conseguir um lançamento daqueles na sua composição de imagem. A senhorita tem que analisar as propostas das últimas clientes e fazer a proporção de looks da Kang Sa Ra-ssi logo, ela já ligou cobrando... — citava os compromissos, enquanto caminhávamos até minha sala.

— Ne, gamsahamnida! — agradeci, ligando o computador em seguida.

A empresa em que atuávamos era um completo amontoado de profissionais da moda de todos os tipos e segmentos, que eram contatados e contratados para diversos trabalhos, onde quer que suas diferentes experiências pudessem ser bem aproveitadas.

Assim que abri um dos e-mails pendentes na caixa de entrada que Ji Young havia marcado como "Importante", a própria abriu a porta de repente, e após ter me presenteado com um susto, ela entra na sala, toda eufórica.

— A senhorita não vai acreditar em quem está esperando na linha dois!

— Vou... — Tirei a atenção da tela apenas para checar seu estado, e logo voltei ao e-mail por responder. — Acredito em você, Ji Young-ssi.

— Mr. ROBIN! A-aigoo! Só posso estar sonhando...

Voltei a olhar Ji Young, que continuava maravilhada. Apenas suspirei, sem, por um breve momento, conseguir disfarçar o desânimo que apareceu de repente.

— Apenas diga ao Mr. Robin-nim que a Lee Mi Rae unnie não faz mais parte desta empresa. Por favor, não inclua detalhes — frisei.

Ji Young pôs a mão na cintura e revirou os olhos discretamente:

— Ele quer falar com a senhorita!

— Mwo?!

— Mr. Robin claramente disse "Ana Caroline-ssi"!

— Eotteokhe*?

— Aigoo, e como vou saber? Atenda logo antes que ele desista! Ppalli, ppalli*!

Peguei o telefone desconfiada, encarando Ji Young que assistia à cena, atenta.

— Yeoboseyo*?

— Uh! Ana Caroline-ssi?

— Ne... — Franzi as sobrancelhas para Ji Young, ao que ela arregalou os olhos em resposta.

— Aqui quem fala é Mr. Robin!

— Ne, admiro muito o trabalho do senhor.

— Oh gamsahamnida! Então você será a pessoa certa para me ajudar!

— E em que eu poderia ser útil?

— Tenho estado com tantos trabalhos ultimamente que estava para desmarcar meus compromissos na Paris Fashion Week. Bem, tenho um trabalho de figurino que é inadiável, e precisa estar pronto nesse fim de semana. O que acha?

— Talvez eu possa ajudá-lo. Podemos nos encontrar para conversar melhor?

— Claro, claro! Hum... hoje às dezessete, o que acha?

— Combinado.

— Então anote o endereço...

Peguei papel e caneta, e anotei o tal endereço, que consistia em apenas números situados em Gangnam.

— O nome do local? — interroguei, com um pé atrás.

— Ah, você verá quando chegar. Então... — fez menção de finalizar a chamada.

— Como ouviu falar de mim? — perguntei antes que desligasse.

— Uh, sobre isso, digamos apenas que minha rede de contatos é bem extensa...

Fui retirando o telefone do ouvido bem devagar, rebobinando tudo o que acabara de acontecer.

— Aigoo... O Mr. Robin te notou, você está ficando tão importante! O que ele queria, o que ele queria?

— Uma substituta — respondi, encarando o nada e estranhando aquela casualidade.

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Apertei o botão metalizado, solicitando o elevador e torcendo para que viesse logo, pois o horário com o suspeitoso Mr. Robin se aproximava e eu ainda nem havia saído do prédio da empresa.

Mas antes aquele elevador tivesse pulado meu andar...

Quando a porta se abriu, surgiu o gerente; um homem com seus cinquenta e poucos anos, sempre uniformizado com ternos executivos sem graça.

Mexia no celular, e assim, apenas levantou as vistas para checar quem tinha entrado.

— Vai descer?

Somente assenti, ao que ele fez as honras em apertar o botão que fechava as portas. Encarei as inoxidáveis como se nada mais bastasse no mundo.

— Tem se saído muito bem, Ana Caroline-ssi. Estou feliz por ter apostado em você. Fui informado que alguns clientes que perdemos por causa daquela Lee Mi Rae voltaram por indicações do seu bom desempenho, parabéns.

Cerrei os dentes, e pela segunda vez naquele dia, uma sensação desanimada me tomou conta. Respirei fundo, e me contive.

— Elogios desnecessários atrapalham o desenvolvimento profissional — refutei, da forma mais séria que consegui.

As portas se abriram. Me curvei infimamente por mera e obrigatória formalidade à sua posição como superior, e saí.

A acusação do GPS era sólida demais para ser só mais uma coincidência. Mr. Robin havia dito, com um tom irônico, que eu saberia qual era o local assim que visse.

Estava estacionada em frente à Big Hit Entertainment. Mas eu não estava ali para contrapor suspeitas e acasos; estava ali para trabalhar. E independente disso, nada mais importava.

Ao passar pela recepção, recebi informações sobre onde encontraria Mr. Robin, e assim segui.

Caminhando por um longo corredor, o avistei de longe, e ao aproximar, me apresentei.

— Obrigado por vir! Não tem ideia do quanto está me ajudando!

— Agradeço a oportunidade.

— Bem, então, me deixe inteirá-la do assunto. Sobre o prazo, tudo tem que estar pronto um dia antes. Você não precisa vir depois disso, meu assistente cuidará dos detalhes finais. Ele também vai mostrar as marcas parceiras e todos esses pormenores. A gravação será feita ao ar livre, por isso, serão roupas de verão.

— Roupas? Haverá troca de figurino?

— Aniyo. São sete looks... Bem, acho que não preciso mais explicar quem são as pessoas que usarão essas roupas... — insinuou com um sorriso abafado.

— Tem algum gosto particular ou estilo que devo preservar? — Retirei minha caderneta da bolsa, pronta para anotar suas recomendações.

Mr. Robin franziu a testa, surpreso pela indiferença.

No segundo em que ele abriria boca para dizer, seus olhos se desviaram para algo atrás de mim. Logo o "algo atrás" arrodeou, dando o ar da graça.

Era Kim Nam Joon, e só de ver um sorriso pequeno e cínico em seu rosto, concluí que as coincidências não eram culpa do acaso.

— Por que não pergunta para a pessoa certa? — Mr. Robin insinuou novamente. — Aqui. — Estendeu seu cartão de visitas. — Qualquer problema, não hesite em me ligar. Vou deixá-los conversar o que tem que conversar, eu tenho mais o que fazer...

Recolhi minha mão, ainda estendida no ar, segurando o cartão de visitas.

— Annyeonghaseyo... — o outro disse.

Guardei o cartão na bolsa, segurando a caneta em seguida para começar a escrever.

— Annyeonghaseyo — cumprimentei, me curvando. — Tem alguma...

— OMO! — um alguém escandaloso gritou atrás de mim, me interrompendo e assustando ao mesmo tempo. — Não acredito!

Era Jung Ho Seok, acompanhado de todos os outros cinco.

— O que está fazendo aqui?! — Kim Tae Hyung perguntou, exaltado.

— Estou substituindo Mr. Robin em um pequeno trabalho de imagem — respondi sem demonstrar simpatia, me dirigindo a todos, que, diferente de Kim Nam Joon, pareciam ter sido pegos de surpresa. — Já que estão aqui, preciso que me esclareçam: a gravação do novo episódio do programa Run será nesse fim de semana. Tem alguma coisa que querem pontuar? Talvez uma peça específica que não queiram usar... Enfim, se tiverem algo para falar, a hora é agora.

O semblante de Jung Ho Seok era um dos mais entusiasmados. Ele foi erguendo seu sorriso até que tomasse conta de todo o rosto.

— Eu tenho uma pergunta! — Ergueu o braço, como se estivesse em sala de aula. — O que vai fazer mais...

— Podem falar qualquer coisa... sobre o figurino — o interrompi, e ele fez bico.

— Eu vou vestir o que você escolher! — Jeon Jung Kook se pronunciou, e logo houveram várias vozes também dizendo querer vestir qualquer coisa.

— Eu quero calças jeans e uma camisa larga — Min Yoon Gi opinou quando o restante cessou com o barulho. — A estampa é com você. — Ergueu e descaiu os ombros.

— Aigoo, Ana-ssi, não sabia que você era esse tipo de pessoa... — Jung Ho Seok começou.

Ignorei o que tanto falava, anotando o que precisava me lembrar.

— Em Daegu, você jurou de mindinho que sairia com a gente quando voltasse... — continuou.

— Eu  apenas disse "quem sabe". Isso parece um juramento? — contestei, ainda com a atenção no caderno.

— Aish, jinjja... Você prometeu! Ela não prometeu? — o escandaloso levou a questão aos demais, que voltaram a falar ao mesmo tempo.

— Não aceito um não como resposta. — Kim Nam Joon cruzou os braços.

— Ainda mais depois do vácuo que ela deu em você… — Jeon Jung Kook murmurou, e o líder olhou para ele como se quisesse matá-lo num acerto de contas. — Digo... — o mais novo disfarçou, elevando a postura e redirecionando o assunto. — Ana-ssi, nós fazemos questão.

Oi mô!
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