Ode aos anjos e as estrelas

(Nota da autora)

"Dá-me meu Romeu! E quando ele morrer, pegue-o e divide-o em pequeninas estrelas! Ele tornará tão bela a face do céu que o mundo inteiro ficará apaixonado pela noite."

- William Shakespeare

Enquanto vasculhava a internet recentemente, me deparei com um artigo sobre a distância física que nos separa das estrelas. Alpha Centauri, o sistema estelar mais próximo de nós, está a quatro anos-luz de distância. Isso significa que, ao olharmos para o céu, estamos também olhando para o passado, para o brilho antigo delas.

Vemos essas estrelas e sua luz é apenas uma lembrança do que elas foram há quatro, doze, ou até cinquenta mil anos-luz atrás. De alguma forma, isso me fez pensar que o céu inteiro nos conta uma história, já que todo o passado é feito dessas luzes.

A luz que elas produzem não é exatamente a mesma que chega até nós; antes disso, ela atravessa camadas, rompendo uma infinidade de barreiras com seus fótons, prótons e elétrons, segundos, minutos, horas, meses e anos. É como se viajássemos no tempo toda vez que olhamos para o céu — o lugar onde Julieta vive* —, e quem sabe, não estamos sob as mesmas luzes que testemunharam todas essas narrativas magníficas? Os segredos que elas guardam?

Quando eu era criança, minha mãe costumava dizer que as estrelas eram anjos tão brilhantes que podíamos vê-los do alto, e eu acreditava que elas eram, de fato, anjos em forma de luz.

Sei que esse é um pensamento muito romântico sobre algo puramente científico (mas fazer o quê? Eu sou assim!), e não pude deixar de pensar, antes de começar esta história, que algumas dessas estrelas gigantes e brilhantes também foram testemunhas dessas mesmas memórias, de um tipo de amor que, desde o início, você sabe que está destinado a viver para sempre no coração de alguém, mesmo que jamais seja esquecido — e que merece ser contado.

Acho que foi assim que esses personagens se materializaram na minha mente: cenas, palavras, despedidas, acenos, beijos na chuva — um compilado de emoções que ganharam forma, rostos e narrativas. Um poeta de coração doce. Uma atriz voltando para a cidade que abandonou. Duas amigas tentando reconciliar laços rompidos. O bom garoto esperançoso que ficou para trás. A menina triste que se apaixonou perdidamente por alguém que partiu.

Eu vivi em suas peles, senti suas dores, entendi seus motivos. Invadi sem permissão seus corações, suas casas assombradas e abandonadas, e vasculhei cada cantinho de um espaço inóspito. Havia história em tudo. Tudo ainda estava infestado de digitais, memórias, perfumes — partes cruciais de um passado não resolvido.

Gosto de pensar que, se histórias como essa não existem na vida real, ao menos elas podem nos deixar sonhar por algumas horas nestas páginas. Aqui, elas são verdadeiras, neste universo paralelo de uma cidade fictícia chamada Roseville, nas memórias de um verão inesquecível, na mente de alguns jovens, vinte e quatro anos atrás.

Mergulhar em Sofi/Juliet foi, sem dúvida, o maior desafio da minha vida. Primeiro, por voltar ao coração de uma menina de dezesseis anos, cheia de sonhos e inseguranças, e depois, ao meio do caos de uma mulher adulta, uma estrela de cinema que ascendeu ao sucesso, mas é assombrada pelo próprio passado, tentando recolher os pedaços de si mesma ao longo do tempo.

Enquanto escrevia, fiquei imaginando como seria estar na pele dela — que podia ser Capuleto e Monroe ao mesmo tempo. E percebi que ambas compartilhavam o mesmo desejo: ser feliz.

Acredito que essa seja a razão de tudo desde o início — encontrar a felicidade, não importa a forma que ela tenha para cada um de nós.

Agora são exatamente duas e vinte e quatro da manhã. Estou sentada na varanda da minha casa, tentando encontrar uma maneira de te contar tudo isso. Sei que fiz um longo caminho até aqui, mas acho que esta é a versão que sempre quis contar.

Aquela que tem os anjos e as estrelas. Aquela que meu coração conhecia desde o princípio.

"Badlands" começou a ser publicada em fevereiro de 2018 e agora está sendo republicada com algumas revisões. Talvez você, que já passou por aqui, perceba algumas mudanças que possam demorar a se acostumar — ou não. Talvez se tornem apenas um detalhe. Mas até mesmo elas foram essenciais para que esta história fosse contada sem interferências, em sua melhor versão.

Eu precisava ser verdadeira comigo mesma e me dar esse tempo. Só assim pude reencontrar o elo que pensei ter perdido: escrever com e por amor, acima de tudo.

Então, acomode-se. Encontre um lugar confortável. Rebobine a fita e olhe para o céu outra vez. Pode ser um anjo ou uma estrela, mas você vai perceber...

Há sempre uma luz que nunca se apaga.


— Com amor, S.

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