Capítulo Vinte e Três (Arruinados)
And you know damn well
for you, I would ruin myself
a million little times.
— Illicit Affairs, Taylor Swift
🎭
Roseville, 2008.
Meu desejo corria pelo corpo como uma doença da qual não estava imune, um lugar feito sob medida para manter uma arma biológica que era incapaz de contê-la.
Se alastrando pelos cantos da casa, entre paredes, vidros, os velhos móveis vitorianos da sala de estar, lençóis de cama, infectando os ambientes sofisticados, a corrente de ar, dançando nos meus pensamentos e queimando a ponta de minha língua até incinerar as sílabas perdidas na tentativa de conjurar as palavras para afastá-lo de mim.
Feito os sintomas delirantes de uma febre contagiosa, as mãos trêmulas de Taehyung me exigiam um esforço maior no intuito de guiá-lo pela correnteza de uma vontade sem nome, na embriaguez maldita que ruminava tragédia, alimentando-se de toda ideia um pouco mais clara e consciente; a verve que corria por entre os ossos, chacoalhando os nervos feito tambores, censurando os lábios doces sobre a pele da nuca, em cochichos desconexos e premonições falsas, cheios de ternura, inacreditáveis; enquanto olhava para si mesmo como se aqueles dedos, — o par acolhedor de mãos e membros unidos em um trabalho árduo não pertencessem ao mesmo corpo que assistia, — era um outro Taehyung, um homem duplicado, observando tudo através da fenda dos olhos.
Minha mente frenética observava o teto baixo do porão e as fendas do assoalho escondendo as luzes amarelas, projetando sombras perturbadoras no chão, criaturas no escuro; um contorno dourado ao redor de sua silhueta e das paredes que rescendiam a sexo. A fome de Taehyung devorava não só minha nudez vulnerável, — ordens de um ritual cabalístico de nossa falsa iniciação amorosa —, mas também a sua própria lucidez, rasgando a glote, com unhas fincadas na garganta na tentativa de regurgitar os sentidos. As notas de coração de jasmim e pêssego de seu perfume doce de bom rapaz se misturavam ao suor do nervosismo de um homem perverso, o animal escondido nas entranhas, sempre à espreita, possuindo o oco da alma que foi expelida e flutuava acima de nós em sua primeira pequena morte.
Os lábios juntos produzindo sons indecentes, tão vulgares e ilícitos que mal aguentava ouvir a si mesmo, gemendo, suspirando, atiçando o homem escondido nas sombras, um sentimento há muito guardado, quase adormecido. E que ainda queimava, e continuaria queimando.
Evocava o carinho anacrônico dos sonhos, das calamidades misteriosas que jamais descobriria, nas suas fantasias, ou reviver das horas mortas em seu pequeno quarto universitário, lutando contra um inimigo cujo rosto invisível ainda lhe causava medo, contudo, aquela noite prometia vitória.
Submetido a tensão de buscar os cabelos tão adorados daquela menina morta que projetava diante do meu corpo crescido, imaginando os longos e louros fios, cujas ondas costumavam tocar os quadris, o comprimento relativo a pureza, substituído pelo ar sujo do ruivo desbotado que coloria a cabeleira, tão curta que sua mão agigantada era capaz de segurar, delicadamente, em um punhado, a cada vez que queria me olhar nos olhos.
Meu desconforto se dissolveu mais fácil, tocava sua pele como se moldasse uma cera bruta; tudo nele parecia maleável o suficiente para ser manipulado com aquela facilidade, apertado, tocado e devorado, com exceção de algumas partes, excessivamente firmes. Contudo, seu coração ainda mantinha a maciez dos dias passados, assim como aquele mesmo brilho nos olhos do adolescente devoto que foi um dia. O gosto doce e salgado do suor, como as balas de hortelã e pimenta enfeitando a mesa de centro da Senhora Myeong durante nossos jogos de tabuleiro após o jantar, derretidas e escorrendo por debaixo da camada de cabelos, na pele bronzeada banhada em veludo, entre as sobrancelhas franzidas, pescoço e costas cheios de um calor que me remetia a sintomas de insolação.
Nossos corpos não se reconheciam assim, tão crescidos, os músculos visíveis dos braços dele, os contornos abrangentes do seu peito masculino, os ombros, como um amparo perfeito para minhas mãos impotentes ou um par de pernas enfraquecidas depois da exaustão de sufocar de amor.
Dissolver minha boca na quentura da dele anestesiou qualquer vestígio de estranheza.
Mesmo aos tropeços, a inocência permanecia intocada, Taehyung e eu nem sequer atravessamos a linha da curiosidade adolescente, dos treinos de primeiros beijos em lábios um pouco mais familiares, ou qualquer outro rumo pubescente que rompesse o elo de nossa pureza de melhores amigos. Mas ali, as regras inerentes haviam se esvaído, sido quebradas sem qualquer obstinação. Até mesmo a resistência incomoda de uma distância fria, a miséria instalada sorrateiramente pelos anos distantes, o espanto de versões adultas e todo o produto da experiência; do que é experiente e do que é experimentado.
O padrão de nossos movimentos simultâneos, mãos seguindo mãos, olhos buscando olhos, boca perseguindo boca queriam descobrir o que o outro havia aprendido. Ensine-me tudo, tudo que não pode me ensinar antes.
— Tae, nós não precisamos fazer isso... — A barganha vencia uma culpa rasa, o âmago revirado momentaneamente; redemoinho de desejo no centro do corpo. O queria tanto, o queria muito, por razões que nem mesmo era capaz de nomear de forma clara, indeterminadas e provavelmente injustificáveis. — Foi um erro pedir isso, minha cabeça está fodida demais com tudo que aconteceu na última semana, não deveria simplesmente chegar aqui e te fazer pedidos assim...
O feitiço das palavras, do qual não estava imune, parecia também me abater a cada frase dita, sem valor ou sentido. Começava frases que não sabia como iriam terminar.
— É tão diferente, — Taehyung cochichou, tinha os olhos erguidos em minha direção, os cabelos pingando suor, que foram facilmente puxados para trás, permitindo a vista do seu rosto bonito. — É tudo tão diferente do que imaginei...
— Não é bem o que você esperava? — A pergunta era honesta, não seria surpresa. Quem é capaz de vencer a expectativa? Ele fez que não com a cabeça.
— Sonhei com esse momento a vida inteira, fazer amor com você, aqui, exatamente aqui. — Sua boca mordiscou a minha delicadamente — Com seu beijo, com seus lábios assim, disponíveis para mim, chamando por mim, com o seu cheiro...— Seu rosto afundou na curva de meu pescoço, o nariz raspando na pele.
— Por Deus, seu cheiro sempre foi tão delicioso...
Um outro beijo punitivo foi roubado entre soluços. Com lábios trêmulos. O rosto lavado de lágrimas.
— Mas eu me odeio por fazer isso com ela, eu sei disso, sei que sou um homem ruim por manter outra mulher no meu coração. Sharon é tão boa para mim, eu a amo, eu a amo muito!
Meus dedos fizeram o contorno dos seus ombros acompanhando a firmeza da carne, lustrosa de tanto suor.
— Eu sei que a ama. Eu sei que a ama muito! — Ainda existia aquele brilho inocente em seus olhos, de que sabia algo sobre o mundo, mas ainda era tão pouco. Eu não sabia quem havia tido a proeza de desvirginar o garoto Kim, aquele era um assunto proibido entre nós simplesmente pelo constrangimento, não penso mais como antes, sem me agarrar a ideia vaga de um Kim excessivamente correto, e sei que Taehyung teve suas experiências como todo garoto de sua idade no auge da liberdade e das condições favoráveis, mas existia aquela pureza interiorana que ainda carregava de quem nunca havia sido corrompido pela vida em uma cidade grande, engolindo fumaça tóxica e fritando no calor do asfalto.
Eu também tive, com alguém cujo rosto e o nome ele conhecia bem e, pela mesma motivação que o faz devorar minha boca com aquela ânsia retida, também o odiava. E Taehyung, o doce garoto Kim, que havia sido criado em uma linha paralela de honestidade e caráter, sempre tão distinto e separado, ainda era um homem como qualquer outro, um fruto que não caía muito distante de sua árvore amaldiçoada.
— Não precisamos continuar, — Minha sugestão pareceu muito mais intrusa do que deveria, como se a simples ideia de parar ali, evitasse o dano que já havia sido causado quando o pensamento foi cogitado, alimentado feito um monstro sombrio e então, nos colocado sob os holofotes da razão — Você não precisa se arrastar para o fundo de minha miséria desse jeito...
Verbalizar dava forma, peso, culpa, tornava aquilo real, até então como um segredo e uma fantasia com nuances de realidade, um filtro ocluso que parecia não ferir o rumo natural de nossas vidas além das paredes grossas de um porão nas profundezas de uma casa vazia, quebrei a película daquela magia.
Beijar, implorar por amor e tocar de forma tão íntima e inapropriada o marido de alguém, o garoto mais velho que ocupava o lugar de protetor sob algum aspecto passado de minha vida, mas que agora era pai, pertencia ao coração de uma outra mulher, em papel passado, parecia pior quando encarava as evidências.
E por si só era intolerável. Uma palavra pequena demais para abraçar o desconforto pesado e pegajoso, para o silêncio cheio de culpa que era expurgar os malditos demônios disfarçados de cura enquanto queria saciar uma solidão que não havia sido causada por ele.
Dentro do porão, naquele recorte de passado com a mesma decoração inalterada de dezesseis anos atrás, agarrado ao conforto de nunca observar detalhadamente ao presente ilustrando as paredes, ameaçando adentrar as portas e arrebentar as vigas, talvez se sentisse mais livre sem encarar os rostos sorridentes e cartões de natal onde sua esposa, a mulher cujo nome reluzia brilhante e musical na aliança pesada que se enroscava em meu cabelo a cada vez que curvava a boca para me beijar, tudo parecesse um pouco menos ameaçador e errado. Mas era.
Deveria ter questionado sobre aqueles detalhes, sobre a festa, os convidados reunidos na igreja diante de padre Stane, sobre a beleza inegável de Sharon Marie trajada de noiva e o título de beldade de cidade pequena que ainda carregava, a voltagem diabólica de seu batom vermelho e o seu feitiço de criatura esculpida por anjos. Sobre a casa bonita na cidade grande com vista para o porto, se as crianças já pronunciaram as primeiras e inocentes palavras, se o chamavam de pai, ou melhor, abeoji, como um dia desejou, mas o meu egoísmo solitário me consumia, meu pensamento só me levava a acreditar que de alguma forma, tudo aquilo também teve espaço para ser meu e esteve a minha espera.
Eu nunca soube a história de amor entre eles.
Eu deveria ter perguntado os detalhes até ser assombrada pela existência dessas memórias que não eram minhas, deveria ter me agarrado ao que restava de bom dentro de mim; Sharon Marie não merecia nada daquilo. As recriminações ruminavam no meu interior, ficaríamos observando o rosto doce da mulher de boca pintada de vermelho e cabelo negro que sorri de volta sem carregar uma singela rusga de culpa, sua fidelidade estava intacta, resguardada em Rhiannon com as suas duas crianças.
Uma sensação ruim corria pela minha espinha dorsal, como no pesadelo na noite anterior ao nosso primeiro encontro, quando sonhei com nós três presos em uma casa desconhecida, dividindo a vida e os segredos, as mágoas e os perjúrios de uma vida adulta. Uma dor aguda me atravessava como um espinho preso na pele, a cada vez que assistia o olhar doce de Taehyung direcionado a Sharon Marie, uma paixão febril, dessas que vi poucas vezes, e eu quase invisível, era somente uma amenidade, uma alma paralela, um passado mal resolvido assombrando o presente de duas pessoas que se amavam demais. Feita de poeira e imaginação, de fantasias quebradas, doses do whisky no sangue, saudade sem nome, um par de olhos misteriosos na capa de uma revista e não existia o suficiente para afetá-los. Muito menos para me sentir amada como esperava.
Ao longo desses vinte e oito anos, passei o curso de minha vida questionando todo amor que recebi como se não fosse digna de chamá-lo de meu, até perdê-lo e então, voltar a enfiar o dedo na cicatriz bem curada e reabrir a ferida para assisti-la sangrar. Para reafirmar certezas que não existiam mais, que não mudariam nada para mim, às vezes, só para me sentir menos sozinha. Um dia eu pertenci a alguém. Um dia eu também ocupei um coração.
Como naquela noite.
Estava obcecada outra vez, observando em um paralelo fictício daquela Sharon Marie de anos atrás, sendo a menina que era tocada por debaixo da saia do uniforme escolar pelo rapaz bonito que morava na velha casa nos fundos da escola, e então, sendo amada pela Senhora M., recebendo os olhares de soslaio de uma Seulgi malvada, que silenciosamente iria adorá-la, o sorriso amável de Taehyung observando Sharon se tornar a mulher de seus sonhos, a verdadeira, dividindo a cama de solteiro com a pequena musa que passaria a amar enquanto eu era silenciosamente apagada feito um negativo lançado ao fogo.
Eu quero me apaixonar outra vez, Taehyung disse naquela carta. Não quero ter o coração arruinado para sempre.
Meu corpo inteiro retorceu com a imagem clara dos dois trocando um beijo apaixonado, tirando as roupas, fazendo amor. Evocando carinhos que não eram meus, desejando ocupar uma vida que não era minha.
Encarava as costuras do sofá-cama listrado e dissociava, analisando o padrão de um tecido tão antigo quanto a junção de nossos anos de vida, as manchas de molho incrustadas como velhas conhecidas e a prova de que o passado existiu e estava morto, enquanto as minhas mãos faziam um trabalho automático de desafivelar o cinto e abrir os botões da calça de Tae, distribuindo beijos em seu peito, barriga e assistindo os arrepios correndo a sua pele. As pernas se afastaram automaticamente, meus dedos mornos correram para dentro de sua roupa e os olhos de Taehyung reviram para trás no segundo que meus lábios tocaram as partes mais sensíveis do seu corpo.
— Você acha que sou uma mulher má também, Taehyung? — As ondas de prazer o atingiram como as que quebravam na pedreira em noites de tempestade, silenciando o cenário, porque o perigo mais ameaçador estava por perto. Pulsava entre os meus dedos, fervendo. Para cima e então para baixo. E suas mãos suspensas no ar, tentavam tocar em algo que não fosse um borrão desfocado de prazer; boca, seios, cintura, quadris. Até alcançar minha mão e com a sua, me guiar no seu próprio ritmo.
Seus olhos continuavam fechados, mal tinham forças para se abrirem. Ele gemeu contra minha boca, um sussurro vaporoso que não significou nada, e então, negou com a cabeça. Mas eu era. E ele sabia disso. Aquela sensação crescente na boca do estômago causava náusea e repulsa, um redemoinho de dúvidas, e meu corpo rejeitava a origem de um prazer que servia apenas para curar o tédio, para provar que não era tão solitária quanto achava que era. Essas companhias duravam o mesmo tempo de efeito de uma pílula branca e azul dissolvida na língua, ou explodir as veias com alguma porcaria que subia quente pela corrente sanguínea.
Iria arruinar Taehyung como fazia com cada maldita coisa que tocava pelo meu egoísmo de encarar os fatos. Ninguém mais suportava me amar.
A abstinência me arrastava aos caminhos mais cruéis em busca daquele frêmito somente para me fazer sentir algo, e penso que deveria ter acatado as sugestões de Joe, me enfiado em uma reabilitação, confessando meus pecados à alcoólatras no coração de Jesus, implorando pela compaixão de estranhos que ainda não conheciam os danos que eu era capaz de causar sozinha, assim como implorava pelo amor de Taehyung como se ele fosse capaz de consertar as minhas partes quebradas, reunir os fragmentos do que havia me tornado, porque sozinha não era capaz de encontrá-las. No processo de resgatar pedaços caídos, pisoteava os cacos espalhados pelo chão, com pés feridos e mãos cansadas, de joelhos, ninguém viria me salvar. Ninguém poderia me salvar outra vez.
Taehyung mordiscou os lábios, me puxou para um outro beijo lavado de lágrimas. Mantive os olhos abertos encarando seu rosto microscopicamente, as linhas sutis ao redor de sua boca, as marcas de expressão suaves em sua testa, a idade contando sua história, seu corpo reativo e em êxtase se contorceu, até ser dissolvido e escorrer em minhas mãos, expurgando sua lealdade em meus dedos.
E ficamos ali, em silêncio, encarando um par de mãos quentes e pegajosas. E dois culpados.
— Me deixe experimentar você, é minha vez... — O cochicho dele em meu ouvido afastou a sensação boa, ele pressionou minha boca contra sua bochecha, dando lugar a repulsa. Minha mente rodopiando como um carrossel sem controle, o cheiro insuportável de passado daquele porão, o sêmen quente de Taehyung escorrendo através do meu cotovelo, deslizando em minha barriga, minha nudez consciente, incomoda e uma parcela gigante de culpa dando as caras. Tropecei para fora do sofá, enxergando um borrão que me seguia de perto, uma voz sucinta e mansa que me oferecia ajuda e preocupação.
Mas não era Kim.
De joelhos, via um par de coturnos pretos familiares ao lado dos discos enfileirados no chão, os anéis cobrindo os dedos de uma mão conhecida, esticada em minha direção, o ar gélido vindo de lugar nenhum arrepiava até os ossos, um assobio de pássaro correu a casa, ergui os olhos até encontrar o rosto da criatura ensanguentada e de olhar triste que sorriu docemente para mim.
Na Roseville noturna e silenciosa, meu grito de pavor reverberou em jardins e casas adormecidas.
— Saia daqui, saia daqui, saia daqui, vá embora, por favor, vá embora, vá embora! Por favor, desapareça! — Espremi os olhos, esperneando e derretendo meus pulmões diante do medo, implorando para que tudo desaparecesse, até ouvir a voz de Taehyung enquanto caminhava até mim.
— Está tudo bem, Sofi! — Quando abri os olhos outra vez, a criatura havia desaparecido.
— Eu estou aqui, estou aqui com você! — Senti os braços de Taehyung ao meu redor, seu calor substituindo a brisa gélida fantasmagórica. — Estou aqui.
Não era mais um segredo, uma suspeita vaga sobre a estrela de cabeça fodida. Voltar a Roseville traria tudo à tona. Estava agonizando diante do passado, e lentamente, enlouquecendo no presente.
— Você ainda o vê, Tae? — Segurando os dedos firmes de Taehyung, puxando para mais perto, ali, no carpete do porão, seu coração tranquilo foi o tino da calmaria.
— Jungkook? — Não precisava mencionar nomes, ele sempre saberia.
— É. Você ainda o vê? Ainda vai visitá-lo?
— Às vezes, — ele suspirou, tocando meus cabelos para longe da nuca, um movimentando circular e lento.
— Nas consultas semanais do Senhor Min, ou quando o levo para dar uma volta. Stane fazia isso quase toda semana, então gosto de manter a rotina dele...
Desviei os olhos até o lugar vazio onde a criatura estava parada minutos atrás, encarando o vazio até os meus olhos doerem.
— Você acha que ele aceitaria que eu fosse visitá-lo?
O silêncio preencheu aquele espaço entre nós.
— Claro que sim. Ele nunca deixou de amá-la, você sabe disso, não é?
— Eu fico me perguntando se suportaria viver tudo isso de novo... — Taehyung afastou meus fios de cabelo para longe do rosto, deixou um beijo em minha têmpora, repousando a mão morna em minha nuca de novo, sussurrando contra minha bochecha.
— Não importa o quanto doa, Sofi. Não importa o que sentimos ou pensamos. Ou quanto podemos sofrer com isso. Os mortos continuarão mortos.
❀ ༄ ઼° ○ ❀ °○ ❀ ༄ ઼°○ ❀
#GarotoSmiths
Nota da autora:
Feliz ano novo!
Agradeço a quem esperou ansioso por um novo capítulo e peço desculpas por qualquer possível errinho.
Escrever esse capítulo despertou um gatilhos muito pessoais em mim, não sei bem explicar a razão de um assunto bem resolvido ter me assombrado durante uma semana inteira, enquanto revisava. Entender que personagens tomam atitudes diferentes e tem motivações e instintos morais que podem não ser iguais aos nossos, é sempre um desafio, mas acho que é justamente assim que sinto que estou fazendo um bom trabalho; quando incomoda, sai da zona de conforto, quando preciso vencer os meus princípios para escrever os de alguém na ficção.
Acho que a partir daqui, o rumo da história se torna um pouco mais esclarecedor e também, um pouco mais sombrio. Não quero falar muito, quem entendeu, entendeu.
As atualizações de Badlands agora serão semanais/quinzenais, tô muito empolgada com tudo que tô produzindo e espero que vocês também!
Minhas redes sociais são:
Twitter: /etthereal_
Instagram: vestigiosdesaturno e sofiadesaturno.
— Com amor, Sô!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top