Podia perceber Melissa um tanto irritada com todos aqueles olhares e celulares apontados para ela . Provavelmente,apesar dela ser líder de torcida nunca teve tanta atenção das pessoas assim. Fiz questão de tirar ela dali,antes que ela tomasse alguma atitude sem pensar. Ela tinha personalidade forte, não demoraria muito pra ela surtar aqui no corredor da escola. 

   Fomos para sala de aula,onde no momento ainda não tinha ninguém para o meu alívio. As pessoas deviam estar ocupadas postando nossas fotos nas redes sociais, que nem sequer se deram ao trabalho de nos seguir ou se lembrar que daqui a cinco minutos teríamos aula. Eu alertei Melissa para termos cautela,se qualquer parte do nosso namoro contrato alguém suspeitar ,meu plano ia de água para baixo.Tudo precisava ser perfeito,para eu conseguir a aprovação do meu pai .

   Não demorou muito até os alunos virem depois que o sinal tocou. Me sentei ao lado de Melissa que me observava tão pensativa quanto eu.  A aula de filosofia começou, só que quem ganhou os comentários, dúvidas e atenção fomos eu e a morena, Melissa. O povo queria saber mais como iniciamos o namoro,se nós já nos conhecíamos e essas coisas. Porém o professor David fez questão de dar suspensão pra quem não prestasse a atenção na aula. Isso fez com que o povo ficasse mais quieto . 

  —  Bom turma,como a aula foi sobre certas culturas terem casamento por contrato. - Melissa me olhou de lado.  — Quero que vocês semana que vem me tragam uma redação sobre esse tema, valendo ponto então caprichem.  -  David fez um sinal positivo com um sorriso animado entre os dentes.

  Começo a me perder-me nos meus pensamentos,se meu pai me visse como um filho. Eu jamais teria começado esse contrato só que ele sempre me maltratou. Me recordo de uma vez de muitas outras que ele me tratou como um lixo.

    Flashback On

    Chovia bastante naquela noite de natal.Eu tomava meu chocolate quente que a empregada tinha feito com muito carinho, basicamente ela era minha mãe. Minha mãe verdadeira tinha sido traída pelo meu pai alguns meses atrás e apesar de eu ter seis anos,eu entendia um pouco da dor dela , sempre pegava ela chorando comigo em seu colo por causa do papai. Oh ,eu sentia muita falta dela,de dormir com ela lendo historinhas para mim e me dando cafuné até eu dormir. 

  Agora era só eu ,meus irmão Derek e Jonathan e a empregada Corina. Meu pai mal vivia em casa, só sabia de andar com mulheres quase nuas e na sua indústria Bass. Mas naquela noite ele apareceu,pela primeira vez sozinho e numa noite de natal. Mesmo que na época que mamãe estava aqui em casa,ele vivia na rua no feriado fazendo sei lá o que e deixando eu e meus irmãos sozinhos , sentindo a falta dele apesar disso.  Eu larguei a caneca na mesa e corri até o meu pai e abracei suas pernas,eu era pequeno ainda para conseguir abraçar direito.

   Eu estava tão feliz de ver meu pai.

  —  Papai que bom que você veio,a Corina tá fazendo a ceia pra gente. Tô tão feliz que você veio pai . -  Disse animado dando pulinhos de alegria.

  —  Não irei ficar... Cadê seus irmãos? -  Meu pai me empurrou para trás e acabei caindo de bunda no chão.

    Senti lágrimas descer dos meus olhos.

  —  Homem de verdade não chora.  -  Meu pai se agachou, dando um tapa forte no meu rosto. —  Você é muito fraco Alec.  -  Pai cuspiu no meu rosto com total desgosto para mim.

   Mais lágrimas desceram do meu rosto,podia sentir o bafo de álcool sair da boca dele.

  —  Porque p-ai ... - Solucei entre o choro,ainda sentado no chão.

  —  Para de chorar seu covarde.  -  Pai me deu um outro tapa,dessa vez mais forte.

   Minha bochecha ardia tanto,eu tentava engolir o choro e ser forte como ele disse.

  —  Papai ... -  Ouvi Jonathan e Derek gritando atrás de mim em uníssono.

   Meus irmãos me encaravam pasmos.  Meu pai se levantou e abraçou Jonathan e Derek com um sorriso animado no rosto. O mesmo pegou os dois no colo e depositou um beijo na bochecha dos dois. Meu coração doía de ver aquilo. Coçava os olhos tentando não chorar. 

  —  Tá vendo Alec ? Você tem que ser forte igual seus irmãos e não fraco igual sua mãe que vivia chorando pelos cantos da casa.  -  Pai falou me olhando friamente,como várias outras vezes.

  — Não fala assim do Alec e nem da mamãe.  -  Derek espreguiçou o corpo, saindo do colo do meu pai e indo até a mim.

  —  Você vai ser fraco igual a eles Derek ? -  Pai falou nervoso. 

  Derek ignorou ele e me ajudou a me levantar. 

  —  É Jonathan,irei confiar a minha empresa só a você.O único que é homem de verdade nessa casa é você .  -  Pai sorriu contente para o loiro Jonathan.

  —  Obrigado papai .  -  O loiro sorriu animado .

  —  P-orque ? -  Gaguejei engolindo as lágrimas. -  Porque você faz isso comigo pai ? -  Comprimi os lábios choroso.

  —  Jonathan e Derek vão pra seus quartos,vou dar uma lição no seu irmão pra aprender a ser homem de verdade.  -  Papai colocou o Jonathan no chão.

  —  O que você vai fazer com ele papai? - Derek te olhou com medo.

  —  Vão logo caralho.  -  Pai falou irritado, Jonathan puxou o Derek para sair dali .

  Mas Derek não quis. Nós dois sabiamos o que ia acontecer comigo.

  —  Corina ,leva as crianças pro quarto. -  Pai ordenou avistando a empregada observando tudo de longe perto da cozinha. 

   Corina não teve escolha ,pegou o Derek no colo na marra e deu a mão para Jonathan para fora dali . 

  —  Pai , n-ão... -  Comecei a choramingar. 

   Pai me pegou no colo,me levando para o escritório que ele tinha . Esse era o pior cômodo pra mim . Ele sempre fazia coisas horríveis comigo e me machucava muito. 

  —  Por favor... P-ai... - Choramingava vendo ele me trancar no escritório e tirar a calça social e mostrar seu membro.

  —  Você vai ter que aprender a ser homem de verdade na marra .  -  Bufou ele me colocando contra a parede com força.

     Aquela foi uma das piores noites.

     Ele me machucou muito mais do que das outras vezes.

    Nunca chorei tanto e gritei   

Flashback off

   —  Eu vou treinar as garotas,daqui a pouco nos vemos.  - Melissa me tirou dos pensamentos me olhando preocupada.

  —  Ok,tenho treino de futebol também.    -  A avisei colocando minhas coisas na mochila.

   Vi ela saindo e me lembrei que tínhamos que ser bem autênticos no nosso relacionamento.

  —  E o meu beijo?  -  Sorri pervertido pra ela , já que isso a irritava e era divertido vê-la assim.

   Alguns alunos observavam nós dois. Principalmente Alice,a loira quase estava comendo a Melissa viva pelos olhos.

  —  Depois te dou,prometo.  -  Ela revirou os olhos sem graça e jogou um beijo no ar.

  Até que a gatinha roça, tá menos insuportável. 

  Pelo menos hoje em dia ,eu sofro menos do que no passado. Com esse namoro por contrato,irei conseguir atingir meus objetivos. Herdar a empresa Bass e mostrar pro meu pai que sou responsável e nada de fraco.